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Senai – CFP “Alvimar Carneiro de Rezende”

Serralheria
Serralheria
Módulo
Pintura
Pintura

SENAI-CFP “Alvimar Carneiro de Rezende”


Via Sócrates Marianni Bittencourt, 711 – CINCO
CONTAGEM – MG – Cep. 32010-010
Tel. 31-3352-2384 – E-mail: cfp-acr@fiemg.com.br
Presidente da FIEMG
Robson Braga de Andrade

Gestor do SENAI
Petrônio Machado Zica

Diretor Regional do SENAI e


Superintendente de Conhecimento e Tecnologia
Alexandre Magno Leão dos Santos

Gerente de Educação e Tecnologia


Edmar Fernando de Alcântara

Elaboração
Equipe Técnica do SENAI-CFP/ACR

Unidade Operacional

Centro de Formação profissional “Alvimar Carneiro de Rezende”


Sumário

APRESENTAÇÃO............................................................................................................. 4

PINTURA........................................................................................................................... 5

1. PROTEÇÃO CONTRA A CORROSÃO......................................................................5


2. PIGMENTOS............................................................................................................. 6
3. VEÍCULO................................................................................................................... 7
4. ADITIVO..................................................................................................................... 8
5. CARGA...................................................................................................................... 8
6. PROPRIEDADE DAS TINTAS...................................................................................9
7. ESQUEMA DE PINTURA........................................................................................11
8. PINTURA A PINCEL OU TRINCHA.........................................................................15
9. PINTURA A ROLO................................................................................................... 21
10. PINTURA POR IMERSÃO.....................................................................................22
11. PINTURA ELETROFORÉTICA..............................................................................22
12. PINTURA PISTOLA...............................................................................................23
13. SEGURANÇA NA APLICAÇÃO DE TINTAS.........................................................25
14. RISCOS TOXICOLÓGICOS..................................................................................25
15. RISCOS DE INCÊNDIO E EXPLOSÃO.................................................................27

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 28
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Apresentação

“Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do


conhecimento”.
Peter Drucker

O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os


perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção,
coleta, disseminação e uso da informação.

O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país, sabe disso, e,


consciente do seu papel formativo, educa o trabalhador sob a égide do conceito
da competência: “formar o profissional com responsabilidade no processo produtivo,
com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofundados,
flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e consciência da necessidade de
educação continuada”.

Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento , na sua área


tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se
faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia,
da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet – é tão
importante quanto zelar pela produção de material didático.

Isto porque, nos embates diários, instrutores e alunos, nas diversas oficinas e
laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais
didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos.

O SENAI deseja, por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre
os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada!

Gerência de Educação e Tecnologia

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Proteção contra a corrosão

A proteção dos produtos metálicos contra os malefícios da corrosão é uma


necessidade econômica já que estão em jogo os custos, a qualidade e a
durabilidade desses produtos.

E como proteger os materiais metálicos contra corrosão?

Um dos modos é interpor uma barreira entre a superfície metálica a ser protegida
e o meio na qual ela se encontra. Essa barreira, normalmente, é um revestimento
não-metálico e mal condutor de corrente elétrica após ter sido aplicado.

Exemplos de revestimentos não-metálicos: óleos, graxas, cera, parafina; vidro,


concreto, cerâmica, betumes e asfaltos (resíduos da destilação do petróleo),
alcatrões (resíduos da destilação da hulha), borracha, plásticos como o PVC, o
teflon, o epóxi, etc. e as tintas.

O revestimento com óleo, graxa, cera e parafina é prática comum nas oficinas
mecânicas para proteger máquinas, ferramentas e peças recém-usinadas.

Abaixo mostramos algumas regiões de uma peça de aço cobertas de graxa e


algumas regiões sem graxa. Nas regiões protegidas não surge o produto da
corrosão, ou seja, a ferrugem.

Os mais importantes de todos os revestimentos são, sem dúvida, as tintas. Mais


da metade dos custos com medidas de proteção contra a corrosão é gasta na
fabricação e na aplicação das tintas.

O que são tintas? As tintas são misturas bem uniformes de: pigmento, veículo,
aditivo, carga e solvente.

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Esquematicamente:

Pigmentos

Os pigmentos são os componentes responsáveis pelas cores das tintas. São


sólidos finamente divididos que, normalmente, dispersam-se homogeneamente na
parte líquida das tintas, ou seja, no veículo.

Exemplos de pigmentos são dados no quadro, a seguir.


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Quadro 3: Tipos de pigmento

Composição do Nome comercial do Cor do pigmento


pigmento pigmento

TiO2 (dióxido de titânio) Rutilo, atanase Branca

ZnO (óxido de zinco) Alvaiade de zinco, Branca


Branco de zinco

Cr O (óxido de cromo III) Verde esmeralda Verde


2 3

CdS (sulfeto de cádmio) Sulfeto de cadmio Amarela


Alaranjada

Pb O (óxido de chumbo Zarcão Vermelha


3 4
II e chumbo IV)

NH Fe. Fe(CN) Azul da Prússia, Azul


4 8
Azul da China
(ferrocianeto de ferro III
amônio)

C (carbono) Plumbago Preta

PbCrO (cromato de Amarelo primavera Amarela


4
chumbo)

Veículo

É o componente líquido das tintas e o principal responsável pelo revestimento ou


película das superfícies pintada, após a secagem.

Do tipo e qualidade do veículo depende a aderência, elasticidade,


impermeabilidade, brilho e outras propriedades exibidas pelas tintas.

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O veículo é o responsável pelo nome das tintas e é constituído por óleos


secativos, resinas naturais, resinas sintéticas e combinações mistas de resinas
naturais e sintéticas.

Se as tintas contêm veículo de resinas alquídicas elas são chamadas de tintas


alquídicas; se o veículo for constituído por resinas epóxi, as tintas recebem o
nome de tintas epóxi e assim por diante.

Aditivo

É o componente sólido ou líquido acrescentado em pequenas quantidades às


tintas com o objetivo de obter secagem mais rápida e evitar a formação de
espuma, a oxidação e a incrustação de fungos.

Alguns tipos de aditivos com suas respectivas funções são dadas no quadro a
seguir.

Quadro 4: Tipos de aditivos

Aditivos Função
Secantes Reduzir o tempo de secagem das tintas.
Antiespumantes Evitar a formação de espuma durante a pintura.
Antioxidantes Evitar a formação de películas sobre a superfície da
tinta contida dentro de um recipiente.
Biocidas Evitar a incrustação de fungos e outros organismos
vivos no revestimento.

Carga

A carga é representada por substâncias sólidas que, adicionadas às tintas,


melhoram ou conferem propriedades físicas e/ou químicas à película; diminuem o
custo do produto; aumentam a espessura da película seca; controlam o brilho da
película e aumentam a viscosidade da tinta. Seu uso indiscriminado, porém,
diminui o poder de cobertura da película.

Como carga, podemos citar as seguintes substâncias: barita (BaSO = sulfato de


4
bário); talco (3MgO . 4SIO H O = silicato de magnésio hidratado); sílica
2 2
(denominação dada a um grupo de minerais cuja composição é SiO ); dolomita
2
(CaMg(CO ) = carbonato de cálcio e magnésio); gipsita (CaSO . 2H O =
32 4 2
sulfato de cálcio hidratado), etc.

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Solventes

São líquidos utilizados para diluir as tintas com as seguintes funções:

 Adequar a viscosidade da tinta;


 Corrigir defeitos que se manifestam na película recém aplicada;
 Estabilizar certos veículos, impedindo o envelhecimento da tinta durante o
armazenamento;
 Dissolver alguns componentes sólidos em seu estado original como algumas
resinas;
 Regular a velocidade de secagem.

Os solventes podem ser classificados em dois grandes grupos: solventes de


formulação e solventes de aplicação.

Os solventes de formulação participam diretamente da composição (fórmula) das


tintas. E os solventes de aplicação, como o próprio nome também indica, são
utilizados momentos antes da aplicação da tinta pelo usuário, para ajuste da
viscosidade.

Exemplos de solventes de formulação: tolueno (C H5CH ), xileno (C H (CH ) ),


6 3 6 4 32
butil-glicol (C H OcxH OH), n-propanol (C H OH), acetato de etila
4 9 4 3 7
(CH COOCH ), água (H O), etc.
6 3 2

Os solventes utilizados pelos usuários são encontrados no comércio com nomes


genéricos que não identificam sua composição. Exemplos: thinner e aguarrás.

A escolha correta do solvente pelo usuário deverá estar baseada nas informações
e recomendações do fabricante da tinta que vai ser utilizada.

Propriedades das tintas

As tintas devem formar revestimentos secos que resistam:

 à água;
 aos ácidos (Ex.: ácido sulfúrico, ácido nítrico...);
 aos sais (Ex.: cloreto de sódio, solfato de cobre...);
 ás bases (Ex.: hidróxido de sódio ou soda cáustica...);
 aos solventes;
 à abrasão pelo pó;
 à oxidação pelo oxigênio do ar;
 aos ventos;
 ao calor.

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Como não há nenhuma tinta que reúne, ao mesmo tempo, todas as qualidades
enunciadas acima, deve-se escolher a tinta em função da natureza do material a
ser pintado em função do meio no qual o material ficará exposto.

O quadro abaixo mostra as principais propriedades da tintas mais utilizadas na


prática.

Quadro 5: propriedades das tintas


Tipos de tintas Propriedades
Alquídica Resiste à intempéries (sol, chuva e vento), à água
e ao calor, sendo empregada na pintura de
automóveis.
À base de borracha Resiste à água, aos ácidos, às bases e aos sais. É
clorada utilizada, por exemplo, na pintura de cascos de
navios.
Epóxi Resiste à oxidação, à água e aos agentes
químicos, sendo ligeiramente inferiores à alquídica
no tocante a resistência às intempéries. É
utilizada, por exemplo, na pintura de carrocerias
de automóveis.
Óleo-resinosa É chamada de tinta a óleo. Apresenta boa
resistência às intempéries e razoável resistência à
água. Não resiste aos ácidos, às bases e oxidação
pelo oxigênio do ar.
Vinílica Apresenta boa estabilidade à luz. Resiste à ação
da água e agentes químicos. Pode ser utilizada
como primer (tinta de fundo) e é muito empregada
na construção civil.
Acrílica A do tipo termoplástica resiste à intempéries, ao
calor, aos ácidos, às bases e à água doce.
Poliuretana Resiste à abrasão, à ação de muitos solventes e à
ação de agentes de outros agentes químicos. É
utilizada, por exemplo, na pintura de tanques de
armazenamento, na pintura de barcos, etc.
À base de silicone Apresenta uma grande resistência ao calor sendo
indicada para proteger tanques e tubulações que
recebem e por onde circulam líquidos e/ou gases
aquecidos.

O quadro abaixo traz um resumo das propriedades de algumas tintas em função


da natureza do veículo.

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Quadro 6: Resumo das propriedades de algumas tintas.

Resistência aos óleos e graxas


Propriedades

Resistência aos detergente


Resistência às intempéries

Resistência aos ácidos


Resistência à umidade
Aderência ao alumínio

`Resistência às bases
Aderência ao zinco
Aderência ao aço
Oxidação ao ar
Tintas
(natureza do
veículo)
Brilho

Borracha clorada M M B M M B E B E M B
Vinílica M B B B B B E B E E E
Poliuretana B B B B M B B B B E E
Alquídica E B E M M B B M M R M
Epóxi B B E B M B E B E B E
Acrílica B E B B M E E R R E E
Código: E = excelente B = boa R = regular M = má

Esquema de pintura

O esquema de pintura compreende:

 limpar e preparar a superfície a ser pintada;

 escolher a tinta de fundo (primer) e de acabamento;

 escolher o processo de aplicação da tinta de fundo e de acabamento;

 definir o número de “mãos” de tinta para obter as espessuras desejadas.

Não há dúvida de que a limpeza e a preparação das superfícies a serem pintadas


são os fatores que garantirão o sucesso de um esquema de pintura. De fato, uma
boa limpeza garante uma boa cobertura e uma boa aderência do revestimento a
ser aplicado.

O esquema a seguir mostra uma superfície metálica bem preparada para receber
um revestimento. Observe a presença de rugosidades. As rugosidades são
necessárias para “segurar” o revestimento.

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No caso de superfícies metálicas, o que deve ser eliminado para conseguir uma
boa pintura?

O quadro, a seguir, dá as respostas.

E como se faz para eliminar as sujidades existentes sobre as superfícies


metálicas a serem pintadas?

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As sujidades são eliminadas pela aplicação de vários tipos de processos de limpeza. Os


mais utilizados são os seguintes:
Processos químicos Características
Lavagem com detergentes Nesse processo são empregados sabões de
várias espécies e detergentes sintéticos. A
ação da lavagem é exercida por
esfregamento e pelo uso de escovas. O uso
de água quente melhora a ação de
detergente. A lavagem remove poeiras, óleos
e gorduras, porém não elimina os produtos
da corrosão fixados na superfície metálica.
Dissolução com solventes A limpeza é efetuada com o uso de solventes
como a nafta, a gasolina, o querosene, o
tricloroetileno (HC2Cl3), o tetracloreto de
carbono (CCl4), etc. os solventes clorados
como o tricloroetileno e o tetracloreto de
carbono não são inflamáveis, porém, soa
muito tóxicos. A dissolução com solventes
também não consegue remover os produtos
da corrosão fixados na superfície metálica. A
limpeza com solventes pode ser feita por
imersão em solvente frio ou aquecido ou por
exposição aos vapores quentes do solvente.
Decapagem básica ou alcalina A limpeza é efetuada, normalmente, com
uma solução de hidróxido de sódio (NaOH).
No comércio, o hidróxido de sódio é
conhecido pelo nome de soda cáustica. Uma
solução de hidróxido de sódio presta-se para
limpar certos óxidos, como óxido de alumínio.
O processo é utilizado para a limpeza do
alumínio e suas ligas que ficam, após a
lavagem, com as superfícies fosqueadas. Na
decapagem de aços e cobre, por exemplo, o
processo exige a presença de certos ácidos
para das bons resultados. Assim, na
decapagem básica ou alcalina de aços e
cobre são utilizados, entre outros, os
seguintes ácidos: acético: (CH 2COOH),
oxálico (HOOCCOOH), tartárico
(CHOHCO2H)2, láctico (CH3COOHCOOH) e
cítrico (HOOC(OH) C (CH2CO2H)2 . H2O.
Curiosidades: o ácido acético ocorre no
vinagre; o ácido láctico pode ser obtido do
açúcar do leite chamado lactose e o ácido
cítrico ocorre em frutas como a laranja e o
limão.

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Decapagem ácida
Nesse processo de limpeza são empregados
os seguintes ácidos: sulfúrico (H2SO4),
clorídrico (HCL) e fosfórico (H3PO4). Em
geral, às soluções aquosas desses ácidos
acrescentam-se inibidores de corrosão,
chamados de inibidores de decapagem.
Desse modo, os banhos decapantes
removem os produtos de corrosão por
dissolução, sem atacar, em demasia, os
próprios materiais metálicos.

Processos mecânicos Características

Os processos mecânicos de limpeza


baseiam-se na abrasão.

Nos processos mecânicos manuais,


empregam-se escovas, martelos e lixas.

Nos processos mecânicos automatizados


empregam-se raspadeiras, politrizes e
lixadeiras.

Entre os processos mecânicos de limpeza


inclui-se o importante processo de
jateamento. Nesse processo, um jato de
areia com ar comprimido é lançado sobre a
superfície metálica a limpar. O jato pode ser
lançado exatamente no local que se deseja
limpar e o operador deve proteger-se para
não inalar poeira.

O jato de ar comprimido pode conter,


também, limalha angular de aço. Nesse caso
fala-se em jateamenteo com granalha de aço.

O jateamento com granalha de aço é


efetuado em ambiente fechado.

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Estando isentas de sujidades e bem preparadas, as superfícies metálicas poderão


ser pintadas e, para isto, o operador deverá escolher um processo de pintura
adequado.

Entre os processos de pintura utilizados destacam-se os seguintes:

 pintura a pincel ou trincha;


 pintura a rolo;
 pintura por imersão;
 pintura eletroforética;
 pintura a pistola.

Pintura a pincel ou trincha

No mercado, os pincéis são especificados por uma numeração que vai de 0 a 30.
Dentro dessa numeração, os fabricantes dimensionam e classificam os pincéis
por séries e letras.

Para cada número, existe uma correspondência em milímetro que fornece a


dimensão média da largura da virola, isto é, da parte metálica que envolve as
cerdas do pincel.

No exemplo abaixo, temos um pincel nº 2 da série 801 B de um determinado


fabricante. Tal pincel apresenta a largura da virola igual a 4 mm.

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Por sua vez, as trinchas são numeradas em polegadas dentro da seguinte faixa:
½”, ¾”, 1”, 1 ½”, 2”, 2 ½”, 3”, 3 ½” e 4”. Além dessa numeração, as trinchas
também são especificadas por séries e letras. Exemplos obtidos de um fabricante
são mostrados abaixo:

A qualidade de um pincel ou de uma trincha depende fundamentalmente das


cerdas. As cerdas de um pincel ou de uma trincha podem ser naturais ou
artificiais.

As cerdas naturais são obtidas de pêlos de animais: porco, boi, cavalo, etc.

O pêlo de porco é o material natural que fornece as melhores cerdas,


especialmente para pincéis e trinchas destinados à pintura de superfícies
metálicas.

O pêlo de marta (animal mamífero e carnívoro parecido com a lontra) é indicado


especialmente para fabrico das cerdas de pincéis e trinchas utilizados em pinturas
de telas artísticas.

Entre as cerdas artificiais, destaca-se a cerda de náilon que apresenta a


vantagem de resistir ao desgaste, particularmente na pintura de superfícies
abrasivas.

Como se deve utilizar o pincel ou a trincha?

O pincel ou a trincha não devem ser mergulhados profundamente no seio da tinta


para não ficarem sobrecarregados. Devem ser parcialmente mergulhados para
ficarem apenas uma parte das cerdas embebidas com tinta.

Após o mergulho parcial, as cerdas devem ser passadas contra a lateral interna
do recipiente ou contra um barbante que deve ser fixado na abertura do recipiente
de modo a permitir a distribuição da tinta entre os pêlos.
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O excesso de tinta retorna para dentro do recipiente e não embebe suas bordas
onde, normalmente, existe uma reentrância para o acoplamento da tampa. Se a
reentrância ficar embebida com tinta, essa se seca e impedirá uma perfeita
vedação do recipiente com a tampa. O restante da tinta, a ser guardado, se
estragará com o tempo, pois a vedação do recipiente se não for eficiente permitirá
que a tinta se oxide e se endureça.

Outro modo de proteger a reentrância do recipiente na qual a tampa deve ser


acoplada é cobri-la cuidadosamente com uma estopa limpa. Se a estopa
embeber-se com tinta, ela poderá ser eliminada o final do trabalho.

A tinta deve ser aplicada de modo a formar uma película uniforme sobre a
superfície na qual estiver sendo aplicada.

O pincel ou a trincha devem ser seguros de modo a formar um ângulo de


aproximadamente 60º em relação à superfície a ser pintada.

No quadro, a seguir, são apresentadas algumas informações para aplicação das


tintas.

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Quadro 7: Recomendações para aplicação de tintas


Situações Recomendações

 Aplicar a tinta em camadas sucessivas e em


cruz para evitar ou minimizar as marcas do
Pintura de grandes áreas pincel ou da trincha.
 Aplicar a tinta de forma progressiva em faixas
de 300 mm de largura.

 Usar pincéis ou trinchas de secção circular


Pintura de superfícies para cobrir de tinta a cabeça dos rebites. Para
rebitadas isto bastará inicialmente distribuir a tinta em
pequenos círculos. A seguir, recobrir as demais
áreas.

Pintura com tintas  Aplicar a tinta de modo a cobrir bem a


óleo-resinosas superfície, incluindo as irregularidades.

Pintura com tintas de  Aplicar a tinta com poucos e rápidos


secagem rápida movimentos sobre uma pequena área, sem
repasse ou acabamento.

E como se faz para limpar os pincéis e trinchas utilizados?

Logo após a sua utilização, a trincha ou o pincel devem ser colocados sobre duas
ou três folhas de jornal sobrepostas, a fim de proceder-se à remoção da maior
parte da tinta. Nesse sentido, faz-se deslizar suavemente as costas de uma faca
de cozinha ou uma espátula sobre as cerdas da base para a extremidade.

A tinta plástica é facilmente removida com água da trincha ou do pincel. Os


esmaltes sintéticos podem ser removidos com aguarrás, thinner ou outro solvente
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apropriado que, por sua vez, devem ser removidos com água morna e sabão ou
detergente, que devem finalmente ser retirados com água fria.

A base das cerdas deve merecer atenção especial na hora da limpeza, pois a
tinta tem tendência a concentrar-se nessa área.

No entanto, é, por vezes, necessário limpar trinchas ou pincéis nos quais, por
esquecimento ou descuido, a tinta secou. A única maneira de limpar uma trincha
ou pincel nestas circunstâncias consiste em colocá-los num frasco contendo um
solvente forte ou mesmo um decapante.

No caso da tinta não estar ainda completamente seca, pode ser removida
mergulhando o pincel ou trincha em aguarrás ou thinner. Retira-se então a tinta
solta com uma espátula, voltando, depois, se ainda não estiverem completamente
limpos, a mergulhá-los na aguarrás ou thinner.

Finalmente, lava-se o pincel ou a trincha com água morna.

Contudo, os pincéis ou trinchas, em que a tinta secou por completo, raramente


ficam totalmente limpos junto à base das cerdas. Nesse caso, nada há a fazer,
pois ao tentar retirar a tinta seca acaba-se por deteriorar a ligação das cerdas.

E como se devem guardar as trinchas e os pincéis?

Após a sua utilização e depois de bem limpos e secos, os pincéis e trinchas


devem ser embrulhados em papel de jornal. Esse é o melhor processo para
manter a forma das cerdas.

Ao embrulhá-los, deve-se certificar-se de que as cerdas se encontram na posição


normal. Esquematicamente:

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Se o serviço de pintura tiver de ser interrompido por qualquer razão, o pincel ou a


trincha deverão ser mergulhados em água. Isto evitará a limpeza e permitirá
prosseguimento do serviço normalmente. Se as tintas forem reativas. Como as
epóxidas, por exemplo, o pincel ou a trincha deverão ser limpos com solventes
apropriados.

No caso de tintas plásticas, basta passar o pincel ou a trincha em água para evitar
que os resíduos de tinta endureçam. Ao guardar um pincel ou trincha em um
recipiente com água o procedimento recomendado é o seguinte: furar o cabo do
pincel ou da trincha para permitir a colocação de um pequeno suporte que
manterá o pincel ou a trincha suspensos na água. Esse procedimento evita que
as cerdas toquem no fundo do recipiente e se deformem.

Pintura a rolo

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A pintura a rolo é recomendada para grandes superfícies. O acabamento de


pintura a rolo é melhor do que o de pintura a pincel ou trincha, mas inferior ao da
pintura a pistola.

No comércio existem rolos de diferentes formas e materiais para atender as mais


diversas finalidades. Os rolos, como os pincéis e trinchas, também são
numerados e seriados. Por exemplo, há rolos com os seguintes números: 9, 10,
15, 18 e 23.

No esquema abaixo, mostramos a contagem das dimensões a serem levadas em


consideração quando for necessário adquirir um rolo.

A cobertura dos rolos é feita com lã de ovelha, pêlos grossos ou materiais


sintéticos como espumas plásticas. O material de cobertura e a altura dos pêlos
determinam a textura do acabamento.

O rolo é usado em conjunto com uma bandeja plástica ou de aço, provida de um


tabuleiro corrugado e inclinado.

Para utilizar um rolo corretamente recomendam-se as seguintes técnicas:

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 Mergulhar o rolo parcialmente na tinta.


 Retirar o excesso de tinta do rolo sobre o tabuleiro.
 Aplicar uma camada lisa e de espessura uniforme. Regulando a pressão sobre
o rolo enquanto cobre a superfície.
 Sobre superfícies rugosas, o rolo deverá ser movimentado inicialmente em
várias direções e os movimentos finais em uma única direção.

Pintura por imersão

Neste processo, a peça limpa e preparada é mergulhada em um banho de tinta.

A operação é fácil e pode ser automatizada, requerendo pouca mão-de-obra;


contudo, apresenta as seguintes desvantagens: escorrimentos e espessura
irregular do revestimento.

Pintura eletroforética

A peça a ser pintada, depois de limpa e preparada, é mergulhada em um banho


de tinta. Neste caso, porém, a tinta é especial: a resina do veículo da tinta forma
grandes cátions (partículas eletricamente positivas) que são atraídos para a peça
que está ligada ao pólo negativo de um gerador de corrente contínua. O tanque
metálico, por sua vez, é ligado ao pólo positivo do gerador.

O processo eletroforético é muito empregado na indústria automobilística e


apresenta as seguintes vantagens:

 Grande capacidade de pintar locais pouco acessíveis da peça;


 Regularidade na espessura do revestimento.

Esquematicamente:

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Pintura a pistola

A pistola convencional apresenta vários componentes. O ar comprimido que entra


na pistola arrasta um filete de tinta que, no fino orifício de saída, é atomizado e
lançado sobre a superfície a ser pintada. A aplicação de tinta a pistola produz
revestimento com bom acabamento, mas exige operadores treinados.

Na aplicação de tinta a pistola convencional, que também pode ser realizada a


quente, o equipamento compreende: pistola, compressor, mangueiras e copos,
mostrados no esquema a seguir.

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.
A pintura a pistola também pode ser feita pelo processo eletrostático. Neste caso
a pistola é ligada ao pólo de um gerador e a peça a pintar no pólo contrário. Entre
a peça e a pistola, estabelece-se uma grande diferença de potencial que eletriza a
tinta que é aspergida. A carga elétrica da tinta é contrária à da peça e por isso a
tinta é atraída pela peça.

Há um processo de aspersão denominado “airless”, em que a tinta é impulsionada


pelo ar comprimido que não sai com ela. O ar comprimido força a tinta pela
mangueira até a pistola. A tinta sai pelo bico da pistola a grande velocidade, que
pode ser regulada. Este processo tem custo elevado mas presta-se à pintura de
grandes superfícies planas.

Segurança na aplicação de tintas


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A aplicação de tintas comporta uma série de riscos que podem ser agrupados em
três categorias:

 Riscos mecânicos e elétricos;


 Riscos toxicológicos;
 Riscos de incêndio e explosão.

Riscos mecânicos e elétricos

São riscos normalmente existentes em qualquer instalação industrial. Exemplos:

 Riscos derivados do empregado de ar comprimido;


 Instalações submetidas a fortes pressões;
 Riscos derivados do uso de transmissões por correias, ventiladores, etc.;
 Possibilidade de descargas pelo emprego de energia elétrica.

Os riscos mecânicos e elétricos podem e devem ser evitados simplesmente


tomando-se as precauções normais, próprias das atividades industriais: usar
equipamentos de proteção individual, usar corretamente as instalações de
proteção, seguir as normas de segurança adotadas pela empresa, etc.

Riscos toxicológicos

A maioria das tintas causa indesejáveis efeitos fisiológicos nos operadores. Tais
efeitos devem-se à natureza química dos componentes das tintas: solventes,
pigmentos, veículo, etc.

Os solventes empregados na fabricação das tintas são, em sua maioria, bastante


tóxicos para os seres humanos.

Sendo normalmente líquidos e altamente voláteis, os solventes penetram


facilmente no corpo humano pelas seguintes vias:

 boca;
 nariz;
 pele.

Os efeitos fisiológicos podem manifestar-se rapidamente pela exposição a fortes


concentrações de solvente ou depois de um largo período de exposições em
baixas concentrações. Os efeitos e sintomas são vários.

Usualmente, os solventes têm efeito narcótico e atuam sobre o fígado e rins e


podem provocar irritações cutâneas.

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A tabela, a seguir, mostra a concentração máxima de alguns solventes no


ambiente tolerada pelo ser humano. A concentração está expressa em mg/m 3 de
ar.

Tabela 6: Concentração máxima de solvente tolerável no meio ambiente

Solventes Concentração (mg/m3)


Acetona (CH3COCH3) 2400

Acetato de amila (CH3COOC5H11) 1050

Diclorometano (CH2Cl2) 1750

Etanol (C2H5OH) 1900

Metanol (CH3OH) 260

Tetracloroeitleno (C2Cl4) 670

Tolueno (C6H5CH3) 750

Tricloroetileno (CCl2CHCl) 520

Terebintina (essência) 560


Xileno (C6H4(CH3)2) 870

Se em 1m3 de ar tivermos 2400 mg de acetona, esse 1m 3 de ar estará com uma


concentração máxima de acetona tolerável. O mesmo raciocínio se aplica aos
demais solventes.

É evidente que nenhum operador, em sã consciência, deverá trabalhar em


ambientes saturados com solventes. Tais ambientes deverão ser bem ventilados
para evitar concentrações excessivas de solventes.

Alguns pigmentos também são tóxicos. Os mais perigosos são os compostos de


chumbo (Pb), crônio (Cr), cádmio (Cd), manganês (Mn) e compostos cianurados
que possuem cianetos (CN-) em sua composição. Alguns como o alvaiade a base
de chumbo dever ser evitados.

Os efeitos fisiológicos dos pigmentos são variados. Os mais característicos são as


típicas intoxicações e enfermidades produzidas por metais e as afecções
cutâneas.

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Finalmente, alguns veículos e aditivos também produzem efeitos fisiológicos.


Normalmente a toxidade de uma resina é decorrente da degradação de seus
compostos por ação do calor, da luz e de outros agentes.

Por exemplo, há tintas que, por combustão, resultam em produtos altamente


tóxicos. Por isso é preciso ter muito cuidado ao eliminar pinturas por meio de
aquecimento.

Todos os procedimentos de pintura que recorrem à pulverização apresentam


riscos adicionais:

 inalação prolongada que sempre traz efeitos nocivos ao sistema respiratório;


 facilidade da tinta penetrar no organismo.

Em síntese, as alterações fisiológicas causadas pelo emprego de tintas são


facilmente evitáveis desde que se tomem as seguintes precauções:

 emprego de utensílios e equipamentos adequados para a pintura;


 uso de roupas adequadas e máscaras dotadas de filtro;
 conhecimento prévio sobre os produtos (tintas e solventes) que deverão ser
utilizados;
 realização de exames médicos periódicos.

Riscos de incêndio e explosão

Os riscos de incêndio e explosão devem ser evitados observando-se as regras


específicas existentes em cada empresa que utiliza a pintura na fabricação de
seus produtos.

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Referências Bibliográficas

CECCHINI, Marco A. G. Proteção contra corrosão. Senai-SP. 1990.

GENTIL, Vicente. Corrosão. 2.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Dois, 1982.

IPT. Corrosão e proteção contra corrosão de metais. São Paulo, 1982.

SOUZA, Rômulo de. Mostruário produzido em xerox – Portas e esquadrias. 1º


Caderno Catalogo, Com. De Art. Para Serralheria, São Paulo. S.d.

TIGRE S.A. Catálogo de pincéis, trinchas e rolos. São Paulo, s.d.

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