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Agrupamento de Escolas

Teste de Avaliação Português


11.º Ano de Escolaridade Turma ___
Nome do/a aluno/a: ______________________________________________ N.º _____

Professor/a: __________________

GRUPO I

Apresenta as tuas respostas de forma bem estruturada.


Lê o texto atentamente.

Velut umbra¹
Fumo e cismo. Os castelos do horizonte
Erguem-se à tarde e crescem, de mil cores,
E ora espalham no céu vivos ardores,
Ora fumam, vulcões de estranho monte…

Depois, que formas vagas vêm defronte,


Que parecem sonhar loucos amores?
Almas que vão, por entre luz e horrores,
Passando a barca desse aéreo Aqueronte…²

Apago o meu charuto quando apagas


Teu facho, ó sol… ficamos todos sós…
É nesta solidão que me consumo!

Ó nuvens do ocidente, ó coisas vagas,


Bem vos entendo a cor, pois, como a vós,
Beleza e altura se me vão em fumo!

Antero de Quental. Sonetos Completos.


Glossário:
1. VELUT UMBRA (expressão latina): como sombra; 2. Aqueronte: rio que as almas devem atravessar
para chegarem ao reino dos mortos (mitologia grega).
Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Divide o poema em duas partes lógicas, sintetizando o conteúdo de cada uma delas.

2. Caracteriza o estado de espírito do sujeito poético.

3. Identifica o recurso expressivo presente em “Os castelos do horizonte” e “vulcões de


estranho monte…”, avaliando o efeito de sentido produzido.

B
Despondency¹
Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade…
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram…

Deixá-la ir, a vela, que arrojaram


Os tufões pelo mar, na escuridade
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do sul se levantaram…

Deixá-la ir, a alma lastimosa,


Que perdeu fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa…

Deixá-la ir, a nota desprendida


Dum canto extremo… e a última esperança…
E a vida… e o amor… deixá-la ir, a vida.
Antero de Quental. Sonetos Completos.

Glossário:
1. DESPONDENCY: desesperança.

4. Identifica o tema do soneto.

5. Relaciona o título com o sentido global do poema.


GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

Lê o texto seguinte.

Senhor Presidente, Senhores Deputados:


«Foi cercado de mar que vivi os primeiros anos da minha vida. Quantas vezes ficava
mudo diante do mar ou escondido atrás de um penedo para espreitar o seu mistério.»
São palavras de Antero de Quental, que, neste ano do centenário da sua morte, aqui
recordo como açoriana, identificada com o húmus insular dos seus sonhos, como
portuguesa, como cidadã de um mundo que, ameaçado pela desertificação dos valores
que lhe deram alma, clama pelos raios de luz do espírito dos iluminados como esse de
quem Eça de Queirós disse: «Um génio que era um santo».
Pois é esse mistério que o mar lhe transmitiu na infância que vai atear a chama da
sua mais erguida inspiração poética nos sonetos que introduzem na poesia portuguesa
[…] a dramaticidade existencialista do essente¹ e do existente. Um frente a frente com
o mistério. […]
O drama do ser, diz-nos Antero, «termina na libertação final pelo bem. Porque a
santidade…» – santidade laica, entenda-se – «… é o termo de toda a evolução e o
universo não existe nem se move se não para chegar a esse supremo resultado». Ora,
o socialismo moral de Antero é um caminho para chegar a esse apogeu da
humanidade. Socialismo moral e espiritual. Por isso ele considerava as forças do
Espírito como as forças sociais por excelência, no que exaltava o princípio superior da
fraternidade e da solidariedade. Tem-se dito que, transposto para os nossos dias, o
socialismo de Antero se acha em completo divórcio com o socialismo moderno. Muito
ao contrário, penso que, no ideal socialista desse poeta doutrinário, se encontram
propostas que se ajustam ao rumo moral e espiritual que o socialismo tem de tomar se
não quer expor-se ao perigo de se converter num instrumento das coações
económicas e tecnocráticas que o desfiguram. […]
Socialismo, para Antero, era o que visava o homem integral. Por isso partia do
espiritualismo que é englobante e não do materialismo que não só deixa de fora o
anímico e o espiritual como os sufoca, submetendo-os à lei do económico. Firmava-se
numa conceção espiritualista da história, o que origina as suas críticas a Proudhon, a
quem acusa de rigidez e de absolutismo na sua visão da história. […]
Foi esse homem, poeta e ideólogo extraordinário, que desenvolveu uma ação
decisiva nas campanhas e na organização do partido socialista, galvanizando com seu
verbo e olhar alumbrados os que fascinadamente o seguiam. Mas fê-lo inspirado pelo
seu daimon² de visionário que o converteu num apóstolo do socialismo integral: uma
interação do espiritual, do racional, do afetivo, do moral, do social, do económico e
desse religioso fora de um contexto institucional a que chamava santidade. Santidade
laica, como atrás acentuei.
No espírito de Antero fulgiu essa centelha dos iluminados que vêm a este mundo
para varrer as sombras que o entenebrecem e para o modificar. Mas não chegara
ainda o seu tempo.
E pondo-lhe uma pistola na mão, as sombras expulsaram-no do mundo. Mas era
chegado o seu tempo. […]
E, havendo proximamente de soar a hora do «abre-te, Sésamo» de um mundo no
qual o homem terá de se encaminhar para a altura espiritual de onde alcançará o
verdadeiro sentido da sua existência, libertação é a palavra que aplico ao socialismo
redentor desse ser mítico que deixou na cultura portuguesa as pegadas fantásticas de
um mensageiro do futuro.
É a altura de as seguirmos.
Natália Correia. Intervenção na Assembleia da República. 1991.
Disponível em: http://demo.cratica.org/sessoes/1991/05/07/
(consultado em 20 de dezembro de 2015)
Glossário:
1. Essente: essencial; 2. Daimon: uma espécie de “anjo da guarda”, figura intermédia entre os Olímpicos
e os mortais.
1. A intencionalidade comunicativa deste texto é
(A) transmitir informações sobre a vida de Antero de Quental.
(B) persuadir os interlocutores da necessidade de seguir o exemplo cívico e
intelectual de Antero de Quental.
(C) apresentar a opinião da autora sobre a visão anteriana do mundo.
(D) assinalar o centenário do nascimento de Antero de Quental.

2. No contexto em que ocorre, a afirmação ”São palavras de Antero de Quental, que,


neste ano do centenário da sua morte, aqui recordo como açoriana, identificada com o
húmus insular dos seus sonhos, como portuguesa, como cidadã de um mundo que,
ameaçado pela desertificação dos valores que lhe deram alma, clama pelos raios de luz
do espírito dos iluminados como esse de quem Eça de Queirós disse: «Um génio que
era um santo»”, traduz a
(A) crítica da autora em relação à obra de Antero de Quental.
(B) afinidade da autora com os ideais de Antero de Quental.
(C) censura às palavras de Antero de Quental.
(D) dúvida da autora em relação aos valores defendidos por Antero de Quental.

3. Em” neste ano do centenário da sua morte, aqui recordo” os elementos sublinhados
constituem exemplos de
(A) dêixis pessoal, espacial e temporal, respetivamente.
(B) dêixis espacial, pessoal e temporal, respetivamente.
(C) dêixis temporal, espacial e pessoal, respetivamente.
(D) dêixis pessoal.

4. O segmento “poeta e ideólogo extraordinário” desempenha a função sintática de


(A) complemento do adjetivo.
(B) predicativo do complemento direto.
(C) modificador do nome apositivo.
(D) modificador do nome restritivo.
5. A palavra “galvanizando” significa
(A) explicando.
(B) entusiasmando.
(C) enganando.
(D) acalmando.

6. O sujeito da frase “No espírito de Antero fulgiu essa centelha dos iluminados” é,
(A) nulo subentendido.
(B) nulo indeterminado.
(C) “essa centelha dos iluminados”.
(D) “espírito de Antero”.

7. Em “Mas não chegara ainda o seu tempo” a forma verbal encontra-se no


(A) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
(B) futuro do indicativo.
(C) presente do conjuntivo.
(D) pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo.

8. Classifica a oração “que o mar lhe transmitiu na infância”.

9. Indica a função sintática desempenhada pela palavra sublinhada na frase “que


deixou na cultura portuguesa as pegadas fantásticas de um mensageiro do futuro”.

10. Transcreve o antecedente do pronome pessoal presente em “É a altura de as


seguirmos”.

GRUPO III

Muitas vezes, a sociedade esquece os mais velhos, os mais fracos, os mais


desprotegidos, os mais vulneráveis, levando o ser humano a uma sensação de
abandono e desespero.
Num texto organizado, de duzentas a duzentas e cinquenta palavras, apresenta a
tua opinião sobre a importância da fraternidade e da solidariedade no mundo atual.
CENÁRIOS DE RESPOSTA
Grupo I
A
1. O soneto divide-se em duas partes: na primeira, composta pelas duas quadras, o
sujeito poético contempla o pôr do sol, enquanto fuma e pensa, e descreve-o (as suas
cores e o movimento das nuvens). Na segunda parte, nos tercetos, o sujeito poético
manifesta a sua solidão.
2. O sujeito poético sonha e parece atraído pelo céu, ficando em seguida inquieto.
Quando acaba de fumar, também o sonho acaba e a solidão aumenta, bem como a sua
tristeza.
3. Metáforas. As nuvens têm formas variadas que ora se assemelham a castelos ora
parecem vulcões, avivando a beleza do pôr do sol. No seu devaneio, o sujeito poético
deixa-se levar pela imaginação.
B
4. O tema deste soneto é a tristeza provocada pela fragilidade da vida.
5. O título significa desesperança e a mensagem que o soneto veicula corresponde a
essa ideia de desencanto, de pessimismo e de mágoa face à fragilidade da vida. “A
ave”, “a vela”, “a alma lastimosa”, “a nota desprendida” conotam a ideia de
fragilidade, de incapacidade de resistir à morte. O sujeito poético mostra indiferença e
desprendimento perante a vida.
Grupo II
1. (B); 2. (B); 3. (C); 4. (C); 5. (B); 6. (C); 7. (D).
8. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva.
9. Sujeito.
10. “as pegadas fantásticas”.
Grupo III
Sugestão
Introdução
– Sociedade atual – egoísta ou solidária?
– Ser solidário: escolha, direito ou dever?
Desenvolvimento
– A solidariedade e a fraternidade como formas de aprendizagem e de crescimento do
ser humano.
– Num mundo onde tudo é efémero, é fundamental ter vontade de ajudar e de estar
com o outro.
– A fraternidade e a solidariedade: vias para enfrentar e superar as injustiças, as
desigualdades, as fragilidades…
– A importância da família, da escola, dos meios de comunicação social, das
instituições na educação para a fraternidade e para a solidariedade.
Conclusão
– Solidariedade e fraternidade encaradas como as principais responsabilidades do ser
humano no mundo atual.
– Não existe liberdade sem fraternidade e sem solidariedade.

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