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III Colóquio Internacional

sobre
Seguros e Fundos de Pensões

IMPLICAÇÕES DOS IAS/IFRS PARA A SUPERVISÃO

António Egídio Reis


Instituto de Seguros de Portugal
7 de Julho de 2004
Sumário

1. Introdução

2. Principais questões

3. Aplicação do Regulamento IAS nos países da


União Europeia

4. Estratégia do ISP para aplicação dos


IAS/IFRS
1. Introdução
Introdução

• As contas anuais e consolidadas das empresas de


seguros são um dos elementos mais importantes no
processo de supervisão

• Muitas das ferramentas e dos indicadores de alerta


utilizados pela supervisão são baseados em dados
obtidos dessas contas

• Os objectivos da regulação prudencial não são os


mesmos dos IAS/IFRS
Introdução
• A aplicação dos IAS/IFRS vai mudar de forma
significativa as contas, criando falta de
homogeneidade e colocando problemas sob o ponto
de vista prudencial

• A análise das implicações dos IAS/IFRS ao nível


prudencial está a ser efectuada pelas autoridades
de supervisão da União Europeia

• É natural que sejam introduzidos ajustamentos


para efeitos de utilização das contas IAS/IFRS a
nível prudencial
Introdução

• É essencial assegurar igualdade de tratamento e de


exigências a nível prudencial para evitar
significativas desigualdades de concorrência entre
empresas de seguros

• Mais do que respostas concretas existem ainda


muitas questões em aberto
2. Principais questões
Principais questões
• Definição de contrato de seguro

 Alguns dos contratos emitidos pelas empresas


de seguros vão passar a ser tratados
contabilísticamente como instrumentos
financeiros

 Por este facto vão ter de se efectuar


ajustamentos ao nível das provisões técnicas,
nomeadamente da provisão matemática, da
respectiva representação e do cálculo da
margem de solvência
Principais questões
• Definição de contrato de seguro (cont.)

 O IFRS4 não estabelece orientações específicas


para a aplicação do conceito de “risco de seguro
significativo”, o que pode conduzir a uma
grande variedade de abordagens no tratamento
contabilístico de contratos do mesmo tipo
 O papel da IAA é fundamental na definição de
orientações que possam contribuir para a
uniformização de critérios por parte das
empresas de seguros
Principais questões
• Avaliação a “justo valor” dos activos (IAS 39)
 A principal implicação advirá da
obrigatoriedade de avaliação a “justo valor” de
grande parte dos títulos de rendimento fixo que
até aqui tinham sido avaliados ao custo
amortizado
 Os montantes directamente reconhecidos em
Capital que resultam de uma cobertura de
“cash-flow” ou do “shadow accounting” devem
ter um tratamento específico para efeitos
prudenciais
Principais questões
• Avaliação a “justo valor” dos derivados financeiros
(IAS 39)
 A principal implicação advirá da
obrigatoriedade de avaliação a “justo valor” de
todos os derivados financeiros

 A utilização de derivados para efeitos de


cobertura passa a estar sujeita a testes de
eficiência, sendo a ineficiência imediatamente
reconhecida em ganhos e perdas
Principais questões
• Avaliação dos imóveis (IAS 40 / IAS 16)
 A principal implicação advirá da possibilidade
de utilização do custo de aquisição em
alternativa ao “justo valor”, com a consequente
falta de homogeneidade de tratamento entre
empresas de seguros

 Para efeitos prudenciais devem continuar a


aplicar-se os requisitos relativos à avaliação a
“justo valor”, incluindo os critérios aplicáveis
aos peritos avaliadores
Principais questões
• Avaliação das responsabilidades decorrentes de
contratos de seguro
 É permitida a utilização das taxas de juro de
mercado correntes no cálculo das provisões
técnicas (sem ser exigível a aplicação consistente
a todas as responsabilidades similares como
determinado no IAS 8)
 Isto irá permitir que as empresas de seguros
utilizem diferentes metodologias para o cálculo
das provisões técnicas, com a consequente perda
de homogeneidade
Principais questões
• Avaliação das responsabilidades decorrentes de
contratos de seguro (cont.)
 A ausência de orientações quanto à escolha da
metodologia e das hipóteses a utilizar pode ter
um impacto extremamente negativo na
relevância e fiabilidade das demonstrações
financeiras
 Por este facto vão ter de se efectuar
ajustamentos ao nível do cálculo das provisões
técnicas e no cálculo da margem de solvência
Principais questões
• Proibição de constituição das Provisões para desvios
de sinistralidade e das Provisões para estabilização
de carteira
 O IFRS4 proíbe o reconhecimento como
responsabilidade das provisões relacionadas
com sinistros decorrentes de futuros contratos
de seguro
 Para se manter o equilíbrio prudencial estes
montantes têm de ser reconhecidos numa
rubrica de Capital, devendo ser estabelecido um
adequado tratamento fiscal
Principais questões
• Avaliação das responsabilidades financeiras (IAS 39)
 A avaliação de determinadas responsabilidades
decorrentes de contratos de seguro que irão ser
contabilizados como instrumentos financeiros
poderá ser efectuada de maneira distinta da actual
 Quaisquer ganhos ou perdas resultantes da
avaliação a “justo valor” das responsabilidades
financeiras que decorram de mudanças no risco de
crédito da própria empresa de seguros devem ter
um tratamento específico para efeitos prudenciais
3. Aplicação do

Regulamento IAS nos

países da União Europeia


Aplicação do Regulamento IAS na UE
EMPRESAS COTADAS OUTRAS EMPRESAS
Contas anuais Contas consolidadas Contas anuais Países UE
Permitir Exigir Permitir Exigir Permitir Exigir
sim não sim não sim não 8
não não sim não não não 7
não sim não sim não sim 4
não sim sim não não não 1
não não sim não sim não 1
não sim sim não sim não 1
não sim não sim sim não 1
não não não sim não não 1
não sim não não não não 1
Aplicação do Regulamento IAS na UE

• A aplicação não é homogénea entre os diferentes


Estados membros

• Apenas 4 países optaram ou irão optar por exigir


a aplicação dos IAS/IFRS às contas anuais e às
contas consolidadas de todas as empresas de
seguros

• Esta situação reflecte as dificuldades de diversa


ordem que se colocam face às mudanças
significativas e aos seus impactos
4. Estratégia do ISP para

aplicação dos IAS/IFRS


Estratégia do ISP para aplicação dos IAS/IFRS
• A aplicação dos IAS/IFRS deve ser assumida como
um objectivo para todas as empresas de seguros em
Portugal, mas...

• O IFRS4 representa apenas a fase I do projecto do


IASB para os contratos de seguro, não envolvendo
modificações significativas em matérias tão
importantes como a avaliação dos passivos das
empresas de seguros

• É muito difícil obter um conjunto coerente de regras


que possa substituir as actuais disposições do plano
Estratégia do ISP para aplicação das IAS/IFRS

• Só quando entrar em vigor a fase II existirão


condições para reformular por completo o plano de
contas para as empresas de seguros (plano de
referência)

• Esta modificação deverá ser concatenada com a


alteração no sistema de solvência

• De qualquer modo, o ISP pretende adaptar as


disposições do plano de contas para as empresas de
seguros às regras dos IAS/IFRS
Estratégia do ISP para aplicação das IAS/IFRS
• Matérias a introduzir ou a alterar:

 Contabilização dos benefícios de reforma (IAS 19);


 Reformulação dos princípios de avaliação e
contabilização dos instrumentos financeiros que
ainda não se encontrem, na sua totalidade, de
acordo com o IAS 39:
 Classificação das diferentes carteiras de
investimentos
 Avaliação de todos os derivados a “justo valor”
Estratégia do ISP para aplicação das IAS/IFRS
• Matérias a introduzir ou a alterar:

 Adopção de modificações impostas pelo IFRS 4:


 Separação entre contratos de seguro e
instrumentos financeiros
 Reclassificação do Fundo para dotações futuras
 Adopção dos princípios dos IAS/IFRS em todas as
matérias que não disponham de regulamentação
específica no sector segurador:
 Impostos diferidos (IAS 12)
Estratégia do ISP para aplicação das IAS/IFRS

• Todas estas alterações serão efectuadas com base


num diálogo aberto e profundo com os diversos
agentes do mercado:

 Empresas de seguros

 Auditores

 Actuários
“ A wizard is never late. Nor is

he early. He arrives precisely

when he means to.”

“The lord of the rings” (2000)

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