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Finanças Empresariais
Capítulo 1 - Introdução

Luís Pedro Krug Pacheco


Capítulo 1: Introdução

Ao contrário da educação,
que é aparentemente cara
(a ignorância é bem capaz
de o ser ainda mais), o
conhecimento requer
“atenção”, entendida como
vontade e curiosidade para
aprender e saber mais. Por
isso exige tempo, trabalho,
dedicação e compromisso.
Mas é uma realidade com
dois lados: quem transmite
o conhecimento tem de
fazer a sua parte com igual
esforço e dedicação.

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Capítulo 1: Introdução

Objetivos do capítulo

– Tipos de decisões financeiras


• Compreender o que são as finanças empresariais
• Compreender a separação entre o setor real da economia e a lógica dos negócios face ao setor
financeiro da economia e a lógica das finanças (empresariais)
• Compreender as componentes essenciais da definição de finanças empresariais: recursos financeiros,
tempo e incerteza, decisões financeiras, a perspetiva da criação de valor e os modelos de avaliação
financeira

– Processo de avaliação financeira


• Compreender o conceito e medida de valor de mercado, como função de cash flows e taxas de juro
• Distinguir valor de mercado (financeiro) de preço de mercado e de valor contabilístico
• Compreender a lógica da tomada de decisão financeira (e respetivos indicadores de avaliação)
• Compreender como o valor de mercado pode ser escrito como função das variáveis risco e retorno

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

Estado

Impostos e

Subsídios

€ Mercado de
Mercado € Empresa €
Financeiro Bens e Serviços
(Clientes e
(Investidores) Fluxos de Autofinanciamento Bens e Fornecedores)
Capital e Serviços
Rendimentos
Capital Próprio Ativos Fixos
Endividamento € Diversos Matérias e Serviços
Equipamentos
Recursos Humanos
Outros
Stakeholders

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

Processamento
Sistema de Política financeira
Sistema de de informação
Decisão
Informação
(“Finanças
(“Contabilidade”) Política de negócio
Análise Empresariais”)
financeira
e previsão
financeira

Suporte à organização Quantificação das


(inclui contabilidade opções estratégicas
financeira e de gestão, da gestão (“value
controlo de gestão e based management”)
reporting)

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Capítulo 1: Introdução

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais


• Definição de finanças empresariais
– Definição possível que permite compreender os principais atributos das finanças empresariais
– Gestão de recursos financeiros, no tempo e em contexto de incerteza, através da tomada de
decisões financeiras numa perspetiva de criação de valor (de mercado) baseada na avaliação
financeira

• Componentes essenciais das finanças empresariais


1) Recursos financeiros
• Stocks (de capital financeiro):
• Fluxos financeiros
2) … no tempo e em contexto de incerteza
• Dimensão temporal é chave para a compreensão das finanças (e da sua especificidade face à
“contabilidade”)
• À partida, quanto maior a duração da vida económica da decisão (no futuro) maior será a sua dimensão
financeira

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais das finanças empresariais:


3) ... através da tomada de decisões financeiras

• Decisões financeiras são decisões com impacto imediato e futuro em recursos financeiros
• Impacto futuro exige a consideração do RISCO implícito na expetativa de geração de recursos
financeiros no futuro, CASH FLOWS e a acumulação de capital (muitas vezes função de cash flows)
• Na maior perte dos modelos de avaliação financeira esse risco está incluido na variável TAXA DE
JURO que assume o caráter de TAXA DE DESCONTO dos recursos financeiros gerados no futuro
• Sendo as decisões financeiras o objeto das finanças empresarias convém agora desenvolver um
pouco o tipo de decisões financeiras
(i) Decisões associadas ao setor real da economia: decisões de investimento
(ii) Decisões associadas ao setor financeiro da economia: decisões de financiamento e decisões
de remuneração do acionista (ou “política de dividendos”)

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


i) Decisões de investimento
• Decisões de aplicação de capital em ativos económicos (negócios, empresas, estratégias, …) que
se espera produzam cash flows futuros que permitam reembolsar e remunerar o capital investido
• Por isso é uma decisão associada a CASH FLOWS FUTUROS e ao RETORNO do capital investido
• Na contabilidade, as decisões de investimento estão representadas no lado esquerdo do balanço

Ativos
Balanço (Política de
Investimento)

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais


• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais
i) Decisões de investimento

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais


• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais
ii) Decisões de financiamento
• Associada a decisões de captação de capital necessário para o investimento nas melhores condições
possíveis (incluindo custo do capital)
• Por isso é uma decisão relacionada com a TAXA DE JURO e o RISCO do investimento
• Na contabilidade, as decisões de financiamento estão representadas no lado direito do balanço

Capital Investido
Balanço (Política de
Financiamento)

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


ii) Decisões de financiamento

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


iii) Decisão de remuneração do acionista (ou “política de dividendos”)
• Associada a decisões de afetação do eventual excedente positivo de cash flow resultante das
decisões anteriores
• Estas decisões estão diretamente associadas à remuneração do investimento financeiro dos
acionistas na organização

Dividendos
Recompra de ações
Capital Spin-offs
Acionistas
Investido

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Capítulo 1: Introdução

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


4) … numa perspetiva de criação de valor (de mercado)
• Medida da criação de valor de mercado

Criação de valor de mercado = Valor de mercado – Preço de mercado

• Geralmente o objetivo da criação de valor passa por um processo de otimização


– Maximização do valor de mercado, pela otimização de cash flows futuros (retorno do capital) e da
taxa de juro (risco) numa lógica de gestão de recursos
– Minimização do preço de mercado a pagar (ou a não receber) numa lógica de procura de opções e
oportunidades de investimento
• Operacionalização do objetivo numa lógica de gestão (equivalentes em certas situações):
– Maximização do valor de mercado total dos ativos
– Maximização do valor de mercado de uma ação
• Condições de validade: TRANSPARÊNCIA, RESPEITO por interesses contratuais, MINIMIZAÇÃO de
CONFLITOS de interesse, SUSTENTABILIDADE, ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


4) … numa perspetiva de criação de valor (de mercado)

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Capítulo 1: Introdução

Caracterização das Finanças Empresariais

• Componentes essenciais da definição de Finanças Empresariais


5) … baseada na avaliação financeira
• Como o valor de mercado é uma variável não observável tem de ser estimado por modelos financeiros
mum processo designado de avaliação financeira
• Princípios básicos de avaliação financeira:
– O valor de mercado de qualquer ativo é uma função dos cash flows esperados que o ativo gera no
futuro, que representam o RETORNO do ativo em causa
– Avaliação relativa: o valor de qualquer ativo é medido com referência a outros ativos equivalentes
que existem no mercado em termos de RISCO (princípio do CUSTO DE OPORTUNIDADE)
• Neste contexto, apesar de existirem outros, o método standard de avaliação das finanças empresariais é
o modelo “discounted cash flows” (DCF)
– Baseado no conceito de custo de oportunidade que em finanças constitui o retorno exigido, ou
seja, a taxa de RETORNO da melhor aplicação alternativa com o mesmo RISCO
– O valor de mercado de qualquer ativo financeiro ou real resulta do desconto dos cash flows
esperados que o objeto da avaliação produza no futuro a uma taxa de juro (neste caso, uma taxa
de desconto) que inclui o CUSTO DE OPORTUNIDADE do capital investido

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista


• A equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (equação dos modelos DCF)
– A equação de avaliação de uma ação
• Num dado período, o acionista “paga” um preço por uma ação
• Assumindo o princípio da continuidade da empresa, um acionista terá direito aos seguintes cash flows:
• O rendimento do capital (fluxo designado de dividendos)
• A acumulação de capital (que gera os chamados ganhos de capital)
• Para um DADO período:
Fluxo = R1

0 1

Capital Inicial (P0) Capital Final (P1)

Δ Stocks = P1 − P0

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista


• A equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (equação dos modelos DCF)
– Exemplo: uma ação com uma cotação (preço de mercado) inicial de 5€ pagou um dividendo de
0,25€ e vale agora 5,35€
• Preço pago (ou valor não recebido) no início do período = 5,0€
• Valor do património do acionista no final do período = 0,25€ + 5,35€ = 5,6€
• Incremento no património do acionista no final do período = 5,6€ - 5,0€ = 0,6€
• Taxa de retorno a um período será r tal que:

0,25€ + (5,35€ − 5,0€) 0,60€


r= = = 12%
5,0€ 5,0€

• Trata-se de uma taxa de retorno esperada porque apenas o preço de mercado inicial é conhecido, os
restantes valores são apenas esperados
• Por isso, o investimento financeiro NÃO TEM RETORNO CERTO é um investimento com RISCO
• Para um número de períodos superior a um a questão complica-se

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista

• A equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (equação dos modelos DCF)
– A equação de avaliação de uma ação (continuação)
• Pode-se demonstrar que a equação de avaliação dos modelos discounted cash flows é dada por:

n
Rt Pn
Valor de mercado V0 = ∑ t n
+
t=1 (1+r) (1+r)
• Significado económico: o valor de mercado de um ativo é uma função do valor dos seus cash flows
futuros descontados para o momento da avaliação a uma taxa de juro adequada (custo de oportunidade)
– As estimativas possíveis do valor de mercado
• Os valores obtidos por aplicação da equação fundamental de avaliação
• A cotação ou preço de mercado (se existir e apenas em mercados eficientes com muitos compradores e
vendedores, muita informação disponível e em contextos económicos “normais”)
• Os valores contabilísticos (só por mera e muito estranha coincidência já que a contabilidade não visa
avaliar mas “informar sobre valor”)

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista

• A equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (equação dos modelos DCF)
– A medida do valor da empresa (o balanço a valores de mercado)
• A valorimetria a valor de mercado tende a ser muito distinta da valorímetria contabilística
– Valor de mercado: baseado no futuro, numa perspetiva de continuidade
– Valor contabilístico: baseado em transações do passado e presente, numa perspetiva de liquidação
(apesar da evolução recente, não necessariamente positiva!)

Valor Contabilistico Valor de Mercado

-k 0 n
Passado Futuro

OBJECTIVIDADE SUBJECTIVIDADE
ESTABILIDADE VOLATILIDADE
IRRELEVÂNCIA (?) RELEVÂNCIA

Perspectiva de Liquidação Perspectiva de Continuidade

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista

• A equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (equação dos modelos DCF)
– Dois indicadores de avaliação e dois conceitos fundamentais decorrem da equação geral da avaliação
• Conceito de criação de mercado e o indicador VAL (valor atualizado líquido) e a diferença entre
preço e valor de mercado

n
Rt Pn
Criação de valor = VAL = V0 - P0 = ∑ t
+ n
- P0
t=1 (1+r) (1+r)

• Conceito de retorno do capital investido e o indicador TIR

n
Rt Pn
Retorno do capital = TIR: P0 = ∑ nt
+
t=1 (1+TIR) (1+TIR)

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista

• Determinação da equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (modelos DCF)


– Indicadores de avaliação e conceitos fundamentais da equação geral da avaliação (continuação)
• Exemplo: avaliação ação a 3 anos, com um preço de mercado inicial de 15€, dividendos esperados de
1,20€, 1,50€ e 2,0€ e ainda uma cotação final esperada de 17,50€
• Com estes dados não é possível saber se é uma ação a comprar, é apenas possível calcular a TIR

1,20€ 1,50€ 2,00€ +17,50€


15€= + 2
+ 3
⇔ TIR = 15%
(1+ TIR) (1+ TIR) (1+ TIR)
• Para avaliar a ação é necessário conhecer o retorno obtido na melhor aplicação alternativa com risco
equivalente (custo de oportunidade)
• Seja r = 10%, como TIR = 15% > r = 10%, vale a pena comprar a ação e o seu valor de mercado será:

1,20€ 1,50€ 2,00€ +17,50€


V0 = + 2
+ 3
⇔ V0 = 17,00€
(1+10%) (1+10%) (1+10%)

• O valor criado será dado por: VAL = V0 – P0 = 17,0€ - 15,0€ = 2,0€

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Capítulo 1: Introdução

O Processo de Avaliação Financeira na Perspetiva do Acionista

• Determinação da equação geral de avaliação de ativos financeiros e reais (modelos DCF)


– Recordando exemplo anterior:

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