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Fundações

TC-041 – Departamento de Construção Civil


Cezar Falavigna Silva
cezar.falavigna@ufpr.br
Fundações
Dimensionamento
3

Introdução
• Capacidade de carga geotécnica
• Carga máxima resistida pela fundação
• Limite onde os recalques se estabilizam
4

Introdução
• Método de valores admissíveis
• Tensão ou força adotada em projeto
que, aplicada pela fundação, atende,
com fatores de segurança
predeterminados, aos estados limites
último (ruptura) e de serviço
(deformações)
𝑃𝑎𝑑𝑚 = tensão/carga admissível
𝑅𝑘 𝑆𝑘 = carga característica (atuante)
𝑃𝑎𝑑𝑚 = 𝑃𝑎𝑑𝑚 ≥ 𝑆𝑘
𝐹𝑆𝑔 𝑅𝑘 = resistência característica
𝐹𝑆𝑔 = fator de segurança
5

Introdução
• Método de valores admissíveis
• Tensão ou força adotada em projeto
que, aplicada pela fundação, atende,
com fatores de segurança
predeterminados, aos estados limites
último (ruptura) e de serviço
(deformações)

• FS = 3 → fundações superficiais
• FS = 2 → fundações profundas
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Introdução
• Resistência de projeto
• Tensão ou força de ruptura geotécnica
dividida pelo coeficiente de minoração
da resistência última
• Também deve atender ao ELU e ao ELS
• Ideia
γ𝑓 = coef. de majoração das ações

𝑅𝑘 𝑆𝑘 = carga característica (atuante)


γ𝑓 𝑆𝑘 ≤
γ𝑚 𝑅𝑘 = resistência característica
γ𝑚 = coef. de minoração da resistência
7
• NBR 6122 (2019)
• 6.2.1.1.2 Coeficientes de ponderação para
verificação de tração, deslizamento e
Introdução tombamento
• Devem ser adotados os seguintes
coeficientes de ponderação:
• γm = 1,2 (minoração) para a parcela favorável
do peso;
• γm = 1,4 (minoração) para a resistência do
solo;
• γf = 1,4 (majoração) para o esforço atuante,
se disponível apenas o seu valor
característico; se já fornecido o valor de
cálculo, nenhum coeficiente de ponderação
deve ser aplicado a ele
8
• NBR 6122 (2019)
• 6.2.1.1.3 Fator de segurança global para
verificação de flutuação
Introdução • Consideradas todas as combinações mais
desfavoráveis (por exemplo, a elevação do
lençol freático), tanto nos esforços atuantes
quanto nos resistentes, deve ser observado
um fator de segurança global mínimo de 1,1.
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Determinação da
capacidade de • MÉTODOS TEÓRICOS
carga
• MÉTODOS SEMIEMPÍRICOS

• MÉTODOS PRÁTICOS
10

Determinação da
capacidade de
carga
11

Métodos para •

Métodos práticos
São realizados ensaios tipo prova de carga,
determinação da em que a fundação ou semelhantes são
capacidade de carga submetidos a carregamentos progressivos
até a iminência de “ruptura”

• Os ensaios são executados dentro da própria


área de fundação
• Prova de carga sobre placa
• Prova de carga estática em estacas
• Ensaio de carregamento dinâmico
12

Métodos para • Prova de carga estática em estacas

determinação da
capacidade de carga

• Prova de carga sobre placa


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Métodos para •

Métodos Semiempíricos
São correlações propostas a partir de
determinação da resultados de ensaios “in situ”
capacidade de carga
• Alguns métodos estimam a carga última
(Pult) e outros a carga admissível Padm=
Pult/FS

• No Brasil predominam os métodos


relacionados ao ensaio SPT
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Métodos para •

Métodos Semiempíricos
Pode-se estimar a tensão admissível do solo
determinação da através da seguinte correlação empírica
capacidade de carga
ഥ𝑆𝑃𝑇
𝑁
σ𝑎 =
5
N entre 5 e 20

• σa é a tensão admissível do solo em kgf/cm²


e N é o SPT médio no bulbo de tensões (duas
vezes a largura da sapata).
15

Métodos para • Exemplo

determinação da
capacidade de carga
16

Métodos para • Métodos semiempíricos

determinação da
capacidade de carga
17

Métodos para • Métodos semiempíricos

determinação da
capacidade de carga
18

Métodos para •

Métodos Teóricos
São estudos teóricos da estabilidade de uma
determinação da fundação inserida numa massa de solo
capacidade de carga
• Equilíbrio Limite
• Avalia o momento último da ruptura

• Linhas de escoamento
• Linhas prováveis de comportamento da
dinâmica da ruptura

• Expansão de cavidade
• Força para abrir ou fechar um furo no solo
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Comportamento de
uma sapata sob
carga vertical
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Comportamento de • “O valor de carregamento que promove a


ruptura (Fase III), em que se atinge a
uma sapata sob resistência da fundação, recebe o nome de
carga vertical capacidade de carga”
Pult
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Modelos de ruptura • A partir da observação de ensaios e de


catástrofes, constata-se que a capacidade
de fundações de suporte do solo provém dos modelos:

• Ruptura generalizada

• Ruptura localizada

• Ruptura por puncionamento

• O tipo de ruptura ocorrerá em função


• Compressibilidade do solo, geometria da
fundação, carregamento, embutimento
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Modelos de ruptura •

Ruptura generalizada
Existe um padrão bem definido
de fundações • Pouco antes da ruptura observa-se o
levantamento do solo na superfície
• Ruptura repentina e drástica
• Ocorre com mais frequência em fundações
rasas em solos pouco compressíveis (areias
compactas e argilas rijas)
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Modelos de ruptura • Ruptura generalizada

de fundações

Ruptura geral nas fundações de silos de concreto


armado (TSCHEBOTTARIOFF, 1978)
24

Modelos de ruptura •

Ruptura por puncionamento
O padrão de ruptura não é facilmente
de fundações observado
• O solo externo não é envolvido
• Típico de estacas e também de tubulões
com pequeno diâmetro
• Solos pouco competentes
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Modelos de ruptura •

Ruptura localizada
O padrão só é bem definido logo abaixo da
de fundações fundação
• Só desce; não gira
• Poucos incrementos de carga →
recalques acentuados

• Não há colapso catastrófico

• Ocorre com mais frequência em:


• Sapatas mais profundas
• Tubulões em geral
• Estacas com grande diâmetro
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Modelos de ruptura
de fundações

Condições de modos de ruptura geotécnica em areias


(VESIC, 1975)
27

Modelos de ruptura
de fundações

Condições de modos de ruptura geotécnica em areias


(VESIC, 1975)
28

Teoria de Terzaghi •

A partir de Prandtl (1921) e Reissner (1924):
Fundação corrida em solo homogêneo,
(1943) rígido-plástico
• Apenas o solo abaixo da sapata contribui
com a resistência

AC = Reta Zona I = zona ativa


CD = espiral logarítmica Zona II = zona de cisalhamento
DE = reta Zona III = zona passiva
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Teoria de Terzaghi • Ruptura generalizada

(1943) 1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 + γ𝐵𝑁γ
2
• qult = tensão máxima suportada pelo solo
• c = coesão
• q = sobrecarga ao nível da base = γH
• γ = peso específico do solo
• Nc, Nq, Nγ = fatores de capacidade de carga
• B = menor dimensão da sapata.
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Teoria de Terzaghi • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ

(1943)
Terzaghi e Peck, 1948
31

Teoria de Terzaghi • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ

(1943)
Terzaghi e Peck, 1967
32

Teoria de Terzaghi • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ

(1943)
33

Outros teorias • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ


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Fatores de correção • São fatores para adaptar o trabalho


original à outras condições

1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 + γ𝐵𝑁γ
2

1. Fator de forma
1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 + γ𝐵𝑁γ 𝑆γ
2
35
1
Fatores de correção 1. Fator de forma 𝑞𝑢 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 + γ𝐵𝑁γ 𝑆γ
2

Fatores de Forma de Terzaghi (1943)

Fatores de Forma de Vésic (1973)


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Fatores de correção 2. Embutimento


• Considera o quão profundo está a fundação
• Fundações rasas
• Terzaghi
• Fundações profundas
• Outras teorias (Meyerhof)
1
• Hansen: 𝑢𝑙𝑡
𝑞 = 𝑐𝑁 𝑆 𝒅
𝑐 𝑐 𝒄 + 𝑞𝑁 𝑆 𝒅
𝑞 𝑞 𝒒 + γ𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝒅𝜸
2
Para Df/B ≤1 Para Df/B > 1
𝐷𝑓 𝐷𝑓 −1 𝐷𝑓
𝑑𝑞 = 1 + 2 tg ϕ (1 − 𝑠𝑒𝑛ϕ) 𝑑𝑞 = 1 + 2 tg ϕ (1 − 𝑠𝑒𝑛ϕ) 𝑡𝑔
𝐵 𝐵 𝐵
𝐷𝑓 𝐷𝑓
𝑑𝑐 = 1 + 0,4 𝑑𝑐 = 1 + 0,4 𝑡𝑔−1
𝐵 𝐵
𝑑γ = 1 𝑑γ = 1
37

Fatores de correção 3. Compressibilidade do solo


• Areia fofa (N < 5)
• Argila mole (N < 6)

2
𝑐∗ = 𝑐
3
Usar ቐ 2
Φ∗ = 𝑡𝑔Φ∗ = 𝑡𝑔Φ
3

• Com c* e ɸ*, encontra-se Nc, Nq e Nγ, e usa-


se a equação original
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Teoria de Terzaghi • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ

(1943)
Terzaghi e Peck, 1967

2
𝑐∗ = 3 𝑐
Usar ቐ 2
Φ∗ = 𝑡𝑔Φ∗ = 𝑡𝑔Φ
3
39

Teoria de Terzaghi • Equações para o cálculo de Nc, Nq e Nγ

(1943)
Terzaghi e Peck, 1967

2
𝑐∗ = 3 𝑐
Usar ቐ 2
Φ∗ = 𝑡𝑔Φ∗ = 𝑡𝑔Φ
3

Se o ângulo de atrito Φ é substituído por


Φ*, os fatores de capacidade de carga
tornam-se N’c, N’q e N’ .
40

Fatores de correção 4. Carga excêntrica


• Considerar uma área fictícia b’ x l’ para que a
carga se “torne” centrada

𝑏 ′ = 𝐵 − 2𝑒𝑥

𝑙′ = 𝐿 − 2𝑒𝑦
41

Fatores de correção 4. Carga excêntrica


• Considerar uma área fictícia b’ x l’ para que a
carga se “torne” centrada

𝑏 ′ = 𝐵 − 2𝑒𝑥

𝑙′ = 𝐿 − 2𝑒𝑦
42

Fatores de correção 5. Carga inclinada


• Se a carga “N” estiver inclinada de um
ângulo “α” com a vertical

𝑉 = 𝑁. cos α

𝐻 = 𝑁. sen α
43

Fatores de correção 5. Carga inclinada


• Haverá uma redução da capacidade de carga
• Fatores ic, iq e iγ

1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝒊𝒄 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝒊𝒒 + γ𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝒊𝜸
2
44

Fatores de correção 5. Carga inclinada


• Fatores ic, iq e iγ

1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝒊𝒄 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝒊𝒒 + γ𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝒊𝜸
2

Fatores Meyerhof Hansen


α 2 𝐻
ic 1− 1−
90° 2𝑁
α 2 𝐻
iq 1− 1−
90° 2𝑐𝐵𝐿
2 2
α 𝐻
iγ 1− 1−
Φ 2𝑐𝐵𝐿
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Fatores de correção 6. Presença de água


• Influência da água na resistência ao
cisalhamento do solo
• Parâmetros de resistência em termos de
tensões efetivas
• Peso específico (γsolo)

γ𝑛 → 𝑠𝑒𝑐𝑜

γ𝑠𝑢𝑏 → 𝑠𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 (γ𝑠𝑢𝑏 = γ𝑠𝑎𝑡 − γ𝑤 )

γ𝑛 , γ𝑠𝑢𝑏 → 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 ou ou

1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 + 𝜸𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝑖𝛾
2
46

Fatores de correção 6. Presença de água


6.1. Para uma posição máxima NA (1)
• Para z > D + B: Nada a corrigir
47

Fatores de correção 6. Presença de água


6.2. Para D < z < D + B
• Utilizar a coesão saturada (csat)
• Corrigir o peso na 3ª parcela da equação:
γ𝑛 . 𝑎 + γ𝑠𝑢𝑏 . 𝑏
γ∗ =
𝑎+𝑏
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Fatores de correção 6. Presença de água


6.3. Para z < D
• Utilizar a coesão saturada (csat)
• No cálculo de q’, usar:
γ∗ = γ𝑛 . 𝑥1 + γ𝑠𝑢𝑏 . 𝑥2

• Na 3ª parcela da equação usar γsub


49

Fatores de correção 7.

Estratigrafia
Heterogeneidade do solo
• Ângulo de atrito e coesão equivalentes
• Menor valor (Φ e c) – mais conservador
1
𝑞𝑢𝑙𝑡 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 + 𝛾𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝑖𝛾
2

σ𝑛𝑖=1 tan Φ𝑖 𝐿𝑖
tan Φ𝑒𝑞 =
σ𝑛𝑖=1 𝐿𝑖

𝐿1
σ𝑛𝑖=1 𝑐𝑖 𝐿𝑖
𝑐𝑒𝑞 = 𝑛 𝐿2
σ𝑖=1 𝐿𝑖
𝐿3
𝐿4
50

Capacidade de 𝑞𝑢𝑙𝑡
1
= 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 + 𝛾𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝑖𝛾
suporte admissível 2
𝑞𝑢𝑙𝑡
𝑞𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆
51

Capacidade de 𝑞𝑢𝑙𝑡
1
= 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 + 𝛾𝐵𝑁γ 𝑆γ 𝑑𝛾 𝑖𝛾
suporte admissível 2
𝑞𝑢𝑙𝑡
𝑞𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆

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