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Bibliografia:

Cardim de Carvalho et al. (2015)


– Capítulo II – 2.4 e 2.5

BACEN E SM:
CRIAÇÃO E
DESTRUIÇÃO DE
BASE
MONETÁRIA E
MEIO DE
PAGAMENTO
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
BASE MONETÁRIA
➢ Conforme explicado, a Base Monetária é criada ou destruída
única e exclusivamente pelo BACEN.
➢ Isso significa que uma transação econômica envolvendo
quaisquer outros atores não poderá criar e nem destruir a
Base Monetária, apenas transferir sua posse.
➢ Apenas operações envolvendo o BACEN podem criar ou
destruir Base Monetária.
➢ É importante lembrar também que quase toda a totalidade
das ações do BACEN se dá junto aos BC.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE BASE MONETÁRIA:
REGRA DE OURO
Para avaliar se houve variação na Base Monetária (B), deve-se analisar a conta-
resíduo do balancete do BACEN.

A lógica é direta: em uma relação do Banco Central com as demais entidades do


Sistema Monetário, provavelmente, haverá variação na Base Monetária, exceto se
ocorrerem operações adicionais em sinal contrário, de modo que o saldo final
seja nulo.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE BASE MONETÁRIA:
REGRA DE OURO
No Balancete do BACEN, há ou não há variação em B se:
a) Uma variação positiva do montante de contas do ATIVO é superior a uma variação positiva do
montante das contas do PASSIVO NÃO-MONETÁRIO, de modo que haja variação positiva do
Passivo Monetário: tem-se então expansão em B;
b) Uma variação negativa do montante de contas do ATIVO é superior a uma variação negativa
do montante das contas do PASSIVO NÃO-MONETÁRIO, de modo que haja variação negativa
do Passivo Monetário: tem-se então contração em B;
c) Uma variação positiva (negativa) do montante de contas do ATIVO é igual a uma variação
positiva (negativa) do montante das contas do PASSIVO NÃO-MONETÁRIO, de modo que não
há variação no passivo monetário (e, portanto, em B).
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
BASE MONETÁRIA: EXEMPLOS
1) Venda de títulos públicos por parte do BACEN aos
demais bancos comerciais (BC):
• Do lado do Passivo, não houve variação negativa do
PASSIVO NÃO-MONETÁRIO que compensasse a
variação no ATIVO.
• Consequentemente, houve, do lado do PASSIVO,
redução das reservas bancárias (Passivo Monetário).
• O dinheiro recebido pelo BACEN na compra do
Título Público sai de circulação da economia, não
consta no seu Balancete.
EXEMPLO DE DESTRUIÇÃO DE B, VIA BALANCETE
DO BACEN
ATIVO PASSIVO
- Reservas Internacionais - Base Monetária
Passivo Monetário
- Títulos Públicos (VENDA) PMPP
- Redescontos e Empréstimos Reservas Bancárias (RECEBIMENTO)
- Outras aplicações - Empréstimos do Exterior
Passivo não-
- Outras fontes Monetário: SEM
TOTAL TOTAL VARIAÇÃO
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
BASE MONETÁRIA: EXEMPLOS
2) Compra de dólares por parte do BACEN aos demais bancos
comerciais (BC):
• Do lado do Passivo, não houve variação positiva do
PASSIVO NÃO-MONETÁRIO que compensasse a variação
no ATIVO.
• Consequentemente, houve, do lado do PASSIVO, ampliação
das reservas bancárias (Passivo Monetário).
• O dinheiro pago pelo BACEN na compra de dólar entra em
circulação da economia, expandindo a rubrica de reserva
bancária.
EXEMPLO DE DESTRUIÇÃO DE B, VIA BALANCETE
DO BACEN
ATIVO PASSIVO
- Reservas Internacionais (COMPRA) - Base Monetária
Passivo Monetário
- Títulos Públicos PMPP
- Redescontos e Empréstimos Reservas Bancárias ET (PAGAMENTO)
- Outras aplicações - Empréstimos do Exterior
Passivo não-
- Outras fontes Monetário: SEM
TOTAL TOTAL VARIAÇÃO
OBSERVAÇÃO: POR QUE NÃO OLHAR DIRETAMENTE A VARIAÇÃO DO
PASSIVO MONETÁRIO DO BACEN?
• Seria mais fácil analisar diretamente a variação do passivo
monetário do BACEN para ver se houve variação em B,
mas isso pode resultar em um erro.
• Quando não se utiliza a regra de ouro da conta-resíduo,
pode-se deduzir que o aumento dos encaixes compulsórios
(Ec) aumentaria B, dado que B = PMPP + Et + Ec + Ev.
• Ao contrário, um aumento em Ec não aumenta nada no
ATIVO do BACEN, é só uma troca na composição dos
encaixes totais (ET).
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
MEIO DE PAGAMENTO
➢Conforme explicado, MP é criado e destruído
única e exclusivamente pelo Sistema Monetário
(SM).
➢Isso significa que uma transação financeira
envolvendo somente atores do SM não poderá
resultar na variação de MP. Afinal de contas, o
que ocorrer de entrada para um deles (por
exemplo o Bacen) significa a saída para o outro
(por exemplo BCs), portanto, serão canceladas.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIO DE PAGAMENTO
➢Adicionalmente, isso significa que uma
transação econômica envolvendo somente atores
que não pertencem ao SM não poderá resultar na
variação de MP, justamente por não modificar o
balancete do SM.
➢Apenas operações envolvendo uma instituição
do SM com outra que não pertence ao SM
podem criar ou destruir MP.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIO DE
PAGAMENTO
• Operações totalmente internas ou externas ao SM não promovem variação do MP:

Pessoas e instituições
Sistema Monetário que não compõem o SM
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIO DE
PAGAMENTO
• Para haver variação de MP, deve ocorrer uma operação financeira entre ambos (destruição no
exemplo):

$
Pessoas e instituições
Sistema Monetário que não compõem o SM

Ativo
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MEIO DE
PAGAMENTO
• Para haver variação de MP, deve ocorrer uma operação financeira entre ambos (criação no
exemplo):

Ativo
Pessoas e instituições
Sistema Monetário que não compõem o SM

$
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
MEIO DE PAGAMENTO
➢ Para analisar a variação dos MP, as regras de ouro a serem
utilizadas são as mesmas de B, exceto pelo fato de que agora
deve ser analisado o balancete de todo o Sistema Monetário
(isto é, Bacen e BC).
➢ Deve-se ter uma variação da conta do ATIVO do SM,
superior à variação do PASSIVO NÃO-MONETÁRIO.
➢ Só então deve-se observar uma possível variação da conta-
resíduo: as rubricas de MP.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
MP: EXEMPLOS
1) Venda de títulos públicos por parte do BACEN aos demais
bancos comerciais (BC):
• Essa operação não resultará em uma REDUÇÃO de MP,
uma vez que os BC comprarão tais títulos em posse do
BACEN.
• Isso significa que não haverá alteração da conta de ATIVO
do SM, apenas troca de pose do BACEN oara os BC.
• Do lado do Passivo, por outro lado, isso não representa
redução de nenhuma rubrica do Passivo Monetário.
CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE
MP: EXEMPLOS
1) Venda de títulos públicos por parte do BACEN aos demais
bancos comerciais (BC):
• Porém, em um momento posterior, “pode” ocorrer redução
no MP. Isso porque os BC, com menor volume de liquidez
pode ter dificuldade em conceder crédito, requerendo, ao
contrário, a contração deste.
• No entanto, essa é apenas uma possibilidade...
BALANCETE DO SISTEMA MONETÁRIO
ATIVO PASSIVO
- Reservas Internacionais (Passivo Monetário)
- Títulos Públicos e Privados - Meios de Pagamento
- Capital Imobilizado PMPP
- Empréstimos DV
- Redescontos e Empréstimos - Reservas Bancárias
- Reservas Bancárias - Redesconto e Empréstimos
- Outras aplicações (Passivo não-Monetário)
- Depósitos à Prazo
- Empréstimos do Exterior
- Patrimônio Líquido
- Outras fontes
TOTAL TOTAL
EXEMPLOS DE VARIAÇÃO DE MP

(1) Se um empresário exportador converteu seus dólares em reais em um BC,


haverá AUMENTO do MP porque os BC vão acumular US$, fazendo o
pagamento seja em papel moeda (moeda fiduciária) ou na forma de
depósitos a vista em conta corrente (DVBC).
O empresário necessariamente vai ter poder de compra imediato no mercado
nacional.
EXEMPLOS DE VARIAÇÃO DE MP

(2) Se um empresário exportador converteu seus dólares em reais a partir de


um corretor que não seja Sistema Monetário, não há expansão dos MP.
Isso ocorre porque há nesse caso uma simples "transferência" de MP das mãos
do corretor para o empresário. No balanço como um todo, não houve expansão
de MP, apenas transferência. Em outras palavras, isso se dá porque nem o
exportador nem o corretor fazem parte do sistema monetário.
EXEMPLOS

Na seção 2.6 do capítulo há diversos outros exemplos de


variação de MP. Tentem aplicar esse exemplos também ao
caso da base monetária (houve variação ou não em B em cada
um desses casos?).
ATUALIDADES

Em março de 2020, no início da crise atual, o BACEN tentou


expandir os MP para incentivar gastos e manter a economia
aquecida. No entanto, não teve muito sucesso. Leia a
reportagem e entenda o porquê.
Fonte: Folha de S. Paulo, 24/03/2020

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