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A Chorus Line
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Elenco

Zach Diretor/Coreógrafo
Larry Assistente do Zach

Candidatos
Cassie (sem número) - Allana Michelle (81) - Luana
Sheila (152) - Simone Richie (44)
Val (179) - Najah Don (5)
Diana (2) - Camila Paul (45) - Robson
Judy (23) – Carol Romão Mark (63)
Kristine (10) – Carol Rodrigues Greg (67)
Maggie (9) - Giovanna Bobby (84)
Bebe (37) - Helena Al (17)
Connie (149) - Anna

Outros
Vicki (60)
Tricia (131)
Lois (53) – Bailarina/Sem falas
Frank (59) – Menino da Bandana/Sem
falas
Butch (14) – Sem falas
Roy (36) – Menino dos Braços Errados
Tom (40) – Menino que conta/Sem falas
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A CHORUS LINE
Audição
Época: Tempos atuais
Lugar: Um Teatro da broadway
A Chorus Line foi feito sem intervalos

O palco está completamente vazio, apagado. Existe uma linha branca pintada no
chão, paralelo com a ribalta. As luzes ficam meio baixas. O piano começa a tocar.
As luzes se acendem e vemos 3 linhas de bailarinos. De frente para o espelho
(costas para o publico). De frente para eles está Larry ensinando a coreografia.
Para o número de abertura, a música continua sem vocal.

Acho que poderíamos manter o Larry, principalmente nesse número. Ele poderia
ser feito pelo próprio professor de dança... Também acho que poderíamos, neste
primeiro número, ter mais gente que pode ser composta por alunos menos
experientes e serem eliminados. No roteiro deixei falas apenas pros personagens.

Número 1 - Opening: “I Hope I Get It”

Pisa, chuta, chuta, salta, chuta, toca... De novo...

Em seguida giro, giro, fora, dentro, pula passo

Passo, chuta, chuta, salta, chuta, toca

Pegaram... Na sequência

Giro, giro, toca, chão, traz, passo

Contra tempo, passo, passo, passo

Larry (com o fundo musical): Ok, vamos fazer tudo de costas pro espelho. Do
começo… e 5, 6, 7, 8!

A música começa com toda a orquestra e com os bailarinos de frente


para o publico fazendo a coreografia de Jazz com o Larry na frente.
Quando a coreografia acaba, Larry atravessa o palco e fala.

Larry (continua com o fundo musical): Vamos fazer a seqência do ballet mais uma
vez. Não se matem. Marquem! E 1, 2, 3, 4, 5, 6!
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Larry mostra a coreografia no centro do palco. Os bailarinos fazem a


coreografia. Em certo momento, Sheila para de dançar e atravessa o
palco olhando para Larry.

Sheila chega em sua bolsa, tira uma escova e escova seu cabelo. Os
outros bailarinos acabam o ballet.

Larry (continua com o fundo musical): Ok, eu vou colocá-los em grupos. Quando eu
chamar seus números, se apresentem e eu mostro onde deverão ficar.

Judy (avançando): Ai meu Deus, eu esqueci meu número.

Larry: Ok, quando eu achar um número sem uma pessoa, é o seu. (Judy volta para
seu lugar, Larry continua) – Certo, vamos lá.

 Número 2 – Atrás, no fundo


 9 – Na frente.
 23 – Frente. 23? Judy Turner?

Judy: 23!!!!

Larry: Lado esquerdo do palco garotas. Segundo grupo.

 37 – Atrás
 179 – Frente

As luzes vão mudando e Larry continua chamando os números, mas


sem ser ouvido. Ele continua a formar os grupos, chamando os números
149 e 10. Os outros bailarinos (exceto Cassie) cantam.

Todos (exceto Cassie)

Deus, me ajude agora.


Me ajude agora.
Quantas pessoas ele quer?
Quantas pessoas ele quer?

Deus, me ajude agora.


Me ajude agora.
Será mais homem ou mulher?
Será mais homem qu'ele…
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Olha quanta gente!


É tanta gente!
Quantas pessoas ele quer?
Será mais homem ou mulher?
Quantas pessoas ele…

Diana (foco de luz)

Eu tenho que passar


Preciso trabalhar
Eu tenho que passar

As luzes voltam para a realidade. Larry volta a ser ouvido.

Larry: Terceiro grupo…

 81 – No fundo
 45 – Na frente
 152 – Atras
 Cassie

Larry: Ok. À esquerda do palco. Vamos fazer o ballet em três grupos, na ordem que eu passei.
E 1, 2, 3, 4, 5, 6!

Zach não está no palco. Apenas sua voz é ouvida.

Zach: Diana, você ta dançando com a língua pra fora.

Diana: Desculpe… Merda!

Primeiro grupo acaba.

Larry: Próximo grupo..e..

Segundo grupo de garotas começa. Larry anda pelo palco e pergunta


para Connie.

Larry: Você! Já dançou ballet?

Connie: Não.

Larry: Então não dance… não dance!


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Connie sai do grupo e as outras três terminam a coreografia.

Larry: Próximo grupo..e..

O terceiro grupo faz a combinação do ballet, Sheila fica sozinha atrás, e


não gosta disso. Ouve-se a voz de Zach.

Zach: Espera aí. Espera. PARA! Você, número 45, você estudou ballet?

Paul: Um ano.

Zach: Algum show na broadway?

Paul: (balança a cabeça) Não.

Zach: Pode corrigi-lo, Larry?

Larry: Claro, Zach. (Para Roy) Os braços são em segunda, bra bas, quarta. Quero ver
mais uma vez. De novo. E 1, 2, 3, 4, 5, 6!

O grupo termina a coreografia. Paul comete os mesmos erros.

As luzes mudam. Enquanto o grupo canta, Maggie pergunta a Larry se


ele pode mostrar o jazz novamente. O primeiro grupo de garotas se
posiciona e Larry começa mostrar.

Todos (exceto Cassie)

Deus, estraguei tudo…


Deu tudo errado…
Como eu deixei acontecer?
Como eu deixei acontecer?

Eu não tenho chance…


Nem tenho chance
As luzes voltam para a realidade. O primeiro grupo de garotas dança o
jazz. E quando acabam…

Zach: (para Diana) Hey, garota de marrom, muito melhor. Só tem muita tensão no seu
rosto, ombros e pescoço. Relaxe!

Segundo grupo de garotas na posição.

Larry: 5, 6, 7, 8…

Bebe acena freneticamente para Larry.

Larry: Espera aí…


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Bebe: Eu acho que sei a coreografia, mas você pode colocar alguém na minha frente,
por favor?

Larry se posiciona na frente dela.

Larry: 5, 6, 7, 8…

O grupo dança com Larry e quando acabam, ele volta para a mesma
posição.

Larry: Próximo grupo..e 5, 6, 7, 8…

O terceiro grupo começa a coreografia. Sheila se posiciona bem na


frente.

Zach: Espera. Para a música! (para Sheila) Sheila, me faça um favor, vá para trás.

Larry: E 5, 6, 7, 8…

No final, Sheila erra a coreografia e sai andando ao final.

Zach: Sheila, você não sabe a coreografia?

Sheila: Eu sabia quando estava na frente.

As luzes mudam.

Todos (exceto Cassie)

Eu tenho que passar


Preciso trabalhar
Eu tenho que passar...
As luzes mudam novamente.

Zach: Ok. Quando eu chamar seu número, por favor, formem uma fila.

 Número 9
 Número 81
 Número 149
 152
 37
 Número 23. 23? Judy Turner.
 10
 179
 45
 2
 Cassie.
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Todos (exceto Cassie)

Deus, vai ser agora…


Vai ser agora…
Eu sei que ele me escolheu…

Larry: Fotos e currículos, por favor.

Todos: Mas ainda falta


Maggie: O que será?
Todos: Ainda falta
Michelle: Eu vou passar?
Todos: Eu não sei mais o que ele quer
Eu não sei mais o que ele quer
Deus, chegou a hora!
Chegou a hora!
Eu fui tão longe e mesmo assim
Pode ser não, pode ser sim…
Quantas pessoas ele...

Eu tenho que passar

Michelle, Diana, Judy: O meu dinheiro acabou


Coro: Preciso trabalhar
Bobbie, Connie, Val: Agora ele me olhou
Todos: Eu tenho que passar

Enquanto seguram o ultimo acorde, todos na linha andam pra trás na


luz apagada. A luz acende e apaga no primeiro acorde, mostrando a
fila formada e cada um com as fotos na frente de seus rostos. Larry vai
para o fundo do palco.

Zach: Larry, pegue as fotos e curriculos, por favor.

A linha se desforma enquanto Paul vai para frente.

Paul: Eu já nem sei quem sou


Não sei pra onde eu vou
Na minha foto eu sou tudo menos eu…

O que ele espera ver?


Como eu preciso ser?
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É tanta gente, quem será qu'ele escolheu?


Se alguém passar, meu Deus, que seja eu…

Zach: Agora, quero que me digam seus nomes. Os artísticos e se o verdadeiro for
diferente me digam também. Falem onde nasceram e a idade.

Sheila: Ótimo!

Val: Fabuloso!

Judy: É..desculpa! Nós também? Quer dizer, não é muito educado perguntar a idade
de uma dama.

Zach: Não me interessa ser educado. Me interessa sua idade. E eu quero sabê-la. Ok,
vamos para a linha. Começando pelo final, lado esquerdo.

Maggie: É… 9!

Zach: (Pausa) Comece pelo nome!

Maggie: Maggie Wislow

Zach: Mais alto.

Maggie: Maggie Wislow, as vezes Margaret, Margie, Peggy. Tanto faz. Nasci em San
Mateo, California, numa quinta-feira as 22:40 da noite, em 17 de Agosto e eu tenho 25
anos.

Michelle: Sou Michelle Costa. Nasci em Trenton, Nova Jersey em 4 de Julho. Tenho
24 anos.

Zach: Próximo.

Connie: Connie Lamb. Sempre foi Connie Lamb. Nasci na Flórida.

Zach: Idade?

Sheila: Fala, Senhorita Lamb.

Connie: Ah... 31... De Janeiro. Nasci em 1989. Tenho 25 anos. Sou de aquário.

Zach: Próximo.

Cassie: É.. Zach, posso falar com você?

Zach: Claro..diga!

Cassie: Em particular!
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Zach:Agora não. Estarei disponível em uma hora.

Cassie: É..eu sei.. mas eu…

Zach: Próximo.

Sheila: Sou Sheila Bryant. Meu nome é Sara Rosemary Bryant, que eu odeio. Nasci no
Colorado Springs. Estou chegando nos 30, e bem satisfeita. Obrigado.

Bebe: Meu nome é Bebe Benzenheimer e eu sei... tenho que mudá-lo. Tenho 22 anos,
venho de Boston e aqui estou eu.

Judy: Sou Judy Turner. Mas meu nome verdadeiro é Tina Turner… mentira (risadas),
sempre foi Judy Turner. Tenho 26 anos… Ah... sou de El Paso, Texas.

Zach: Bom. Próximo!

Kristine: Sou Kristine Urich, Kristine Evelyn Urich, e fiz 23 em 1º de Setembro.

Diana: (para Kristine) Fala de onde você é.

Kristine: Ahhhh… eu sou de St. Louis, Missouri. E meu nome de casada é Deluca.

Zach: Huuuum, eu não sabia. Você é a mulher dele, então? Meus Parabéns.

Kristine: Obrigada!

Zach: Próximo.

Val: Bom, desde que me conheço por gente, sou Valerie Clark. Mas meus pais pensam
que eu me chamo Margaret Mary Houlihan. Posso piorar? Nasci em uma cidade no
meio do nada, chamada Arlington, Vermont. Tchaau!

Zach: E a sua idade? Tem vergonha?

Val: Vergonha, eu? Nããããããããããoooo…. Tenho 25!

Paul: Meu nome artístico é Paul San Marco. Meu nome verdadeiro é Ephrain Ramirez.
Nasci em Spanish Harlem, e tenho 27.

Diana: Meu nome é Diana Morales. E eu não mudei porque se encaixa bem com a
minha etnia. Tenho 27. Dá pra acreditar?

Sheila: Dá!

Diana: Eu nasci no Bronx.

Zach: Fale mais sobre você, Diana.


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Diana: Falar o que?

Número 2 - Morales – Underscore (Orquestra)

Diana: Você quer saber quanto meço de altura? A cor dos meus olhos? Quantos
shows já fiz? Eu já te dei minha foto e currículo, tudo que precisa saber está lá.

Zach: Eu vi. Mas agora, me diga o que não está lá.

Diana: Tipo o quê?

Zach: Fale sobre você!

Diana: Falar... tipo o quê?

Zach: Me fale sobre o Bronx.

Diana: Falar o que sobre o Bronx? Fica na parte baixa da cidade, a direita.

Zach: O que você fazia lá?

Diana: No Bronx? Basicamente, esperava o tempo passar pra sair de lá.

Zach: O que te fez querer ser atriz, estudar dança?

Diana: Quem sabe? Eu tenho ritmo! Sou Porto Riquenha. Eu sempre pulei e dancei por
aí. Bom, quer saber se posso atuar? Me dá uma cena pra ler. Eu vou atuar. Mas não
posso simplesmente falar. Por favor, eu tô nervosa.

Zach: Então relaxe!

Diana: Olha, eu não me importo de falar sobre mim, mas não consigo ser a primeira.
Entende?

Zach: Quer esse emprego, não quer?

Diana: Claro que eu quero esse emprego!!!

Zach: Ok Diana, volte pra linha.

Diana volta para a linha. Durante o próximo discurso, as


luzes se movem para os lados do palco.

Número 3 - Pós-Abertura – A Linha (Orquestra)


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Zach: Me deixem explicar o que quero. Estou procurando por um coro forte de atores.
Preciso de pessoas que são incríveis juntas e que possam trabalhar em grupo. Tenho
seus currículos e fotos. Eles mostram quem são vocês, mas isso não é o suficiente.
Não quero só dar um texto para vocês lerem, acho mais proveitoso conhecer vocês,
conhecer suas personalidades. Assim, vou fazer algumas perguntas e quero ouvi-los
falar. Pensem nisso como uma entrevista. Não quero atuação, quero ouvi-los falar e
falar e falar sobre vocês mesmos. Todo mundo, relaxe! Pelo menos tentem.

Zach: Sheila?

Sheila: De quantas pessoas você precisa?

Zach: 5 e talvez um homem.

Judy: Talvez?

Zach: Um papel que ainda não está decidido. Se ele entrar vou precisar apenas de
quatro garotas.

Sheila: Não precisa de mulheres?

Zach: Ok Michelle, vamos começar por você.

Michelle: Eu? Não quer começar pelo final?

Zach: Não! Vou começar por você… e relaxe!

Michelle: Relaxaria se começasse pelo final!

Número4- Introdução: “Eu também faço” (Orquestra)

Michelle: O que quer saber?

Zach: O que quer me falar?

Michelle: Quero te falar pra começar pelo final. Não consigo pensar em nada.

Zach: Claro que consegue. Porque começou a dançar?

Michelle: Ah. Porque minha irmã começou. Venho de uma grande família italiana.
Minha avó sempre estava perto da janela, costurando. Porque é isso que as avós
italianas fazem. Eu era a caçula, um acidente. Foi o que minha irmã me disse… foi o
que minha irmã…
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Número 5- “Eu também faço” (Michelle)

Michelle: …Rosalie. Ela, como era mais velha, era a única que teve aulas de dança.
Minha mãe a levava todos os sábados, e eu ia junto. E eu gostava de ir.

Zach: Quantos anos você tinha?

Michelle: Eu sentava lá quietinha e…

Eu vejo minha irmã dançar


Posso tentar!
Vou arrasar!
Sabia os passos, e até mais!
Eu posso tentar!
Vou arrasar

Um dia minha irmã não quis ir!


E peguei seu material!
Mas não me serviu!
O seu sapato eu estufei
E fui correr
pra lacear
Eu posso tentar
E vou arrasar!
Eu fui pra aula
E eu brilhei
Então fiquei
Até me cansar!
Valeu, irmã!
(casou e engordou!)

Eu aprendi
E eu tentei!
E vou arrasar!

Michelle: E então, todos começaram a me chamar de BB, “Bolinha Barulhenta”.

Zach: Isso te chateou?

Michelle: Não, podiam falar o que quiserem.


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Zach: Você está falando a verdade?

Michelle: Bom, isso me chateou um pouco. Eu não queria que ninguém me chamasse
de “Bolinha Barulhenta” só porque eu sapateava...

Zach: Ok Michelle, volte pra linha. Connie, sua vez.

Número6- Introdução: “… And…” (Orquestra)

Connie: Você quer saber sobre as coisas incríveis e maravilhosas que aconteceram na
minha vida? Ou quer a verdade?

Zach: Fico com a verdade!

Connie: Bom, pra começar, venho de uma família de classe média alta, ou classe alta
média... Não sei bem qual das duas, mas sei dizer que era um tédio. Quer dizer, a
gente tinha grana – mas não o bom gosto… Sabe aquele tipo de casa – com grama
sintética na frente? Bom, minha mãe dava muitas festas e sabia como ninguém roubar
nos jogos de carta. Meu pai sempre trabalhou pra uma multinacional. Eles costumavam
mandá-lo pra reuniões… pra beber! Mas era muito melhor do que achá-lo naquele
escritório... jogado no chão. Mas tudo bem… eu só me sentia uma estranha.

Zach: Como assim, estranha?

Connie: Realmente estranha. Eu costumava apresentar peças na minha garagem,


recitais BIZARROS. A primeira vez montei Frankenstein, como um musical, e pintei um
garoto inteiro de prata. Ele foi parar no hospital, parece que ele não conseguia respirar
por nenhum dos poros do corpo…

Número 7- “… And…” (Judy)

Connie: Ele só conseguiu sobreviver porque não pintei as solas dos pés…

As luzes diminuem na linha deixando Judy em destaque,


continuando a contar sua história em pantomima.

Judy:

E SE FOR EU
E SE FOR EU
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O QUE EU VOU FAZER


EU NÃO SEI DIZER
EU VOU PENSAR EM ALGO
QUE ELE QUER
QUE ELE QUER
ALGO QUE PASSEI
ACHO QUE ENCONTREI

Grupo 1: Bebe, Val & Paul.

O QUE DIZER
O QUE EU FALO

Connie: Enquanto eu crescia eu ia ficando cada vez mais estranha.Eu costumava ir a


um cruzamento próximo a minha casa na hora do rush e eu ficava direcionando o
trânsito. Eu só queria que alguém me notasse. Foi aí que eu comecei a invadir a casa
das pessoas… Eu não roubava nada.. Eu só mudava os móveis de lugar.. E..

Judy:

E
NÃO TENHO PAI
NÃO TENHO MÃE
NÃO TENHO MEUS PAIS
CRIADA POR LADRÃO
FUI ESTUPRADA AOS SETE
ISSO AÍ
ISSO AÍ
JÁ FALEI DEMAIS
VOU VOLTAR PRA TRÁS

Grupo 2: Maggie, Sheila, & Diana.

O QUE DIZER
O QUE EU FALO

Connie: Escola? Quer ouvir sobre a escolar? Bom, eu estudei numa escola horrenda.
Imagina... Eu era o tipo de criança que sempre era trancada nos armários ou coisas
assim. Não somente por outros alunos, pelos professores também. Ahh... eu odiava
esportes! ODIAVA! E esportes eram muito bem vistos na minha cidade. Era a cidade
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dos esportistas e por isso até as garotas aprendiam a jogar, não eu não queria ser
parte de time nenhum. Nem pro gol eu serveria. Entenda, eu não pegaria uma bola
nem se tivesse superbonder nas mãos. E como se não bastasse, meu pai tinha que ser
esse ex-jogador de futebol fantástico, um herói pra cidade. Quando eu jogava ele era
tão humilhado... Nem sabia o que dizer pros amigos...

Judy:

E
DEUS, EU PENEI
DEUS, EU PENEI
NÃO SEI O QUE FALAR
EU VOU DESMORONAR

ONDE ESTÁ MINHA INFÂNCIA


QUEM ME TORNEI
EU JÁ NEM SEI
NÃO AGUENTO MAIS
BAIXA ATÉ DEMAIS

Grupo 3: Michelle, Cassie, Kristine

O QUE DIZER
O QUE EU DIGO

Judy: E…

Sheila & Cassie: E…

Paul: E…

Val & Diana: E…

Connie: E minha mãe sempre dizia: “Se você não parar de por fogo no seu irmão,
vamos ter que te internar”. E eu sempre pensava em formas espetaculares de me
matar. Dai eu percebi que se suicidar em Buffalo, não seria novidade.

Zach: Ok Connie. Volte pra fila. Sheila?

Sheila: Sim! Você me quer agora?

Zach: Sim.

Sheila: Ah, ele me quer agora!


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Zach: Te querendo falando, Sheila.

Número8- Introdução: “At the ballet” (Orquestra)

Sheila: Certo. O que quer saber primeiro?

Zach: Comece falando porque começou a dançar?

Sheila: Bom, Eu queria ser uma prima ballerina. Escuta, essa luz, não dá pra diminuir?

Zach: Não se preocupe com as luzes… Só fale.

Sheila: Bem, como eu disse, queria ser uma prima ballerina. Porque minha mãe era
bailarina até ela conhecer meu pai e ele faze-la desistir de tudo.

Zach: Sheila, chegue mais perto. Mais perto.

Sheila: Posso sentar no seu colo?

Zach: Você é sempre assim?

Sheila: Não, as vezes sou agressiva. Na verdade, sou de Leão.

Zach: E o que isso quer dizer?

Sheila: quer dizer que os outros 11 meses devem se cuidar. Sou muito forte.

Zach: Talvez demais.

Sheila: Estou te incomodando? Quer dizer, você me pediu pra ser eu mesma.

Zach: Só reduz um pouco.

Sheila: Reduzir o que?

Zach: Sua atitude. Me conte sobre seus pais.

Sheila: Meus pais?

Zach: Seu pai, sua mãe.

Sheila: Minha mãe… foi criada como uma pequena freira. Não podia sair, não podia
andar de bicicleta..não podia…

Zach: Sheila, não atue. Só fale!


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Sheila: Mas ela queria ser uma bailarina e ela ganhou várias bolsas nas melhores
escolas e coisas assim. Até ela se casar com meu pai, que a fez desistir. Não é
incrível? E aí, ela teve uma filha! Eu! E ela me fez ser exatamente o que ela queria. E
foi incrível no que fez. Quer saber como?

Zach: Sim, mas primeiro... seu cabelo!

Sheila: Que foi? Não gosta?

Zach: Não… solte!

Sheila: Era o que eu estava tentando fazer! Melhor?

Zach: Muito melhor. Continua!

Sheila: Ah... O que minha mãe fez? Bom, primeiro, ela me levou para ver todos os
ballets da cidade. E depois, me deu suas sapatilhas, que eu usava pra correr pelas
ruas, na ponta, com 5 anos. E depois eu vi “Os sapatinhos vermelhos”. E como eu
queria ser aquela ruivinha. E quando ela percebeu que eu realmente queria ser uma
bailarina ela me disse “Você não pode dançar agora, só com 8 anos”. E eu tinha 6. E
eu dizia “Mas eu preciso dançar mamãe”. Quer dizer, eu queria fazer qualquer coisa
que me tirasse daquela casa.

Zach: O que você disse?

Sheila: Eu disse que queria qualquer coisa que me tirasse daquela casa.

Zach: Porque?

Sheila: Quer a verdade?

Zach: Claro, se você aguentar.

Número 9- “At the ballet” (Sheila, Bebe & Maggie)

Sheila: É... eu tenho que confesar. Minhas lembranças familiares... são péssimas!

Sheila: Para o meu pai minha mãe era muito


Inferior, inferior
Quando casou disse que ele era
O melhor que ela ia encontrar
Mesmo tão jovem pois
Tinha só vinte e dois
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Tinha só vinte e dois


Disse que sim!

Vida com ele não era tão simples


Quase uma festa de bar
Aos cinco anos me lembro de vê-la
achando brincos no carro
Não eram dela, mas não comentava
Se não quisesse apanhar

Não era bom


Bom, não pra ela
Nem pra nós

Mas tudo era tão bonito no ballet


Moças lindas de branco no ar
Sim, tudo era tão bonito no ballet
Hey!
Era calmo... lá no ballet

Lá no fim d’uma escada suja

Sheila e Bebe:

No metrônomo de uma voz


Lá no fim d’uma escada suja

Não era como o céu


Não era como o céu
Não era como o céu

Mas foi um lar

Bebe:

Minha mãe falou que eu seria atraente


Quando crescer, quando crescer
Com um jeito bacana e bem diferente
e uma personalidade legal
Embora fosse nova
Com uns 8 ou mais
Com uns 8 ou mais
Eu odiei
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Ser diferente não é ser bonita


Bonita é que é ser a tal
Não conheci ninguém tão diferente
Que não pudesse explicar
Tão bela como eu nunca vou ser
Eu logo vi
Mas ela não
Não quis me ver
Mas...

Maggie e Bebe
Todo mundo era lindo no ballet
Todo cisne tem um belo par
Todo mundo era lindo no ballet

Hey

Eu fui linda

Lá no ballet

Maggie, Babe e Sheila


Lá no fim d’uma escada suja
No metrônomo de uma voz
Lá no fim d’uma escada suja

Não era como o céu


Não era como o céu
Não era como o céu
Mas foi um lar

Sheila: Foi quando comecei a dançar…

Maggie: Eu não sei se eram a favor ou contra, a não ser deles mesmos. Quer dizer,
nasci como uma tentativa de salvar o casamento dos meus pais, mas quando meu pai
buscou minha mãe no hospital disse: “Achei que isso ia ajudar… mas parece que não”.
Mesmo assim, tive fantástica vida de sonhos. Eu dançava pelas sala com os meus
braços pra cima, assim! Eu sonhava que era um chefe de uma tribo indígena… e meu
pai me perguntava: “Maggie, você quer dançar?” e eu respondia: “Papai, eu amaria
dançar”.
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Bebe: Mas deu pra ver


Sheila: Quando casou
Maggie: Que eu nasci pra salvar a relação
Sheila: Ele falou
Bebe: Ela falou
Maggie: Dançava pela sala de estar
Sheila: Nunca foi bom
Bebe: Não pra nós
Maggie: Um bom pajé me dizia “Maggie, você quer dançar”
Eu dizia “Pai, eu adoraria”

Tudo era tão bonito no ballet


Erga os braços, sempre tem alguém
Sim, tudo era tão bonito no ballet
Lá no ballet
Lá no ballet

Maggie, Sheila e Bebe:


Sim todo mundo é tão lindo no ballet

Era lindo
E alegre
E dançava

Lá no ballet
O grupo volta para a linha. Os espelhos viram painéis pretos
novamente.

Zach: Ok. Kristine.

Kristine: Ah, não… Eu?

Maggie: Foi o que ele disse.

Kristine: Bom... é... eu... ah meu Deus... eu não sei bem por onde começar.

Maggie: Diga a ele como começou a dançar.

Número10- Introdução: “Sing” (Orquestra)


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Kristine: Bom… todo mundo dizia que quando eu era pequena, quando ligavam o
radio, eu simplesmente começava a dançar. Um dia vendedor apareceu na minha
casa... Ele queria... O vendedor queria... Ele queria...

Diana: Vender?

Kristine: Ah... sim! E ele era um incrível vendedor... Eu nunca vou esquecer – ele me
colocou de frente com uma grande TV – aquelas antigas que pareciam uma caixa –
então ele me girou, puxou meu pé até minha cabeça e disse “Essa menininha vai ser
uma estrela”, e me convenceu que eu poderia aprender a dançar assistindo a TV. Bom,
eu não sei se foi pela minha cara, ou pelo fato de que eu não largava a perna dele –
mas minha mãe viu o quanto aquela TV era importante pra mim. Quer dizer, eu via
todos os programas de televisão que passavam – especialmente – todo domingo... Era
o daquele cara... Ed alguma coisa...

Sheila: Ed Sullivan.

Kristine: Isso! Ed Sullivan – todo domingo – como ir a igreja. Éhhh... desculpa... eu..
estou MUITO nervosa.

Zach: Ok, sem problema. Respire um pouco e fique calma...

Connie: No caso dela, isso é calma (se coloca ao lado de Kristine)

Zach: Vocês já se conheciam.

Connie e Kristine (Se olhando, Connie com desprezo e Kristine feliz): Sim!

Kristine: É, a Connie sempre me ajuda! De qualquer forma, eu sempre soube o que


queria ser. Queria ser como todas aquelas pessoas nos filmes... O engraçado é que eu
nunca quis ser Ann Miller. Eu queria ser Doris Day. Eu só tinha um pequeno...

Connie: (corrigindo). Um grande Problema!

Número 11- “Sing” (Kristine, Connie e Cia.)

Kristine: (falando ritmicamente ou cantando sem qualquer senso musical)

LETRA SING

Zach: Ok, Connie e Kristine, voltem para a linha.

Número 13- Montagem (Parte 2) “Nothing” (Diana)

Zach: Diana. Sua vez... Me fale sobre como descobriu que saria uma atriz...
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Diana: Eu? Bem...

Eu estava tão animada porque eu iria começar a faculdade de Artês Cênicas! Bem, eu
queria muito ser uma atriz de verdade. Era o primeiro dia de aula e estávamos no
auditório e o professor, o senhor Karp... Ah... o senhor Carp... De qualquer forma ele
nos colocou no palco sentados segurando as pernas dos outros, um atrás do outro e
ele diz: "OK, vamos fazer improvisações. Agora vocês estão sobre um trenó. Está
nevando lá fora e está gelado... OK... VÃO!!!"

Comecei a tentar escutar o vento frio, vento frio a soprar


Nem pensei, me esforcei pra olhar a neve branca, neve branca congelar
E eu procurei bem no fundo do meu ser fazer o trenó surgir
Sim eu procurei bem no fundo do meu ser eu tentei sentir

E todos gritavam "Whoosh, whoosh... Eu sinto a neve! Eu sinto o frio! Eu sinto o vento!"
e o senhor Karp se virou para mim e perguntou: "OK, Morales, o que você sente?"

Eu disse nada, não sinto nada, e bem no fundo aquilo me fez mal
Todos sentiram, e conseguiram, eu só senti que nada ali era real

Mas eu falei pra mim mesma: "Ei, é só o primeiro dia, talvez seja genético. A gente não
tem trenós em San Juan!"

Mas depois, dia dois, nós tentamos ser um carro, uma mesa de bilhar
Senhor Karp, disse assim: "Muito bem, mas não Morales, só Morales vai tentar".
E eu procurei bem no fundo do meu ser, eu juro que m'esforcei
Sim eu procurei bem no fundo do meu ser mas eu não achei

Gritaram "Nada!" Que eu era nada! E o Karp fez nada, o que me fez queimar!
Não me ajudaram, me humilharam, eu não sabia mais no que me apoiar.

E o Karp repetia "Morales, eu acho que você deveria tentar outra carreira. Você nunca
vai ser uma atriz, Nunca!" Meu Deus!

No altar fui rezar pra Maria: "Dê me força! Dê me força" com fervor.
No altar rezei Santa Maria: "Me ajude! Me ajude, por favor!"
E uma voz surgiu bem do fundo do meu ser, não sei como ela chegou
Sim a voz surgiu bem do fundo do meu ser ela me falou:

"O Karp é nada! É uma piada! Procure agora um outro professor!


E quando achá-lo, vai adorá-lo! E seu futuro vai ser muito promissor!"

Bem depois descobri que o Karp morreu.


E o qu'eu senti bem no fundo do meu ser... doeu...
Não senti nada...
24

Quer dizer, eu não queria que ele morresse.. mas...

Zach: Paul, você quer ser o próximo?

Paul: Eu tenho escolha?

Zach: Você quer o emprego?

Paul: E você quer que eu fale sobre o quê?

Zach: Sobre algo que não está no seu currículo. Sobre algo pessoal.

Paul: Pessoal e que não está no currículo? Então está bem… Vou falar sobre a minha primeira
vez.

Kristine: Primeira vez de quê?

Sheila: Não existe um limite de idade para se participar desta audição.

Zach: Continue, Paul…

Paul: Bem… Eu cresci aprendendo que meninos tinham que ficar com meninas então,
naturalmente, eu fui procurar uma menina para ter minha primeira experiência. E, olha, não foi
fácil encontrar uma garota que quisesse ficar comigo. Mas, finalmente, eu encontrei uma. E lá
estava eu, ficando no banco de trás com Sally Ketchum. Um pouco disso, um pouco daquilo.
Muito pouco daquilo. Depois de uma hor, ela falou: 'Quer fazer outra coisa?' E eu pensei
comigo mesmo: 'Não, não quero'.

Zach: Foi uma surpresa pra você?

Paul: Acho que sim. Foi. Foi a hora em que percebi que era gay. Pronto. Eu contei algo pessoal
que não está no currículo. Pode chamar o próximo.

Zach: Mas você disse que falaria da sua primeira vez. Foi com ela? Com Sally Ketchum?

Paul: Não, não foi com ela…

Zach: Então me conte. Como foi?

NÚMERO EXTRA – SURPRISE, SURPRISE (Paul)

NA PRIMEIRA VEZ, QUE EU FIZ AMOR


TIVE PAVOR E EU NÃO SENTI NADA
NA PRÓXIMA VEZ, AINDA NÃO GOSTEI
PENSEI SE FOR ASSIM, TODOS MENTIRAM
MAS AÍ TEVE OUTRA VEZ
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EU ESQUECI DE TEMER
EU SEI PORQUE NESSA OUTRA VEZ
EU ESPEREI
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
GAMEI!
FOI TUDO TÃO BOM, QUASE COMO UM BOMBOM
NAVEGUEI PELO MAR, QUE ENCANTO!
GOSTAMOS DEMAIS! PODE IMAGINAR
DEU QUASE PRA VOAR NOS SENTIMENTOS
E VEIO MAIS UMA VEZ
ACHEI QUE FOSSE POR SORTE SÓ!
OU SÓ É BOM EM UMA ENTR TRÊS
GAMEI!
EU ME SURPREENDI, QUENTE DEMAIS!
DOCE COMO UM BOMBOM
GAMEI, GAMEI, GAMEI, GAMEI
GAMEI.... GAMEI!

Zach: Paul, vou te deixar em paz por enquanto. Mas eu ainda não consegui ver você… Você
me mostrou um personagem… Uma história que você já deve ter repetido várias vezes para os
seus amigos, estou errado.
Paul: (Tenta argumentar, mas vê que é inútil. Abaixando a cabeça). Não.
Zach: Então voltaremos pra você mais tarde…
Paul: Merda…
Número 16- Dance 10; Looks 3 - (Val)

Zach: Quem quer ser o próximo?

Val: Eu!

Zach: Como você começou sua carreira artística?

Val: Bem... Quando eu fiz dezoito anos, eu me despedi dos meus pais e peguei um
ônibus para Nova Iorque. (a parte, para os outros candidatos) Igual June Allison,
sabem? (prosseguindo) Pois eu queria ser uma Rockette. Ah, é, vamos deixar uma
coisa bem clara aqui. Eu nunca tinha ouvido falar dos “Os Sapatinhos Vermelhos”, eu
nunca vi “Os Sapatinhos Vermelhos” e eu não estou nem aí para “Os Sapatinhos
Vermelhos”. Eu decidi me tornar uma Rockette por que uma garota da minha cidade –
26

Louella Heiner – ela fugiu pra Nova Iorque e conseguiu. Ela se tornou uma Rockette.
Bom, ela foi visitar a família no Natal e fizeram um desfile para ela. Um maldito desfile.
Eu tive que ficar girando um bastão na chuva por duas horas. Infelizmente ela
engravidou depois do Natal – Feliz Natal! – E nunca mais voltou para Radio City. Esse
era o meu plano. Nova Iorque, Nova Iorque, aí vou eu. Exceto por um probleminha, eu
era incrivelmente feia. Eu era feia, magra, sem nenhuma sensualidade e reta como
uma porta. Imaginaram? Mas lá estava eu, desci do ônibus com meu sapatinho branco,
minhas meias brancas, meu vestidinho branco, minha cara esquisita e meu cabelão
loiro – que por sinal era natural. Eu estava parecendo uma enfermeira! Eu tinha oitenta
e sete dólares no bolso e sete anos de sapateado e acrobacias. Eu poderia abrir um
espacate e subir sapateando uma mensagem em código morse. Bom, com esse talento
todo eu imaginei que o prefeito estaria me esperando com a chave da cidade assim
que eu chegasse. Errada! Eu tive que esperar seis meses por uma audição.
Finalmente o grande dia chegou! Apareci no Music Hall com os meus sapatos
vermelhos brilhantes de sapateado e apresentei a minha sequência incrível. Foi então
que aquele homem disse para mim: “Você tem a perna alta?” – Era óbvio que eu tinha,
mas também era óbvio que os meus fankicks não eram bons os suficientes para ele.
Eu não era burra e sabia que o problema era minha aparência, não minhas pernas.
Então eu disse: “Que se danem Radio City e as Rockettes...eu vou dançar na
Broadway!”. Broadway, a mesma história em cada audição que eu fazia. Eu dançava
muito melhor que todas as outras bailarinas e sempre acabava indo embora com as
rejeitadas. Depois de um tempo tudo fez sentido, ou melhor, eu abri os meus olhos.
(Olha para Sheila) Um dia eu roubei a minha ficha depois de uma audição. Em uma
escala de zero a dez eles me deram pela dança dez e pela aparência três!

Dança, Dez; Cara, Três!


E eu aqui lavando louça
Ensaiando feito louca
Não é certo! Não é certo!

Dança, Dez; Cara, Três!


Quis me matar
Do teatro eu fui direto
Ao consultório comprar

Peitos e bunda
Escolhi um lindo par
Atrás foi só empinar
Eu aproveitei
Me reinventei
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Peitos e bunda
Me tornei um mulherão
De repente só viajo em turnê!
Peitos e bunda
Vão te salvar
É só comprar

Foi um furto na carteira


Mas no sexo, que sujeira!

Toda reta,
Só pegava resfriado
O que vinha era agrado
Não é certo! Não é certo!
Melões novos
Te dizem “Oi”
Transformei minha vida
E um mar de gente quer me ganhar!

Peitos e Bunda
Uma tábua nunca mais!
Minhas curvas tão demais
E malhei, também
Reparou que eu sei!

Pra arrasar
É só se siliconar
Suas maracas pode balançar!
Peitos e bunda vão te mudar
É só comprar

Sheila: Eles nem são tão grandes assim.


Val: Eu ouvi isso, sua vaca. Eu não queria ele como os seus... Eu queria eles
proporcionais ao meu corpo.
Sheila. Bom, você conseguiu então o que queria.
Connie: Eu morreria por um deles.
Val: Então vá e compre pra você também!

Vai, se refaz!
Acredita em mim
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Pegue um taxi e vá direto


ao mago pr’ele te dar

Peitos e bunda
Pra orquestra e pro balcão
Queixos vão ficar no chão
Deixe o que melhor
Mude o que é pior

Peitos e bunda
Nunca vi não funcionar
Pra quem dança, canta ou quer casar!

Peitos e bunda
Sim, peitos e bunda
Vão te salvar!

Connie: Zach, nós podemos sentar? Por favor.

Sheila: E fumar? Os adultos podem fumar?

Zach: Ok, vamos fazer uma pausa - todos para o hall.

(Os candidatos pegam lentamente suas bolsas e


deixam o palco pelo lado direito)

Zach: Cassie...fique no palco, por favor.

(Cassie coloca sua bolsa no chão na ponta


direita do palco. Música começa. Cassie anda
lentamente até o centro do palco.)

Número 18- “The Music and The Mirror” - (Cassie)

Cassie: (durante a música) Essa audição está muito interessante, você não acha?

Zach: Acho…O que você está fazendo aqui?

Cassie: O que você acha? Eu preciso de um emprego.

Zach: No coro?

Cassie: Zach, com certeza eu amaria um papel, mas eu tenho que me virar com o que
está ao meu alcance.

Zach: Você é boa demais para o coro, Cassie.


29

Cassie: Boa demais? Eu fiz alguns papéis maiores, mas e daí?

Zach: Você estava no topo, a sua carreira estava decolando aqui em Nova Iorque.

Cassie: Eu não consigo trabalho, Zach...Deus! Você parece com todos os meus
amigos – meus fãs. Me transformam em uma grande estrela ficam dizendo que sou
humilde em não reconhecer, sendo que na verdade eu não estou nem perto de ser isso
tudo e nenhum de vocês tem a coragem de me contar. Seria ótimo se eu fosse uma
grande estrela...Mas eu não sou, sou uma bailarina!

(As luzes desaparecem deixando Cassie em um


foco.)

Cassie: (canta) Me dê alguém pra quem dance


Quero mostrar quem eu sou
Quero acordar de manhã e lembrar
Que eu tenho um caminho a trilhar!

(As luzes retornam ao normal.)


Zach: (durante o instrumental) Então você está passando por uma fase ruim, acontece
com todo mundo. Logo algo aparece.

Cassie: Era isso o que eu sempre me dizia na Califórnia. E dizia de novo, e de


novo...mas nada aconteceu e nem vai acontecer, eu não sei atuar.

Zach: O que?

Cassie: Eu não sei atuar. E lá estou eu na Califórnia, em teoria eu era uma atriz. Não
demorei muito tempo para perceber que eu não atuava... Não demorou muito pros
outros perceberem também.

Zach: Você não conseguiu nada lá?

Cassie: Ah, consegui sim...um papel medonho em um filme amador, a minha parte
acabou sendo cortada do filme, graças a Deus! Eu era uma “dançarina exótica”, e, sim,
era isso mesmo que você está pensando. Vamos ver...ah, sim! Comerciais, eu quase
consegui o trabalho para interpretar um rolo de papel higiênico, mas acharam alguém
melhor do que eu para fazer o papel. Dezessete anos de carreira e eu não sirvo pra
interpretar um papel higiênico? Ah, eu fiz um Band-Aid dançante – esse foi divertido...
E nada mais de interessante... Teve um terremoto, eu sempre estava bronzeada... E
você deve ter ouvido falar...
30

Zach: Eu ouvi que você namorou um grande agente. Fez umas loucuras, deu umas
voltinhas despreocupadas...

Cassie: Quando você é uma mulher troféu você se permite algumas aventuras. Sem
mencionar ficar gorda e louca – o que justifica o fato de voltar para Nova Iorque e de
estar aqui hoje. Zach, querido... Meu amorzinho, eu realmente preciso de um emprego.

(As luzes desaparecem deixando Cassie em um


foco.)

Cassie: (canta) Pra ter algo em que eu acredite


E me torne alguém
Me dá, me tem!

(As luzes retornam ao normal.)


Zach: (falando durante o instrumental) Eu não consigo te ver dançando no coro,
Cassie.

Cassie: Por que não?

Zach: Olha, se você precisa de dinheiro, liga pro meu agente.

Cassie: É claro que eu preciso de dinheiro. Quem não precisa? Mas eu não preciso de
esmola. Eu preciso de um emprego. Eu preciso de um emprego e eu não sei outra
maneira de dizer isso. Você quer que eu repita?

Zach: Não.

Cassie: Ótimo, então você me entendeu. Zach, eu não trabalho faz dois anos, não há
mais nada que eu possa fazer. Eu estou me colocando no coro. (Ela pisa na linha em
que os candidatos se encontravam.) Eu estou me colocando no seu coro. Eu não quero
ficar sentada esperando. Eu não quero virar professora para ter que ensinar para as
pessoas algo que era para eu mesma estar fazendo...

(Enquanto Cassie canta as luzes vão diminuindo


até ela se encontrar em um foco.)

Cassie. (canta) Deixa que eu dance


É o meu talento!

Me dê alguém com quem dance


Quero achar meu lugar
Quero voltar para o mundo dos vivos
Me ensine a recomeçar
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Toque a música
Me deixe ao menos tentar
Tudo o que preciso é da música, um espelho
E dançar só pra você

Me dê um trabalho e verá como posso ser forte


Me dê um trabalho e o resto por si se resolve
Deixe eu tentar, e não vai mais se arrepender
Vou te orgulhar

Joga a corda que eu pego, Vou te provar que é melhor!


Me dê a chance de poder dizer que eu tenho a minha canção!

Toque a música, me deixe ao menos tentar!


Tudo o que eu preciso é a música, um espelho
e poder dançar!

Toque a música,
Dá essa música,
A minha música,
Me deixe ao menos tentar!
Tudo o que eu preciso é a música, um espelho
e poder dançar!

Número 19- After “The Music and The Mirror” - (Orquestra)

Zach: (durante o instrumental) Você não pode voltar para o coro, Cassie. Essa não é a
solução.

Cassie: Eu não estou tentando voltar – eu estou tentando recomeçar, Zach. Eu estou
pronta para isso, começando do zero.

Zach: Começando do zero...? Nós não podemos...

Cassie: O que? Nós? Você está falando sobre...

Zach: Não, não é sobre isso.

Cassie: É sim. Você está falando sobre nós.

Zach: Cassie, estamos falando de negócios.

Cassie: E é por isso que estamos aqui, não é? Trabalho, Zach? É por isso que estou
aqui hoje – são só negócios.
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Zach: Você não devia ter aparecido. Você não se encaixa no perfil. Você não dança
como os outros e nem sabe como dançar como eles.

Cassie: Eu fiz há anos atrás e eu posso fazer de novo. Você não vai me deixar nem
tentar? Só uma chance.

Sheila: (entrando pela direita do palco) Ah, me desculpem... Quando devemos voltar?

Zach: Ainda não. Peça para o Zach ensiná-los o número que eu quero ver... Ele sabe
qual...

(Sheila começa a deixar o palco.)

Zach: (para Sheila) Ah, Sheila, fale para o Paul vir para o palco...

(Sheila sai de cena.)

Zach: (para Cassie) Tudo bem, vá com os outros e aprenda a letra.

Cassie: Obrigada...

(Logo que Cassie sai pela direita do palco, Paul


entra.)

Paul: Você queria me ver?

Zach: Sim, Paul...Eu realmente gosto da maneira que você dança.

(Paul encolhe os ombros.)

Zach: De verdade! Então achei que deveríamos tentar mais uma vez. Uma pergunta,
por que mudar de um nome porto-riquenho para um italiano?

Paul: Porque não me pareço porto-riquenho. As pessoas ficam repetindo: “Você não é
porto-riquenho!”, “Você não é porto-riquenho!”...mas eu sou.

Zach: Então você acha que você parece italiano?

Paul: Não, eu, ah – eu só queria ser alguém diferente. Então me tornei Paul San
Marco.

Zach: Por que você quis se tornar alguém diferente?

Paul: Por quê? Acho que eu não tenho muito orgulho do meu passado.

(Música para.)
33

Zach: E quem se orgulha? Mas é isso o que a palavra significa, Paul. Passado.

Paul: Isso pode ser fácil para você dizer, mas...

Zach: Olha, espera um minuto – o que te fez começar a dançar, seus pais?

Paul: (começando a andar até o meio do palco) Não, o que os porto-riquenhos sabem
sobre teatro? Só agora eles tem TV a cabo – antes eles não tinham nada. Mas o meu
pai sempre amou os filmes, ele nos levava sempre. Ele trabalhava noites e noites e
quando voltava para casa nos levava para a rua quarenta e dois. Nós saíamos de um
filme e entravamos em outro – eu não sei por que mas eu sempre amei os musicais.

Zach: Quantos anos você tinha?

Paul: Sete ou oito.

Zach: Na rua quarenta e dois?

Paul: É – era loucura.

Zach: Continue...

Paul: Eu tinha que sentar na frente sozinho para enxergar – agora eu uso lentes de
contato... Eu ia para frente e vários homens estranhos sentavam do meu lado e
“brincavam” comigo. Eu nunca contei para ninguém porque – bom, acho que ninguém
ia se importar mesmo...

Zach: Por que não iam se importar?

Paul: Por quê? Ah...

Zach: Olha, Paul...se for muito difícil para você, eu tenho a sua foto e seu currículo...

(Paul agora está no centro da linha.)

Paul: Não. Ah...Tá bom. Eu costumava sair dançando nas ruas me lembrando de
todos aqueles musicais que eu assistia e sempre me pegavam dançando. Deus,
morria de vergonha. Dançava sempre me sentindo a Cyd Charisse...sempre. O que
eu não conseguia entender já que só passava pela minha cabeça ser ator. Digo, eu
sempre quis ser um performer. Uma vez minha prima me disse: “Você nunca vai ser
um ator.”, eu sabia que ela me dizia isso porque ela me achava uma maricona. Na
verdade eu era muito afeminado. Eu sempre soube que eu era gay, mas isso nunca
34

me incomodou também. O que realmente me incomodava era que eu não sabia


como me comportar como um menino. Um dia eu me olhei no espelho e disse: “Você
tem quatorze anos e é uma bichona. O que você está fazendo com a sua vida?”.
Naquela época eu estudava num internato. Tinham três mil meninos lá. Eu não tinha
mais ninguém para me proteger. Não tinha chance de eu ser legal e engraçado na
sala de aula para os garotos durões me protegerem como nas escolas pequenas
que eu era acostumado a frequentar. Eu gostava da escola, mas as minhas notas
eram péssimas. Mesmo se eu soubesse as respostas eu nunca levantaria a minha
mão para responder com medo de rirem de mim. Eles até assobiavam para mim nos
corredores. Era horrível...simplesmente horrível. Finalmente eu tomei coragem e fui
até a sala do diretor e disse: “Eu sou homossexual.”. Bom, em uma escola católica
com quinze anos você simplesmente não podia ousar em dizer uma coisa dessas.
Ele disse: “Você gostaria de falar com um psicólogo?”. Eu aceitei. O psicólogo me
disse: “Eu acho que você é muito bem resolvido para um garoto da sua idade e acho
que você deveria sair dessa escola.”. Foi o que eu fiz mesmo não querendo muito.
Para mim o fato de abandonar a escola era o começo de uma caminhada atrás de
quem eu realmente era e de como eu me tornaria um homem. Você sabe que tem
muita gente nesse mundo que não tem ideia de como se tornar um homem de
verdade. Foi nessa época que eu percebi que eu era um. A verdade é que eu estava
olhando para as coisas erradas, eu era um homem. Enfim, eu comecei a sair para a
rua 72 e acabei conhecendo pessoas muito estranhas. Pessoas que eram iguais a
mim. Então eu finalmente percebi que eu sempre fui o que eu tanto procurei.

Lá alguém me disse que o Jewel Box Revue estava procurando por dançarinos para os
shows de drag queen. Então eu fui para a audição. Depois daqueles anos todos
fingindo ser Cyd Charisse eu finalmente tinha uma oportunidade de dançar. Senti que
podia fazer o que eu quisesse, era a minha primeira audição. Eles me disseram: “Você
é muito pequeno para ser um homem, você não quer ser uma drag?”. Eu perguntei: “O
que é isso?”. Eles então disseram: “Uma mulher.”. Perguntei o que eu tinha que fazer e
eles me pediram para mostrar as minhas pernas. “Mas eu tenho pelos nas pernas.”.
Eles então me levaram para uma sala e colocaram em mim um par de meias de nylon
e saltos altos. Foi bizarro. Foi incrível. Me levaram direto para o palco e me disseram
que eu tinha pernas maravilhosas. Eu disse: “Sério?...Inacreditável.”. Era tão estranho
pensar nisso tudo. Eu tinha acabado de completar dezesseis anos. Minha preocupação
agora era uma maneira de esconder tudo isso dos meus pais. Eu tive que comprar
tudo. Sapatos para ensaiar, brincos, maquiagens. Eu escondia tudo em casa, mas um
dia minha mãe achou. Tive que dizer para ela que tinha uma amiga no show que não
queria que a mãe soubesse o que ela estava fazendo, então estava guardando essas
coisas para ela. Graças a Deus ela acreditou. Eu estava finalmente no show biz. Era a
pior parte do show biz, mas pelo menos era alguma coisa. Eu tinha amigos lá mas
depois de um tempo começou a ficar humilhante. Ninguém na Jewel Box tinha um
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pingo de dignidade, a maioria tinha vergonha de si mesmo e se considerava uma


aberração. Eu não sei, mas acho que um lapso de dignidade me atingiu então deixei o
lugar. Fiquei perdido por um tempo. Trabalhei em escritórios, como garçom, mas com a
escola incompleta é difícil de conseguir um bom emprego. Então quando o Jewel me
chamou de volta eu aceitei.

Nos estávamos no teatro Apollo na rua 125 fazendo quatro shows por dia, era muito
cafona. O show ia pra Chicago. Meus pais queriam se despedir de mim e iam levar a
minha bagagem para o teatro depois do show. Nós estávamos fazendo um número
oriental e eu parecia a Anna May Wong. Eu usava dois enormes crisântemos em minha
cabeça junto com um adereço gigante com bolas de ouro penduradas. Eu estava
descendo as escadas para o número final quando vejo meus pais em pé na porta do
teatro, eles chegaram muito cedo. Entrei em desespero. Eu não sabia o que fazer.
Pensei: “Já sei, vou passar rápido por eles e eles não vão me reconhecer.”. Respirei
fundo e comecei a descer as escadas, logo que passei pela minha mãe eu a ouvi
dizendo: “Meu Deus!”. Eu morri. Mas o que eu podia fazer? Eu tinha que correr para o
número final então continuei andando. Depois do show fui para o camarim e logo que
terminei de tirar o figurino e a maquiagem eu desci as escadas. E lá estavam eles
parados assustados no meio da multidão. Tudo o que eles me disseram foi: “Por favor
escreva, se alimente e se cuide.”. Um pouco antes deles deixarem o teatro meu pai foi
até o produtor do show e disse: “Cuide bem do meu filho...”. Foi a primeira vez durante
toda a minha vida que ele me chamou assim...Eu...Ah...Eu...

(Paul “desmorona”. Música entra depois de três


batidas lentas.)

Número 20- Final da Cena do Paul - (Orquestra)

(Durante a música Zach sobe no palco e vai em


direção ao Paul, coloca um braço em volta dos
ombros dele e anda para a esquerda tão
silenciosamente que não se ouve.)

Sheila: (entrando pela direita do palco) Podemos voltar?

(Zach faz sinal de “não” com as mãos e continua


levando Paul. Zach abaixa suas mãos. Música
segue.)

Número 21- “One” - (Cia.)


36

POR MIM CORTA ESSE ONE, DEIXA SÓ O DO FINAL. AQUI PODERÍAMOS


COLOCAR O OUTRO NÚMERO DE CORO QUE O IVAN QUER. FALTA SÓ
ESCOLHER O NÚMERO. UMA SUGESTÃO É O “MAGIC TO DO” de PIPPIN

Zach: Ok, podem vir... Tragam as cartolas.


(Todos pegam suas cartolas e começam a
comentar enquanto Zach estão revisando os
passos e mudanças de espelho. Quando Paul
tira a cartola da caixa, Zach atravessa até o
centro e reúne todos os participantes).

Zach: Ok, faremos a mesma coreografia do início, mas se encaixará com a música que
será cantada. Agora, algo muito importante! Quero ver um coro dançando. Cada
cabeça, braço, perna, ângulo, devem ser exatamente os mesmos. Tem que ser um só!
Esse é o número em que vocês serão a moldura da nossa estrela. Não quero prestar
atenção em uma única pessoa, mas sim no todo. Agora, vamos passar.

(Zach dá o passo a passo da coreografia).

Agora, vamos fazer toda a coreografia de costas pro espelho.

Michelle: Desculpa, só pra confirmar, depois de colocar e tirar a cartola fazemos o pas
de bourrée?

Zach: Isso mesmo.

Judy: E quando colocamos a cartola da primeira vez, é em quinta?

Zach: Não, é em sexta.

(A coreografia se reinicia)

Certo. As garotas em linha. A mais alta no centro e as menores nas pontas. De novo.. e
5, 6...

Cassie: Eu não tenho cartola.

Zach: Pegue uma na caixa.

Michelle: Pega Cassie.

Cassie: Ah.. brigada.


37

Zach: E 5, 6, 7, 8...

(Durante a coreografia, Zach chama a atenção


de Cassie diversas vezes, e depois de um
tempo, a puxa para fora da coreografia)

Cassie: O que foi? Que você ta fazendo?

Zach: Meu trabalho.

Cassie: O que?

Zach: Como você poderia fazer isso Cassie? Você saiu dos coros quando tinha 22
anos. Que merda deu em você pra pensar em voltar agora?

Cassie: Minha sanidade.

Zach: Cassie!! Você não pode fazer isso!

Cassie: Mas eu estou fazendo. Estou fazendo tudo que você quer. Estou dançando
como todos eles.

Zach: Eu sei que sim. E pra ser honesto, não vou aguentar isso.

Cassie: Então sabe que isso é um problema seu. Porque? Porque você me tirou do
coro a primeira vez, pra me colocar no papel principal, se eu não estava pronta? Me
colocar de volta no coro vai fazer de você um fracasso?

Zach: Porque foi embora?

Cassie: Ah... jura que vamos falar sobre isso agora?

Zach: Porque me deixou? Eu cheguei em casa e soube que tinha ido embora.

Cassie: Porque Zach? Ah.. você percebeu?

Zach: Muito engraçado.

Cassie: Você me deixou muitas semanas antes daquilo.

Zach: Eu te deixei??? Eu achei que estivéssemos morando juntos!!


38

Cassie: Não... estávamos no máximo dividindo o mesmo apartamento. Espera.. você


não entendeu! Eu não quis dizer que você foi embora... mas você me jogou pra
escanteio. Quase não aparecia. Se apaixonou de novo e...
Zach: Não me apaixonei... claro que não.. você sabe que não! Eu estava dirigindo
minha primeira peça.

Cassie: Sim, e você estava apaixonado por isso... e era a única coisa no mundo que
realmente importava pra você.

Zach: Cassie, você sabe sim o quanto aquilo era importante pra mim. Meu Deus, se eu
pudesse dirigir uma peça teatral e fazer sucesso... significaria que eu não ia precisar
ficar coreografando pro resto da vida.

Cassie: Ahh não Zach.. como se algo te impedisse disso. Você sempre vai fazer tudo..
dirigir, coreografar... musicais, peças, filmes... E eu sabia que você amava seu
trabalho... Mas acho que com ele você não conseguia transar, conseguia?

Zach: É.. talvez eu conseguisse sim. Você não parecia ligar quando trabalhávamos
juntos. Isso só aconteceu quando não estávamos mais...

Cassie: Ah Zach... Eu não me importava em não fazer parte daquele seu trabalho. Eu
amava você! Eu podia lidar com aquilo. O que eu não suportava era não fazer parte da
sua vida, e não o fato de não poder estar sendo dirigida por você. Mas era o que você
queria.. você estava crescendo, e me queria com você... Eu era uma incrível bailarina...
Mas não era suficiente! Você me queria como uma estrela.

Zach: E o que tem de errado nisso? Porque você não podia brilhar? Porque você não
podia ser o melhor de você mesma? Quando eu te tirei daquele coro.. eu decidi que
iria...

Cassie: Aquilo não foi uma decisão. Foi uma doença! Deus... bom, melhor.. incrível –
Eu odeio isso! Como você consegue lidar com isso? Você fica pulando de show em
show... 24 horas por dia.. como você vai aguentar isso o resto da sua vida? O que você
está tentando provar? Como se hoje eu estivesse fazendo isso por você.. pra ter você
de volta! Mas eu não quero provar nada pra ninguém. Eu quero fazer o que amo até
quando eu não puder mais. Tô fazendo isso por mim! E você? Tá fazendo tudo isso por
quem?

... Me desculpe.. eu não tenho o direito de te julgar. Mas porque você ainda faz isso?
Acho melhor tudo isso parar por aqui.
39

Zach: Ok.

Cassie: Certo. Não os deixe pensar que sou sua preferida. Trate-me como a todos os
outros.

Zach: É isso o que você realmente quer?

Cassie: Sim, estarei feliz se estiver no nível deles. São todos incríveis.

Zach: Mas você é especial.

Cassie: Não... somos todos especiais. Ele, ela... Sheila, Maggie, Connie. Todos
especiais. Eu estou feliz por fazer parte da linha de coro.

Sheila: Ok... Podemos continuar com a seleção? Já sabe quem você quer contratar?

Zach: Eu não sei.

Sheila: E o que você quer ver agora?

Zach: Façam a coreografia de sapateado.

Número 22- “Tap Dance” - (Cia.)

Sheila: Ahh Deus.. quando isso acabar vou precisar de um porre!

Michelle: Ele só podia decidir o que quer agora.

Bebe: Ahhh Cristo... tô morrendo de dor de cabeça.

Maggie: Eu não sei se ainda posso sorrir por muito tempo.

Judy: Eu deveria ter virado cantora... (tenta uma nota aguda) – Bom...

Zach: Ok. Todos do lado esquerdo do palco, por favor.

(Todos obedecem e seguem suas instruções)


40

Zach: Agora vocês ficarão em duplas. Deixa eu ver... Bebe e Sheila.... Ahh.. não..
pera... Dividam-se em dois grupos Diana e Val, fiquem ai... 5, 6, 7, 8...
(Começam a coreografia)

Zach: Michelle, chega mais perto da Sheila. Escuta a música.. Quero ver sorrisos
galera, não aquele sorriso amarelo... quero aquele sorriso Colgate... Agora, todos do
lado esquerdo. Diana aqui com Paul, Val... com a Connie.

Val: Sorria amor.

Zach: Diana, não consigo ouvir o som do seu sapateado.

Diana: São meus tênis... não dá pra fazer barulho de sapateado com tênis – (mas
continua tentando).

Zach: Connie... porque você tá se escondendo? Vem pra cá!

Connie: É que o sapateado não é meu ponto mais forte.

Zach: Você (para Connie).. com Paul... 5, 6, 7, 8... Connie.. relaxa... tenta.. se divirta!!

(Connie dança como uma pata. Até que Paul


cai... a música para quando ele cai).

Maggie: Connie!!

Michelle: Paul.. levanta cara... Paul!

(Michelle atravessa o palco e apoia Paul em


seus ombros)

Bebe: Garota, o que você ta fazendo?

Michelle: Não ta vendo.. to tentando levantar ele.

Paul: Aii meu Deus...

Connie: Você ta bem?

Paul: Sim.. to bem.. (gemendo de dor)

Zach: Paul.. você ta bem? Se machucou?


41

Paul: Ah.. não.. não.. eu só.. Cristo!

Zach: Você se distendeu? Ou é seu tornozelo?

Diana: Não é seu joelho né?

Paul: (geme)

Zach: (para Diana) machucado antigo?

Diana: Sim, ele operou no ano passado. É a cartilagem.

Sheila: Ah.. que merda!

Zach: Pra trás galera.. deixem ele respirar!

Cassie: Chamem um médico.

Paul: Ah não.. não chamem não!

Cassie: (para Zach) Você tem que chamar um médico.

Zach: Quem é seu médico?

Paul: Eu não quero um médico.

Cassie: Quer que eu ligue pro meu?

Zach: Liga sim, Cassie. Paul, respira fundo.. relaxa!

Cassie: Acho que deveria por algo pra apoiar o joelho ele!

Zach: Alguém me dá uma mochila?

(Maggie atravessa o palco e entrega a mochila)

Paul: Não se preocupem.. Está tudo bem.. eu só torci.

Zach: Devagar... e já!


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Paul: Ai cacete!

Zach: Melhor agora?

Cassie: Alguém tem analgésico?

Sheila: Eu tenho.

Zach: Alguém vá pegar agua.

Michelle: Eu vou.

Zach: Você vai ficar legal Paul.

Paul: Vou.. mas desempregado.

(Sheila volta com o remédio e Michelle com a


agua)

Maggie: Olha, acho que você não deveria dar isso a ele... você não sabe se pode fazer
bem.

Sheila: Por favor garota, eu tomo isso como se fosse bala.

Cassie: Zach, o doutor disse pra levarmos ele até o Hospital São José.. é mais rápido
do que ele vir até aqui. Disse que vai espera-lo na ala de emergência.

Zach: Certo. É...

Cassie: Eu vou com ele.

Zach: Não.

Connie: Eu vou então.

Zach: Levem-no até a entrada e peça pro Larry acompanha-lo. Vamos levantá-lo.
Prontos? 1, 2, 3!

Kristine: Onde tá a bolsa dele?

Zach: Paul.. vou la te ver mais tarde. Me ligue quando chegar no hospital.
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(Connie e Michelle saem carregando Paul. Todos


ficam em silêncio até a nova música começar.)

Número 23- Alternativas - (Orquestra)

Zach: O que você farão quando não puderem mais dançar?

Bebe: Me matar.

Zach: Não, é sério.

Diana: Ah.. que tipo de pergunta é essa?

Kristine: Tensa.

Zach: Eu sei.. mas o que fariam?

Kristine: (depois de uma longa pausa) Bom, eu te digo. Na verdade, eu estou ficando
com medo. Eu amo estar nesta área. Mas um dia isso acontece e daí a gente pensa
“Ok Kristine, você foi ótima e se divertiu pelos últimos 8 anos... e agora? O que vai
acontecer?”.

Maggie: Várias pessoas se sentem assim. E elas estão saindo bem rapidinho do show
business.

Kristine: Não existe segurança na dança.

Judy: Mas peraí...

Kristine: Não tem aumento.. não tem promoção.

Diana: Escuta, se é segurança que você procura.. esqueça esse ramo.

Kristine: Não.. não é isso!

Diana: E o que é então?

Kristine: Eu posso viver sem essas coisas... o problema.. é que tá difícil pra arrumar
trabalho.
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Bebe: Ahh.. vamo lá. Não quero escutar que a Broadway ta morrendo... Porque eu to
entrando agora...

Kristine: Mas eles não estão mais fazendo grandes musicais como antes...

Bebe: Mas mesmo que tivesse... mesmo que você consiga um emprego.. isso acaba..
nada nesse ramo é pra sempre, certo?

Diana: Sim, claro. Mas é assim né..

Kristine: E daí você tem que começar tudo de novo.. porque o único coro que sempre
podemos contar no show business é o de desempregados.

Bebe: Credo Kristine.

Judy: Mas você não quer fazer nada mais do que dançar no coro?

Bebe: Cara, eu preciso primeiro entrar em um.

Judy: Ah, eu quero ser mais do que uma pessoa do coro... claro, também não preciso
ser uma superstar ou coisa assim.

Val: É.. Eu preciso!

Sheila: E quem não precisa? Todo mundo que vem de um buraco no interior quer ser
uma estrela.

Judy: Ah ta bom.. eu admito. Eu quero ser a próxima Gwen Verdon.

Zach: Mas ela dança Judy.

Judy: Ah eu sei.. você não a ama?

Zach: Mas eu quero saber o que você faria se NÃO pudesse mais dançar.

Val: E quem se importa? Eu não me importo se nunca mais fizer um plié na vida. Eu
seria extremamente feliz se fosse para Hollywod e substituísse Jill St. John... Seria um
puta negócio né? Bom.. eu posso sonhar.. certo?

(Michelle e Connie retornam)


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Bebe: Pode.. mas eles não pagam seu aluguel.

Val: Dai.. eu encontro um alguém.

Michelle: Taí.. as mulheres sempre podem se casar e se dar bem.

Sheila: Ela não falou uma palavra que se referisse a casamento.

Michelle: Também tem outra coisa...

Bebe: Ah gente.. para né... vou entrar em depressão!

Michelle: Esses corpinhos não duram pra sempre!

Bebe: Ok, entrei em depressão.

Michelle: Não somos melhores que os atletas.

Connie: Bom.. desculpa. Eu não tenho o porque de me preocupar com isso agora...
tenho planos pra essas pernas por um bom tempo.. e quando elas não funcionarem
mais... eu faço qualquer outra coisa.

Val: Certo.... daí você vai atuar. Sério.. você vai amar. Quer dizer... é incrível quando
você encontra alguém com quem pode conversar. É por isso que eu to praticando...
aos poucos.. mas estou praticando. E vou te dizer querido, sua bundinha não vai durar
pra sempre pra você dançar... mas pelo menos, você não precisa dela pra ser ator.

Kristine: Ah... vamos lá... os atores estão ainda mais desempregados do que os
bailarinos.

Diana: Que merda! Isso é o teatro... Escuta... ninguém que entra pra atuar está salvo.
E todos estamos aqui porque queremos. E vocês estão tratando como se fosse
qualquer outro trabalho! E não é.. então, que merda que vocês estão falando?

Bebe: Sobre a VIDA, querida! Tudo pode acabar em um segundo! Por isso não
planejamos.. sem alternativas... vivemos um dia de cada vez.. e já é o suficiente pra
mim.

Zach: E o que pretende fazer?


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Bebe: Eu não pretendo sair do negócio.. talvez virar contra-regra... assistente de


direção...

Val: Hello!!

Maggie: Eu não consigo pensar em nada mais.

Bebe: Bom.. Se eu tiver que escolher outra carreira... então escolherei! Simples assim!
(para Sheila) O que você quer ser quando crescer?

Sheila: Jovem!

Connie: Eu sei o que vou fazer! Porque eu sei... que em qualquer show que eu
estiver, um dia vai acabar.... E eu finalmente vou poder sair da minha dieta! Então, eu
vou entrar no carro com meu marido e seguir pros nossos 5,000m² em Vermont, ter
uma penca de filhos... dançar só na minha cozinha enquanto faço o almoço e aproveito
o resto da vida engordando!

Kristine: Hey.. isso parece muito bom! Gostei disso! Exceto pela parte de engordar!

Diana: Olha, tudo que eu quero é ser feliz!

Bebe: Ah.. vamos lá... você não é feliz? Eu já me peguei sendo bem depressiva e
pensando sobre tudo isso também. Mas daí, uma vez eu conheci uma pessoa e ele me
disse “Caraca, você dança na Broadway.. que demais! Que incrível”... E olha... eu
entendi o que era isso...

Número 24- “What I Did For Love” - (Diana e Cia.)

Bebe: Porque me lembro que eu ficava assistindo aquelas garotas saindo e entrando
no palco com aqueles cílios postiços enormes, e aquelas maquiagens... e eu pensava:
“Meu Deus.. que eu nunca seja velha.. nunca seja velha pra ter que deixar os palcos”.
Mas eu sempre soube que um dia isso aconteceria... mas quer saber? Olha o quão
longe eu cheguei... e eu jamais vou desistir agora.

Sheila: Foi o que eu sempre disse: “Eu nunca vou desistir... Eu serei a super bailarina
da época quando eu tiver 18 anos”.. daí eu passei pra uma comédia musical e pensei
“Ok, sou a garota do coro, mas eu vou ter muito tempo... tenho até os 21.”

Bebe: Ahh sério? Você fez isso também? Também se deu uma “idade limite”?
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Maggie: Eu também faço isso!

Sheila: Certo. Mas daí, você chega aos 25 e sempre prolonga.. sempre 2 anos a mais!
E agora.. eu tenho a merda dos 30! Quer dizer... quantos anos ainda vou demorar pra
ser a fodona? 3? 4? Bom.. eu não tenho que lidar com isso agora! Então, sempre
pensei em abrir um estúdio de dança.. eu não sei.. não sei se to amarelando... ou se to
crescendo.. Eu não sei!

Bebe: E quem se importa? Quer saber? Ninguém sabe de tudo... É algo que você tem
que pensar.. fazer e esperar!

Zach: Certo. Mas se hoje precisassem parar de dançar... como se sentiriam?

DIANA: Já anoiteceu
Que venha outro dia
Boa sorte a nós dois
Mas não vou negar
Que foi por amor
Que foi por amor

Vê, não choro mais


Não era meu caminho
Sempre soube foi assim
Não esquecerei que foi por amor
Que foi por amor

Não,
Sei que não tem fim
Ao continuar
Nós nos lembraremos
Fim do dia, Adeus
Aponte um novo dia
Fiz o que eu quis fazer
Sem esquecer, nem negar
Que foi por amor

CORO: Que foi por amor

DIANA: Que foi por amor

CORO: Sei que não tem fim


Ao continuar nós nos lembraremos
Fim do dia, Adeus

DIANA: Aponte um novo dia


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CORO: Mais um novo dia


Eu fiz o que quis fazer
Sem esquecer, sem negar que foi por amor
Que foi por amor
Eu fiz por amor

Número 25- Depois de “What I Did For Love” - (Piano Solo)

Zach: Antes de eu começar a eliminá-los.. quero dizer que vocês são todos incríveis.
Foram maravilhosos por terem passado por tudo isso hoje. Eu queria poder contratar
todos vocês, mas não posso. Quando eu chamar seus nomes venham para a frente:
Kristine, Bebe, Sheila, Diana.. ah não.. Diana volte... Connie, Maggie. Linha da frente,
(dispensando-os) obrigado. Muito obrigado. Me desculpem.

(A linha de frente sai deixando os cinco


escolhidos: Cassie, Val, Diana, Judy, Michelle).

Zach: O ensaios começam em 22 de Setembro. Vamos ensaiar por 2 meses. Nossa


estreia em NY será no começo de Janeiro. Estejam preparados para assinar o contrato
de 6 meses. Vocês serão contatados essa semana pra irem assinar o contrato. Estou
muito satisfeito por trabalhar com vocês.

Número 26- Bows - (Cia.)

(Quando a música começa, os garotos aparecem


um a um, incluindo os não contratados e Paul, e
depois todas as meninas).

Um único momento

Cada passo qu'ela dá

Um curto movimento

Nada pode igualar

O seu sorriso é capaz de paralizar

Não há ninguém que ocupe o seu lugar

Ela chega e você sabe qu'ela é

Sensasional, nada é real

Toda perfeita etcetera e tal


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Ela entra e você pode reparar

Seu visual, fenomenal

Fora do normal

Linda

Não dá

Onde ela vai ela é bem vinda

Todo seu carisma prova

Qu'ela é típica, é magnífica

HOMENS

Um gesto tão preciso

Faz o mundo esquecer

Pois ninguém consegue ser

Tão bom, não

Sem ter quem se equipara

Quem vê sabe qu'ela é rara

É a tal

MULHERES

Ela chega e você sabe concordar

Qu'ela é feliz, sabe o que diz

Ser como ela é o que eu sempre quis

É o qu'eu chamo de classe

Sabe o que faz, nunca é demais


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Bela, ela

Não da pra comparar

Ela é o que há

Um único momento

Cada passo qu'ela dá

Um curto movimento

Nada pode igualar

O seu sorriso é capaz de paralizar

Não há ninguém que ocupe o seu lugar

Um gesto tão preciso

Faz o mundo esquecer

Pois ninguém consegue ser

Tão bom

Não

Sem ter quem se equipara

Quem vê sabe qu'ela é rara

Ela

Ela

Ela

É!

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