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Ciclo Otto Indicado Potências, binários, pressões e rendimentos, teóricos, indicados e efectivos

Máquinas Térmicas
Ciclo Otto Indicado

1
Rui A. Rego

Licenciatura em Engenharia Mecânica do Instituto Superior de Engenharia do Porto

2019/2020

1 Estes apontamentos são baseados nas notas disponíveis no moodle do Prof. Dr.

Leonardo Ribeiro: "Ciclos Otto, Atkinson e Diesel nos Motores de Combustão Interna"
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Ciclo Otto Indicado Potências, binários, pressões e rendimentos, teóricos, indicados e efectivos

1 Ciclo Otto Indicado


Admissão
Compressão
Explosão
Expansão
Escape Espontâneo
Escape Forçado

2 Potências, binários, pressões e rendimentos, teóricos, indicados e


efectivos

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Até ao momento, o ciclo considerado aqui, em diagramas P-v, foi


teórico.
Isto significa que as evoluções Termodinâmicas consideradas nesses
ciclos são reversíveis, ou seja, são evoluções Termodinâmicas em que
não existem perdas do fluido de trabalho, nem por atrito nem de
calor, para a vizinhança.
Na realidade, nos ciclos seguidos pelos motores de combustão
interna, o fluido de trabalho sofre evoluções Termodinâmicas
irreversíveis.
Por conseguinte, os ciclos cumpridos efetivamente pelos motores de
combustão interna diferem dos ciclos até agora apresentados.
Porém, como os motores são construídos por forma a reduzir as
irreversibilidades dos ciclos que seguem, é de esperar que as
discrepâncias entre ciclos teóricos e reais sejam pequenas.

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Na Figura está representado o ciclo real ou indicado típico de um motor


de combustão interna que segue o ciclo Otto.

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Admissão

A admissão de mistura reagente


começa antes do PMS por motivos
que adiante serão explicados.
Durante o tempo de admissão, a taxa
de subida de volume da câmara de
combustão, em unidades de volume
por unidade de tempo, é maior que o
caudal volúmico de mistura fresca a
entrar na câmara de combustão.
Isto acontece porque há perda de
carga no escoamento da mistura
reagente ao entrar na câmara de
combustão.

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Admissão

Esta perda de carga é causada


sobretudo pelo filtro de ar, pelo
colector de admissão e pela válvula
de admissão.
Quanto maior for esta perda de
carga, menor será a pressão na
câmara de combustão durante a
admissão, ou seja, menor será o
enchimento da câmara de combustão
por mistura reagente.

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Admissão

No caso de motores atmosféricos,


como o motor a que corresponde o
gráfico, a pressão do ar exterior ao
motor é a pressão atmosférica, e por
isso existe depressão dentro da
câmara de combustão durante o
tempo de admissão.
Quanto menor for a quantidade de
mistura reagente admitida, menor
será também a quantidade de
combustível admitido, pois há nos
motores de ciclo Otto uma razão
mássica aproximadamente constante
entre a massa de combustível e a
massa de ar na mistura reagente.

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Admissão

A consequência imediata da falta de


enchimento, durante o tempo de
admissão, das câmaras de combustão
dos motores de ciclo Otto, é a descida
da potência útil debitada pelo motor.

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Admissão

Há essencialmente três soluções para


melhorar o enchimento dos motores
de ciclo Otto, a saber:
Abaixamento das perdas de carga
no circuito de admissão de mistura
fresca,
Sobrealimentação dos motores,
Desenho do colector de admissão e
afinação dos momentos de abertura
e fecho das válvulas de admissão.

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Admissão

Abaixamento das perdas de carga no circuito de admissão


de mistura fresca

Para baixar as perdas de carga mencionadas


(i) aumenta-se o diâmetro do colector e/ou da válvula de admissão,
(ii) optimiza-se o desenho do colector de admissão,
(iii) usam-se duas válvulas de admissão em vez de apenas uma,
(iv) diminui-se a rugosidade dos tubos na admissão e
(v) colocam-se as válvulas de admissão na cabeça do motor.

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Admissão

Abaixamento das perdas de carga no circuito de admissão


de mistura fresca
A perda de carga imposta por um componente de um circuito
hidráulico pode ser calculada mediante

Leq v 2
h=f
D 2g
Da equação conclui-se que a perda de carga de um componente
hidráulico diminui com o aumento do diâmetro e a diminuição do
coeficiente de Darcy desse componente.
O coeficiente de Darcy baixa quando baixa a rugosidade do
componente hidráulico.
O enchimento das câmaras de combustão melhora quando:
baixa a rugosidade do colector de admissão e das válvulas de
admissão e também
quando sobem os diâmetros do colector de admissão e das válvulas
de admissão.
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Admissão

Abaixamento das perdas de carga no circuito de admissão


de mistura fresca
Por vezes é preferível usar duas válvulas de admissão em lugar de
usar apenas uma válvula de admissão maior.
Há duas razões para isso:
Primeiro, quanto maior for a válvula de admissão maior será a sua
massa, ou inércia, e portanto mais fácil é a válvula estar fechada
quando já devia estar aberta, ou aberta quando já devia estar
fechada.
Em segundo lugar, as válvulas grandes vedam pior que as válvulas
mais pequenas, pois têm sedes de vedação maiores.

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Admissão

Sobrealimentação de motores

A sobrealimentação de motores de
combustão interna de ciclo Otto pode
ser feita por dois processos, a saber:
por compressor de lóbulos e
por turbocompressor.
O compressor de lóbulos, é acionado
pelo motor de combustão interna
através de uma cadeia cinemática.
O compressor aspira ar da atmosfera
e insufla-o comprimido na câmara de
combustão durante o tempo de
admissão.

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Admissão

Sobrealimentação de motores: Compressor de lóbulos

Na Figura está a um gráfico com a


curva característica típica de um
compressor de lóbulos; em ordenadas
está a pressão de saída do ar do
compressor e em abcissas está a
velocidade de rotação do compressor.
Normalmente, a pressão máxima
destes compressores ronda os 1,5
dN/cm2 (bar) com velocidades do
compressor próximas de 2000 rpm.
Para velocidades de rotação dos lóbulos, superiores à correspondente
ao máximo de pressão, a pressão do ar baixa devido a perdas por
recirculação, que consistem em fugas de ar do lado de saída para o
lado de entrada do compressor através das folgas entre os lóbulos e
entre estes e a carcaça do compressor.

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Admissão

Sobrealimentação de motores: Turbocompressor


Na Figura está representado um sistema de sobrealimentação por
turbocompressor.

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Admissão

Sobrealimentação de motores: Turbocompressor

A turbina e o compressor estão


montados no mesmo veio.
Os fumos que saem do motor
expandem-se e desse modo cedem
parte da sua energia numa turbina
antes de saírem pelo tubo de escape.
O compressor é acionado pela
turbina.
No compressor entra ar atmosférico,
que é comprimido.
O ar ao ser comprimido também
aquece e por isso torna-se menos
denso.

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Admissão

Sobrealimentação de motores: Turbocompressor

Se fosse introduzido no motor com


essa baixa densidade, à cilindrada do
motor corresponderia baixa massa de
ar e consequentemente baixa massa
de combustível, o que implicaria
baixa potência debitada pelo motor.
Assim, o ar é arrefecido depois de
comprimido e antes de entrar no
motor.
A válvula limitadora de pressão, também conhecida por válvula
wastegate, desvia parte dos fumos da turbina diretamente para o
tubo de escape quando a velocidade de rotação do turbocompressor,
e por isso a pressão de alimentação do motor, se tornam excessivas.

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Admissão

Sobrealimentação de motores: Turbocompressor

Na Figura está representada a curva


característica típica de um
turbocompressor; em ordenadas está
a pressão de saída do ar do
compressor e em abcissas está a
velocidade de rotação do
turbocompressor.
A pressão do ar sobe sempre com a velocidade de rotação do
turbocompressor, que pode atingir valores da ordem de 40000 rpm a
que correspondem pressões do ar à saída do compressor acima de 2
ou 3 dN/cm2 (bar).
Nessas circunstâncias a válvula limitadora de pressão actua no
sentido de desacelerar o turbocompressor e assim descer a pressão
de alimentação do motor de combustão.

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Admissão

Desenho do colector

Também os comprimentos e diâmetros do colector e dos tubos de


ligação influenciam o enchimento das câmaras de combustão.
De facto, quando no fim do tempo de admissão de qualquer câmara
de combustão a respectiva válvula de admissão fecha, o fluxo de ar
para essa câmara é bruscamente interrompido.
Então, devido à inércia do escoamento no tubo de ligação em causa
a pressão sobe bruscamente a montante da válvula de admissão que
fechou, o escoamento retorna como por ricochete pelo tubo de
ligação ao colector de admissão e aí pode perturbar o escoamento de
maneira a dificultar o enchimento de outras câmaras de combustão.
Este problema é resolvido por escolha adequada dos comprimentos e
diâmetros do colector e dos tubos de ligação.

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Admissão

Afinação dos momentos de abertura e fecho das válvulas de


admissão.

A válvula de admissão fecha depois do êmbolo ter chegado ao PMI,


quando já se iniciou o curso do PMI para o PMS.
Aparentemente parece impossível que continue a entrar mistura
fresca dentro da câmara de combustão depois do êmbolo começar a
subir do PMI para o PMS.
Contudo, quanto maior for a velocidade do escoamento de mistura
fresca a passar pelas válvulas de admissão, maior será a inércia desse
escoamento e por isso maior a sua capacidade de contrariar o efeito
tendencial de subida do êmbolo, que é o de expulsar a mistura
contida na câmara de combustão e impedir a entrada de mais
mistura fresca.
Quando o motor roda a baixos regimes, o caudal de mistura fresca
admitida é baixo, e assim é baixa a velocidade e a inércia do
escoamento de mistura fresca a passar pelas válvulas de admissão.

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Admissão

Afinação dos momentos de abertura e fecho das válvulas de


admissão.

Nestas circunstâncias o efeito tendencial da subida do êmbolo de


expulsar a mistura contida na câmara de combustão e impedir a
entrada de mais mistura fresca pode prevalecer, se se retardar
excessivamente o fecho das válvulas de admissão, sobre o efeito da
inércia do escoamento de mistura fresca que passa pelas válvulas de
admissão.
Logo, de maneira a aumentar o enchimento das câmaras de
combustão dos motores de ciclo Otto, as válvulas de admissão
fecham depois do êmbolo passar do PMI, quando já sobe para o
PMS; e quanto maior for a velocidade de rotação do motor mais
tempo podem as válvulas de admissão ficar abertas depois do
êmbolo começar a subir do PMI para o PMS.

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Compressão

A compressão da mistura fresca não é


isentrópica como assumido no ciclo
ideal.
De facto, a mistura entra a cerca de
60 o C na câmara de combustão, cujas
temperaturas das paredes rondam os
80 o C, e por isso recebe calor;
Já durante a compressão a
temperatura da mistura chega a
valores superiores aos das paredes da
câmara de combustão, e então perde
calor, Lucchesi (1989).
Como a mistura fresca troca calor
com as paredes da câmara de
combustão durante o tempo de
compressão, segue-se que esta
compressão não é adiabática.

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Compressão

Por outro lado a mistura fresca é


viscosa e portanto a compressão é
irreversível. Logo, a compressão de
mistura fresca não é isentrópica
porque nem é adiabática nem é
reversível.
Na prática é plausível desprezar-se as
trocas de calor entre a mistura e as
paredes do cilindro durante a
compressão visto que o período de
tempo gasto nesta compressão é tão
reduzido, sobretudo a elevadas
velocidades de rotação do motor, que
a mistura não dispõe de tempo para
trocar quantidades significativas de
energia calorífica com as paredes da
câmara de combustão.

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Explosão

A explosão de mistura fresca não


ocorre a velocidade infinita, como
assumido no ciclo teórico; o êmbolo
desloca-se enquanto a explosão
ocorre. Como se pretende que o
máximo de pressão dentro das
câmaras de combustão ocorra quando
os êmbolos estiverem no PMS, então
a ignição terá que ser induzida antes
do PMS, pouco antes de terminar a
subida dos êmbolos durante o tempo
de compressão. A temperatura
máxima atingida no fim da explosão é
inferior à prevista teoricamente. Isto
acontece porque :
(i) CO2 e H2 O se dissociam respectivamente em C e O2 e em H2 e
O2 , e
(ii) porque o calor específico a volume constante da mistura gasosa
é superior ao assumido no ciclo teórico.
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Explosão

As reacções C + O2 → CO2 e H2 + 1/2O2 → H2 O são exotérmicas.


Estas reacções ocorrem durante a queima de hidrocarbonetos, como
os combustíveis usados nos motores de combustão interna.
Quando a queima de combustível começa a temperatura da mistura
gasosa dentro da câmara de combustão sobe devido à produção de
calor pelas reações anteriores.
Mas quando essa temperatura chega a valores muito elevados, as
ditas reações tornam-se reversíveis, e o CO2 e H2 O entretanto
produzidos dissociam-se parcialmente.
Estas reações de dissociação consomem calor, e então quando o
CO2 e o H2 O começam a dissociar-se a temperatura dos gases
dentro da câmara de combustão desce do máximo atingido enquanto
ainda não ocorria a dissociação de CO2 e H2 O .

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Explosão

Os calores específicos a pressão constante ou volume constante não


variam com a temperatura para gases constituídos por moléculas
monoatómicas.
Para um gás cujas moléculas contenham mais que um átomo, os
calores específicos a pressão constante ou volume constante sobem
com a temperatura, e essa subida é tanto mais acentuada quanto
mais complexa for a molécula do gás, ou seja, quanto maior for o
número de átomos que formam essa molécula.
No ciclo Otto teórico assume-se que os calores específicos a pressão
constante ou volume constante da mistura gasosa são os do ar à
temperatura atmosférica e que se mantêm inalterados durante todo
o ciclo.
Como na realidade esses calores específicos são maiores para o ciclo
real ou indicado, pois as temperaturas durante a explosão superam
largamente a temperatura atmosférica,
a temperatura real no fim da explosão é inferior ao valor homólogo
teórico, como se pode ver pela equação seguinte para dados valores
de massas de mistura e de combustível e de temperatura no fim da
compressão.
Qentra = mm cv (T3 − T2 ) = mc PCI
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Expansão

A expansão dos gases produzidos pela


explosão, ou fumos, não é isentrópica
como assumido no ciclo Otto ideal.
Os fumos estão, durante toda a
expansão, a temperaturas muito
superiores às temperaturas das
paredes da câmara de combustão, e
por isso perdem calor.
Segue-se que a expansão dos fumos
não é adiabática.
Por outro lado, os fumos são uma
mistura gasosa viscosa e portanto a
expansão é irreversível.
Logo, a expansão dos fumos não é
isentrópica porque nem é adiabática
nem é reversível.

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Expansão

Na prática é plausível desprezar-se as


trocas de calor entre os fumos e as
paredes do cilindro durante a
expansão porquanto o período de
tempo gasto nesta expansão é tão
reduzido, sobretudo a elevadas
velocidades de rotação do motor, que
os fumos não dispõem de tempo para
trocar quantidades significativas de
energia calorífica com as paredes da
câmara de combustão.
A expansão de gases é a única fase
do ciclo Otto que produz trabalho e
por isso deve prolongar-se tanto
quanto possível de modo a maximizar
a energia mecânica comunicada ao
êmbolo.
Isso será conseguido se a expansão de
gases se fizer até o êmbolo chegar ao
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Escape Espontâneo

Nessa altura a válvula (ou válvulas)


de escape abre e ocorre o escape
espontâneo.
Seguidamente, com a subida do
êmbolo do PMI para o PMS, dá-se o
escape forçado.
Contudo, verifica-se na prática que,
se a válvula (ou válvulas) de escape
abrir quando o êmbolo estiver no
PMI, a subida do êmbolo durante o
escape forçado será feita com muita
resistência originada pela grande
quantidade de fumos que não saíram
espontaneamente aquando do escape
espontâneo.
Esta resistência é causada pela
pressão dos fumos sobre a cabeça do
êmbolo, e é tanto maior quanto
menor for a quantidade de fumos que 29 / 37
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Escape Espontâneo

Para diminuir esta resistência


(i) aumenta-se o diâmetro do colector e/ou da válvula de escape,
(ii) optimiza-se o desenho do colector de escape,
(iii) usam-se duas válvulas de escape em vez de apenas uma,
(iv) diminui-se a rugosidade dos tubos no escape,
(v) colocam-se as válvulas de escape na cabeça do motor e
(vi) abre-se a válvula (ou válvulas) de escape antes do êmbolo chegar
ao PMI.

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Escape Espontâneo

No tocante à solução (vi), a abertura da válvula (ou válvulas) de


escape antes do êmbolo chegar ao PMI também aumenta a
quantidade de fumos que saem espontaneamente, pois aumenta o
tempo disponível para o escape espontâneo.
Daqui resulta obviamente o abaixamento da energia despendida pelo
motor a expulsar os fumos durante o escape forçado.
Porém, a abertura da válvula (ou válvulas) de escape antes do
êmbolo chegar ao PMI baixa a energia mecânica comunicada ao
êmbolo durante a expansão dos fumos.
Da solução (vi) verifica-se que a energia perdida ao desaproveitar
parte da expansão dos fumos é inferior à energia poupada com a
subida da quantidade de fumos que saem espontaneamente durante
o escape espontâneo.

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Escape Forçado

A válvula (ou válvulas de admissão)


abre antes do êmbolo terminar o
escape forçado no PMS.
Daqui resulta melhor expulsão de
fumos porquanto o jacto de mistura
fresca ao entrar empurra os fumos
para o escape.
A isto chama-se a lavagem da câmara
de combustão.
A energia gasta pelo ciclo a aspirar
mistura fresca é designada como
trabalho de bombagem na admissão;
A energia gasta pelo ciclo a expulsar
fumos é designada como trabalho de
bombagem na expulsão.
Estas energias devem ser minimizadas
com recurso a soluções já expostas.
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Escape Forçado

No início de um ciclo coexistem


mistura fresca acabada de admitir e
fumos do ciclo anterior que não
foram expulsos.
Quanto maior for, para dado ciclo, a
quantidade de fumos do ciclo anterior
menor será a quantidade de mistura
fresca admitida;
Menor quantidade de mistura fresca
significa a desvantagem de menos
potência produzida no ciclo.
Porém, a presença no ciclo de fumos
do ciclo precedente diminui as
temperaturas atingidas durante a
explosão - pois menos mistura reage -
o que tem a vantagem de baixar as
emissões do poluente NOx
(NO + NO2 ).
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Pressão média teórica

As pressões do fluido de trabalho variam continuamente no decurso


dos ciclos Otto e Diesel.
Contudo, para ambos os ciclos pode definir-se uma pressão média
teórica, pmt, dada por
H
pdv
pmt = (1)
VPMI − VPMS
Pode relacionar-se o trabalho teórico útil no cilindro de um motor
que siga o ciclo Otto, Wtu , com a pressão média teórica do fluido de
trabalho dentro desse cilindro, pmt, mediante

Wtu = pmtNc (VPMI − VPMS ) (2)

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Potências, binários, pressões e rendimentos teóricos


Potência teórica útil produzida pelo motor é o quociente entre o
trabalho teórico útil debitado pelo motor por ciclo e o tempo gasto
por ciclo. Como quer o ciclo Otto quer o ciclo Diesel se cumprem
em duas rotações do motor, e se o motor girar a n rotações por
minuto, segue-se cada ciclo demora
Wtu pmtNc (VPMI − VPMS ) n pmtVc n
Ẇtu = = = (3)
tciclo 120 120
Equação anterior é geralmente apresentada sob a forma
pmtVc n
Ẇtu = (4)
30NTM
Em que NTM é o numero de tempos motor. Também se tem
pmtVc n πNTM
Ẇtu = = Bmt ω logo pmt = Bmt (5)
30NTM Vc
Assim se conclui que há proporcionalidade entre a pressão média
teórica e o binário médio teórico de um motor de combustão interna.
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Como já se verificou, os ciclos reais ou indicados diferem dos ciclos


teóricos.
Para os ciclos indicados definem-se os conceitos de trabalho
indicado, potência indicada, pressão média indicada e binário médio
indicado.
O trabalho indicado de um ciclo termodinâmico é obviamente
inferior ao trabalho teórico desse ciclo.
A diferença entre estes dois trabalhos é tanto maior quanto maiores
forem as irreversibilidades das evoluções termodinâmicas.

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O quociente, em percentagem, entre o trabalho indicado e o


trabalho teórico útil de um ciclo termodinâmico é denominado
rendimento indicado:
Wi
ηi = (6)
Wtu
O trabalho indicado é definido por
pmiVc n
Ẇi = = Bmi ω (7)
30NTM
A pressão média indicada
πNTM
pmi = Bmi (8)
Vc
O Rendimento indicado

Wi Ẇi pmi Bmi


ηi = = = = (9)
Wtu Ẇtu pmt Bmt

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