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PROVA DE CARGA ESTÁTICA EM ESTACA

(AULA 20)

 Realizados ensaios em que a fundação é submetida a carregamentos


progressivos até a iminência de “ruptura”.
 Os ensaios são executados dentro da própria área de fundação:

Prova de carga estática em estacas

Ensaio de carregamento dinâmico

Ignorar os valores reais de capacidade de carga traz uma consequência grave


desconhecimento do fator de segurança real da fundação.
Importância do ensaio
Ideal: dispormos, para os diferentes tipos de estacas, de instrumentos de monitoração
e de metodologias para avaliar a capacidade de carga durante a execução de cada
estaca de uma fundação, ou de um número de estacas estatisticamente representativo,
para, com isso, obtermos os valores reais de capacidade de carga.
Uma grande vantagem da prova de carga estática é se tratar de um ensaio onde se
repercute o complexo comportamento do conjunto solo-fundação.
Quando as condições desta Tabela não ocorrerem, devem ser feitas provas de
carga em no mínimo 1 % das estacas, observando-se um mínimo de uma prova de
carga, qualquer que seja o número de estacas.

Montagem e Execução do Ensaio


O ensaio consiste em aplicar esforços à fundação profunda e registrar os
deslocamentos correspondentes. Os esforços aplicados podem ser tração, compressão
ou flexocompressão, nas direções vertical, horizontal ou inclinada.

 Identificação da curva carga-recalque;


 Avaliação da carga admissível da estaca;
 Aplicação de cargas conhecidas no topo da estaca:
 Estágios sucessivos e iguais;
 Monitoração dos recalques;
 Atingir a carga de ruptura ou pré-definida e descarregar.
 Sistemas de reação:

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 Cargueira, estacas de reação e tirantes.
Montagem e Execução do Ensaio

CARGUEIRA
Consiste de um caixão preenchido com algum material (areia, chapas de aço, blocos
de concreto) que garanta o peso para a reação. Trata-se de um sistema de reação
pioneiro, hoje praticamente em desuso, a não ser em alguns casos de ensaios com
cargas menos elevadas.
ESTACAS DE REAÇÃO
Geralmente verticais e sempre integralmente armadas a tração, são instaladas ao redor
da estaca de ensaio e fixadas em uma viga metálica para formar o sistema de reação.
TIRANTES
Este sistema é semelhante ao anterior, substituindo as estacas de reação por tirantes,
geralmente inclinados, presos em uma carapaça e ancorados no maciço de solo ou
rocha. Este sistema possibilita ensaios com cargas mais elevadas.

A proximidade das estacas de reação em relação à estaca de ensaio pode afetar o


resultado da prova de carga. Desta forma, de acordo com a NBR 16903/2020, a
distância mínima entre o sistema de reação e a estaca-teste deve ser de três vezes o
diâmetro equivalente da estaca-teste;
Esta medida é feita do eixo da estaca-teste ao eixo do elemento de reação e não deve
ser inferior a 1,5m;
No caso de reação contra a estrutura ou cargueiras, a distância mínima é do eixo da
estaca-teste até o ponto mais próximo do apoio do sistema de reação.
Montagem e Execução do Ensaio

Todos os dispositivos de medição que compõem a prova de carga devem estar


protegidos, de modo a estarem abrigados em caso de intempéries. Dentro de um raio
de 30 m da estaca-teste, não podem haver vibrações que possam interferir nas leituras
durante todo o transcorrer do ensaio.

As cargas aplicadas devem ser medidas através de célula de carga ou manômetro


instalado no conjunto hidráulico.
 O conjunto hidráulico é composto por manômetro, cilindro e bombas hidráulicas.
 A célula de carga confere maior exatidão aos valores medidos, sendo instrumentada
por strain gages – extensômetros elétricos de resistência.

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Os deflectômetros são instrumentos, que podem ser analógicos, digitais, resistivos ou
indutivos, utilizados para medir os deslocamentos do elemento de fundação durante a
aplicação de carga. Os deflectômetros devem ter resolução mínima de 0,01 mm e
curso mínimo de 50 mm.
 Os deslocamentos verticais do topo da estaca, ou do bloco de coroamento, devem
ser medidos simultaneamente através de quatro deflectômetros instalados em dois
eixos perpendiculares em relação às vigas de referência.

O carregamento do ensaio pode ser de quatro tipos:


a) lento (PCE);
b) rápido (PCR);
c) misto (lento seguido de rápido) (PCM);
d) cíclico, lento (PCCL) ou rápido (PCCR).

Ensaio com carregamento lento (PCE)


 Carga Mantida Lenta;
 O carregamento deve ser executado em estágios iguais e sucessivos;
 A carga aplicada em cada estágio não pode ser superior a 20 % da carga de trabalho
prevista para a estaca-teste;

Ensaio com carregamento lento (PCE)


 Carga máxima pretendida no ensaio  definida pela NBR 6122:
 As provas de carga executadas exclusivamente para avaliação de desempenho
devem ser levadas até que se atinja pelo menos 2Pa ou até que se observe um
deslocamento que caracterize ruptura.
 Caso exista prova de carga prévia, as provas de carga de desempenho devem ser
levadas até que se atinja pelo menos 1,6Pa ou até que se observe um deslocamento
que caracterize ruptura.

Ensaio com carregamento lento (PCE)


 Em todos os estágios a carga é mantida até atingir a estabilização dos recalques,
respeitando a duração mínima de 30 minutos;

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 Em cada estágio, devem ser realizadas leituras dos deslocamentos e da carga
aplicada nos seguintes períodos, contados a partir da aplicação da carga
correspondente: 5 min, 10 min, 15 min e 30 min;
 Caso não ocorra a estabilização no período de 30 min, deve-se realizar leituras a
cada 15 min, até se atingir a estabilização e o tempo mínimo de estágio de 60 min.
Caso não seja atingida a estabilização, o tempo máximo de cada estágio é limitado a
120 min;

Ensaio com carregamento lento (PCE)


 Critério de estabilização dos recalques:
 A estabilização dos deslocamentos é atendida quando a diferença entre duas leituras
consecutivas corresponder a no máximo 5 % do deslocamento no estágio conforme a
seguinte equação:

DL é o deslocamento médio da leitura atual, expresso em milímetros (mm);


DLA é o deslocamento médio da leitura anterior, expresso em milímetros (mm);
DEA é o deslocamento médio final do estágio anterior, expresso em

Ensaio com carregamento lento (PCE)


 Último estágio da fase de carregamento:
 Após o término do último estágio de carregamento, caso não seja caracterizada a
ruptura nítida, deve ser feita uma leitura de 12 h, para, em seguida, proceder ao
descarregamento.
 Descarregamento em 4 estágios:
 Cada estágio é mantido até a estabilização dos deslocamentos. O tempo mínimo de
cada estágio de descarregamento é de 15 min;
 Deve ser feita uma leitura após retirar toda carga do sistema e outra após 30 min.
 O recalque estabilizado indica o deslocamento permanente.

Ensaio com carregamento lento (PCE)


No final do ensaio, com o par de valores P x ρ, determina-se uma curva carga-
recalque. Essa curva passa pelos pontos referentes ao final de cada estágio (recalques
estabilizados).

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Ensaio com carregamento rápido (PCR)
 Carga Mantida Rápida;
 O carregamento deve ser executado em estágios iguais e sucessivos, com
acréscimos de carga não superior a 10% da carga de trabalho prevista em projeto, com
duração de 10 min;
 Estágios com duração padronizada sem estabilização dos recalques;
 Melhor definição da curva carga-recalque – maior número de pontos.

Ensaio com carregamento rápido (PCR)


 Em cada estágio, devem ser realizadas leituras dos deslocamentos e da carga
aplicada imediatamente após a aplicação da carga correspondente e no final do
estágio;
 Após o término do último estágio de carregamento, antes de iniciar o
descarregamento, devem ser feitas quatro leituras adicionais: 30 min, 60 min, 90 min e
120 min;
Ensaio com carregamento rápido (PCR)
O descarregamento deve ser feito em, no mínimo, 4 estágios, cada um mantido por 10
min;
 Deve ser feita uma leitura após retirar toda carga do sistema e outra após 30 min;
 Não estabilização dos recalques acarreta em menores recalques.

Ensaio com carregamento misto (PCM) - lento, seguido de rápido


 O ensaio é feito com carregamento lento até 1,2 vez a carga de trabalho da estaca;
 A seguir, executa-se o ensaio com carregamento rápido;
 Vantagens:
o Recalque estabilizado para Pa e uma duração menor de ensaio; o Estágios rápidos
na fase que seriam mais demorados.

ENSAIO CÍCLICO LENTO (PCCL)


 O carregamento deve ser feito em ciclos de carga-descarga, com incrementos iguais
e sucessivos, observando-se que:
 o o incremento de carga, entre ciclos sucessivos de carga- descarga, não seja
superior a 20% da carga de trabalho prevista para a estaca-teste;
 o em cada ciclo de carga-descarga, a carga máxima, aplicada de uma só vez
(um estágio), seja mantida até a estabilização dos deslocamentos e no mínimo
por 30 min;
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 o os demais critérios devem atender ao descrito para o ensaio com
carregamento lento.

ENSAIO CÍCLICO RÁPIDO (PCCR)


 O carregamento é feito em ciclos de carga-descarga, com incrementos iguais e
sucessivos, observando-se que:
 o recalque máximo do topo deve ser de no mínimo 10 % a 20 % do diâmetro da
estaca, de forma a assegurar, para as cargas máximas dos ciclos finais, o
esgotamento do atrito lateral e que se avance no desenvolvimento da resistência
de ponta;
 o os demais critérios devem atender ao descrito para o ensaio com
carregamento rápido.

MODOS DE RUPTURA

“Nos modos de ruptura geotécnica em provas de carga, a palavra ruptura


tem um significado semântico especial, sem qualquer relação com
destruição, quebra, ruína ou inutilização.
Reensaios na mesma estaca comprovam que a capacidade de carga é no
mínimo igual ao valor anterior, podendo até aumentar, mesmo que antes
tenha havido ruptura ou sido atingido um recalque elevado. Assim, a
ocorrência de ruptura geotécnica na prova de carga não condena uma
estaca e, por isso, a prova de carga pode ser conduzida sobre estacas da
obra, além da opção de ensaios em estacas adicionais à parte do
estaqueamento” (Cintra et al.,2013).

Ruptura Nítida
 Ocorre a verticalização da curva P x ρ antes do último estágio;
 Os recalques são incessantes, impossibilitando a continuidade do
carregamento;
 Atinge-se a resistência máxima do sistema estaca-solo;
 A carga correspondente ao trecho vertical define o valor da capacidade
de carga (R), sem requer interpretação para ser determinado.
Ruptura Física
Curva do tipo aberta;
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 Os pontos na fase de carregamento constituem parte de um gráfico
assintótico a uma reta vertical;
 A capacidade de carga R é definida pela assíntota vertical;
 O valor de R é inatingível no ensaio.
Curva sem ruptura nítida ou física
 Ruptura convencional;
 Ponto convencionado que representa a capacidade de carga.

INTERPRETAÇÃO DA CURVA CARGA X RECALQUE


 Os critérios para a determinação do valor da capacidade de carga
precisam ser objetivos;
 Nenhum critério apenas visual deve ser aplicado, devido a um problema
de escala do desenho.

CARGA MÁXIMA DE ENSAIO


carga máxima a ser aplicada em uma prova de carga tem o limite superior
imposto pelo sistema de reação;
 Quanto mais baixo for esse limite, menos onerosos serão os ensaios;
 Quanto maior esse limite – respeitada a resistência estrutural da estaca
– maiores as chances de definir-se melhor a curva carga x recalque
 atingindo-se recalques mais elevados e aproximando-se ou
evidenciando a ruptura, minimizando ou até dispensando a extrapolação
da curva, facilitando a interpretação

 Mesmo com o limite de 2 Pa a grande maioria das provas de carga é


descarregada sem atingir a ruptura  ruptura nítida;
 A ruptura atingida em ensaio constitui uma minoria, quase uma exceção.
Na maioria dos casos, a ruptura é inatingível;
 É possível atingir em ensaio a carga correspondente à ruptura
convencional.
Em cada estágio de carga,pode-se determinar o esforço normal em cada
seção instrumentada, o que permite separar as parcelas de resistência por
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atrito lateral e de ponta, e além disso determinar o diagrama de
transferência de carga da estaca.

ENSAIO DE CARREGAMENTO DINÂMICO


(AULA 21/22)
 NEGA DE CRAVAÇÃO
 No caso de estacas cravadas à percussão – pré-moldadas de concreto,
metálicas ou de madeira – costuma-se fazer o controle
da capacidade de carga, durante a cravação, pela “nega”;
 A nega corresponde à penetração permanente da estaca, quando sobre
a mesma se aplica um golpe de martelo;
 A cravação de estacas com um bate-estacas aplicando golpes de
martelo em seu topo, geralmente é mais fácil no início. Com o avanço da
cravação, a penetração por golpe vai diminuindo, pois a resistência à
cravação aumenta gradativamente.

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 Quando a energia aplicada pelo sistema não apresentar mais um
rendimento suficiente, é hora de encerrar a cravação da estaca;
 Como critério objetivo de parada atende-se à tradicional nega de
cravação com valor geralmente especificado em projeto de 1mm/golpe a
3mm/golpe ou 10mm/10 golpes a 30mm/10 golpes – a medida em campo
é sempre realizada por meio de 10 golpes consecutivos do martelo;
 No início da cravação, a nega é muito alta, atingindo alguns diâmetros
da estaca por golpe;
 Próximo do final da cravação, a estaca nega-se a ser cravada!
Enquanto houver negas superiores a 10% do diâmetro da estaca, tem-se a
ruptura do solo, isto é, a mobilização da máxima resistência do sistema
estaca-solo;
 Para negas inferiores a esse valor, a energia aplicada na cravação é
insuficiente para provocar a ruptura, mobilizando apenas parte da
resistência máxima e não atingindo a capacidade de carga;
 Assim, quando a estaca “dá nega” a mobilização da resistência
máxima não está ocorrendo, o que torna inconsistente a correlação dessa
nega com a capacidade de carga do sistema estaca-solo.

No processo de cravação, o topo da estaca sofre, a cada golpe do martelo,


um deslocamento vertical para baixo que compreende não só a nega (S),
mas também uma parcela de deslocamento elástico, recuperável, o
denominado repique (K);
 CONTROLE DE NEGA E REPIQUE
 Cessado o efeito do golpe, o deslocamento se resume à nega, que
representa uma penetração permanente da estaca no terreno.
 Deslocamento máximo (D) é dado pela soma de duas parcelas:
D=S+K

Para a medida manual da medida conjunta de nega e repique para dez


golpes consecutivos de martelo, prende-se uma folha de papel no topo da
estaca e encosta-se ela a ponta de um lápis, o qual deve estar apoiado em
uma régua fixa que sirva de referência;
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 O repique elástico também é composto por duas parcelas,
representadas por C2 e C3:
K = C2+C3
C2 – deslocamento decorrente do encurtamento elástico da estaca;
C3 – deslocamento decorrente da deformação elástica do solo sob a
ponta da estaca, o chamado quake do solo.

Obtenção manual da medida de nega e repique


O registro manual de nega e repique exige a presença de um operário
próximo à estaca para segurar o lápis durante os impactos do martelo no
topo da estaca.
Fórmulas dinâmicas

 Uma fórmula bastante conhecida é a de Chellis (1951), em que o valor


da resistência estática (Ru ) é considerado diretamente proporcional ao
encurtamento elástico da estaca (C2):
Ru= c2 * (E*A/L’)
C2-K*C3
K é repique elástico e c3 pega em função do tipo de solo.
em que L’ é o comprimento equivalente da estaca, que depende do
mecanismo de transferência de carga da estaca.
 Velloso (1987) propõe: L’ = αL, com α=1 se a carga total for resistida
pela ponta da estaca e α=0,5 se a carga total for resistida por atrito lateral.
Em casos intermediários, pode-se adotar α=0,7, de acordo com Aoki
(1991).

TEORIA DA EQUAÇÃO DA ONDA

A análise da capacidade de carga em estacas cravadas passou a ser feita


de forma mais apropriada com o advento da Teoria da
Equação da Onda.
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 A equação a onda é uma equação diferencial de derivadas parciais de
segunda ordem.

Equação de onda e a cravação de uma estaca


 Cravação da estaca em solo que não oferece resistência: onda de
tensão de compressão é refletida como uma onda de tração. Essas
tensões podem danificar a estaca de concreto armado que não tenha sido
dimensionada para estes esforços.
 Estaca em uma camada muito resistente: a tensão de compressão é
dobrada na ocasião da superposição. Essas tensões de compressão
podem danificar seriamente a ponta.
Tensões em estaca cuja ponta não encontra resistência
Neste caso, a resistência de ponta da estaca é nula, Rp=0, ou seja:
Rp = F = 0 ->F + F = 0

Equação de onda e a cravação de uma estaca


No problema da cravação de uma estaca, o meio oferece resistência ao
deslocamento. A resistência lateral oferecida pelo solo possui duas
componentes: uma estática e outra dinâmica.
Rt=Ru+Rd
Método numérico proposto por Smith
Smith (1960) desenvolveu um método para a solução da equação da onda
aplicada à cravação de estacas. Nele, martelo, sistema de amortecimento,
estaca e solo são representados por componentes como massas, molas e
amortecedores.
Método numérico proposto por Smith
Rt=Ru+Rd
Ru = parcela estática com comportamento elastoplástico
Rd= parcela dinâmica.

PROVA DE CARGA DINÂMICA

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O desenvolvimento do modelo numérico de Smith para a solução da equação da onda
aplicada à cravação de estacas, bem como o desenvolvimento da eletrônica, que
viabilizou o registro acurado de força e aceleração no topo da estaca durante o impacto
da cravação, criou condições para o surgimento do ensaio conhecido como prova de
carga dinâmica.
O comportamento da estaca submetida a um carregamento
 dinâmico possibilita a avaliação da capacidade de carga.
 Verificar a integridade da estaca.
O ensaio tradicional consiste na aplicação de um ciclo de impactos – 10 golpes de
energia aproximadamente constante.

Equipamento e instrumentação
 Transdutores de deformação específica e de aceleração  força e deslocamento em
uma seção no topo da estaca, durante a propagação da onda ao longo do fuste.
 Para determinação da força, é adotado o módulo de elasticidade
dinâmico do material da estaca:
E= ρc2 ρ é a massa específica e c a velocidade da onda.
 A velocidade e o deslocamento do ponto instrumentado são obtidos pela integração
da aceleração medida pelos acelerômetros.

Equipamento e instrumentação
 O PDA (Pile Driving Analyser) é um equipamento portátil para a
aquisição dos registros e o processamento dos sinais obtidos pela
instrumentação.
 O processador utiliza a teoria de propagação das ondas:
o Força máxima no impacto (FMX);
o Energia máxima no golpe (EMX);
o Resistência estática mobilizada (RMX);
o Deslocamento máximo da estaca durante o impacto (DMX);
o Integridade da estaca;
o Tensões máximas na estaca;
o Eficiência do equipamento da cravação.

EXECUÇÃO

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A NBR 12308 (ABNT, 2007) recomenda que sejam utilizados, no mínimo, seis
transdutores, sendo 4 de deformação específica e 2 acelerômetros.
Após o término da montagem da instrumentação e conexão ao sistema registrador e
processador de dados (PDA), inicia-se, por meio de golpes de martelo, o carregamento
dinâmico da estaca.

Vantagens
 Ensaio vantajoso quanto ao custo e duração, possibilitando a avaliação da
capacidade de carga de uma maior amostra de estacas na obra – maior
representatividade;
 Maior amostra  curva de distribuição das resistências  estimativa da probabilidade
de ruína da fundação;
 Há casos em que o ensaio dinâmico constitui quase a única opção
 obra offshore ou no caso de estacas de capacidade de carga muito elevada, por
exemplo;
Vantagens
 Capacidade de carga é inferida durante a própria cravação da estaca;
 Avaliação da recuperação e perda de resistência que ocorrem em certos solos com a
cravação de estacas;
 Obtenção separada das parcelas de resistência lateral e de ponta do sistema estaca-
solo;
 Verificação da integridade da estaca.

Interpretação dos resultados


 Os sinais coletados em campo são interpretados, na seção instrumentada, ao longo
do tempo de propagação da onda, como curvas de força, velocidade x impedância,
wave up, wave down, deslocamento e energia.
 Os resultados podem ser interpretados pela teoria da equação da onda: Método
CASE (desenvolvido no Case Institute of Technology) e Método CAPWAP (case pile
wave analysis program).
 Quando a onda viaja no sentido descendente, cada vez que é oferecida resistência
ao longo da estaca ela é refletida no sentido ascendente;
 A onda de força medida na seção instrumentada é a sobreposição da onda
descendente com a onda ascendente  a curva de força afasta-se da curva velocidade
x impedância após o momento de máxima intensidade do impacto (t=t1
 Caso não houvesse resistência do solo ao longo da estaca, as duas curvas estariam
sobrepostas até o tempo t2 = t1 +2L/c;

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 Como existe resistência devido ao solo que envolve a estaca, as curvas afastam-se,
e pela diferença é definida a resistência por atrito lateral que provocou as ondas
refletidas;
 Após o tempo 2L/c a diferença decorre também da resistência de ponta da estaca.
Para a avaliação da qualidade do sinal da instrumentação, verifica-se se a curva
velocidade x impedância coincide com a curva de força no momento do impacto (t=t1 )
 é satisfatório quando essas curvas se sobrepõem no início da onda.
Se a resistência de ponta for pequena ou nula, a onda refletida é de tração e soma-se à
onda descendente, de modo que a velocidade aumenta e a força diminui ao longo do
tempo 2L/c.
Caso a resistência de ponta elevada, a onda refletida é decompressão, provocando o
aumento do sinal da força e diminuindo o sinal de velocidade.

CASE e CAPWAP
 NBR 13208/2007
“os dados obtidos e processados pelo método simplificado do tipo CASE devem ser
confirmados e calibrados por meio de análise numérica rigorosa, do tipo CAPWAP, e/ou
por uma prova de carga estática”.
 A mesma norma recomenda a realização da prova de carga dinâmica “em pelo
menos 5% das estacas da obra e no mínimo três ensaios; para cada estaca ensaiada
deve ser processada pelo menos uma análise do tipo CAPWAP”.

Método CAPWAP (case pile wave analysis program)


 Neste método o sistema estaca-solo é modelado de acordo com a proposição de
Smith (discretiza todo o sistema em elementos de massa, mola e amortecedores) e
com base no perfil geotécnico do local em que a estaca está instalada;
 A modelagem do sistema é ajustada para coincidir com as respostas medidas no
ensaio. Quanto melhor o ajuste entre as curvas, maior será a precisão do valor de
resistência estática;
 A análise do CAPWAP constitui um processo interativo no qual os parâmetros da
estaca e do solo devem ser adotados para a modelagem inicial.
Método CAPWAP
Tem-se como resultado típico de análise CAPWAP após interação:
 Comparação da força medida com a força calculada na seção instrumentada;
 Curvas de força e velocidade obtidas pelo PDA em campo;
 Curvas carga x recalque na cabeça e na ponta da estaca;

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 Gráfico referente à distribuição de resistência por atrito lateral e diagrama de
esforços normais ao longo da estaca.
Controle da integridade da estaca
 Pode-se detectar descontinuidades ou reduções em uma seção
qualquer da estaca;
 A verificação de integridade do fuste da estaca pode ser feita pormeio dos registros
de força e velocidade obtidos no PDA;
 Quando a onda sofre uma reflexão ao encontrar uma variação de impedância
(possível dano), é causada uma mudança na força e na velocidade medida no topo da
estaca.

Energia crescente
A utilização de energia crescente nos sucessivos golpes em vez da energia constante
do ensaio tradicional foi apresentado por Aoki (1989). Aplica-se uma série de golpes do
martelo de peso W caindo

ENSAIO DE INTEGRIDADE - PIT


Estacas pré-fabricadas podem ser danificadas pelas tensões geradas em sua
cravação;
 Estacas escavadas e as do tipo hélice contínua podem apresentar danos estruturais
em razão de problemas de execução;
 PIT (pile integrity tester) – ensaio não destrutivo exclusivo com a finalidade de
verificar a integridade das estacas de uma obra, com base na interpretação da onda de
tensão gerada por golpes na cabeça da estaca.
 Para a realização do ensaio PIT é instalado um acelerômetro no topo da estaca e em
seguida são aplicados golpes com um martelo de massa entre 0,5 kg e 5 kg (a
depender do tamanho da estaca testada);
Os sinais obtidos no acelerômetro são interpretados em um microcomputador
(equipamento PIT);
 No PIT, a integridade da estaca é analisada pela variação da impedância ao longo do
fuste  avaliada pela variação do sinal da velocidade.
O impacto do martelo gera uma onda que viaja ao longo do fuste da estaca e que é
refletida em razão de mudanças nas condições do fuste – variação da seção ou
descontinuidades;
 Eventuais anomalias encontradas no PIT nem sempre comprometem a utilização da
estaca;
 A detecção de variação de seção, peso específico ou módulo de elasticidade da
estaca ao longo do fuste é possível até comprimentos de 30 a 50 vezes o diâmetro;

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 Não é possível detectar outros danos localizados abaixo do primeiro grande dano na
estaca.

ESCOLHA DE FUNDAÇÕES
(escolha das fundações)

Escolha de Fundações
 A escolha do tipo mais adequado de fundação para uma estrutura depende da
profundidade em que se encontra a camada portante, da capacidade de carga, da
heterogeneidade do solo, do tipo de superestrutura em análise, dentre outros fatores.
Satisfaz as condições técnicas e econômicas da obra
Critérios de Projeto
São diversas as variáveis a serem consideradas para a escolha do tipo de fundação. É
preciso analisar os critérios técnicos necessários para o desenvolvimento de um projeto
de fundação. Os principais itens a serem considerados são:
 Topografia da área
 Dados geológicos-geotécnicos
 Dados da estrutura a construir
 Dados sobre construções vizinhas
Levantamento topográfico (planialtimétrico);
 Dados sobre taludes e encostas no terreno, ou que possam, no caso de acidentes,
atingir o terreno;
 Necessidade de efetuar cortes e aterros;
 Dados sobre erosões;
 Presença de obstáculos, como aterros com lixo ou matacões.

Dados geológicos-geotécnicos

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Investigação do subsolo;
 Variabilidade das camadas e a profundidade de cada uma delas;
 Existência de camadas resistentes ouadensáveis;
 Compressibilidade e resistência dos solos;
 Posição do nível de água.
Dados da estrutura a construir
Tipo e que terá a nova obra;
 Sistema estrutural; Cargas (ações nas fundações):
 Permanentes;
 Variáveis;
 Excepcionais
Dados sobre construções vizinhas
 O tipo de estrutura e das fundações vizinhas;
 Desempenho das fundações;
 Existência de subsolo;
 Possíveis consequências de escavações e vibraçõesprovocadas pela nova obra;
 Danos já existentes.

Nas zonas urbanas, as condições das construções vizinhas


constituem, frequentemente, o fator decisivo na definição da
solução de fundação.
 Realizado esse estudo, são descartadas as fundações que oferecem limitações de
emprego para a obra em que se está realizando a análise.
 Alguns projetistas de fundação elaboram projetos com diversas soluções, para que o
construtor escolha o tipo mais adequado de acordo com o custo, disponibilidade
financeira e o prazo desejado.
Requisitos de um projeto de fundação
Os requisitos básicos a que um projeto de fundações deverá
atender são:
o Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho; ELS
o Segurança adequada ao colapso do solo de fundação – estabilidade externa;
o Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais – estabilidade
interna.ELU
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Alternativas de Fundação
 Fundações superficiais ou diretas;
 Fundações profundas.
A distinção entre estes dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de que uma
fundação profunda é aquela cuja ruptura de base não atinge a superfície do terreno.

 Tipos de fundações rasas ou diretas


 Bloco – altura relativamente grande, sem armadura;
 Sapata – concreto armado, menor altura que os blocos;
 Sapata corrida – sujeita a ação de uma carga distribuída linearmente ou pilares em
um mesmo alinhamento;
 Sapata associada – sapata que recebe mais de um pilar, não alinhados;
 Radier – elemento de fundação superficial que recebe parte ou todos os pilares de
uma estrutura.
Tipos de fundações profundas
 Estaca – cravada ou escavada, e, até mesmo, mista;o Brocaso Strausso Pré-
moldadas de concreto,o Franki.o Metálicas,o Escavadas,o Raiz
Tipos de fundações profundas
 Tubulão – difere da estaca pelo seu processo construtivo, que envolve a descida de
operário;
 Caixão – elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na
superfície e instalado por escavação interna.
Tipos de fundações mistas
 Sapata sobre estaca – associação de sapata com uma estaca (estaca T);
 Radiers estaqueados
Critérios gerais
Algumas características da obra podem impor certo tipo de fundação;
 Outras obras permitem uma variedade de soluções. Neste caso é interessante
proceder-se a um estudo de alternativas e escolher
com base em:
• Menor custo;
• Menor prazo de execução.
No estudo de alternativas, pode-se incluir:
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• Mais de um tipo de fundação superficial;
• Mais de um nível de implantação;
• Mais de um tipo de fundação profunda.
 Na avaliação de custos e prazos, deve-se considerar:
• Necessidade de escavações e reaterros;
• Estudar mais de uma alternativa e comparar.
• Além do custo direto para a execução do serviço, deve-se considerar o prazo de
execução. Há situações em que uma solução mais custosa oferece um prazo de
execução menor, tornando-se mais atrativa.

ESCOLHA DE FUNDAÇÕES: FUNDAÇÃO SUPERFICIAL


São os elementos de fundação mais simples e quando é possível sua adoção, os mais
econômicos.
 Blocos
• Mais econômicos que as sapatas para cargas reduzidas, quando o consumo de
concreto é pequeno e justifica a eliminação da armação;
• Não há restrição para cargas elevadas.
 Fundação associada (viga, sapata associada ou radier) é adotada quando:
• As áreas das sapatas imaginadas para os pilares se aproximam umas das outras ou
se interpenetram;
• Quando se deseja uniformizar os recalques (fundação associada).
Quando uma ou duas condições anteriores são satisfeitas em parte da obra  adota-se
a sapata associada nesta área e
fundações isoladas no restante da obra;
 Quando são satisfeitas em quase toda a área da obra  adota-se o radier.
Tipos de radiers
Escolha de Fundações: fundação superficial:Radier liso. Radier com pedestais Radier
em caixão
Esse tipo de fundação não deve ser usado nos seguintes casos:
Escolha de Fundações: fundação superficial
 Aterro não compactado;
 Argila mole;
 Areia fofa e muito fofa;

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 Existência de água onde o rebaixamento do lençol freático não se justifica
economicamente.
ESCOLHA DE FUNDAÇÕES: FUNDAÇÃO PROFUNDA
Na escolha do tipo de estaca é preciso levar em conta os seguintes aspectos:
1)Esforços nas fundações;
2) Características do subsolo, em particular quanto à ocorrência de:
• Argilas muito moles, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in-situ;
• Solos muito resistentes (compactos ou com pedregulhos) que devem ser
atravessados, dificultando ou impedindo a cravação de estacas de concreto pré-
moldadas;
Na escolha do tipo de estaca é preciso levar em contabos seguintes aspectos:
2) Características do subsolo, em particular quanto à ocorrência de:
• Solos com matacões, dificultando ou impedindo o emprego de estacas cravadas de
qualquer tipo;
• Nível de água elevado, dificultando a execução de estacas de concreto moldadas in
situ sem revestimento ou uso de lama bentonítica;
• Aterros recentes (em processo de adensamento) sobre camadas moles.
Na escolha do tipo de estaca é preciso levar em conta os seguintes aspectos:
3)Características do local da obra, em particular:
• Terrenos acidentados, dificultando acesso de equipamentos pesados;
• Local com obstrução na altura, como telhados e lajes  dificultam o acesso de
equipamentos altos;
• Obra muito distante de um grande centro  encarecem o transporte de equipamento
pesado.
Na escolha do tipo de estaca é preciso levar em contaos seguintes aspectos:
Características das construções vizinhas, em particular quanto a:
• Tipo e profundidade das fundações;
• Sensibilidade a vibrações;
• Danos já existentes.

Não há regras para escolha do tipo de estaca, sendo muito importante a experiência
para esta definição.

PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO
 Faixa de carga  200 a 1500 kN

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 Não são recomendadas nos seguintes casos:
 Terrenos com presença de matacões ou camadas de pedregulho;
 Terrenos em que a previsão da cota de ponta da estaca seja muito variável, de forma
que não seja possível selecionar regiões de comprimento constante;
 Caso em que as construções vizinhas se encontrem em estado “precário”, quando as
vibrações causadas pela cravação dessas estacas possam criar problemas.
FRANKI
 Faixa de carga  550 a 1700 kN
 Processo executivo causa muita vibração;
 Pode ser utilizadas para o caso de a camada resistente encontrar- se a
profundidades variáveis;
 Não são recomendadas nos seguintes casos:
 Terrenos com matacões;
 Caso em que as construções vizinhas se encontrem em estado “precário”;
 Terrenos com camadas de argila mole saturada – problema de estrangulamento do
fuste analogamente ao que ocorre com estacas Strauss.

METÁLICAS
 Faixa de carga  400 a 3000 kN
 Embora seja o tipo de estaca mais cara, por unidade de carga, a mesma pode ser
uma solução vantajosa nos seguintes casos:
 Quando não se deseja vibração durante a cravação;
 Quando servem de apoio a pilares de divisa  eliminam o uso de vigas de equilíbrio
e ajudam no escoramento, caso de subsolos.
ESCAVADAS
 Cargas elevadas  acima de 1500 kN
 Executadas geralmente com o uso de lama bentonítica;
 Não causam vibração, porém necessitam de área relativamente grande para a
instalação dos equipamentos para sua execução.
TUBULÕES
 Tubulões de céu aberto são utilizados para praticamente para qualquer faixa de
carga;
 Tubulões de ar comprimido são usados para cargas elevadas (acima de 3000 kN);
 Tubulões a céu aberto são usados acima do nível da água, ou abaixo, se o terreno
for argiloso, desde que seja possível esgotar a água com o auxílio de bomba;
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 Quando não for possível, executa-se os tubulões de ar comprimido.

Uma obra pode apresentar condicionantes especiais que influenciarão na


escolha da fundação desde o início a concepção do projeto:
Edifícios em zona urbana e com subsolos;
 Edifícios em encostas;
 Edifícios industriais;
 Pontes e viadutos.

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