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Recebido em: 22/10/2013

Aprovado em: 23/12/2013

A MISSÃO PERMANENTE DA MAÇONARIA:


Um sacerdócio maçônico
(THE PERMANENT MISSION OF FREEMASONRY: A masonic priesthood)

Rubi Rodrigues ¹

Resumo
O resgate da missão permanente da Maçonaria a qualifica como instituição a serviço da humanida-
de e a inscreve como representante atual de uma tradição milenar de Escolas de Mistério. A Maço-
naria do século XXI está sendo beneficiada por conquistas culturais que lhe facultam levar a cabo o
sonho acalentado pelos grandes iniciados de todos os tempos: disponibilizar um método racional
capaz de libertar a mente humana da caverna platônica das ilusões. Obtém-se esse resultado, arti-
culando as “doutrinas não escritas” de Platão, as conquistas culturais da modernidade e o saber
esotérico cultivado na Maçonaria. Aqui, tentamos justificar essa tese.

Palavras-chaves: Missão da Maçonaria; Segredo maçônico; Palavra perdida; Doutrina não escrita.
.

Abstract
The rescue of permanent mission of Freemasonry qualifies it as an institution in the service of
humanity and falls as the current representative of an ancient Mystery Schools tradition. it has
being benefited by historical achievements that indicate the pursue of the cherished dream of
great initiates at all times: provide a rational method capable of freeing the human mind in the
Platonic cave of illusions. You get this result articulating the doctrines not written on Plato, cul-
tural achievements of modernity and the esoteric know cultivated in Freemasonry. Here, we try
to justify this thesis.

Keywords: Freemasonry mission; masonic secret; Lost word; not written doctrines.

¹ Rubi Rodrigues é economista e escritor, pesquisador em Metafísica e Teoria do Conhecimento. Na Maçonaria é Mestre
Maçom, 33o grau do Rito Escocês Antigo e Aceito e Membro da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal. Coor-
denador do projeto Segundas Filosóficas – www.segundasfilosóficas.org. E-mail: rubirodrigues@gmail.com

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Introdução
unidade da Ordem. Além disso, o saudosismo
No mundo maçônico, uma notícia come- recorrente sobre feitos políticos do passado
morada nos últimos anos diz respeito ao advento (Ibid., p. 511), e as constantes reclamações e críti-
de estudos acadêmicos sobre a Maçonaria de- cas dirigidas às lideranças sobre a passividade da
senvolvidos por estudantes regulares do ensino Ordem, diante das mazelas políticas e sociais do
superior, em diferentes universidades da Europa momento, também revelam visões tencionadas,
e das Américas (CASTELLANI; CARVALHO, 2009). predominantemente, por olhares de curto prazo,
A novidade foi festejada no meio maçônico em por circunstâncias que mudam constantemente e
razão de ampliar o cuidado metodológico dos que, certamente, não possuem escopo para justi-
estudos da história maçônica, tradicionalmente ficar uma instituição secular como a Maçonaria e,
conduzidos por maçons independentes que, em muito menos, para contemplar a tradição milenar
alguma medida, pecavam justamente quanto ao que lhe fornece os alicerces.
rigor metodológico das pesquisas.2
Compreende-se naturalmente que essa
Esse aporte do formalismo acadêmico, diversidade de visões constitui preço da ampla
embora promissor, também desperta cuidados, liberdade de pensar, intencionalmente cultivada
tendo em vista as dificuldades que se antepõem (GOB, 2001), como ambiente propício tanto à ge-
a um não iniciado para compreender os arcanos ração de novos conceitos como ao resgate de
que suportam a doutrina da Ordem e lhe defi- significados simbolicamente preservados. Entre-
nem o espírito. Não se trata meramente de com- tanto, em se tratando de um projeto que perpas-
preender as razões e as motivações formais da sa os séculos e o próprio milênio, é evidente que
Maçonaria, mas também de saber ler a lingua- nenhum estudioso, seja maçom ou acadêmico,
gem simbólica e metafórica dos rituais, tão dis- poderá contemplar adequadamente a Maçonaria,
tante da linguagem conceitual cultivada na Aca- desprovido de consistente compreensão sobre as
demia e cujo domínio requer tempo e muita re- suas razões e motivações secularmente preserva-
flexão recursiva. E, mesmo assim, depois de o das. Da mesma forma que o labor científico es-
pesquisador ter adquirido familiaridade com os pecializado, voltado para um aspecto particular
símbolos, volta e meia, surpreende-se com insus- da realidade, não pode ser realizado sem que o
peitos significados que sempre estiveram ali, di- cientista tenha em mente as leis gerais da natu-
ante dos olhos, sem serem notados. reza, também a competente contemplação e
De outro lado, a própria comunidade dos compreensão da Ordem maçônica requerem a
maçons, em constante renovação (Ibid., p. 517), consideração de suas razões essenciais e de suas
encontra dificuldades equivalentes para interpre- motivações permanentes.
tar e entender tanto a instituição e seus propósi- A par dessas razões eminentemente ma-
tos quanto a doutrina e seus desafios. A prolife- çônicas, cumpre destacar o novo alento que os
ração de potências e de ritos constitui evidência estudos metafísicos têm recebido no meio aca-
eloquente de dificuldades interpretativas e per- dêmico, em decorrência de tese oriunda das es-
das de foco cuja acomodação se fez ao custo da colas de Tübingen e de Milão (SZLEZÁK, 2009)3,

2
Convém não estender a crítica para além de autores independentes, em consideração a publicações maçônicas parti-
cularmente ciosas dos requisitos técnicos formais recomendados, como, por exemplo, a centenária Ars Quatuor Corona-
torum, da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati, da Inglaterra; a Fundación Serge Raynaud de la Ferrière, da Caracas; a
FinP, da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas Rio de Janeiro, entre outras.
3
A expressão Escolas de Tübingen e de Milão vem sendo usada para indicar a associação acadêmica dos dois polos uni-
versitários em torno da proposição e da defesa da tese de que Platão reteve intencionalmente o seu saber mais relevan-
te e deixou de registrá-lo textualmente nos Diálogos, embora tenha tratado dele na oralidade e se valido dele em toda
a extensão de sua obra. A demonstração desse fato, a partir dos próprios textos de Platão, implica que a compreensão
adequada da obra platônica requer a consideração de essa “doutrina não escrita” e a sua consideração revela uma pers-
pectiva platônica francamente metafísica, configurando uma interpretação diversa da que predominou no século XX.

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evidenciada em trabalhos filológicos (Ibidem) e mento esotérico distinto do saber liberado para
historiográficos (REALE, 2004) de grande consis- todos, configurando um fato apenas marginal-
tência, segundo os quais se impõe considerar as mente contemplado nos estudos modernos da
lições que Platão reservou e tratou exclusivamen- obra de Platão e que, agora, ganha relevância em
te na oralidade – identificadas sob o título de razão dos novos rumos que se oferecem para tais
“doutrinas não escritas” – para se entender devi- estudos. Uma vez detectada a presença dessa
damente a sua obra. A força com que essa nova tradição esotérica no berço da filosofia ocidental,
perspectiva vem-se impondo, inclusive no Brasil ausculta-se a doutrina maçônica a fim de identi-
(PERINE, 2011)4, prenuncia uma retomada ou um ficar os seus motivos, constata-se que Platão co-
novo ímpeto nos estudos acadêmicos de metafí- mungava de preocupações semelhantes, tendo-
sica, fato que abre preciosa oportunidade de diá- se dedicado intensamente à questão – particular-
logo entre a Academia e a Maçonaria, dado que mente no mito da caverna e no desafio que colo-
esta, apesar de valer-se de linguagem simbólica, ca ao verdadeiro filósofo. Na sequência, a fim de
nunca se afastou da perspectiva metafísica. avaliar a extensão dessa confluência, examina-se
Em face dessas circunstâncias, objetiva-se, a teoria das ideias de Platão, identificam-se limi-
com o presente trabalho, primeiramente, lançar tes do modo platônico de ver o mundo e consta-
alguma luz sobre os arcanos que são determi- ta-se que a superação de tais limites depende da
nantes do seu espírito e indicativos da sua mis- sua “doutrina não escrita” ou do que Aristóteles
são de longo prazo, na expectativa de melhor vai designar de “teoria dos princípios” de Platão.
instrumentalizar o ensino maçônico e de contri- Finalmente, aportam-se conceitos conquistados
buir para que estudiosos, maçons e leigos, pos- na modernidade e, com isso, logra-se alcançar,
sam, nas suas análises, levar em conta o que a em alguma medida, os objetivos formais deste
Ordem possui de mais valioso e essencial. Secun- trabalho, que apenas abre uma picada no meio
dariamente, objetiva-se postular uma estrutural da floresta, indicando um percurso promissor
afinidade entre doutrina maçônica e estudos me- que, virtualmente, poderá vir a recepcionar uma
tafísicos, com base em legados de Platão, cuja civilizadora autoestrada pavimentada de intenso
doutrina não escrita adquire significados esclare- tráfego, mas cuja consecução certamente requer
cedores quando contemplada por olhos inicia- árduos esforços complementares de pesquisa.
dos, configurando contribuição conceitual im-
portante para todos e, em particular, para os es- Desenvolvimento
tudos da obra de Patão orientados pelas mencio-
nadas “doutrinas não escritas”. A Maçonaria inscreve-se em uma tradição
de Escolas de Mistério de orientação filosófica,
Para atingir esses objetivos, contextualiza- cujas raízes são encontradas na mitologia egíp-
se, em largos traços, uma tradição de Escolas de cia.5 Mas, em se tratando da civilização ocidental,
Mistério cultivadora de um conhecimento esoté- isso não constitui prerrogativa da Maçonaria,
rico, cuja orientação ontológica encontrou terre- uma vez que a religião e a filosofia do ocidente
no fértil no espírito grego clássico, empenhado também possuem o mesmo nascedouro. Está de-
em superar a cultura mitológica – mediante a monstrada a origem egípcia das concepções bá-
busca de fundamentos da natureza que pudes- sicas de Pitágoras e de Platão (JÁMBLICO, 1997)
sem ser suportados pela razão. Esse movimento que inauguram o pensamento filosófico ociden-
alcança seu ápice na Academia Antiga que, sinto- tal bem como a influência egípcia na formação
maticamente, mantém a tradição de um conheci-
4
Esta pequena resenha indica os brasileiros envolvidos com a perspectiva, destacando-se, entre outros, os professores
Marcelo Perine, de São Paulo, e Denys Garcia Xavier, de Uberlândia. Hoje, valeria acrescentar, no mínimo, Maria Celeste
de Sousa, de Fortaleza; Edrisi Fernandes, de Natal; e Cícero Cunha Bezerra, de Sergipe.
5
Carece de fontes. Opinião do autor.

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do povo hebreu e na própria composição de cer- tes de assumir as formas Rosa Cruz e Maçônica
tos relatos bíblicos, inclusive na concepção de modernas, precisam ser consideradas seriamente,
um Deus único (GADALLA, 2003), de sorte que tal como se requer da mitologia. Tais iniciativas,
convém levar em conta que, embora a mitologia em boa parte das ocasiões, sobreviveram à reve-
operasse uma linguagem simbólica e metafórica, lia do poder político estabelecido, significando
ensejou tanto derivações religiosas de cunho que impunham aos seus membros algum grau
místico quanto derivações filosóficas de caráter de risco (PORFÍRIO, 1987).7 A adoção de um dis-
racional. Esse fato, por si só, já evidencia que os curso exotérico distinto do conhecimento esoté-
relatos mitológicos precisam ser levados a sério rico praticado na intimidade evidencia cuidados
e que, apesar de a sua origem ser desconhecida, que eram tomados. Na contrapartida, isso torna
a riqueza e a densidade de seus conteúdos de- também evidente que havia convicção, perspec-
nunciam a genialidade e a sabedoria dos seus tiva de longo prazo e dedicação à causa da cul-
criadores, o que também revela que a história tura humana, de sorte que, quando a Academia,
oficial da humanidade está omitindo parte da agora, passa a estudar cientificamente a Maçona-
verdade ou, no mínimo, apresenta instigante la- ria, demonstra que não se pode apreciar simplis-
cuna. De qualquer modo, parece perfeitamente tamente um fenômeno social dotado de tal per-
interpretável que a mitologia egípcia represen- sistência e que convém apreciá-lo com formalis-
tou construção pedagógica de cultura superior, mo científico.
visando a impregnar certos valores em uma cul- Em face do acima exposto, entende-se
tura incipiente, incapaz de preservá-los como pertinente procurar, no âmbito dos rituais maçô-
tradição racional (CAMPBELL, 1989). De certa ma- nicos, as razões e as motivações permanentes da
neira, solução similar foi adotada pelos criadores Ordem. Nesses rituais, a condição de maçom ple-
da Maçonaria especulativa, no século XVIII6, no é obtida com a conquista do grau de Mestre,
quando os rituais foram concebidos. Estes regis- que é conferido em uma cerimônia ritualística
tram simbolicamente certos conhecimentos que própria: a Cerimônia de Exaltação8 (GOB, 2009).
tendiam a desaparecer ou serem esquecidos, em Ora, se essa cerimônia confere ao obreiro a ple-
meio a uma cultura que, inexoravelmente, volta- nitude maçônica, parece justo supor que os pro-
va-se para a materialidade e para a valorização jetistas dos rituais tenham definido, nessa ocasi-
de uma ciência excludente de tais saberes, por- ão, tanto o papel do Mestre como os propósitos
quanto confinada ao âmbito do espaço tridimen- da Ordem, uma vez que aquele somente pode
sional. ser estabelecido à luz destes.
Aliás, a preservação e o cultivo de conhe- Além de fixar, na Cerimônia de Exaltação,
cimentos julgados essenciais, em contextos cul- o ponto de partida desta investigação, cumpre
turais hostis, parecem representar motivação ba- considerar que se está contemplando conteúdos
se de boa parte das confrarias e Escolas de Mis- simbolicamente registrados, dado ser essa a lin-
tério de que se têm notícias. Essas iniciativas, que guagem do ritual que, conforme já vimos, no ca-
se reproduzem no tempo a partir dos templos do so da mitologia, admite derivação tanto no senti-
Egito Imperial, passando pela Grécia Clássica an-
6
A partir de lendas e manuscritos antigos (“Old Charges”: Boloni/1248; Regius/1390, Cooke/1410 etc.), descreve-se o
nascimento da Maçonaria Especulativa como sendo a descendente direta da Guilda de Ofício, da Maçonaria Operativa,
que permitiu a entrada de não operativos em suas Lojas. Foram novos membros que acabariam por dominar a institui-
ção, não apenas em número, mas também na sua administração, transformando a Maçonaria Operativa em Maçonaria
Especulativa, a partir de 1717.
7
As circunstâncias da destruição da escola de Pitágoras constituem um exemplo bastante claro. O assassinato de Hepá-
tia e o fim da Escola Neoplatônica de Alexandria, mil anos depois, constituem outro exemplo efusivo.
8
Exaltação: termo utilizado pelos ritos da Maçonaria Latina ao se referir à concessão do terceiro e último grau da Maço-
naria Simbólica. Nos ritos de origem anglo-saxônica, o termo usual é “Elevação”.

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do místico-religioso quanto no sentido filosófico único que sabia o que precisava ser feito para
-racional. Obviamente, o presente estudo requer completar a obra, daí o grau de consternação
que se siga esta última linha, no sentido da raci- reinante. Lá pelas tantas, o candidato é convida-
onalidade, por ser ela que possibilita não apenas do a representar o próprio Mestre Hiram na ceri-
a identificação do papel do Mestre, mas também mônia, sendo colocado deitado no esquife, insta-
a identificação da missão da Ordem. Curiosa- do a ficar em silêncio e acompanhar o que se
mente, como se verá, essa passagem do simbóli- passa à sua volta. No final do relato da lenda, o
co para o conceitual demonstrará o caráter es- Venerável Mestre que conduz a cerimônia, ajuda-
sencialmente filosófico da Maçonaria e, para ser do pelas demais luzes da Loja, agarra o candida-
mais preciso, o caráter metafísico da Maçonaria to com firmeza e o coloca em pé, onde vai rece-
(RODRIGUES, 2012). Ora, sabe-se que, na moder- ber o tríplice abraço de boas-vindas ao seio da
nidade, a Filosofia abandonou a linha metafísica, comunidade de Mestres Maçons.
assumiu um caráter subjetivista, converteu-se em O significado disso consta dos rituais: Hi-
Teoria do Conhecimento, realizou estudos de ló- ram morto significa o espírito preso na matéria
gica, configurou uma Filosofia da Linguagem e (SUPREMO..., 2005a), e o Templo em construção
chegou, com Heidegger, a afirmar que Metafísica é a cidadela inexpugnável da razão (SUPREMO...,
só seria possível à margem da racionalidade 2005b). O candidato deitado no esquife repre-
(MORA, 1978; MOLINARO, 2004). Somente nas senta o espírito preso na matéria, não qualquer
últimas décadas, a percepção das “doutrinas não espírito, mas o do próprio candidato. O Venerá-
escritas” de Platão traz novo alento aos estudos vel Mestre representa, na ocasião, a Maçonaria, e
metafísicos e promete recolocar a Filosofia no o seu gesto de levantar o candidato representa
seu leito original. Observe-se que a doutrina ma- um ato de ressurreição. O morto ressuscita. E ve-
çônica manteve-se fiel à perspectiva metafísica e ja-se que não se trata de uma ressurreição qual-
que o desvio da Filosofia por caminhos outros quer, mas da libertação de um espírito da maté-
comprova o acerto dos criadores da Ordem tanto ria, o que, embora não constitua rigorosamente
no diagnóstico da situação como na solução de uma ressurreição, constitui certamente um des-
preservação adotada, o que indica, de modo bas- pertar, no qual o espírito de um mestre abre
tante efusivo, que a Maçonaria constitui um pro- olhos. Ocorre, porém, que a construção do Tem-
jeto comprometido com a cultura humana e que plo da Razão ou da mente, em todo o seu es-
os estudos acadêmicos que estão surgindo me- plendor, tanto quanto a libertação do espírito da
recem efetivamente ser festejados. caverna das ilusões, potencializando os estágios
superiores de lucidez e discernimento que a na-
O que nos diz a Cerimônia de Exaltação tureza faculta à espécie humana, não pode ser
realizada por outro, de fora para dentro, mas
Embalado pelo título Cerimônia de Exalta- apenas pelo ser que possui acesso à razão. Ape-
ção e pela perspectiva de atingir a plenitude ma- nas cada um, individualmente, pelo seu próprio
çônica, o candidato encaminha-se para uma fes- esforço e empenho, pode libertar a sua própria
ta, mas, ao entrar no templo, surpreso, constata mente. Não há a mínima possibilidade de fazê-lo
que ocorre ali uma cerimônia fúnebre. O que es- de modo distinto. Portanto, o que a Cerimônia
tão em curso são exéquias e manifestações de de Exaltação informa-nos é que a Maçonaria
pesar em razão da morte não de um obreiro co- constitui um projeto de libertação (SUPREMO...,
mum, mas de uma figura da maior importância 2005ª), de libertação do espírito ou da mente hu-
para a Maçonaria. No decorrer da cerimônia, o mana, para as suas melhores potencialidades e
candidato fica sabendo que o morto é o Mestre que o desafio do Mestre Maçom consiste, primei-
Hiram, o arquiteto que conduzia a construção do ramente, em realizar essa libertação em si mes-
templo. O templo está inacabado, e Hiram, além mo: realizar a sua própria libertação.
de ser um irmão muito respeitado, era ainda o
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A necessidade de passar do simbólico para o taque (RODRIGUES, 2009). A especificação formal


racional desse método não consta dos rituais, não por
A compreensão da missão da Ordem e do deficiências na sua elaboração, mas porque, até a
desafio do Mestre inscreve a Maçonaria na condi- presente data, não apenas a Maçonaria, mas to-
ção de promotora do processo civilizatório e de das as Escolas de Mistério do mundo não conse-
instituição a serviço da humanidade, nos mes- guiram produzir uma descrição formal e científi-
mos moldes de outras instituições existentes, tais ca dele. Certos estudos revelaram que quem
como escolas, universidades, igrejas, institutos de mais se esforçou para conseguir essa descrição
pesquisa e tantas outras. O objetivo específico, foi Platão, tomando por base uma solução precá-
porém, de libertar o espírito das ilusões que o ria legada por Pitágoras (SZLEZÁK, 2008). Apesar
enganam e potencializar a competência cogniti- do seu esforço, ele não logrou resolver o proble-
va superior preconizada no projeto humano im- ma, embora tenha aportado decisiva contribui-
plica projeto de domínio pleno do ato de pensar, ção para solucioná-lo, como ainda veremos. Na
de modo a torná-lo um ato metódico, plenamen- ocasião, Platão enfrentou dificuldades intranspo-
te formalizado (RODRIGUES, 1999). Ora, saber níveis, representadas pela inexistência de certos
pensar metodicamente exige um método formal recursos conceituais que a humanidade somente
de pensar, e pretender ensinar isso para seus desenvolveu na modernidade. Platão e Pitágoras
adeptos pressupõe uma instituição que detenha foram os primeiros grandes iniciados que se es-
e domine esse conhecimento. Isso diferencia a forçaram para converter uma convicção, simbóli-
missão da Maçonaria e a torna uma instituição ca e metaforicamente descrita, em uma descrição
única no mundo, de vez que, pelo que se sabe, formal, racional e, logicamente, suportada. Esse
em nenhuma universidade, encontra-se uma dis- conhecimento tinha sido recolhido por Pitágoras
ciplina com a pretensão de ensinar a pensar me- no seio da mitologia egípcia (PORFÍRIO, 1987;
todicamente. No máximo, encontram-se, em di- JÁMBLICO, 1997; SCHURÉ, 2011) e, embora fosse
ferentes cursos, estratégias de desenvolvimento absolutamente convincente, tinha apenas descri-
de capacidade interpretativa ou, então, estraté- ções simbólicas, possivelmente não muito dife-
gias de desenvolvimento de habilidades lógicas e rentes daquelas usadas pela Maçonaria de hoje.
metodológicas gerais. Isso podia ser suficiente no âmbito de uma con-
fraria unida pela lealdade e pelo desejo de com-
Impõe-se perceber que libertar o espírito preender, mas era nitidamente insuficiente para
da matéria constitui um projeto ambicioso, caso, conquistar mentes extramuros e ganhar univer-
efetivamente, vise ao amadurecimento intelectu- salidade.
al da espécie e a habilitação do homem para
uma compreensão totalizante do universo, da Atualmente, a situação da Maçonaria não
natureza e de si mesmo. Algo claramente dife- é diferente. Os obreiros estão todos convencidos
rente e que não se confunde com as formações da necessidade, da utilidade e da conveniência
científicas especializadas de toda ordem que, ho- de libertar o espírito da matéria. Apenas não sa-
je, são propiciadas nas faculdades e universida- bem como fazer isso racionalmente. Já se viu que
des do mundo profano; algo que deveria instru- não basta derivar para a religião e o misticismo e
mentalizar todo homem que tenha a pretensão apelar para a fé. Esse caminho tem sido tentado
de desenvolver ciência sobre o universo, pois, pelas religiões. A solução almejada implica deri-
caso a sua visão de mundo esteja equivocada, o vação para a racionalidade e a razão. A demanda
resultado de sua ciência fica comprometido. é de elementos conceituais, solidamente ampa-
rados pela lógica, que se revelem convincentes e
A questão é que a especificação conceitu- possam ser testados em procedimentos confiá-
al e científica desse método libertador do pensar veis, tais como aqueles preconizados pelo méto-
não consta dos rituais da Maçonaria, embora ele do científico. Portanto, impõe-se transitar do
esteja simbolicamente indicado com grande des-
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simbólico para o conceitual sob o amparo da ra- dos objetos de percepção do olho: “Os objetos
cionalidade. Capitaliza-se, para tanto, os esfor- são visíveis, mas não inteligíveis, ao passo que as
ços, no mesmo sentido, desenvolvidos por Platão ideias são inteligíveis, mas não visíveis” (PLATÃO,
e, depois, acrescenta-se o que a modernidade 2012).
ensina. Essa frase sintetiza de forma simples e cla-
ra a percepção que suporta a teoria das ideias de
A teoria das ideias e a razão áurea de Platão Platão: há um mundo inteligível distinto do mun-
do visível que, ordinariamente, prende a atenção
Platão percebeu que os sentidos orgâni- dos homens. Esse mundo inteligível configura
cos de percepção que instrumentalizam os ho- uma realidade essencial situada mais além do
mens são especializados. O ouvido ouve sons; o mundo visível imediato e se compõe de ideias ou
olho vê formas e cores; o tato sente texturas, inteligência organizativa que cumpre papel de-
temperaturas e formas; o gosto percebe sabores; terminante da compleição e da forma desse
o olfato percebe odores; e a mente compreende. mundo visível. Essa separação entre a instância
Percebeu, também, ser impossível para o ouvido visível e a instância inteligível proporciona a Pla-
ver, para o olfato sentir sabor, para o olho com- tão um poderoso e revolucionário modo de ver o
preender etc., sendo apenas possível a cada sen- mundo que, juntamente com a sua dialética, ex-
tido realizar a percepção de sua própria especia- plica o poder de sedução e a magnitude da sua
lidade, a percepção para a qual o sentido está obra. Pode-se esquematizar esse modo de ver o
habilitado. Nesse contexto, percebeu, ainda, que mundo da seguinte forma:
os homens confundiam e não distinguiam, ade-
quadamente, os objetos de percepção do olho e
da mente. Os homens acreditavam pensar o que
viam, o que contrariava a especialização dos sen-
tidos. Se o olho via o objeto, as cores e a forma
da matéria, a mente pensava o que do objeto?
Platão soluciona essa questão com a sua
teoria das ideias, segundo a qual a mente enten-
de e tem acesso à inteligência organizativa que
constitui a essência modeladora dos objetos. Es-
sa essência ou inteligência organizativa ele de- Figura 1: Modo platônico de ver o mundo.
signou de ideias ou formas. Essas ideias ou for-
Fonte: Platão (2012)
mas determinam a compleição dos objetos e
constituem a essência constitutiva deles, confe-
rindo-lhes propriedades que são identificadas Essa figura foi extraída de texto que ante-
como atributos. Em lugar de ideias e formas, pre- cede a apresentação do mito da caverna por Pla-
fere-se usar a expressão inteligência organizativa tão, no diálogo A República (Ibidem), em que o
para designar essa essencialidade constituinte, personagem Sócrates é desafiado a falar do bem
uma vez que, modernamente, sabe-se que os ob- em si que, na teoria das ideias, ocupa a posição
jetos não resultam da junção aleatória de com- de fonte a partir da qual as ideias emanam. Em
ponentes, mas da articulação inteligente de cer- outros textos, essa fonte primordial é também
tos e determinados componentes, capazes de se designada de o belo em si e também de o uno.
integrar em uma totalidade estável que resultará Esse uno, em Platão, expressa a simplicidade ab-
dotada de propriedades específicas. Nessa pers- soluta e indivisível que antecede ao próprio nú-
pectiva, Platão encontra uma maneira simples de mero e à própria unidade quantitativa, sendo as-
diferenciar os objetos de percepção da mente sim considerada a origem primeira do cosmos

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(REALE, 2004). Sócrates recusa-se a falar do bem afirma, ainda, Sócrates. O bem em si não apenas
em si – que está justamente no cerne do que, ho- gera a mente e a inteligência organizativa ou
je, está sendo designado de “doutrinas não escri- ideias que moldam os objetos, mas também for-
tas” de Platão –, mas se dispõe a falar do filho do nece a “iluminação” que permite à mente enten-
bem em si, o qual afirma ser muito semelhante der essa inteligência organizativa. A diferença é
ao pai que o gerou e que resulta ser o Sol. Essa que, em lugar de luz, o bem em si fornece o ser e
semelhança é afirmada por ele em uma frase em a verdade que são os elementos com os quais
que estabelece verdadeira relação áurea, ligando esse entendimento torna-se possível. Pode-se,
o mundo inteligível ao mundo visível, que exerce então, também dizer que a luz está para o ato de
função estrutural semelhante à da famosa pro- ver, assim como o ser e a verdade estão para o
porção áurea (1,168) que os gregos também ato de entender.
identificaram e que, além de estar sempre pre- Sobre o mundo visível descrito por Pla-
sente na natureza, foi usada no Parthenon e tam- tão, não restam dúvidas. A ciência moderna san-
bém está ou deveria estar presente no retângulo ciona, em termos próprios, todas as explicações
básico que formata os templos maçônicos. Essa dadas. Sobre o mundo inteligível, cabem algu-
razão áurea pode ser expressa nos seguintes ter- mas explicações. A presença do ser, na mente,
mos: “O Sol está para o mundo visível assim co- constitui um fato que apenas cada um pode
mo o bem em si está para o mundo inteligí- constatar ao examinar os seus próprios pensa-
vel” (PLATÃO, 2012, 508c). mentos. Ao pensar, percebe-se nitidamente que,
Sócrates explica aos seus ouvintes, mais na raiz de nossos pensamentos, encontra-se o
ou menos, nos seguintes termos: no mundo visí- ser que somos e que constitui o operador inteli-
vel, o olho vê porque possui a propriedade de gente que pensa. A presença da inteligência or-
ver, e o objeto e as cores são vistos porque pos- ganizativa nos fenômenos, também, não oferece
suem a propriedade de se mostrarem (Ibid., 507c dificuldades. É evidente que um computador re-
a 509c). Nada disso pode ocorrer na ausência de sulta da confecção e reunião de peças projetadas
luz e, no nosso planeta, a fonte da luz é o Sol. pelo homem e registradas, inicialmente, de for-
Quando começa a escurecer, a visão também vai ma escrita, em documentos/projetos. As peças
-se perdendo, até que, em plena escuridão, o que integram o computador foram construídas a
olho não consegue ver mais nada. Quando ama- partir de especificações contidas nesses projetos,
nhece, o processo se inverte, as visões vão fican- e a montagem do computador deu-se em obedi-
do cada vez mais claras, até que, à plena luz do ência à inteligência organizativa que os enge-
Sol, tudo torna-se nítido outra vez. Ocorre, po- nheiros registraram no projeto. À medida que a
rém, afirma Sócrates, que o Sol não apenas for- montagem realizava-se, essa inteligência organi-
nece a luz que possibilita a visão, mas também é zativa foi sendo incorporada à máquina em cons-
a fonte geradora tanto do olho como do objeto trução e, no final, o computador tornou-se uma
visto. Atualmente, na modernidade, não se tem unidade funcional determinada por essa inteli-
mais dúvida disso. O Sol é a fonte criadora não gência organizativa (RODRIGUES; RODRIGUES,
apenas da luz, mas igualmente de todos os pla- 2012), a qual Platão chamaria de a ideia ou a for-
netas do Sistema Solar e também os mantém em ma do computador.
órbitas estáveis, o que possibilitou o surgimento De outro lado, o bem em si é o uno, o
da água e de toda a vida presente na Terra e, princípio criador, o Deus das religiões e o princí-
ainda, moldou todos os sentidos de percepção pio necessário da metafísica. Na Maçonaria, cor-
dos animais e, evidentemente, também tornou os responde ao Grande Arquiteto do Universo que é
olhos capacitados para ver. Além disso, continua aceito, aprioristicamente, como princípio (GOB,
fornecendo a energia que sustenta toda a vida. O 2001), de sorte que a demonstração de sua exis-
mesmo processo ocorre no mundo inteligível, tência, embora possível (SANTOS, 2001), fica aqui

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dispensada. Resta, então, falar sobre a verdade desaparecer de um dado plano existencial, fato
que tanto imprime inteligência às ideias quanto que constitui ocorrência comum na natureza. Ca-
permite à mente entender essa inteligência orga- so o leitor possa reunir um átomo de oxigênio
nizativa. O conceito de verdade de Platão está com dois átomos de hidrogênio em condições
ligado ao conceito de beleza grego e, conse- adequadas, terá criado uma molécula de água
quentemente, ao conceito de bem em si e belo que, antes, não existia no plano existencial das
em si. O grego entende que nem mesmo Deus moléculas e, fazendo o inverso, fará essa molécu-
poderia criar o mundo de qualquer maneira, pois la desaparecer da existência. Designar esse movi-
tinha de obedecer às matemáticas (ARISTÓTELES, mento de transcendência revela-se perfeitamen-
2006), posto ser essa a única maneira da criação te adequado, porque a molécula de água apre-
configurar um cosmos e não um caos. Ou seja, senta propriedades que não estão presentes nos
para os gregos, as leis da forma, do movimento e seus átomos constitutivos, de sorte que a molé-
da quantidade, que correspondem em linhas ge- cula de água constitui uma totalidade que se si-
rais às ciências hoje designadas de Geometria, tua para além da mera soma das partes. Portan-
Lógica e Matemática, constituíam estruturas ines- to, a ideia básica de surgimento de algo, no âm-
capáveis da existência, de modo que a criação bito da existência, por transcendência, afigura-se
somente pode ocorrer em âmbito de possibilida- pertinente, razoável e adequada.
des demarcado por essas leis. Nesses termos, Assim, constatam-se perfeitamente justifi-
tanto a construção da mente e de sua faculdade cados todos os elementos usados por Platão pa-
de pensar como a construção da inteligência or- ra caracterizar e distinguir, na realidade, um
ganizativa e sua faculdade de ser pensada resul- mundo visível de um mundo inteligível. Apesar
tam frutos do ser e da verdade (PLATÃO, 2012, disso, o modelo de mundo inteligível de Platão
508e e 509ª). Consequentemente, o ato de en- não está fechado e completo, faltando um ele-
tender implica reconhecimento da verdade por mento-chave para dar-lhe consistência interna.
parte do ser, isto é, a verdade presente no ser Platão tinha plena consciência dessa carência,
encontra correspondência na verdade presente embora não tenha conseguido supri-la. Esse ele-
na inteligência organizativa do objeto e, assim, mento faltante constitui justamente o núcleo
torna-se compreensão e conhecimento. central das chamadas “doutrinas não escritas” de
Platão ainda esclarece que o ser surge do Platão, assunto do qual apenas tratou na oralida-
bem em si ou do uno por transbordamento de. Observe-se que o projeto de computador
(Ibid., 508b/c), querendo, com isso, dizer que o acima mencionado contempla a inteligência or-
ser não se origina do bem em si em virtude de ganizativa que faz daquela máquina um compu-
um movimento deste, posto que o bem em si, tador dotado de certas propriedades e de certas
desde Pitágoras, é concebido como ilimitado funcionalidades, mas não contempla a inteligên-
(REALE, 2004)9 e, portanto, necessariamente está- cia criativa que os engenheiros utilizaram para
tico, já que qualquer movimento implica deter- criar o projeto, isto é, não contempla o conheci-
minação e limitação. Hoje, seria mais adequado mento usado pelos engenheiros para projetar a
dizer que o ser emana do bem em si por trans- inteligência organizativa do computador. Da
cendência, uma vez que o movimento transcen- mesma forma, em se tratando da natureza, uma
dental encontra-se formalizado (SAMPAIO, 2001) árvore constitui um fenômeno bem determinado
10
e explica como um fenômeno pode surgir e por certa inteligência organizativa. Essa inteli-
9
“Filolau, exprimindo e levando a cabo uma concepção que já devia pertencer ao primeiro pitagorismo, senão ao pró-
prio Pitágoras, fala-nos expressamente do ilimitado (ou indeterminado ou infinito) e do limite (ou limitante ou determi-
nante) como de princípios primeiros e supremos de todas as coisas”.
10
Sampaio propôs um sistema de cinco lógicas que definem cinco modos de pensar e, assim, contesta a limitação do
conceito de lógica à lógica clássica do terceiro excluído de Aristóteles.

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RODRIGUES, R. A MISSÃO PERMANENTE DA MAÇONARIA: UM SACERDÓCIO MAÇÔNICO

gência organizativa da árvore é muito mais sofis- grada, expressa na equação 1 + 2 + 3 + 4 = 10,
ticada do que aquela do computador, tanto as- que constituía o cerne da doutrina pitagórica e,
sim que possui a propriedade de reproduzir-se. sobre a qual, os iniciados da escola místico-
Entretanto, por mais sofisticada que essa inteli- filosófica, criada por Pitágoras, juravam fidelida-
gência organizativa seja, não contempla o co- de à Ordem e lealdade aos demais irmãos
nhecimento demandado para a criação da pri- (SANTOS, 2002; MARTÍN, 2009). Embora essa
meira árvore. Portanto, está faltando, no esque- equação constituísse um avanço sobre uma des-
ma de mundo inteligível retratado na figura, a crição meramente simbólica e expressasse o sen-
indicação de uma inteligência criativa capaz de tido geral do modelo criativo usado pela nature-
explicar como é que o ser emanado do uno, con- za na geração dos fenômenos, representava uma
tando apenas com o apoio da verdade, consegue formalização precária e problemática, tanto as-
criar as inteligências organizativas que moldam sim que esses números foram definidos como
os fenômenos existentes. Pode-se também for- números ideais (KLEIN, 1992; ARISTÓTELES, 2006)
mular essa pergunta nos seguintes termos: como distintos dos números quantitativos. Esses núme-
é que o ser que transcende do uno consegue cri- ros ideais não podiam ser operados uns contra
ar fenômenos na existência, contando apenas os outros, tal como na matemática ordinária, mas
com as leis naturais11 da Lógica, da Geometria e cada um inaugurava uma série quantitativa dis-
da Matemática? tinta que não se misturava com as demais. Essa
descrição pitagórica da inteligência criativa foi a
que Platão recebeu e não conseguiu formalizar
A razão de todas as Escolas de Mistério de modo mais preciso e racional. Por esse moti-
Conseguir uma descrição formal, racional vo, não escreveu a respeito e tratou do assunto
e lógica dessa inteligência criativa foi o sonho exclusivamente na oralidade. Supõe-se que isso
acalentado pelos mestres maiores de quase to- se dava no âmbito privativo de uma Escola de
das as Escolas de Mistério12, e perceber o seu po- Mistério de orientação pitagórica, que Platão
tencial enquanto ferramenta referencial amplia- operava na residência que tinha construído no
dora do discernimento humano, a fonte motiva- jardim de Academos, onde funcionava a Acade-
dora da sua construção. Ao que tudo indica, no mia. Nesta, tratava-se de todos os assuntos con-
Egito Imperial, a percepção disponível dessa in- tidos nos diálogos, no entanto, quando a conver-
teligência criativa, ao menos em algumas épocas, sa exigia tratar da inteligência criativa, que, em
foi suficiente para gerar uma tecnologia avança- termos platônicos, seria designada de forma das
da que possibilitou as obras faraônicas conheci- formas, ele desconversava e transferia para outra
das. Pitágoras recolheu esse conhecimento em ocasião, a qual, supõe-se, ocorria na sua residên-
expressão simbólica e tentou traduzi-lo e forma- cia, para convidados criteriosamente seleciona-
lizá-lo em termos matemáticos próprios da cul- dos, dentre os quais, curiosamente, ao que tudo
tura grega. O resultado foi a famosa dédaca sa- indica, não constava Aristóteles.13
11
Leis naturais, aqui, referem-se ao que é estrutural e inescapável à métrica do mundo relativo. O chavão científico de
que a matemática foi a linguagem utilizada por Deus, na construção do universo, repousa em constatações e estudos
que remontam aos pitagóricos.
12
Referimo-nos, naturalmente, às escolas de orientação filosófica.
13
Temos adotado a hipótese de Platão ter operado uma Escola de Mistério, no âmbito da Academia, como local privati-
vo para a discussão de temas reservados para a oralidade, visando a acomodar certa incoerência histórica centrada no
fato de Aristóteles não ter encontrado sustentação para a teoria das ideias, apesar do seu empenho e até de sua fixação
na questão, indelevelmente registrados na Metafísica. A preterição de um aluno como Aristóteles na direção da Acade-
mia em favor de Speusipo, quando Platão morre, tanto quanto a necessidade de compensar a falta da oralidade do
mestre ausente, configuram circunstâncias cujo esclarecimento, pensamos, pode ajudar a contextualizar e compreender
o ensino que Platão reservava à oralidade. De qualquer forma, a questão exige pesquisa mais detida e a hipótese – que
não é decisiva para o que aqui se defende – ainda merece ser tomada com cautela.

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Possivelmente, as descrições que Platão sagrada queria dizer. A equação 1 + 2 + 3 + 4 =


podia apresentar a respeito dessa inteligência 10 indica o modelo matemático segundo o qual
criativa consistiam de menções simbólicas, de toda e qualquer existência estabelece-se como
algum modo, relacionadas à dédaca sagrada em fenômeno presente neste universo. Os números
contextos que exigiam a presença de um princí- 1, 2, 3 e 4 (a tétrada) indicam, respectivamente, a
pio criador. Provavelmente, a liturgia praticada 1a dimensão, a 2a dimensão, a 3a dimensão e a
nessa escola, em virtude da sua orientação pita- 4a dimensão da existência. O número 10 indica a
górica, derivava fortemente da mitologia egípcia instância da totalidade dos fenômenos, a qual
que, em pontos relevantes, confrontava a mitolo- corresponde uma determinada inteligência orga-
gia grega. Dado que um ambiente de confraria nizativa. Desde 1999, esse modelo criativo en-
afastava o risco de denúncia por “heresia”, tal co- contra-se especificado e formalizado com a de-
mo experimentado por Sócrates, justifica-se, em nominação de logos normativo (RODRIGUES,
parte, tratar dessas questões apenas na intimida- 2011) e, na condição de estrutura ontológica, de
de. As razões fundamentais eram, porém, segun- cuja constituição apenas participam as leis natu-
do entendemos, de ordem técnica. Faltavam co- rais do movimento, da forma e da quantidade
nhecimentos e conceitos necessários para viabili- que, no geral, correspondem às ciências moder-
zar a formalização desse modelo criativo, tanto nas – Lógica, Geometria e Matemática –, confor-
assim que Platão chegou a denominá-lo de día- me já indicado. O título de logos normativo de-
da do grande e do pequeno, expressão que me- corre do fato de a estrutura normatizar a existên-
nos indicava o que ele era, indicava mais o seu cia, e a condição ontológica quer dizer que os
alcance universal: respondia pela existência de fenômenos apenas ganham assento na existência
todos os fenômenos, independentemente do ta- como totalidades, o que implica afirmar que, no
manho e da complexidade. Apesar dessa carên- universo, não existe um fenômeno de segunda
cia, o modo platônico de ver o mundo sintetiza- classe chamado parte, mas apenas totalidades
do na figura apresentada imprimia, nos espíritos, (RODRIGUES; RODRIGUES, 2012). Com isso, a
a certeza de que deveria existir solução. Depois complexidade, nesse modelo, resulta não da reu-
de Platão, os esforços de compreensão persistem nião de partes, mas da inteligente articulação de
e caracterizam o movimento filosófico do Neo- totalidades bem constituídas. Tratando-se de um
platonismo; acomodam-se durante a Idade Mé- modelo único gerador de toda existência, este
dia, virtualmente porque a Igreja Católica man- possui a propriedade de se replicar ao infinito e,
tém a perspectiva como Verbo, “que era no prin- assim, responder pela edificação ordenada do
cípio”; e, apenas na Modernidade, o despertar de universo em camadas de crescente complexida-
uma perspectiva materialista vai gerar o movi- de, a partir de energias quânticas, passando por
mento Rosa Cruz e a Maçonaria. Esta vai designar partículas atômicas, átomos, moléculas, organis-
esse princípio criador de palavra perdida, uma mos, sistemas planetários, galáxias até o próprio
palavra que deve ser buscada e denominar os universo, sempre dentro de espaços de possibili-
seus templos de Lojas de São João, razões pelas dades determinados pelas matemáticas.
quais se percebe mantido, na Ordem maçônica, o Não cabe, neste trabalho, entrar em deta-
propósito milenar de todas as Escolas Filosóficas
lhes dessa versão moderna da dédaca, pois exis-
de Mistério: achar a palavra perdida, visando atem livros tratando disso (RODRIGUES, 1999). Ca-
libertar o espírito do homem preso no mundo be, porém, ressaltar que essa solução torna-se,
visível da matéria. hoje, viável por ser possível admitir uma geome-
tria dimensional (uma métrica da amplitude?),
As descobertas da modernidade situada para além das geometrias não euclidia-
nas. Pode-se igualmente pensar uma ciência de
O conhecimento hoje disponível permite- múltiplas lógicas, situada para além da lógica
nos, finalmente, compreender o que a dédaca
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RODRIGUES, R. A MISSÃO PERMANENTE DA MAÇONARIA: UM SACERDÓCIO MAÇÔNICO

clássica única de Aristóteles e, ainda, ser defensá- passa o mundo sensível e acredita que o univer-
vel a possibilidade de uma matemática de múlti- so está contido no âmbito do espaço tridimensi-
plos graus de infinidade demandada pelo mode- onal. Uma mente presa no mundo visível debate-
lo.14 Além disso, a Mecânica Quântica, ao consta- se em uma missão impossível de pensar um visí-
tar a presença de fenômenos que desobedecem vel que não é pensável. Na verdade, esse homem
às leis do tempo e do espaço – 4a e 3a dimen- comunga da visão de mundo que todos os de-
são, respectivamente –, abre espaço para uma mais animais possuem e vive no devir espaço-
retomada da Metafísica e para a reutilização do temporal em constante sobressalto, em face dos
conceito de transcendência. A própria Astrofísica, conflitos dialéticos com suas circunstâncias. Para
com o convencimento de que o universo teve esse homem, a civilização é selvagem, os proble-
um começo, enseja modos de pensar impossíveis mas sociais são insolúveis, e a paz e a fraternida-
de serem alcançados na antiguidade grega. Há, de, impossibilidades, em razão do egoísmo es-
ainda, outras conquistas conceituais que facili- trutural.
tam o entendimento e a formalização dessa inte- Dado que uma sociedade de homens pre-
ligência criativa, mas as citadas parecem suficien- sos ao mundo visível não tem futuro, além da-
tes para justificar por que Pitágoras e Platão não quela pós-modernidade possibilitada pela ani-
conseguiram realizá-lo. malidade, a Maçonaria dedica-se a formar Mes-
tres Maçons, desafiando-os a libertar o seu espí-
Conclusão rito da matéria, desafiando-os a superar o mun-
do visível, a abrir os olhos para o mundo inteligí-
Com o advento do logos normativo for- vel e a descortinar as superiores potencialidades
malizando a inteligência criativa, superam-se as da espécie, o que fez, até o presente momento,
críticas de Aristóteles sobre a teoria das ideias de invocando imagens simbólicas e argumentos ale-
Platão (ARISTÓTELES, 2006), e o modo platônico góricos. Com os legados da tradição e as desco-
de ver o mundo estabelece-se como modelo bertas em curso na modernidade, passa a ofere-
completo dotado de rigorosa consistência inter- cer recursos metódicos e racionais como apoio
na. Basta substituir, no esquema platônico de para essa travessia. A partir de agora, libertar o
mundo inteligível, a palavra verdade pela expres- espírito da matéria constitui procedimento racio-
são logos normativo, e o modo platônico de ver nal plenamente normalizado. Seu pré-requisito:
o mundo torna-se referência adequada para ori- entender e saber operar a inteligência criativa
entar o trabalho maçônico de libertar os espíritos geradora dos fenômenos manifestos na existên-
da materialidade. Com essa conquista conceitual, cia. Em outros termos: compreender os axiomas
a Maçonaria do século XXI completa a transição e os modos da existência.
do simbólico para o racional que todas as esco-
las da tradição almejaram, disponibiliza para os A missão permanente da Maçonaria e de
homens um método capaz de superar as ilusões todas as Escolas de Mistério da tradição perante
do mundo visível e um modo formalizado de a humanidade implica verdadeiro sacerdócio, na
pensar a totalidade que, no caso da totalidade da medida em que procura resgatar os homens do
espécie, potencializa um novo padrão civilizató- mundo das ilusões – da caverna metafórica de
rio. Platão – e os colocar no mundo inteligível, em
presença do princípio criador e do ser atemporal
A missão permanente da Maçonaria con- que edifica o mundo. Constitui um sacerdócio
siste, sim, como afirmam os rituais, em projeto legítimo porque, apesar dos contextos adversos,
de libertação da humanidade do mundo ilusório empenha-se em instrumentalizar os homens e
da materialidade. Um espírito preso na matéria suas mentes para um entendimento superior do
significa uma mente estreita cuja visão não ultra- mundo e da sua própria existência e, assim, per-
14
Conforme já exigido por Georg Cantor (1845-1918).

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ceber o poder construtivo que despertaria uma meio a uma vastidão galáctica hostil à forma hu-
humanidade que trabalhasse harmônica e coo- mana de vida. Pensar este planeta como uma
perativamente. Para cumprir essa missão – que maçã cósmica sendo devorada por vermes cons-
poderia e deveria ser compartilhada por todos os titui apenas uma alternativa superável. O homem
sacerdotes do mundo –, a Maçonaria exige do pode superar o casulo animal e se transformar
Mestre Maçom que se dedique ao estudo e se em jardineiro cioso e orgulhoso de seu jardim.
habilite para esse sacerdócio, o qual se revela su- Empenhar-se metodicamente para que isso
perior na medida em que, ao invés de submeter aconteça constitui oportunidade que se oferece a
os homens a qualquer doutrina que lhe seja ex- professores e maçons do século XXI. A estes, a
terior, quer mesmo é que cada um seja capaz de, história reservou, como missão ou oportunidade,
por si mesmo, encontrar, no seu interior, as leis completar os esforços das escolas de sabedoria
permanentes do universo e que decida o que é de todos os tempos e concluir um projeto virtu-
conveniente para si e para a espécie. almente surgido na mente dos sábios que for-
A missão da Academia e, em particular, mularam a mitologia egípcia há mais de cinco
das Faculdades de Filosofia empenhadas na for- mil anos, qual seja, o de preservar, na cultura hu-
mação de verdadeiros filósofos – segundo a con- mana, perspectiva metafísica e ontológica que
cepção platônica – não é diferente: também ob- faculta e conduz naturalmente ao desvelamento
jetivam facultar aos homens a saída das cavernas dos axiomas da existência. Por quê? Porque o
e colocá-los frente do mundo inteligível. Certa- seu conhecimento permite superar a animalidade
mente, um Platão iniciado, metafísico e pitagóri- estrutural da espécie, amadurece as mentes ao
co enseja estranheza e conflitos em mentes edu- revelar as leis constitutivas do universo e, com
cadas sob princípios científicos que sub- isso, potencializa uma civilização centrada no ser
repticiamente criam também preconceitos de lin- que, verdadeiramente, constitui-nos. Pode-se, é
guagem. Superados estes, conclui-se que a tese claro, enquanto espécie, continuar sendo apenas
apresentada retira parte do véu que encobria a um acidente cósmico, mas pode-se, também,
teoria dos princípios de Platão, a qual acompa- converter a humanidade em caso de sucesso do
nhava Pitágoras na percepção de que os princí- ser que edifica o universo.
pios primeiros eram constituídos do ilimitado e
do limitante: indicações normativas das nature- Referências
zas absoluta e relativa que, segundo a razão e a
lógica, recepcionam a existência. Nessas condi- ARISTÓTELES. Metafísica. Tradução de Edson Bini. São
Paulo: Edipro, 2006.
ções, resulta que a dédaca pitagórica indica a es-
trutura dimensional segundo a qual o limitante, CAMPBELL, Joseph. O poder do mito, DVD. Joseph
condicionando o movimento existencial do ser, Campbell Foundation, 1989.
constitui e molda toda a existência relativa. A CASTELLANI, José; ALMEIDA DE CARVALHO, William.
fundamentação última dessa interpretação de- História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo: Ma-
manda certamente um exame ontológico que dras, 2009.
não cabe no plano de um artigo, mas, apesar dis- DACHEZ, Roger. Hiram e seus irmãos: uma lenda fun-
so, contabiliza-se uma hipótese de solução teo- dadora. Tradução de José Filardo, 2012. Disponível
rética para as “doutrinas não escritas” de Platão, em: <http://bibliot3ca.wordpress.com/>. Acesso em:
em contribuição que se soma às justificativas his- 10 set. 2014.
tórico-hermenêuticas ofertadas pelas escolas de GADALLA, Moustafa. Cosmologia egípcia: o Universo
Tübingen e de Milão. animado. Tradução de Fernanda Rossi. São Paulo: Ma-
Atendida a racionalidade, conceda-se es- dras, 2003.
paço ao delírio que enriquece a humanidade. Es-
te planeta é um paraíso. É uma ilha-paraíso em

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