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A Chorus Line
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Elenco
Zach Diretor/Coreógrafo
Larry Assistente do Zach
Candidatos
Cassie (sem número) - Allana Michelle (81) - Luana
Sheila (152) - Simone Richie (44)
Val (179) - Najah Don (5)
Diana (2) - Camila Paul (45) - Robson
Judy (23) – Carol Romão Mark (63)
Kristine (10) – Carol Rodrigues Greg (67)
Maggie (9) - Giovanna Bobby (84)
Bebe (37) - Helena Al (17)
Connie (149) - Anna
Outros
Vicki (60)
Tricia (131)
Lois (53) – Bailarina/Sem falas
Frank (59) – Menino da Bandana/Sem
falas
Butch (14) – Sem falas
Roy (36) – Menino dos Braços Errados
Tom (40) – Menino que conta/Sem falas
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A CHORUS LINE
Audição
Época: Tempos atuais
Lugar: Um Teatro da broadway
A Chorus Line foi feito sem intervalos
O palco está completamente vazio, apagado. Existe uma linha branca pintada no
chão, paralelo com a ribalta. As luzes ficam meio baixas. O piano começa a tocar.
As luzes se acendem e vemos 3 linhas de bailarinos. De frente para o espelho
(costas para o publico). De frente para eles está Larry ensinando a coreografia.
Para o número de abertura, a música continua sem vocal.
Acho que poderíamos manter o Larry, principalmente nesse número. Ele poderia
ser feito pelo próprio professor de dança... Também acho que poderíamos, neste
primeiro número, ter mais gente que pode ser composta por alunos menos
experientes e serem eliminados. No roteiro deixei falas apenas pros personagens.
Pegaram... Na sequência
Larry (com o fundo musical): Ok, vamos fazer tudo de costas pro espelho. Do
começo… e 5, 6, 7, 8!
Larry (continua com o fundo musical): Vamos fazer a seqência do ballet mais uma
vez. Não se matem. Marquem! E 1, 2, 3, 4, 5, 6!
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Sheila chega em sua bolsa, tira uma escova e escova seu cabelo. Os
outros bailarinos acabam o ballet.
Larry (continua com o fundo musical): Ok, eu vou colocá-los em grupos. Quando eu
chamar seus números, se apresentem e eu mostro onde deverão ficar.
Larry: Ok, quando eu achar um número sem uma pessoa, é o seu. (Judy volta para
seu lugar, Larry continua) – Certo, vamos lá.
Judy: 23!!!!
37 – Atrás
179 – Frente
81 – No fundo
45 – Na frente
152 – Atras
Cassie
Larry: Ok. À esquerda do palco. Vamos fazer o ballet em três grupos, na ordem que eu passei.
E 1, 2, 3, 4, 5, 6!
Connie: Não.
Zach: Espera aí. Espera. PARA! Você, número 45, você estudou ballet?
Paul: Um ano.
Larry: Claro, Zach. (Para Roy) Os braços são em segunda, bra bas, quarta. Quero ver
mais uma vez. De novo. E 1, 2, 3, 4, 5, 6!
Zach: (para Diana) Hey, garota de marrom, muito melhor. Só tem muita tensão no seu
rosto, ombros e pescoço. Relaxe!
Larry: 5, 6, 7, 8…
Bebe: Eu acho que sei a coreografia, mas você pode colocar alguém na minha frente,
por favor?
Larry: 5, 6, 7, 8…
O grupo dança com Larry e quando acabam, ele volta para a mesma
posição.
Zach: Espera. Para a música! (para Sheila) Sheila, me faça um favor, vá para trás.
Larry: E 5, 6, 7, 8…
As luzes mudam.
Zach: Ok. Quando eu chamar seu número, por favor, formem uma fila.
Número 9
Número 81
Número 149
152
37
Número 23. 23? Judy Turner.
10
179
45
2
Cassie.
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Zach: Agora, quero que me digam seus nomes. Os artísticos e se o verdadeiro for
diferente me digam também. Falem onde nasceram e a idade.
Sheila: Ótimo!
Val: Fabuloso!
Judy: É..desculpa! Nós também? Quer dizer, não é muito educado perguntar a idade
de uma dama.
Zach: Não me interessa ser educado. Me interessa sua idade. E eu quero sabê-la. Ok,
vamos para a linha. Começando pelo final, lado esquerdo.
Maggie: É… 9!
Maggie: Maggie Wislow, as vezes Margaret, Margie, Peggy. Tanto faz. Nasci em San
Mateo, California, numa quinta-feira as 22:40 da noite, em 17 de Agosto e eu tenho 25
anos.
Michelle: Sou Michelle Costa. Nasci em Trenton, Nova Jersey em 4 de Julho. Tenho
24 anos.
Zach: Próximo.
Zach: Idade?
Connie: Ah... 31... De Janeiro. Nasci em 1989. Tenho 25 anos. Sou de aquário.
Zach: Próximo.
Zach: Claro..diga!
Cassie: Em particular!
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Zach: Próximo.
Sheila: Sou Sheila Bryant. Meu nome é Sara Rosemary Bryant, que eu odeio. Nasci no
Colorado Springs. Estou chegando nos 30, e bem satisfeita. Obrigado.
Bebe: Meu nome é Bebe Benzenheimer e eu sei... tenho que mudá-lo. Tenho 22 anos,
venho de Boston e aqui estou eu.
Judy: Sou Judy Turner. Mas meu nome verdadeiro é Tina Turner… mentira (risadas),
sempre foi Judy Turner. Tenho 26 anos… Ah... sou de El Paso, Texas.
Kristine: Ahhhh… eu sou de St. Louis, Missouri. E meu nome de casada é Deluca.
Zach: Huuuum, eu não sabia. Você é a mulher dele, então? Meus Parabéns.
Kristine: Obrigada!
Zach: Próximo.
Val: Bom, desde que me conheço por gente, sou Valerie Clark. Mas meus pais pensam
que eu me chamo Margaret Mary Houlihan. Posso piorar? Nasci em uma cidade no
meio do nada, chamada Arlington, Vermont. Tchaau!
Paul: Meu nome artístico é Paul San Marco. Meu nome verdadeiro é Ephrain Ramirez.
Nasci em Spanish Harlem, e tenho 27.
Diana: Meu nome é Diana Morales. E eu não mudei porque se encaixa bem com a
minha etnia. Tenho 27. Dá pra acreditar?
Sheila: Dá!
Diana: Você quer saber quanto meço de altura? A cor dos meus olhos? Quantos
shows já fiz? Eu já te dei minha foto e currículo, tudo que precisa saber está lá.
Diana: Falar o que sobre o Bronx? Fica na parte baixa da cidade, a direita.
Diana: Quem sabe? Eu tenho ritmo! Sou Porto Riquenha. Eu sempre pulei e dancei por
aí. Bom, quer saber se posso atuar? Me dá uma cena pra ler. Eu vou atuar. Mas não
posso simplesmente falar. Por favor, eu tô nervosa.
Diana: Olha, eu não me importo de falar sobre mim, mas não consigo ser a primeira.
Entende?
Zach: Me deixem explicar o que quero. Estou procurando por um coro forte de atores.
Preciso de pessoas que são incríveis juntas e que possam trabalhar em grupo. Tenho
seus currículos e fotos. Eles mostram quem são vocês, mas isso não é o suficiente.
Não quero só dar um texto para vocês lerem, acho mais proveitoso conhecer vocês,
conhecer suas personalidades. Assim, vou fazer algumas perguntas e quero ouvi-los
falar. Pensem nisso como uma entrevista. Não quero atuação, quero ouvi-los falar e
falar e falar sobre vocês mesmos. Todo mundo, relaxe! Pelo menos tentem.
Zach: Sheila?
Judy: Talvez?
Zach: Um papel que ainda não está decidido. Se ele entrar vou precisar apenas de
quatro garotas.
Michelle: Quero te falar pra começar pelo final. Não consigo pensar em nada.
Michelle: Ah. Porque minha irmã começou. Venho de uma grande família italiana.
Minha avó sempre estava perto da janela, costurando. Porque é isso que as avós
italianas fazem. Eu era a caçula, um acidente. Foi o que minha irmã me disse… foi o
que minha irmã…
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Michelle: …Rosalie. Ela, como era mais velha, era a única que teve aulas de dança.
Minha mãe a levava todos os sábados, e eu ia junto. E eu gostava de ir.
Eu aprendi
E eu tentei!
E vou arrasar!
Michelle: Bom, isso me chateou um pouco. Eu não queria que ninguém me chamasse
de “Bolinha Barulhenta” só porque eu sapateava...
Connie: Você quer saber sobre as coisas incríveis e maravilhosas que aconteceram na
minha vida? Ou quer a verdade?
Connie: Bom, pra começar, venho de uma família de classe média alta, ou classe alta
média... Não sei bem qual das duas, mas sei dizer que era um tédio. Quer dizer, a
gente tinha grana – mas não o bom gosto… Sabe aquele tipo de casa – com grama
sintética na frente? Bom, minha mãe dava muitas festas e sabia como ninguém roubar
nos jogos de carta. Meu pai sempre trabalhou pra uma multinacional. Eles costumavam
mandá-lo pra reuniões… pra beber! Mas era muito melhor do que achá-lo naquele
escritório... jogado no chão. Mas tudo bem… eu só me sentia uma estranha.
Connie: Ele só conseguiu sobreviver porque não pintei as solas dos pés…
Judy:
E SE FOR EU
E SE FOR EU
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O QUE DIZER
O QUE EU FALO
Judy:
E
NÃO TENHO PAI
NÃO TENHO MÃE
NÃO TENHO MEUS PAIS
CRIADA POR LADRÃO
FUI ESTUPRADA AOS SETE
ISSO AÍ
ISSO AÍ
JÁ FALEI DEMAIS
VOU VOLTAR PRA TRÁS
O QUE DIZER
O QUE EU FALO
Connie: Escola? Quer ouvir sobre a escolar? Bom, eu estudei numa escola horrenda.
Imagina... Eu era o tipo de criança que sempre era trancada nos armários ou coisas
assim. Não somente por outros alunos, pelos professores também. Ahh... eu odiava
esportes! ODIAVA! E esportes eram muito bem vistos na minha cidade. Era a cidade
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dos esportistas e por isso até as garotas aprendiam a jogar, não eu não queria ser
parte de time nenhum. Nem pro gol eu serveria. Entenda, eu não pegaria uma bola
nem se tivesse superbonder nas mãos. E como se não bastasse, meu pai tinha que ser
esse ex-jogador de futebol fantástico, um herói pra cidade. Quando eu jogava ele era
tão humilhado... Nem sabia o que dizer pros amigos...
Judy:
E
DEUS, EU PENEI
DEUS, EU PENEI
NÃO SEI O QUE FALAR
EU VOU DESMORONAR
O QUE DIZER
O QUE EU DIGO
Judy: E…
Paul: E…
Connie: E minha mãe sempre dizia: “Se você não parar de por fogo no seu irmão,
vamos ter que te internar”. E eu sempre pensava em formas espetaculares de me
matar. Dai eu percebi que se suicidar em Buffalo, não seria novidade.
Zach: Sim.
Sheila: Bom, Eu queria ser uma prima ballerina. Escuta, essa luz, não dá pra diminuir?
Sheila: Bem, como eu disse, queria ser uma prima ballerina. Porque minha mãe era
bailarina até ela conhecer meu pai e ele faze-la desistir de tudo.
Sheila: quer dizer que os outros 11 meses devem se cuidar. Sou muito forte.
Sheila: Estou te incomodando? Quer dizer, você me pediu pra ser eu mesma.
Sheila: Minha mãe… foi criada como uma pequena freira. Não podia sair, não podia
andar de bicicleta..não podia…
Sheila: Mas ela queria ser uma bailarina e ela ganhou várias bolsas nas melhores
escolas e coisas assim. Até ela se casar com meu pai, que a fez desistir. Não é
incrível? E aí, ela teve uma filha! Eu! E ela me fez ser exatamente o que ela queria. E
foi incrível no que fez. Quer saber como?
Sheila: Ah... O que minha mãe fez? Bom, primeiro, ela me levou para ver todos os
ballets da cidade. E depois, me deu suas sapatilhas, que eu usava pra correr pelas
ruas, na ponta, com 5 anos. E depois eu vi “Os sapatinhos vermelhos”. E como eu
queria ser aquela ruivinha. E quando ela percebeu que eu realmente queria ser uma
bailarina ela me disse “Você não pode dançar agora, só com 8 anos”. E eu tinha 6. E
eu dizia “Mas eu preciso dançar mamãe”. Quer dizer, eu queria fazer qualquer coisa
que me tirasse daquela casa.
Sheila: Eu disse que queria qualquer coisa que me tirasse daquela casa.
Zach: Porque?
Sheila: É... eu tenho que confesar. Minhas lembranças familiares... são péssimas!
Sheila e Bebe:
Bebe:
Maggie e Bebe
Todo mundo era lindo no ballet
Todo cisne tem um belo par
Todo mundo era lindo no ballet
Hey
Eu fui linda
Lá no ballet
Maggie: Eu não sei se eram a favor ou contra, a não ser deles mesmos. Quer dizer,
nasci como uma tentativa de salvar o casamento dos meus pais, mas quando meu pai
buscou minha mãe no hospital disse: “Achei que isso ia ajudar… mas parece que não”.
Mesmo assim, tive fantástica vida de sonhos. Eu dançava pelas sala com os meus
braços pra cima, assim! Eu sonhava que era um chefe de uma tribo indígena… e meu
pai me perguntava: “Maggie, você quer dançar?” e eu respondia: “Papai, eu amaria
dançar”.
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Era lindo
E alegre
E dançava
Lá no ballet
O grupo volta para a linha. Os espelhos viram painéis pretos
novamente.
Kristine: Bom... é... eu... ah meu Deus... eu não sei bem por onde começar.
Kristine: Bom… todo mundo dizia que quando eu era pequena, quando ligavam o
radio, eu simplesmente começava a dançar. Um dia vendedor apareceu na minha
casa... Ele queria... O vendedor queria... Ele queria...
Diana: Vender?
Kristine: Ah... sim! E ele era um incrível vendedor... Eu nunca vou esquecer – ele me
colocou de frente com uma grande TV – aquelas antigas que pareciam uma caixa –
então ele me girou, puxou meu pé até minha cabeça e disse “Essa menininha vai ser
uma estrela”, e me convenceu que eu poderia aprender a dançar assistindo a TV. Bom,
eu não sei se foi pela minha cara, ou pelo fato de que eu não largava a perna dele –
mas minha mãe viu o quanto aquela TV era importante pra mim. Quer dizer, eu via
todos os programas de televisão que passavam – especialmente – todo domingo... Era
o daquele cara... Ed alguma coisa...
Sheila: Ed Sullivan.
Kristine: Isso! Ed Sullivan – todo domingo – como ir a igreja. Éhhh... desculpa... eu..
estou MUITO nervosa.
Connie e Kristine (Se olhando, Connie com desprezo e Kristine feliz): Sim!
LETRA SING
Zach: Diana. Sua vez... Me fale sobre como descobriu que saria uma atriz...
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Eu estava tão animada porque eu iria começar a faculdade de Artês Cênicas! Bem, eu
queria muito ser uma atriz de verdade. Era o primeiro dia de aula e estávamos no
auditório e o professor, o senhor Karp... Ah... o senhor Carp... De qualquer forma ele
nos colocou no palco sentados segurando as pernas dos outros, um atrás do outro e
ele diz: "OK, vamos fazer improvisações. Agora vocês estão sobre um trenó. Está
nevando lá fora e está gelado... OK... VÃO!!!"
E todos gritavam "Whoosh, whoosh... Eu sinto a neve! Eu sinto o frio! Eu sinto o vento!"
e o senhor Karp se virou para mim e perguntou: "OK, Morales, o que você sente?"
Eu disse nada, não sinto nada, e bem no fundo aquilo me fez mal
Todos sentiram, e conseguiram, eu só senti que nada ali era real
Mas eu falei pra mim mesma: "Ei, é só o primeiro dia, talvez seja genético. A gente não
tem trenós em San Juan!"
Mas depois, dia dois, nós tentamos ser um carro, uma mesa de bilhar
Senhor Karp, disse assim: "Muito bem, mas não Morales, só Morales vai tentar".
E eu procurei bem no fundo do meu ser, eu juro que m'esforcei
Sim eu procurei bem no fundo do meu ser mas eu não achei
Gritaram "Nada!" Que eu era nada! E o Karp fez nada, o que me fez queimar!
Não me ajudaram, me humilharam, eu não sabia mais no que me apoiar.
E o Karp repetia "Morales, eu acho que você deveria tentar outra carreira. Você nunca
vai ser uma atriz, Nunca!" Meu Deus!
No altar fui rezar pra Maria: "Dê me força! Dê me força" com fervor.
No altar rezei Santa Maria: "Me ajude! Me ajude, por favor!"
E uma voz surgiu bem do fundo do meu ser, não sei como ela chegou
Sim a voz surgiu bem do fundo do meu ser ela me falou:
Zach: Sobre algo que não está no seu currículo. Sobre algo pessoal.
Paul: Pessoal e que não está no currículo? Então está bem… Vou falar sobre a minha primeira
vez.
Paul: Bem… Eu cresci aprendendo que meninos tinham que ficar com meninas então,
naturalmente, eu fui procurar uma menina para ter minha primeira experiência. E, olha, não foi
fácil encontrar uma garota que quisesse ficar comigo. Mas, finalmente, eu encontrei uma. E lá
estava eu, ficando no banco de trás com Sally Ketchum. Um pouco disso, um pouco daquilo.
Muito pouco daquilo. Depois de uma hor, ela falou: 'Quer fazer outra coisa?' E eu pensei
comigo mesmo: 'Não, não quero'.
Paul: Acho que sim. Foi. Foi a hora em que percebi que era gay. Pronto. Eu contei algo pessoal
que não está no currículo. Pode chamar o próximo.
Zach: Mas você disse que falaria da sua primeira vez. Foi com ela? Com Sally Ketchum?
EU ESQUECI DE TEMER
EU SEI PORQUE NESSA OUTRA VEZ
EU ESPEREI
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
FOI TUDO TÃO BOM, QUASE COMO UM BOMBOM
NAVEGUEI PELO MAR, QUE ENCANTO!
GOSTAMOS DEMAIS! PODE IMAGINAR
DEU QUASE PRA VOAR NOS SENTIMENTOS
E VEIO MAIS UMA VEZ
ACHEI QUE FOSSE POR SORTE SÓ!
OU SÓ É BOM EM UMA ENTR TRÊS
GAMEI!
EU ME SURPREENDI, QUENTE DEMAIS!
DOCE COMO UM BOMBOM
GAMEI, GAMEI, GAMEI, GAMEI
GAMEI.... GAMEI!
Zach: Paul, vou te deixar em paz por enquanto. Mas eu ainda não consegui ver você… Você
me mostrou um personagem… Uma história que você já deve ter repetido várias vezes para os
seus amigos, estou errado.
Paul: (Tenta argumentar, mas vê que é inútil. Abaixando a cabeça). Não.
Zach: Então voltaremos pra você mais tarde…
Paul: Merda…
Número 16- Dance 10; Looks 3 - (Val)
Val: Eu!
Val: Bem... Quando eu fiz dezoito anos, eu me despedi dos meus pais e peguei um
ônibus para Nova Iorque. (a parte, para os outros candidatos) Igual June Allison,
sabem? (prosseguindo) Pois eu queria ser uma Rockette. Ah, é, vamos deixar uma
coisa bem clara aqui. Eu nunca tinha ouvido falar dos “Os Sapatinhos Vermelhos”, eu
nunca vi “Os Sapatinhos Vermelhos” e eu não estou nem aí para “Os Sapatinhos
Vermelhos”. Eu decidi me tornar uma Rockette por que uma garota da minha cidade –
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Louella Heiner – ela fugiu pra Nova Iorque e conseguiu. Ela se tornou uma Rockette.
Bom, ela foi visitar a família no Natal e fizeram um desfile para ela. Um maldito desfile.
Eu tive que ficar girando um bastão na chuva por duas horas. Infelizmente ela
engravidou depois do Natal – Feliz Natal! – E nunca mais voltou para Radio City. Esse
era o meu plano. Nova Iorque, Nova Iorque, aí vou eu. Exceto por um probleminha, eu
era incrivelmente feia. Eu era feia, magra, sem nenhuma sensualidade e reta como
uma porta. Imaginaram? Mas lá estava eu, desci do ônibus com meu sapatinho branco,
minhas meias brancas, meu vestidinho branco, minha cara esquisita e meu cabelão
loiro – que por sinal era natural. Eu estava parecendo uma enfermeira! Eu tinha oitenta
e sete dólares no bolso e sete anos de sapateado e acrobacias. Eu poderia abrir um
espacate e subir sapateando uma mensagem em código morse. Bom, com esse talento
todo eu imaginei que o prefeito estaria me esperando com a chave da cidade assim
que eu chegasse. Errada! Eu tive que esperar seis meses por uma audição.
Finalmente o grande dia chegou! Apareci no Music Hall com os meus sapatos
vermelhos brilhantes de sapateado e apresentei a minha sequência incrível. Foi então
que aquele homem disse para mim: “Você tem a perna alta?” – Era óbvio que eu tinha,
mas também era óbvio que os meus fankicks não eram bons os suficientes para ele.
Eu não era burra e sabia que o problema era minha aparência, não minhas pernas.
Então eu disse: “Que se danem Radio City e as Rockettes...eu vou dançar na
Broadway!”. Broadway, a mesma história em cada audição que eu fazia. Eu dançava
muito melhor que todas as outras bailarinas e sempre acabava indo embora com as
rejeitadas. Depois de um tempo tudo fez sentido, ou melhor, eu abri os meus olhos.
(Olha para Sheila) Um dia eu roubei a minha ficha depois de uma audição. Em uma
escala de zero a dez eles me deram pela dança dez e pela aparência três!
Peitos e bunda
Escolhi um lindo par
Atrás foi só empinar
Eu aproveitei
Me reinventei
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Peitos e bunda
Me tornei um mulherão
De repente só viajo em turnê!
Peitos e bunda
Vão te salvar
É só comprar
Toda reta,
Só pegava resfriado
O que vinha era agrado
Não é certo! Não é certo!
Melões novos
Te dizem “Oi”
Transformei minha vida
E um mar de gente quer me ganhar!
Peitos e Bunda
Uma tábua nunca mais!
Minhas curvas tão demais
E malhei, também
Reparou que eu sei!
Pra arrasar
É só se siliconar
Suas maracas pode balançar!
Peitos e bunda vão te mudar
É só comprar
Vai, se refaz!
Acredita em mim
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Peitos e bunda
Pra orquestra e pro balcão
Queixos vão ficar no chão
Deixe o que melhor
Mude o que é pior
Peitos e bunda
Nunca vi não funcionar
Pra quem dança, canta ou quer casar!
Peitos e bunda
Sim, peitos e bunda
Vão te salvar!
Cassie: (durante a música) Essa audição está muito interessante, você não acha?
Zach: No coro?
Cassie: Zach, com certeza eu amaria um papel, mas eu tenho que me virar com o que
está ao meu alcance.
Zach: Você estava no topo, a sua carreira estava decolando aqui em Nova Iorque.
Cassie: Eu não consigo trabalho, Zach...Deus! Você parece com todos os meus
amigos – meus fãs. Me transformam em uma grande estrela ficam dizendo que sou
humilde em não reconhecer, sendo que na verdade eu não estou nem perto de ser isso
tudo e nenhum de vocês tem a coragem de me contar. Seria ótimo se eu fosse uma
grande estrela...Mas eu não sou, sou uma bailarina!
Zach: O que?
Cassie: Eu não sei atuar. E lá estou eu na Califórnia, em teoria eu era uma atriz. Não
demorei muito tempo para perceber que eu não atuava... Não demorou muito pros
outros perceberem também.
Cassie: Ah, consegui sim...um papel medonho em um filme amador, a minha parte
acabou sendo cortada do filme, graças a Deus! Eu era uma “dançarina exótica”, e, sim,
era isso mesmo que você está pensando. Vamos ver...ah, sim! Comerciais, eu quase
consegui o trabalho para interpretar um rolo de papel higiênico, mas acharam alguém
melhor do que eu para fazer o papel. Dezessete anos de carreira e eu não sirvo pra
interpretar um papel higiênico? Ah, eu fiz um Band-Aid dançante – esse foi divertido...
E nada mais de interessante... Teve um terremoto, eu sempre estava bronzeada... E
você deve ter ouvido falar...
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Zach: Eu ouvi que você namorou um grande agente. Fez umas loucuras, deu umas
voltinhas despreocupadas...
Cassie: Quando você é uma mulher troféu você se permite algumas aventuras. Sem
mencionar ficar gorda e louca – o que justifica o fato de voltar para Nova Iorque e de
estar aqui hoje. Zach, querido... Meu amorzinho, eu realmente preciso de um emprego.
Cassie: É claro que eu preciso de dinheiro. Quem não precisa? Mas eu não preciso de
esmola. Eu preciso de um emprego. Eu preciso de um emprego e eu não sei outra
maneira de dizer isso. Você quer que eu repita?
Zach: Não.
Cassie: Ótimo, então você me entendeu. Zach, eu não trabalho faz dois anos, não há
mais nada que eu possa fazer. Eu estou me colocando no coro. (Ela pisa na linha em
que os candidatos se encontravam.) Eu estou me colocando no seu coro. Eu não quero
ficar sentada esperando. Eu não quero virar professora para ter que ensinar para as
pessoas algo que era para eu mesma estar fazendo...
Toque a música
Me deixe ao menos tentar
Tudo o que preciso é da música, um espelho
E dançar só pra você
Toque a música,
Dá essa música,
A minha música,
Me deixe ao menos tentar!
Tudo o que eu preciso é a música, um espelho
e poder dançar!
Zach: (durante o instrumental) Você não pode voltar para o coro, Cassie. Essa não é a
solução.
Cassie: Eu não estou tentando voltar – eu estou tentando recomeçar, Zach. Eu estou
pronta para isso, começando do zero.
Cassie: E é por isso que estamos aqui, não é? Trabalho, Zach? É por isso que estou
aqui hoje – são só negócios.
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Zach: Você não devia ter aparecido. Você não se encaixa no perfil. Você não dança
como os outros e nem sabe como dançar como eles.
Cassie: Eu fiz há anos atrás e eu posso fazer de novo. Você não vai me deixar nem
tentar? Só uma chance.
Sheila: (entrando pela direita do palco) Ah, me desculpem... Quando devemos voltar?
Zach: Ainda não. Peça para o Zach ensiná-los o número que eu quero ver... Ele sabe
qual...
Zach: (para Sheila) Ah, Sheila, fale para o Paul vir para o palco...
Cassie: Obrigada...
Zach: De verdade! Então achei que deveríamos tentar mais uma vez. Uma pergunta,
por que mudar de um nome porto-riquenho para um italiano?
Paul: Porque não me pareço porto-riquenho. As pessoas ficam repetindo: “Você não é
porto-riquenho!”, “Você não é porto-riquenho!”...mas eu sou.
Paul: Não, eu, ah – eu só queria ser alguém diferente. Então me tornei Paul San
Marco.
Paul: Por quê? Acho que eu não tenho muito orgulho do meu passado.
(Música para.)
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Zach: E quem se orgulha? Mas é isso o que a palavra significa, Paul. Passado.
Zach: Olha, espera um minuto – o que te fez começar a dançar, seus pais?
Paul: (começando a andar até o meio do palco) Não, o que os porto-riquenhos sabem
sobre teatro? Só agora eles tem TV a cabo – antes eles não tinham nada. Mas o meu
pai sempre amou os filmes, ele nos levava sempre. Ele trabalhava noites e noites e
quando voltava para casa nos levava para a rua quarenta e dois. Nós saíamos de um
filme e entravamos em outro – eu não sei por que mas eu sempre amei os musicais.
Zach: Continue...
Paul: Eu tinha que sentar na frente sozinho para enxergar – agora eu uso lentes de
contato... Eu ia para frente e vários homens estranhos sentavam do meu lado e
“brincavam” comigo. Eu nunca contei para ninguém porque – bom, acho que ninguém
ia se importar mesmo...
Zach: Olha, Paul...se for muito difícil para você, eu tenho a sua foto e seu currículo...
Paul: Não. Ah...Tá bom. Eu costumava sair dançando nas ruas me lembrando de
todos aqueles musicais que eu assistia e sempre me pegavam dançando. Deus,
morria de vergonha. Dançava sempre me sentindo a Cyd Charisse...sempre. O que
eu não conseguia entender já que só passava pela minha cabeça ser ator. Digo, eu
sempre quis ser um performer. Uma vez minha prima me disse: “Você nunca vai ser
um ator.”, eu sabia que ela me dizia isso porque ela me achava uma maricona. Na
verdade eu era muito afeminado. Eu sempre soube que eu era gay, mas isso nunca
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Lá alguém me disse que o Jewel Box Revue estava procurando por dançarinos para os
shows de drag queen. Então eu fui para a audição. Depois daqueles anos todos
fingindo ser Cyd Charisse eu finalmente tinha uma oportunidade de dançar. Senti que
podia fazer o que eu quisesse, era a minha primeira audição. Eles me disseram: “Você
é muito pequeno para ser um homem, você não quer ser uma drag?”. Eu perguntei: “O
que é isso?”. Eles então disseram: “Uma mulher.”. Perguntei o que eu tinha que fazer e
eles me pediram para mostrar as minhas pernas. “Mas eu tenho pelos nas pernas.”.
Eles então me levaram para uma sala e colocaram em mim um par de meias de nylon
e saltos altos. Foi bizarro. Foi incrível. Me levaram direto para o palco e me disseram
que eu tinha pernas maravilhosas. Eu disse: “Sério?...Inacreditável.”. Era tão estranho
pensar nisso tudo. Eu tinha acabado de completar dezesseis anos. Minha preocupação
agora era uma maneira de esconder tudo isso dos meus pais. Eu tive que comprar
tudo. Sapatos para ensaiar, brincos, maquiagens. Eu escondia tudo em casa, mas um
dia minha mãe achou. Tive que dizer para ela que tinha uma amiga no show que não
queria que a mãe soubesse o que ela estava fazendo, então estava guardando essas
coisas para ela. Graças a Deus ela acreditou. Eu estava finalmente no show biz. Era a
pior parte do show biz, mas pelo menos era alguma coisa. Eu tinha amigos lá mas
depois de um tempo começou a ficar humilhante. Ninguém na Jewel Box tinha um
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Nos estávamos no teatro Apollo na rua 125 fazendo quatro shows por dia, era muito
cafona. O show ia pra Chicago. Meus pais queriam se despedir de mim e iam levar a
minha bagagem para o teatro depois do show. Nós estávamos fazendo um número
oriental e eu parecia a Anna May Wong. Eu usava dois enormes crisântemos em minha
cabeça junto com um adereço gigante com bolas de ouro penduradas. Eu estava
descendo as escadas para o número final quando vejo meus pais em pé na porta do
teatro, eles chegaram muito cedo. Entrei em desespero. Eu não sabia o que fazer.
Pensei: “Já sei, vou passar rápido por eles e eles não vão me reconhecer.”. Respirei
fundo e comecei a descer as escadas, logo que passei pela minha mãe eu a ouvi
dizendo: “Meu Deus!”. Eu morri. Mas o que eu podia fazer? Eu tinha que correr para o
número final então continuei andando. Depois do show fui para o camarim e logo que
terminei de tirar o figurino e a maquiagem eu desci as escadas. E lá estavam eles
parados assustados no meio da multidão. Tudo o que eles me disseram foi: “Por favor
escreva, se alimente e se cuide.”. Um pouco antes deles deixarem o teatro meu pai foi
até o produtor do show e disse: “Cuide bem do meu filho...”. Foi a primeira vez durante
toda a minha vida que ele me chamou assim...Eu...Ah...Eu...
Zach: Ok, faremos a mesma coreografia do início, mas se encaixará com a música que
será cantada. Agora, algo muito importante! Quero ver um coro dançando. Cada
cabeça, braço, perna, ângulo, devem ser exatamente os mesmos. Tem que ser um só!
Esse é o número em que vocês serão a moldura da nossa estrela. Não quero prestar
atenção em uma única pessoa, mas sim no todo. Agora, vamos passar.
Michelle: Desculpa, só pra confirmar, depois de colocar e tirar a cartola fazemos o pas
de bourrée?
(A coreografia se reinicia)
Certo. As garotas em linha. A mais alta no centro e as menores nas pontas. De novo.. e
5, 6...
Zach: E 5, 6, 7, 8...
Cassie: O que?
Zach: Como você poderia fazer isso Cassie? Você saiu dos coros quando tinha 22
anos. Que merda deu em você pra pensar em voltar agora?
Cassie: Mas eu estou fazendo. Estou fazendo tudo que você quer. Estou dançando
como todos eles.
Zach: Eu sei que sim. E pra ser honesto, não vou aguentar isso.
Cassie: Então sabe que isso é um problema seu. Porque? Porque você me tirou do
coro a primeira vez, pra me colocar no papel principal, se eu não estava pronta? Me
colocar de volta no coro vai fazer de você um fracasso?
Zach: Porque me deixou? Eu cheguei em casa e soube que tinha ido embora.
Cassie: Sim, e você estava apaixonado por isso... e era a única coisa no mundo que
realmente importava pra você.
Zach: Cassie, você sabe sim o quanto aquilo era importante pra mim. Meu Deus, se eu
pudesse dirigir uma peça teatral e fazer sucesso... significaria que eu não ia precisar
ficar coreografando pro resto da vida.
Cassie: Ahh não Zach.. como se algo te impedisse disso. Você sempre vai fazer tudo..
dirigir, coreografar... musicais, peças, filmes... E eu sabia que você amava seu
trabalho... Mas acho que com ele você não conseguia transar, conseguia?
Zach: É.. talvez eu conseguisse sim. Você não parecia ligar quando trabalhávamos
juntos. Isso só aconteceu quando não estávamos mais...
Cassie: Ah Zach... Eu não me importava em não fazer parte daquele seu trabalho. Eu
amava você! Eu podia lidar com aquilo. O que eu não suportava era não fazer parte da
sua vida, e não o fato de não poder estar sendo dirigida por você. Mas era o que você
queria.. você estava crescendo, e me queria com você... Eu era uma incrível bailarina...
Mas não era suficiente! Você me queria como uma estrela.
Zach: E o que tem de errado nisso? Porque você não podia brilhar? Porque você não
podia ser o melhor de você mesma? Quando eu te tirei daquele coro.. eu decidi que
iria...
Cassie: Aquilo não foi uma decisão. Foi uma doença! Deus... bom, melhor.. incrível –
Eu odeio isso! Como você consegue lidar com isso? Você fica pulando de show em
show... 24 horas por dia.. como você vai aguentar isso o resto da sua vida? O que você
está tentando provar? Como se hoje eu estivesse fazendo isso por você.. pra ter você
de volta! Mas eu não quero provar nada pra ninguém. Eu quero fazer o que amo até
quando eu não puder mais. Tô fazendo isso por mim! E você? Tá fazendo tudo isso por
quem?
... Me desculpe.. eu não tenho o direito de te julgar. Mas porque você ainda faz isso?
Acho melhor tudo isso parar por aqui.
39
Zach: Ok.
Cassie: Certo. Não os deixe pensar que sou sua preferida. Trate-me como a todos os
outros.
Cassie: Sim, estarei feliz se estiver no nível deles. São todos incríveis.
Cassie: Não... somos todos especiais. Ele, ela... Sheila, Maggie, Connie. Todos
especiais. Eu estou feliz por fazer parte da linha de coro.
Sheila: Ok... Podemos continuar com a seleção? Já sabe quem você quer contratar?
Judy: Eu deveria ter virado cantora... (tenta uma nota aguda) – Bom...
Zach: Agora vocês ficarão em duplas. Deixa eu ver... Bebe e Sheila.... Ahh.. não..
pera... Dividam-se em dois grupos Diana e Val, fiquem ai... 5, 6, 7, 8...
(Começam a coreografia)
Zach: Michelle, chega mais perto da Sheila. Escuta a música.. Quero ver sorrisos
galera, não aquele sorriso amarelo... quero aquele sorriso Colgate... Agora, todos do
lado esquerdo. Diana aqui com Paul, Val... com a Connie.
Diana: São meus tênis... não dá pra fazer barulho de sapateado com tênis – (mas
continua tentando).
Zach: Você (para Connie).. com Paul... 5, 6, 7, 8... Connie.. relaxa... tenta.. se divirta!!
Maggie: Connie!!
Paul: (geme)
Cassie: Acho que deveria por algo pra apoiar o joelho ele!
Paul: Ai cacete!
Sheila: Eu tenho.
Michelle: Eu vou.
Maggie: Olha, acho que você não deveria dar isso a ele... você não sabe se pode fazer
bem.
Cassie: Zach, o doutor disse pra levarmos ele até o Hospital São José.. é mais rápido
do que ele vir até aqui. Disse que vai espera-lo na ala de emergência.
Zach: Não.
Zach: Levem-no até a entrada e peça pro Larry acompanha-lo. Vamos levantá-lo.
Prontos? 1, 2, 3!
Zach: Paul.. vou la te ver mais tarde. Me ligue quando chegar no hospital.
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Bebe: Me matar.
Kristine: Tensa.
Kristine: (depois de uma longa pausa) Bom, eu te digo. Na verdade, eu estou ficando
com medo. Eu amo estar nesta área. Mas um dia isso acontece e daí a gente pensa
“Ok Kristine, você foi ótima e se divertiu pelos últimos 8 anos... e agora? O que vai
acontecer?”.
Maggie: Várias pessoas se sentem assim. E elas estão saindo bem rapidinho do show
business.
Kristine: Eu posso viver sem essas coisas... o problema.. é que tá difícil pra arrumar
trabalho.
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Bebe: Ahh.. vamo lá. Não quero escutar que a Broadway ta morrendo... Porque eu to
entrando agora...
Kristine: Mas eles não estão mais fazendo grandes musicais como antes...
Bebe: Mas mesmo que tivesse... mesmo que você consiga um emprego.. isso acaba..
nada nesse ramo é pra sempre, certo?
Kristine: E daí você tem que começar tudo de novo.. porque o único coro que sempre
podemos contar no show business é o de desempregados.
Judy: Mas você não quer fazer nada mais do que dançar no coro?
Judy: Ah, eu quero ser mais do que uma pessoa do coro... claro, também não preciso
ser uma superstar ou coisa assim.
Sheila: E quem não precisa? Todo mundo que vem de um buraco no interior quer ser
uma estrela.
Zach: Mas eu quero saber o que você faria se NÃO pudesse mais dançar.
Val: E quem se importa? Eu não me importo se nunca mais fizer um plié na vida. Eu
seria extremamente feliz se fosse para Hollywod e substituísse Jill St. John... Seria um
puta negócio né? Bom.. eu posso sonhar.. certo?
Connie: Bom.. desculpa. Eu não tenho o porque de me preocupar com isso agora...
tenho planos pra essas pernas por um bom tempo.. e quando elas não funcionarem
mais... eu faço qualquer outra coisa.
Val: Certo.... daí você vai atuar. Sério.. você vai amar. Quer dizer... é incrível quando
você encontra alguém com quem pode conversar. É por isso que eu to praticando...
aos poucos.. mas estou praticando. E vou te dizer querido, sua bundinha não vai durar
pra sempre pra você dançar... mas pelo menos, você não precisa dela pra ser ator.
Kristine: Ah... vamos lá... os atores estão ainda mais desempregados do que os
bailarinos.
Diana: Que merda! Isso é o teatro... Escuta... ninguém que entra pra atuar está salvo.
E todos estamos aqui porque queremos. E vocês estão tratando como se fosse
qualquer outro trabalho! E não é.. então, que merda que vocês estão falando?
Bebe: Sobre a VIDA, querida! Tudo pode acabar em um segundo! Por isso não
planejamos.. sem alternativas... vivemos um dia de cada vez.. e já é o suficiente pra
mim.
Val: Hello!!
Bebe: Bom.. Se eu tiver que escolher outra carreira... então escolherei! Simples assim!
(para Sheila) O que você quer ser quando crescer?
Sheila: Jovem!
Connie: Eu sei o que vou fazer! Porque eu sei... que em qualquer show que eu
estiver, um dia vai acabar.... E eu finalmente vou poder sair da minha dieta! Então, eu
vou entrar no carro com meu marido e seguir pros nossos 5,000m² em Vermont, ter
uma penca de filhos... dançar só na minha cozinha enquanto faço o almoço e aproveito
o resto da vida engordando!
Kristine: Hey.. isso parece muito bom! Gostei disso! Exceto pela parte de engordar!
Bebe: Ah.. vamos lá... você não é feliz? Eu já me peguei sendo bem depressiva e
pensando sobre tudo isso também. Mas daí, uma vez eu conheci uma pessoa e ele me
disse “Caraca, você dança na Broadway.. que demais! Que incrível”... E olha... eu
entendi o que era isso...
Bebe: Porque me lembro que eu ficava assistindo aquelas garotas saindo e entrando
no palco com aqueles cílios postiços enormes, e aquelas maquiagens... e eu pensava:
“Meu Deus.. que eu nunca seja velha.. nunca seja velha pra ter que deixar os palcos”.
Mas eu sempre soube que um dia isso aconteceria... mas quer saber? Olha o quão
longe eu cheguei... e eu jamais vou desistir agora.
Sheila: Foi o que eu sempre disse: “Eu nunca vou desistir... Eu serei a super bailarina
da época quando eu tiver 18 anos”.. daí eu passei pra uma comédia musical e pensei
“Ok, sou a garota do coro, mas eu vou ter muito tempo... tenho até os 21.”
Bebe: Ahh sério? Você fez isso também? Também se deu uma “idade limite”?
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Sheila: Certo. Mas daí, você chega aos 25 e sempre prolonga.. sempre 2 anos a mais!
E agora.. eu tenho a merda dos 30! Quer dizer... quantos anos ainda vou demorar pra
ser a fodona? 3? 4? Bom.. eu não tenho que lidar com isso agora! Então, sempre
pensei em abrir um estúdio de dança.. eu não sei.. não sei se to amarelando... ou se to
crescendo.. Eu não sei!
Bebe: E quem se importa? Quer saber? Ninguém sabe de tudo... É algo que você tem
que pensar.. fazer e esperar!
DIANA: Já anoiteceu
Que venha outro dia
Boa sorte a nós dois
Mas não vou negar
Que foi por amor
Que foi por amor
Não,
Sei que não tem fim
Ao continuar
Nós nos lembraremos
Fim do dia, Adeus
Aponte um novo dia
Fiz o que eu quis fazer
Sem esquecer, nem negar
Que foi por amor
Zach: Antes de eu começar a eliminá-los.. quero dizer que vocês são todos incríveis.
Foram maravilhosos por terem passado por tudo isso hoje. Eu queria poder contratar
todos vocês, mas não posso. Quando eu chamar seus nomes venham para a frente:
Kristine, Bebe, Sheila, Diana.. ah não.. Diana volte... Connie, Maggie. Linha da frente,
(dispensando-os) obrigado. Muito obrigado. Me desculpem.
Um único momento
Um curto movimento
Fora do normal
Linda
Não dá
HOMENS
É a tal
MULHERES
Bela, ela
Ela é o que há
Um único momento
Um curto movimento
Tão bom
Não
Ela
Ela
Ela
É!