OFICINAS PEDAGÓGICAS: POR UMA ESCUTA AGROECOLÓGICA E ARTÍSTICA
COORDENADOR(A) : Prof.ª Drª. Lígia Pereira dos Santos –
Fabiano Santos Ferreira – Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO
O projeto transcorreu fundamentado na abordagem de educação agroecológica, e nos
escritos e discussões teóricas de Paulo Freire, com destaque para as argumentações
expostas em sua obra Pedagogia da Autonomia, e de Moacir Gadotti a partir de suas
discussões referente à ecopedagogia, presente em seu livro “Pedagogia da Terra”, que
trazem as diferentes formas de conhecimentos, experiências artísticas, valores e
interesses humanos. O projeto foi pensado e elaborado a partir da relação arte-
agroecologia-educação-cultura-corporeidade, com foco na corporeidade feminina no
contexto socioeducativos e cultural, contemplando a interdisciplinaridade nas oficinas
pedagógicas, por uma escuta agroecológica e artística. As práticas educativas
contemplaram nesse interim, conteúdos e estratégias de aprendizagem considerando
os três domínios da ação feminina: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a
experiência subjetiva com a natureza. A atividade de extensão objetivou trabalhar com
uma abordagem qualitativa, pautando-se em ações reflexivas sobre temáticas
pertinentes a construção pedagógica agroecológica vivenciando-as na prática
cotidiana.
OBJETIVOS PROPOSTOS E DISCUSSÃO DAS AÇÕES
DESENVOLVIDAS
Objetivamos desenvolver oficinas pedagógicas agroecológicas com as mulheres-mães
do Clube de Mães Cozete Barbosa, para a construção ecopedagógica e artística da
relação humano-natureza. Concordante com o objetivo geral, notamos a necessidade
da aplicação das oficinas junto às mulheres-mães na laboração do projeto. Dessa
forma, foram aplicadas estudos, reflexões, escuta e registro fotográfico, calcados no
princípio de que os corpos são significados na e pela arte, e por ela continuamente
(re)significados. As atividades desenvolvidas nas oficinas de artes representam uma
dimensão importante da produção cultural da construção da consciência agroecológica.
Nesse interim, o projeto buscou escutar e debater sobre os saberes culturais
agroecológicos e artísticos, com as mulheres-mães participantes, registrando as
atividades através de relatos das escutas e fotografias. Foram promovidas palestras
com os colaboradores docentes e discentes da UEPB, utilizando diversas ferramentas
didático-pedagógicas, como exibição de documentários e filmes seguidos de debates
abordando questionamentos de construção de consciência agroecológica, discussões
estas, que rendeu muitos frutos, não apenas na prática cotidiana das mulheres-mães
do Clube de Mães Cozete Barbosa, mas também, para os discentes e docentes
colaboradores do projeto. Com relação aos discentes, estes oportunamente receberam
capacitação para atuar nos debates sobre agroecologia, para contribuir juntamente
com os docentes convidados, e proporcionando a participação em congressos,
seminários e colóquios nacionais, e a interlocução com pesquisadores e
pesquisadoras, especialistas nas áreas temáticas desenvolvidas no projeto.
METODOLOGIA, ESTRATÉGIAS DE AÇÃO,
MATERIAL E MÉTODOS
Consoante à abordagem metodológica posta em prática segue o paradigma da
educação popular paulofreireana, Freire (2002) e a ecopedagogia teorizada por
Gadotti (2000), para a construção de uma consciência agroecológica, a partir de
debates e troca de saberes, culminando na realização de atividades pautadas na
autonomia e concretizadas através da criação artística durante as oficinas
agroecológicas, evidenciando a construção pedagógica aplicada na prática. No trajeto
do projeto, nos diversos espaços em que este foi colocado em prática, buscou-se
prioritariamente, utilizar materiais que propusessem o debate da relação feminina com
o meio ambiente. Assim sendo, as oficinas pedagógicas aplicadas às mulheres-mães,
buscou promover um debate agroecológico, com o auxílio de uma equipe
multidisciplinar conhecedores da temática, no entanto, levando em consideração os
conhecimentos prévios do público-alvo, as mulheres-mães, concernente à
sustentabilidade e suas relações com a terra e meio ambiente em que estão inseridas.
Para as mulheres-mães participantes da extensão, as oficinas representam um espaço
de práticas pedagógicas, de discursos, de ruptura da rotina, e lugar de fala, onde foi
proporcionado os mais diversos debates e diferentes diálogos artísticos por uma
cultura de respeito à condição humana frente ao cuidado com o planeta Terra e sua
sustentabilidade. Durante a aplicação do projeto, seja nas oficinas ou nas aulas de
campo, buscou-se escutar e observar as ações no ambiente empírico, com o objetivo
maior de nos possibilitar uma melhor compreensão dos acontecimentos e a vivência
coletiva entre os atores envolvidos no projeto.
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
ÁREA: Educação
IDENTIFICAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
Conforme planejado, foram realizadas oficinas pedagógicas quinzenais com as mulheres mães, para
promover o debate agroecológico a partir dos seguintes temas: arte e história; arte e geo tintas; arte e
o perigo dos agrotóxicos; arte e reciclagem; arte e cultura nordestina; arte e saúde; arte e bem estar
animal; arte e turismo agroecológico; arte e fotografia; e, arte e poesia. Cada um dos temas descritos
anteriormente foram desenvolvidos em dois encontros que aconteciam quinzenalmente, sempre às
quartas-feiras no turno da tarde. Foram organizados brechós beneficentes, compromisso social do
projeto para ajudar abrigos de animais domésticos em situação de abandono, e para compra de
materiais para serem utilizados nas oficinas de arte. Estes brechós ocorreram nos dias 09/06 e 15/06,
nos seguintes locais, respectivamente, nos Campus I (Campina Grande) e Campus II (Lagoa Seca)
da Universidade Estadual da Paraíba. Consonante à proposta inicial da extensão, ocorreram aulas de
campo no primeiro semestre de 2022, uma no Museu Digital do SESI (foto 1), e outra em 27/06, no
34º Salão de Artesanato da Paraíba, com o tema "Bordados que contam histórias” (foto 2).
Foto 1 . Registro da aula de campo ocorrida no 1º Foto 2. Registro da aula de campo ocorrida em
semestre de 2022, no Museu Digital de Campina 27/06/2022, no 34º Salão de Artesanato da Paraíba,
Grande - SESI. com o tema “Bordados que contam histórias”.
Fonte: Relatório parcial do projeto de extensão (Arquivo Fonte: Relatório parcial do projeto de extensão (Arquivo
pessoal). pessoal).
RESULTADOS E CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO À COMUNIDADE
Importante pontuarmos que o público-alvo da extensão, são mulheres residentes de uma área da
cidade onde predominam os aspectos rurais. Ao realizamos as primeiras oficinas e ações, verificamos
nuances dos resultados das metas preestabelecidas no projeto inicial. No desenvolver da extensão, a
cada oficina finalizada e a exposição das peças produzidas, podemos verificar através da observação,
da escuta, e dos comentários, durante a realização das atividades e ao finalizar os seus trabalhos, que
havia mudanças no comportamento e no pensamento em relação ao meio ambiente das mães
participantes da extensão, levando-nos a concluir que as discussões relativas à consciência
agroecológica, - nossa principal meta, trabalhada incisivamente sendo a dimensão qualitativa da
extensão. Os conhecimentos e as experiências vivenciadas por essas mães tem influenciado as outras
mulheres da comunidade criando uma rede de conscientização agroecológica do seu entorno.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora
Paz e Terra, 2002.
_______ Educação e mudança. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987.
_______Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da terra. – São Paulo: Pierópolis, 2000.
GIDDENS, Anthony; Trad. Sandra Regina Netz. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. A História das ideias de Paulo Freire: e a atual crise de paradigmas. João
Pessoa: Ed. Universitária / UFPB, 2006.
VITAL, Adriana de Fátima Meira & SANTOS, Rivaldo Vital dos. Solos, da educação à conservação: ações
extensionistas. Maceió: TexGraf, 2017.
AGRADECIMENTOS
À Prof.ª Drª. Lígia Pereira dos Santos, idealizadora e coordenadora desse projeto de extensão, por sua
orientação e sensibilidade no cuidado dos detalhes para a realização das oficinas;
Às mães do Clube de Mães Cozete Barbosa, por acreditarem neste projeto e pela dedicação nas
atividades realizadas nas oficinas;
Aos docentes e discentes colaboradores, pela dedicação na realização das atividades e oficinas.