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MANUAL

ASSISTENTE FAMILIAR E DE APOIO À


COMUNIDADE

UFCD: Instituições de Apoio Familiar e à Comunidade

Formadora: Maria João Lima

50 horas
INDICE

Introdução_______________________________________________________________________3

Destinatários_____________________________________________________________________3

Perfil de Saída profissional__________________________________________________________3

Objetivo Geral____________________________________________________________________4

Objetivos específicos_______________________________________________________________4

1. Instituições de Apoio Familiar e à Comunidade____________________________________________5


1.1. Instituição___________________________________________________________________________5

1.2. Recursos Físicos e Materiais_____________________________________________________________6

1.2.1. Recursos Físicos____________________________________________________________________6

1.2.2. Recursos Materiais ________________________________________________________________11

1.3. Tipos de Instituições__________________________________________________________________12

1.4. Instituições Particulares de Solidariedade Social____________________________________________14

1.5. Tipologia das Respostas Sociais existentes:________________________________________________17

2. Relações Inter-Instituições_________________________________________________________19

3. Necessidades dos Utentes__________________________________________________________20

4. Direitos Gerais dos Cidadãos________________________________________________________22

5. O Profissional na sua Relação com a Instituição_________________________________________25

6. Conclusão_______________________________________________________________________31

7. Referências Bibliográficas___________________________________________________________32

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Introdução
Este Manual tem por finalidade colaborar na reflexão, crescimento e aprendizagem
dos Assistentes Familiares e de Apoio à Comunidade. Todavia, não se pretende aqui
esgotar o assunto, mas apenas apontar alguns caminhos relevantes para a
importância de reconhecer os recursos disponíveis numa determinada
Instituição/Organização, reconhecer os diferentes tipos de Instituições e desenvolver
positivamente as relações interpessoais com cada elemento da Instituição. Cada vez
mais é necessário articular as necessidades das comunidades com os equipamentos e
infraestruturas existentes, visando sobretudo o desenvolvimento e autonomia das
pessoas.

Destinatários
Os destinatários são adultos com idade igual ou superior a 18 anos, com necessidades
de formação nesta temática e desempregados com habilitações inferiores ao 9º ano.

Perfil de Saída profissional

Descrição Geral: Prestar cuidados de apoio direto a pessoas no domicílio ou em


situação de internamento ou semi-internamento em estabelecimentos e serviços de
apoio social, respeitando as indicações da equipa técnica e os princípios deontológicos.

Atividades Principais:
➢ Preparar o serviço relativo aos cuidados a prestar, selecionando, organizando e
preparando os materiais, os produtos e os equipamentos a utilizar.
➢ Prestar cuidados básicos de higiene, de conforto e de saúde aos assistidos, de
acordo com as orientações da equipa técnica.
➢ Executar as tarefas relativas ao serviço de refeições, de acordo com as orientações
da equipa técnica.
➢ Executar as tarefas de limpeza e arranjo dos espaços, dos equipamentos e da
roupa.
➢ Colaborar na prevenção da monotonia e do isolamento dos assistidos, de acordo
com as orientações da equipa técnica.

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➢ Articular com a equipa técnica, transmitindo a informação pertinente sobre os
serviços prestados, referenciando, nomeadamente, situações anómalas respeitantes
aos assistidos.

Objetivo Geral
 Inventariar os recursos materiais disponíveis numa determinada Instituição.
 Caracterizar os diferentes tipos de Instituições.
 Relacionar-se com cada elemento da Instituição.

Objetivos específicos
 Definir o conceito de instituição
 Descrever quais os recursos existentes nas diversas instituições.
 Identificar os recursos básicos de uma determinada instituição.
 Distinguir e caracterizar os diversos tipos de instituições.
 Enumerar os itens que fazem parte de um regulamento para uma IPSS.
 Especificar quais os diferentes tipos de IPSS.
 Distinguir e caracterizar os diversos tipos de instituições de acordo com a
população alvo.
 Enumerar as características gerais das Instituições.
 Enumerar algumas dificuldades inerentes ao funcionamento das Instituições
 Saber interpretar o organograma de uma instituição
 Descrever o funcionamento das Relações Inter-Instituições e as necessidades
dos utentes
 Descrever quais os princípios que regem a habitação e urbanismo
 Enunciar alguns dos princípios em que se baseia política do ambiente e
qualidade de vida
 Definir o conceito de família
 Enunciar quais os direitos da família na sociedade e as suas funções
 Definir o conceito de Maternidade
 Enunciar quais os direitos de proteção na maternidade e paternidade
 Enunciar quais os direitos na infância e juventude
 Enunciar os direitos de proteção na deficiência e na terceira idade

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 Perceber a relação do Profissional com a Instituição
 Definir o conceito de comunicação e enumerar os diversos canais
 Enumerar algumas linhas orientadoras de Comunicação Interpessoal 
 Enumerar algumas regras de Urbanidade
 Enumerar linhas orientadoras para uma boa comunicação
 Noções de hierarquia profissional

1. Instituições de Apoio Familiar e à Comunidade

1.1. Instituição

 Deriva do latim institutióne-, que quer dizer: disposição, sistema. Surge como o
ato ou efeito de instituir, coisa instituída ou estabelecimento de utilidade
pública, organização ou fundação

 .

 Ideia de obra ou empresa que se realiza, e dura no meio social, interiorizando


um quadro de recursos humanos e materiais que excede a temporalidade das
gerações (Prof. Adriano Moreira).

Exemplos: Instituição de Solidariedade Social, Lar, Centro de Dia, Hospital, Partido


Político, Congregação Religiosa, Escola, Casamento, Família, etc.

Algumas das Instituições referidas, apresentam como objetivo o apoio à Família e


Comunidades, desenvolvendo assim uma Economia Social: este conceito decorre das
novas correntes dos movimentos económicos e sociais de natureza associativa e que
não se inserem nos tradicionais sectores de emprego. Este sector de atividade
económica situa-se entre o sector privado com fins lucrativos e o sector público.

A União Europeia considera a economia social como uma via autónoma, nem pública
nem privada, de intervenção no mercado de acordo com valores e princípios que
configuram um modelo de organização específico, vocacionada para o primado do
homem sobre o lucro.

Existem vários sectores:

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 Não-Lucrativo;

 Solidariedade Social;

 Voluntariado ou Economia Alternativa.

Desta forma, serão abordados os recursos necessários nas Instituições,


posteriormente serão apresentados os tipos de Instituições e por fim as regras de
trabalho em Equipa.

1.2. Recursos Físicos e Materiais

Espaço físico de trabalho e respetivo suporte

As referidas Instituições devem situar-se em meios físicos adequados, salubres e bem


arejados, de fácil acessibilidade, que possuam infraestruturas viárias, de
abastecimento de água, de saneamento, de recolha de lixo, de energia elétrica e
telecomunicações. Preferencialmente deverão possuir uma zona não construída para
atividades lúdicas ao ar livre.

As infraestruturas são essenciais no desenvolvimento das pessoas. A forma como as


instituições usam o espaço, as relações interpessoais e a interação com a comunidade
também são importantes para atingirem os seus objetivos.

1.2.1. Recursos Físicos - as instalações deverão estar adaptadas às diferentes


respostas sociais e necessidades dos utentes/clientes e profissionais.

Eis alguns exemplos:

 Receção

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 Gabinetes Multidisciplinares

 Consultório/Sala de Tratamento

 Salas de Formação/ Reuniões

 Refeitório

 Cozinha

 Copa

 Biblioteca/Ludoteca

 Rouparia/Lavandaria

 Farmácia

 Armazém/Arquivos

 Salas de Convívio/ Atividades

 Instalações Sanitárias

 Saídas de Emergência

 Portas Corta-Fogo

 Quartos/ Enfermarias

 Vestiários

 Local para prática religiosa (capela, etc.)

 Sala de Lazer

 Ginásio

 Piscina

 Cabeleireiro

 Elevadores

 Parque Infantil

 Morgue

 Transportes

 Jardins

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RECEÇÃO: Destina-se ao acolhimento /receção e atendimento.

Deve ser:

✓ Ser ampla, com iluminação suficiente e adequada para espaço de transição com o
exterior e permitir o fácil encaminhamento para os diversos espaços;

✓ Ser proporcional à dimensão da área total do espaço, possuir mobiliário e


equipamento adequados e dispor de vigilância para apoiar o controlo de entrada e
saída de pessoas e ajudar a manter a segurança das instalações;

✓ Na área de receção devem existir instalações sanitárias separadas por sexo e


acessíveis a pessoas com mobilidade condicionada;

✓ Nesta área pode ainda localizar-se a zona destinada ao desenvolvimento das tarefas
administrativas e de gestão corrente do estabelecimento (núcleo administrativo).

CASAS DE BANHO:

As casas de banho são visitadas por diversos/as utilizadores/as e devem estar sujeitas
a limpezas regulares e diárias. Devem estar equipadas com sanitas e lavatórios na
proporção dos/as utilizadores que frequentam. Devem apresentar materiais de
revestimento liso, impermeável e imputrescível, pavimento não escorregadio,
separado por género/profissionais/utentes, sanita/lavatório de louça, bases de
chuveiros integradas no pavimento, torneiras com comando manual ou automático,
água fria e quente, detetores de inundação/incêndio, sifões metálicos e individuais,
toalhetes descartáveis, barras de apoio, tapetes antiderrapantes, elevadores de
sanita, ajudas técnicas para o banho.

COZINHA:

✓ Deve localizar-se junto ao acesso de serviço, possuir boas condições de higiene,


ventilação e renovação do ar. Deve incluir um espaço principal e espaços anexos.

✓ A organização do espaço principal deve garantir o normal percurso das fases de


preparação, confeção e distribuição dos alimentos e da lavagem de loiça e utensílios,
com separação das zonas sujas e zonas limpas.

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✓ A separação física entre as zonas sujas e limpas pode dispensar-se quando o
percurso dos alimentos se realize em momentos claramente distintos, sendo
obrigatório efetuar a limpeza e desinfeção das superfícies e materiais utilizados entre
as diferentes fases, salvaguardando as condições de higiene e segurança alimentar e
a prevenção de eventuais contaminações.

✓ devem ter na sua composição materiais revestimento liso, impermeável e


imputrescível, pavimento não escorregadio.

✓ devem ter expostas as regras de higiene e proteção individual e devem ser alvo de
higienização segundo um plano, nomeadamente após cada utilização.

Os espaços anexos são compostos por:

✓ Despensa;

✓ Compartimento de frio adequadamente ventilado e composto por frigorífico e arca


congeladora;

✓ Compartimento do lixo com capacidade adequada à periodicidade de recolha


prevista e com acesso direto pelo exterior.

✓ Caso se proceda à confeção de alimentos no exterior do edifício e conforme o


sistema a adotar, devem ser concebidos os espaços necessários para proceder, em
condições de higiene e de bom funcionamento, à receção das refeições, o seu
armazenamento, aquecimento e distribuição.

REFEITÓRIO:

✓ Preferencialmente situar-se perto da cozinha.

✓ Esta sala pode ser utilizada também para reuniões, festas ou recreio interior.

✓ Deve dispor de lugares sentados e mesas, bancadas auxiliares devidamente


protegidas do acesso das crianças e painéis nas paredes que possibilitem a decoração
de desenhos, sem risco para as crianças.

SALAS DE ATIVIDADES:

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As salas podem ser organizadas em zonas circunscritas em cantos (canto da história,
baú de fantasias). O objetivo é oferecer a oportunidade de escolhas, desafios e
estímulos, considerando as características do grupo.

✓ Deve dispor de brinquedos que respeitem as normas de segurança, adequados à


idade das crianças ou das pessoas que recorrem ao equipamento social e às suas
necessidades lúdicas e de desenvolvimento.

✓ Espaços acolchoados e devidamente protegidos, com cadeiras de repouso, espelho


inquebrável e pavimento amortecedor, facilmente lavável.

✓ O equipamento móvel deve possibilitar aos profissionais manter contacto com as


crianças ou outros/as utilizadores/as numa posição cómoda e facilitada.

RECREIO E/OU JARDIM, ESPAÇO DE LAZER

No caso de instituições direcionadas para a infância:

✓ Constituído por um espaço exterior vedado, com uma zona coberta, com
zonas de interesse para as crianças e que permita a utilização de
brinquedos com rodas no caso de instituições direcionadas para a infância)

✓ Quando a utilização do recreio for partilhada com bebés, deve prever


separação de espaços.

✓ Deve, ainda, contemplar equipamento diverso, estruturas fixas ou


móveis, que permitam subir, trepar e escorregar, bebedouros, bancos para
adultos, bancos e mesas para as crianças, recipientes para recolha seletiva
de lixo e iluminação.

No caso de instituições direcionadas para os idosos o ideal será ter um Jardim exterior
ou alpendre com poucas barreiras arquitéctónicas e que facilitem o movimento
autónomo, onde os séniores possam passar algum tempo a ler, caminhar,
movimentar-se ou simplesmente apanhar sol, conforme as suas vontades.

Caso seja uma instituição com ambas as respostas sociais o ideal é ter os dois
espaços conjuntamente e onde crainças e idosos possam interagir, ou onde
simplesmente os idosos possam observar as crianças a brincar.

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ECONOMATO

✓ Na secção economato procede-se à aquisição de géneros, mercadorias e outros


artigos (produtos de alimentação, limpeza, higiene, papelaria e outros), sendo
responsável pelo regular abastecimento da instituição.

✓ Armazena, conserva, controla e fornece às valências as mercadorias e artigos


necessários ao seu funcionamento. Procede à receção dos artigos e verifica a sua
concordância com as respetivas requisições.

✓ Organiza e mantém atualizados os ficheiros de mercadorias à sua guarda, pelas


quais é responsável. Executa ou colabora na execução de inventários periódicos.

INSTALAÇÕES PARA CUIDADOS DE SAÚDE

✓ materiais de revestimento liso, impermeável e imputrescível

✓ pavimentos não escorregadio

✓ material esterilizado

✓ macas/camas, material de consumo clínico

✓ devendo ser alvo de higienização segundo plano e necessidade, com especial


atenção ao material contaminado, com risco biológico, medicação, etc.

1.2.2. Recursos Materiais - material adequado e diversificado de acordo


com as diferentes valências e áreas de trabalho.

Eis alguns exemplos:

 Cama/Berço/Cadeira/Cadeirão/Maca

 Mesas/Secretárias

 Material Lúdico e Didático (livros, computadores, TV, rádio, etc.)

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 Ajudas Técnicas aos Cuidados (canadianas, elevadores de doentes, cadeiras de
rodas, barras de proteção, etc.)

 Material de Consumo Clínico (aparelhos, frigorífico, seringas, agulhas,


medicação, etc.)

 Material de Reabilitação (barras paralelas, espaldar, etc.)

 Material/Equipamento de Cozinha/Refeitório (máquinas, louça, etc.)

 Equipamento de Esterilização (autoclaves, etc.)

 Material/Equipamento de Lavandaria/Rouparia (máquinas, roupa, etc.)

 Carro/Carrinha/Ambulância

 Material de Cuidados ao Bebé (fraldas, toalhetes, etc.)

 Material de Cuidados ao Idoso (aparadeiras, urinóis, fraldas, esponjas, etc.)

 Material de Apoio ao Domicílio (sacos do domicílio)

 Equipamento/Material de Higienização (aspiradores, produtos, etc.)

1.3. Tipos de Instituições

As Instituições que a lei prevê, apresentam uma grande variedade de utentes alvo,
deste modo serão apresentadas todas essas Instituições ou valências, respetivas
finalidades, objetivos, critérios de funcionamento e características gerais. Este item
também irá apresentar algumas das dificuldades mais comuns, organigrama das
Instituições, relações entre Instituições e necessidades dos Utentes.

As Instituições Sociais, ou de Apoio à Família e à Comunidades, poderão ser de


origem:

 PÚBLICA

 PRIVADA COM FINS LUCRATIVOS

 PRIVADAS (PARTICULARES) SEM FINS LUCRATIVOS

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Para além das Instituições Sociais, ou de Apoio à Família e à Comunidades de origem
pública, privada com fins lucrativos e privadas sem fins lucrativos, existem outras
importantes que devemos sempre considerar, tais como a família, religião, económica,
política, educação e recreação.

Família: primeiro grupo social a que pertencemos. É um tipo de agrupamento social


cuja estrutura varia no tempo e no espaço. Essa variação pode ser quanto ao número
de casamentos, quanto à forma, relações de parentesco, relação sexual e dos
componentes básicos da sociedade. Ex: Casamento, União de Facto, Co-habitação,
Adoção.

Religião: todas as sociedades conhecem alguma forma de religião. A religião é um


facto social universal. Não resta dúvida de que a religião é uma das instituições mais
importantes para a organização social, pelo seu conteúdo moral. Ex: Igreja, Sinagoga,
Mesquita.

Económica: As atividades económicas são institucionalizadas à medida que são


explicadas por crenças, valores e reguladas por normas. Nas sociedades modernas a
instituição económica apresenta um grau de importância elevado. Ex: Repartição de
Finanças.

Política: são instituições políticas fundamentais a autoridade, o governo, o Estado,


partidos políticos e as constituições. Classificamos também os sistemas políticos como
o anarquismo, ditadura, democracia. Ex: Partidos Políticos. Educação: constitui uma
instituição universal pelo facto de que em todas as sociedades é necessário garantir a
estrutura educacional como processo de transmissão de conhecimentos e valores
presentes na sociedade. Ex: Escolas, Faculdades.

Recreação: em todas as sociedades, existem modos culturalmente estabelecidos


para o alívio das tensões acumuladas nos indivíduos em decorrência das frustrações
geradas pelas restrições da vida social. Todas as sociedades possuem instituições
recreativas, como por exemplo: desportivas, teatro, escuteiros, etc.

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1.4. Instituições Particulares de Solidariedade Social

Atualmente as mais frequentes são as IPSS - Instituições Particulares de


Solidariedade Social, que são instituições constituídas sem finalidade lucrativa, por
iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao dever
moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos, no âmbito da proteção da
saúde, prevenção da doença, educação e formação profissional e promoção da
habitação e segurança social, apresentando também como objetivo a prevenção,
reparação de situações de carência, de disfunção e de marginalização social.

 Apoio a crianças e jovens;

 Apoio às famílias;

 Proteção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as situações de falta ou


diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho;

 Promoção e proteção na saúde, nomeadamente através da prestação de


cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

 Promoção da educação e a formação profissional dos cidadãos;

 Contribuir para a resolução dos problemas habitacionais das populações.

Estes objetivos são concretizados através de respostas de ação social em


equipamentos e serviços bem como de parcerias em programas e projetos.

As IPSS estabelecem relações com o Estado:

 Através de acordos ou protocolos de cooperação institucional, prestativa,


financeira e técnica;

 Podem ser diferenciadas positivamente nos apoios a conceder;

 O Estado exerce poderes de fiscalização e inspeção.

As fontes de financiamento destas Instituições são:

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 QUOTAS DOS SÓCIOS;

 MENSALIDADES DOS UTENTES;

 COMPARTICIPAÇÕES DA SEGURANÇA SOCIAL;

 RENTABILIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO;

 PRESTAÇÃO DE OUTROS SERVIÇOS;

 REALIZAÇÃO DE OUTRAS ACTIVIDADES LUCRATIVAS;

 DONATIVOS.

Temos como exemplos de IPSS:

 Associações de Solidariedade Social;

 Associações Mutualistas;

 Fundações de Solidariedade Social;

 Centros Sociais e Paroquiais;

 Outras Organizações Religiosas;

 Santas Casas da Misericórdia.

Por sua vez, as IPSS, podem agrupar-se em:

 Uniões

 Federações

 Confederações

As condições de licenciamento destas Instituições são:

 Idoneidade do requerente e do pessoal ao seu serviço;

 Instalações e equipamento adequados, de harmonia com as normas em vigor,


aplicáveis a cada tipo de resposta social;

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 Pessoal técnico e auxiliar necessário ao funcionamento do estabelecimento ou
prestação de serviços;

 Situação contributiva do requerente perante a segurança social regularizada.

O Registo das IPSS tem como objetivo:

 Comprovar os fins das Instituições;

 Reconhecer a utilidade pública das Instituições;

 Comprovar os factos jurídicos respeitantes às instituições especificados no


Regulamento do Registo;

 Permitir a realização de formas de apoio e cooperação previstas na lei.

Os estatutos das instituições devem respeitar as disposições do Estatuto das IPSS,


aprovado pelo Decreto-Lei n.º 119/83, de 25 de fevereiro, contendo obrigatoriamente
as matérias referidas no n.º 2 do artigo 10.º:

 Denominação;

 Sede e o âmbito de ação;

 Fins e as atividades da instituição;

 Denominação, a composição e a competência dos corpos gerentes;

 Forma de designar os respetivos membros;

 Regime financeiro.

Desta forma, o regulamento interno da Instituição, deve ser adaptado às


necessidades dos Utentes e Profissionais, assim como deve conter:

1. Definição da Instituição

2. Objetivos

3. População-Alvo

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4. Capacidade

5. Requisitos Gerais

6. Direitos dos Utentes

7. Deveres dos Utentes

8. Normas de Funcionamento

9. Registo dos Utentes

10. Regulamento

11. Recursos Humanos

12. Recursos físicos e materiais

13. Indicadores de Pessoal

14. Programa Funcional

15. Índice das Atividades

16. Caracterização dos Espaços

17. Etc.

1.5. Tipologia das Respostas Sociais existentes:

UTENTES (população-alvo) SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS

CRIANÇAS E AMAS
JOVENS
CRECHES FAMILIARES
1ª, 2ª INFÂNCIA
CRECHES

ESTABELECIMENTO DE EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

CENTRO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES


ACTIVIDADES DE TEMPOS
(ACOMPANHAMENTO/INSERÇÃO; PRÁTICA DE ACTIVIDADES
LIVRES
ESPECIALIZADAS; MULTIACTIVIDADES)

EM SITUAÇÃO DE RISCO LARES DE CRIANÇAS E JOVENS

CENTRO DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO

UNIDADE DE EMERGÊNCIA

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CENTRO DE APOIO FAMILIAR E ACONSELHAMENTO PARENTAL

ACOLHIMENTO FAMILIAR

ADOPÇÃO

CENTRO DE PARALESIA CEREBRAL

APOIO EM REGIME AMBULATÓRIO

REABILITAÇÃO E INTEGRAÇÃ CENTRO DE PRODUÇÃO DE MATERIAL

IMPRENSA BRAILLE

TRANSPORTE DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

CENTRO DE ESTUDO E APOIO À CRIANÇA E À FAMÍLIA

INTERVENÇÃO PRECOCE

PESSOAS COM CENTRO DE APOIO SÓCIO-EDUCATIVO


DEFICIÊNCIA
LAR DE APOIO

CENTRO DE ACTIVIDADES OCUPACIONAIS


CRIANÇAS E JOVENS COM
DEFICIÊNCIA CENTRO DE REABILITAÇÃO DE PESSOAS COM CEGUEIRA

LAR RESIDENCIAL

SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO

ACOLHIMENTO FAMILIAR

CENTRO DE ATENDIMENTO/ACOMPANHAMENTO E ANIMAÇÃO


PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

UTENTES (população-alvo) SERVIÇOS E EQUIPAMENTOS

CENTRO DE CONVÍVIO

CENTRO DE DIA

LAR PARA IDOSOS

RESIDÊNCIA

SERVIÇO APOIO DOMICILIÁRIO


IDOSOS
ACOLHIMENTO FAMILIAR

LAR DE GRANDES DEPENDENTES

CENTRO DE ACOLHIMENTO TEMPORÁRIO DE EMERGÊNCIA PARA


IDOSOS (CATEI)

CENTRO DE NOITE

FAMÍLIA E COMUNIDADE ATENDIMENTO/ACOMPANHAMENTO SOCIAL

CENTRO DE ALOJAMENTO TEMPORÁRIO

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COMUNIDADE DE INSERÇÃO

CENTRO COMUNITÁRIO

COLÓNIAS DE FÉRIAS

REFEITÓRIO/CANTINA SOCIAL

CASA DE ABRIGO

AJUDA ALIMENTAR A CARENCIADOS

EQUIPAS DE INTERVENÇÃO DIRECTA OU EQUIPAS DE RUA


TOXICODEPENDENTE
APARTAMENTO DE REINSERÇÃO SOCIAL

CENTRO DE ATENDIMENTO E ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL


PESSOAS INFECTADAS PELO VIH/SIDA E SUAS
SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO
FAMÍLIAS
RESIDÊNCIA

FÓRUM SÓCIO-OCUPACIONAL

PESSOAS COM DOENÇA DO FORO MENTAL OU UNIDADE DE VIDA APOIADA

PSIQUIÁTRICO
UNIDADE DE VIDA PROTEGIDA

UNIDADE DE VIDA AUTÓNOMA

APOIO DOMICILIÁRIO INTEGRADO


PESSOAS EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA
UNIDADE DE APOIO INTEGRADO

Após a análise da tipologia das respostas sociais existentes (recorrer à consulta da


Carta Social) vamos selecionar duas ou três respostas sociais e desenvolver e estudar
os seguintes pontos:

 Características gerais das Instituições;

 Normas Gerais de funcionamento;

 Direitos e deveres dos utentes;

 Regulamento interno;

 Recursos Humanos;

 Organograma;

 Problemas e dificuldades mais frequentes nas Instituições.

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2. Relações Inter-Instituições

Assim como o homem necessita de cooperar com o seu meio envolvente, também as
Instituições, não sobrevivem se adotarem uma atitude de total autonomia. Todas as
Instituições sociais, deverão estabelecer contactos, protocolo e relações com outras
semelhantes ou instituições que possam complementar as atividades, cooperando
para um mesmo objetivo. As instituições não existem isoladas das outras. Todas elas
possuem uma interdependência mútua, de tal forma que uma modificação numa
determinada instituição pode acarretar mudanças maiores ou menores nas outras.
São exemplos de instituições com as quais poderá haver relacionamento: Estado,
Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Piscinas, Empresas de Segurança e Higiene,
Empresas de Limpeza, Instituto de Formação Profissional, Associações, etc.

3. Necessidades dos Utentes

Todos dos Utentes das referidas Instituições apresentam necessidades específicas,


pois o Homem é um ser bio-psico-social, cultural e espiritual.

Segundo a Teoria de Maslow, as necessidades humanas podem ser agrupadas em


cinco níveis, onde a pessoa tem que ter a sua necessidade do nível inferior satisfeita,
ou quase integralmente satisfeita, para sentir a necessidade do nível superior. Ou
seja: a pessoa que não tem suas necessidades de segurança satisfeitas não sente
ainda necessidades sociais. E assim por diante, segundo esta pirâmide:

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1. Necessidades fisiológicas (básicas e físicas, tal como água, comida, ar, sexo,
etc. Quando não temos estas necessidades satisfeitas ficamos mal, com desconforto,
irritação, medo, doentes).

2. Necessidades de segurança (procuramos fugir dos perigos, buscamos por


abrigo, proteção, estabilidade e continuidade, por exemplo a busca da religião ou de
uma crença).

3. Necessidades sociais (o Homem é um ser social, o ser humano precisa amar e


pertencer, de ser amado, querido por outros, de ser aceite, sentir-se necessário a
outras pessoas ou grupos de pessoas, por exemplo pertencer a uma tribo, grupo, no
seu local de trabalho, na sua igreja, na sua família, no seu clube, etc.).

4. Necessidades de "status" ou de estima (o ser humano procura ser competente,


alcançar objetivos, obter aprovação e ganhar reconhecimento - a autoestima e a
hetero-estima, respetivamente, gostar de si e acreditar em si e ser reconhecido pelas
outras pessoas).

5. Necessidade de autorrealização (o ser humano procura a sua realização como


pessoa, a demonstração prática da realização permitida pelo seu potencial único,
procurando conhecimento, experiências estéticas e metafísicas, ou mesmo a busca de
Deus).

Acima das necessidades de auto-realização poder-se-ão ainda somar as necessidades


espirituais.

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Desta forma cada um tem necessidades específicas, no entanto todos apresentam
necessidades gerais, direitos e deveres, que em Portugal se encontram descritos na
Constituição da República Portuguesa (PARTE I - Direitos e deveres fundamentais;
TÍTULO III - Direitos e deveres económicos, sociais e culturais)

4. Direitos Gerais dos Cidadãos

4.1. Segurança social e solidariedade

1. Todos têm direito à segurança social.

2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança


social unificado e descentralizado, com a participação das associações sindicais, de
outras organizações representativas dos trabalhadores e de associações
representativas dos demais beneficiários.

3. O sistema de segurança social protege os cidadãos na doença, velhice, invalidez,


viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta
ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho.

4. Todo o tempo de trabalho contribui, nos termos da lei, para o cálculo das pensões
de velhice e invalidez, independentemente do sector de atividade em que tiver sido
prestado.

5. O Estado apoia e fiscaliza, nos termos da lei, a atividade e o funcionamento das


instituições particulares de solidariedade social e de outras de reconhecido interesse
público sem carácter lucrativo, com vista à prossecução de objetivos de solidariedade
social consignados (…).

4.2. Saúde

1. Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover.

2. O direito à proteção da saúde é realizado:

a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as


condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;

b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que


garantam, designadamente, a proteção da infância, da juventude e da velhice, e pela

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melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como pela promoção
da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento da
educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.

3. Para assegurar o direito à proteção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:

a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição


económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e


unidades de saúde;

c) Orientar a sua ação para a socialização dos custos dos cuidados médicos e
medicamentosos;

d) Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-


as com o serviço nacional de saúde, por forma a assegurar, nas instituições de saúde
públicas e privadas, adequados padrões de eficiência e de qualidade;

e) Disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercialização e o uso dos


produtos químicos, biológicos e farmacêuticos e outros meios de tratamento e
diagnóstico;

f) Estabelecer políticas de prevenção e tratamento da toxicodependência.

4. O serviço nacional de saúde tem gestão descentralizada e participada.

4.3. Habitação e urbanismo

1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão
adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e
a privacidade familiar.

2. Para assegurar o direito à habitação, incumbe ao Estado:

a) Programar e executar uma política de habitação inserida em planos de


ordenamento geral do território e apoiada em planos de urbanização que garantam a
existência de uma rede adequada de transportes e de equipamento social;

b) Promover, em colaboração com as regiões autónomas e com as autarquias locais, a


construção de habitações económicas e sociais;

c) Estimular a construção privada, com subordinação ao interesse geral, e o acesso à


habitação própria ou arrendada;

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d) Incentivar e apoiar as iniciativas das comunidades locais e das populações,
tendentes a resolver os respetivos problemas habitacionais e a fomentar a criação de
cooperativas de habitação e a autoconstrução.

3. O Estado adotará uma política tendente a estabelecer um sistema de renda


compatível com o rendimento familiar e de acesso à habitação própria.

4. O Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais definem as regras de


ocupação, uso e transformação dos solos urbanos, designadamente através de
instrumentos de planeamento, no quadro das leis respeitantes ao ordenamento do
território e ao urbanismo, e procedem às expropriações dos solos que se revelem
necessárias à satisfação de fins de utilidade pública urbanística.

5. É garantida a participação dos interessados na elaboração dos instrumentos de


planeamento urbanístico e de quaisquer outros instrumentos de planeamento físico do
território.

4.4. Ambiente e qualidade de vida

1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente


equilibrado e o dever de o defender.

2. Para assegurar o direito ao ambiente, no quadro de um desenvolvimento


sustentável, incumbe ao Estado, por meio de organismos próprios e com o
envolvimento e a participação dos cidadãos:

a) Prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de erosão;

b) Ordenar e promover o ordenamento do território, tendo em vista uma correta


localização das atividades, um equilibrado desenvolvimento socioeconómico e a
valorização da paisagem;

c) Criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio, bem como classificar


e proteger paisagens e sítios, de modo a garantir a conservação da natureza e a
preservação de valores culturais de interesse histórico ou artístico;

d) Promover o aproveitamento racional dos recursos naturais, salvaguardando a sua


capacidade de renovação e a estabilidade ecológica, com respeito pelo princípio da
solidariedade entre gerações;

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e) Promover, em colaboração com as autarquias locais, a qualidade ambiental das
povoações e da vida urbana, designadamente no plano arquitetónico e da proteção
das zonas históricas;

f) Promover a integração de objetivos ambientais nas várias políticas de âmbito


sectorial;

g) Promover a educação ambiental e o respeito pelos valores do ambiente;

h) Assegurar que a política fiscal compatibilize desenvolvimento com proteção do


ambiente e qualidade de vida.

4.5. Família

1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da


sociedade e do Estado e à efetivação de todas as condições que permitam a realização
pessoal dos seus membros.

2. Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:

a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;

b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros


equipamentos sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;

c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;

5. O Profissional na sua Relação com a Instituição

O relacionamento entre pessoas requer comunicação, sendo necessário haver espírito


de equipa, dentro das Instituições de modo a atingir os objetivos e satisfazer as
necessidades dos Utentes.

5.1. A comunicação

É um processo que envolve a troca de informações e como o intercâmbio de


informação.

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A comunicação interpessoal é um método de comunicação que promove a troca de
informações entre duas ou mais pessoas. Onde há um emissor que codifica a
mensagem, que pode ser submetida a ruídos, até chegar ao recetor, através de um
canal, que por sua vez irá descodificar a mensagem e emitir o feedback.

Existem tipos/canais de comunicação distintos:

 Verbal/Oral (palavras, frases, escrita, etc.)

 Não verbal (linguagem gestual, mímica, linguagem corporal, entoação da voz,


expressão facial, olhar, gestos e movimentos posturais, contacto corporal,
roupas, aspeto físico e outros aspetos da aparência);

 Mediada: meios de comunicação (T.V., rádio, jornais, telefone, revistas,


Internet, disquetes, CD-ROM, etc.), comunicação de massa (publicidade,
fotografia, cinema, etc.).

A comunicação eficaz é essencial para a eficácia de qualquer organização ou grupo.


Pesquisas indicam que as falhas de comunicação são as fontes mais frequentemente
citadas de conflitos interpessoais. Uma das principais forças que podem impedir o
bom desempenho de um grupo é a falta de comunicação eficaz.

Outro grande obstáculo à comunicação eficaz é que algumas pessoas sofrem de um


debilitante medo da comunicação. Esse medo da comunicação é a tensão ou
ansiedade em relação à comunicação oral ou escrita, sem motivo aparente. O emissor
deve estar consciente que, em uma organização ou grupo, pode ter pessoas que
sofram desse medo da comunicação.

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Precisa-se tomar cuidado com os sentimentos das pessoas. Certas palavras
expressam estereótipos, intimidam e ofendem as pessoas. É necessário prestar
atenção nas palavras e gestos que podem ser ofensivos.

As palavras são o meio primário pelo qual as pessoas se comunicam. Quando


eliminadas as palavras que podem ser consideradas ofensivas, estarão sendo
reduzidas as opções para a transmissão de mensagens do jeito mais claro e acurado
possível. De maneira geral, quanto maior o vocabulário utilizado pelo emissor e pelo
recetor, maior a probabilidade de transmissão precisa das mensagens.

Quando houver comunicação entre pessoas de diferentes culturas, há quatro regras


que devem ser seguidas, regras essas que podem ajudar tanto o emissor quanto o
recetor. Primeira regra: assuma que há diferenças até que a similaridade seja
comprovada; segunda regra: procure se ater ao discurso em termos descritivos, em
vez da interpretação ou avaliação; terceira regra: procure a empatia; quarta regra:
trate suas interpretações como uma hipótese de trabalho.

5.2. Linhas Orientadoras de Comunicação Interpessoal 

 Usar múltiplos canais (proporcionar um aumento na probabilidade de clareza);

 Adaptar a mensagem ao seu recetor (pessoas diferentes dentro da organização


têm necessidades diferentes de informações, que deverão ser transmitida de
forma adequada);

 Procurar ter empatia com os outros (colocar-se no lugar do recetor);

 Valorizar a comunicação face a face;

 Praticar a escuta ativa (ouvir e escutar);

 Manter a coerência entre palavras e ações;

 Verificar o feedback (comunicação eficaz é um processo bilateral entre emissor


e recetor).

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As comunicações são o centro de todas as atividades humanas. Literalmente nada
acontece sem que haja prévia comunicação. Um grande número de problemas pode
ser ligado à falta de comunicação – saber qual é o problema já é ter meia solução.

Comunicar bem não é só transmitir ou só receber bem. Comunicação é troca de


entendimento, e ninguém entende ninguém sem considerar além das palavras, as
emoções e a situação em que fazemos a tentativa de tornar comuns conhecimentos,
ideias, instruções ou qualquer outra mensagem, seja ela verbal, escrita ou corporal.

5.3. Regras de Urbanidade

Segundo o dicionário, urbanidade (no sentido de comportamento) significa qualidades


relacionadas a cortesia e à negociação continuada entre os interesses.

Urbanidade - "Cortesia entre pessoas civilizadas; civilidade adquirida pelo trato no


mundo." Aí está a chave para a compreensão do fato: é nas cidades que o homem
encontra o homem; é nelas que se organiza a vida em sociedade, em grupo. É nelas
que se estabelecem as regras de convívio, de respeito aos direitos alheios.

Algumas dicas para ter conduta no trabalho e obter comunicação eficaz:

1. Ter sempre em mente a Missão, Visão e Valores da sua Instituição.

2. Saber as suas atribuições e responsabilidades.

3. Respeitar a hierarquia.

4. Estar 100% comprometido e envolvido com a missão.

5. Ser assíduo e pontual

6. Tratar todos com respeito

7. Assumir uma atitude imparcial, impessoal e com isenção.

8. Exercer as suas funções com zelo, competência e eficiência.

9. Demonstrar confiança e energia (conhecer suas forças e fraquezas).

10. Conhecer os aspetos legais dos seus direitos e deveres.

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No relacionamento interpessoal no quotidiano de trabalho nas Instituições, são
admitidos diferentes tipos de Utentes e são necessárias estratégicas específicas para
obter e garantir uma comunicação eficaz e eficiente. Não existem fórmulas ou receitas
definidas para o relacionamento entre pessoas, no entanto surgem algumas linhas
orientadoras.

RESPEITO HUMANO - é importante termos sempre em mente que o outro,


exatamente como nós, tem muitas qualidades e defeitos e que cada um de nós possui
sentimentos e que nos guiamos por escala de valores diferentes. Trate o outro como
ele gostaria de ser tratado.

INTERESSE E DISPONIBILIDADE PELAS PESSOAS - por mais diferentes que


possam ser, todos queremos que se interessem por nós, e pelos nossos problemas.
Para os outros a nossa vida pode parecer uma comédia, mas para nós que a
sentimos, é uma tragédia.

ESCUTA ACTIVA - as pessoas precisam de tempo para falar sobre si mesmas, seus
interesses e problemas. Portanto precisamos ouvir com atenção, interesse e respeito,
escutando com todos os nossos sentidos.

EVITAR ORGULHO OU PRESUNÇÃO - por mais que possamos conhecer sobre um


assunto, mesmo que vivamos mil anos, ainda assim haverá muitos aspetos com
relação a ele que desconhecemos, sempre haverá algo mais a aprender, uma maneira
diferente de ver, portanto nunca se considere o único capaz.

A IMPORTÂNCIA DA 1ª IMPRESSÃO - portanto não seja agressivo, ofensivo, ou


tome atitude intimidadora. Se o primeiro contacto for alegre, cordial, cortês, esta será
a impressão que deixaremos para o outro. Porém se num outro contacto formos
rudes, mal-educados, sem dúvida toda aquela primeira impressão será apagada e
substituída por essa nova. Devemos observar e adaptar a nossa atitude ao Utente.

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PERGUNTAR - para descobrir problemas, desejos e necessidades das pessoas. Mas
faça perguntas abertas e não perguntas que levem a um "sim" ou "não" ou que sejam
invasivas na vida do outro.

EXCLUSIVIDADE - cada um é como cada qual, cada situação é distinta de outra, em


tempos diferentes e locais diferentes, por isso os Utentes possuem necessidades
distintas e nós deveremos ter a atitude a este adaptada.

INOVAR - fazer diferente e fazer melhor, quebrar a rotina, mudar hábitos no sentido
de melhorar os cuidados.

MANTER CONTACTO VISUAL - os olhos são a janela da alma, através dele


comunicamos muito de forma não verbal.

TOLERÂNCIA/COMPREENSÃO - ter paciência e compreender as situações dos


diferentes pontos de vista, para cuidar melhor.

NÃO INTERROMPER PARA CORRIGIR - corrigir sim, mas em local e tempo


oportunos e adequados.

EDUCAÇÃO - transmitir valores e incutir hábitos saudáveis.

ADAPTAR - utentes e/ou contextos diferentes levam a comportamentos distintos.

EMPATIA - arte de comunicar no seio de uma relação de ajuda, num ambiente


agradável, onde há bem-estar do emissor e recetor.

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SENTIDO POSITIVO - reforço positivo, elogiar, falar na forma afirmativa e não na
negativa, mesmo quando algo não está bem, procurar um ponto positivo.

SEGURANÇA/CONFIANÇA - transmitir estabilidade e equilíbrio, demonstrar calma,


mesmo em situação de tensão.

SILÊNCIO - respeitar o silêncio, o silêncio é de ouro e a palavra é de prata, mesmo


no silêncio podemos comunicar.

REFLECTIR PARA MELHORAR - ninguém é perfeito e se tivermos a humildade de


assumir os erros e dificuldades, procurando aprender e melhorar, iremos sempre
crescer.

6. Conclusão

Pretende-se com este Manual contribuir para "formar pessoas que de futuro pretendam realizar, de
forma autónoma, ou sob a orientação de um técnico especializado, tarefas básicas de cuidados
humanos necessárias a clientes no domicílio e/ou em situação de internamento, ou semi-
internamento", em instituições específicas tais como Lares de Terceira Idade, Centros de Dia,
Centros Educativos, Centros Acompanhamento de ATL, Instituições de Apoio à Infância, Centros
de Cuidados Humanos e similares. No final da formação o/a formando/a deverá estar apto a prestar
os cuidados humanos e de saúde básicos, de acordo com as necessidades do utente e dos fins da
instituição e saber executar as tarefas de higienização, tratamento de roupa, confeção, preparação e
serviço de refeições. Os/as formandos/as serão profissionais com competências múltiplas e diversas
e capazes de promover o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando,
e/ou desenvolvendo atividades de animação, de caráter cultural, educativo, social, lúdico e
recreativo, mediante objetivos e missão da Instituição.

7. Referências Bibliográficas

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 Lei n.º 48/90, de 24 de Agosto
 Lei de Bases da Saúde
 Constituição da República Portuguesa

Sites:
 http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/Constituicao_Portuguesa.htm
 http://www4.seg-social.pt/maternidade-e-paternidade
 http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/Constituicao_Portuguesa.htm
 http://www4.seg-social.pt
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fam%C3%ADlia
 http://www.objetivosdomilenio.org.br/meioambiente/
 http://www.portaldasaude.pt/portal
 http://www4.seg-social.pt/quem-somos3
 http://www.cartasocial.pt

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