Você está na página 1de 3

Lívia: do romantismo da desilusão ao idealismo abstrato

Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira


Universidade Federal da Paraíba

ABSTRACT: The aim of this article is to analyse the main character in one of Lima Barreto’s short story, entitled “Livia”. The
analysis takes into consideration the hero categories proposed by Lukács in his book Teoria do Romance, which focuses on
characters in our fragmented and unpredictable modern world. The contemporary world differs from the epic heroes’ one. The
analysis concentrates on Livia’s wanderings. Although living in a world of oppression and submission , she does nothing to change
the course of her life.
PALAVRAS-CHAVE: Lima Barreto; Lívia; Lukács.

Carioca do final do século XIX e início do século XX, tipo seria o do romantismo da desilusão, ou aquele herói que
Lima Barreto atravessa os momentos mais importantes da virada pensa mais do que age; o terceiro tipo seria o da maturidade viril,
do século, desde as transformações tecnológicas, passando por que seria a junção dos dois primeiros, ou um herói que tenta
importantes acontecimentos históricos, até as mudanças de pensar e agir buscando um equilíbrio. Em nossa análise da
costumes causadas por estas transformações. O escritor de personagem Lívia vamos nos deter na categoria do segundo tipo
Policarpo Quaresma ilustra estas mudanças em seus escritos, de herói proposto por Lukács, ou seja, no herói do romantismo
especialmente em suas crônicas e contos. Com uma linguagem da desilusão. Tentaremos, desta forma, perceber a inadequação
mais despojada do que a de seus contemporâneos, Lima Barreto que nasce do fato de a alma ser mais ampla e mais vasta que
anuncia com sua literatura crítica, na maioria das vezes os destinos que a vida lhe é capaz de oferecer. ( Lukács, 2000,
comprometida com o social, o que mais tarde vieram chamar de p.117)
modernismo. Para iniciarmos nossa análise vamos tentar compreender,
Lima Barreto aparece na literatura brasileira como um pouco, a personagem Lívia: moça do subúrbio do Rio de
representante de uma camada marginalizada. O discurso deste Janeiro, uma típica mulher do século XIX, que passa o tempo
escritor reestrutura e reelabora o discurso do “outro”, refletindo pensando na vida e nas possibilidades de um casamento. Educada
com menor ou maior intensidade a ideologia dominante. Para para esta finalidade, quando o casamento não ocorre, esta mulher
falar desta ideologia, Lima Barreto produziu diversas personagens não tem para onde se voltar. Submete-se, desta forma, aos mandos
que entram em conflito com a ordem estabelecida, mostrando-se da família, sempre com humildade e obediência. As estruturas
simpático às classes dos oprimidos, incluindo aí as mulheres. sociais e materiais pesam sobre a consciência da personagem
Como um homem atento aos problemas de sua época, Lima Lívia, condicionando e determinando seus sonhos e pensamentos.
Barreto trata da questão da mulher na sociedade finissecular, da Em sua concepção de mulher de seu tempo, só o casamento a
discriminação e dominação que esta sofria por parte do sexo livraria da tirania do cunhado, das impertinências do pai; teria
masculino. sua casa, seus móveis e, certamente, o marido lhe dando algum
Feitas tais considerações, nosso objetivo, no que se dinheiro(...). (1986, p.132)1
segue, é analisar o conto Lívia, de Lima Barreto. Traçaremos o A personagem Lívia vai sendo apresentada pelo narrador
perfil da personagem principal do conto levando em consideração como uma mulher passiva, obediente e sonhadora, e esta
as categorias de heróis descritas na Teoria do Romance, de Georg construção da personagem se forma, na maioria das vezes, através
Lukács, que aborda personagens de um mundo contemporâneo do fluxo de pensamentos da própria personagem, expresso em
imprevisível e fragmentado, diferente da totalidade encontrada suas reminiscências oníricas e devaneios em torno de questões
no mundo dos heróis épicos. cotidianas, como se vê nessas passagens:
Analisaremos os devaneios da personagem Lívia do
De manhã cedo, ia, ainda morrinhenta da cama,
conto homólogo de Lima Barreto, que, apesar de viver em uma
preparar o café matinal da família, ia toda envolvida
situação de opressão, em um tempo em que a mulher era educada
num nevoeiro de sonhos (...); (...)desde os doze [anos]
puramente para ser “boa esposa”, nada faz para mudar o rumo
que namorava, que “grelava” só para aquele fim;
de sua vida.
entretanto, apesar de haver tido mais de quinze
Em sua teoria Lukács nos apresenta o herói moderno
namorados, ainda ali estava, ainda ali ficava, sob o
(do romance), fazendo um contraponto com o herói da epopéia
mando do cunhado;(...). (1986, p.131-133-134)
clássica. Este último se inseria em um mundo de totalidade, um
mundo harmônico em que a essência correspondia à existência, a Enquanto a água do café borbulha na panela, os sonhos
totalidade era extensiva e espontânea. Em última instância, um de Lívia borbulham em sua cabeça. Uma mulher obediente, apática,
mundo em que o destino era traçado pelos deuses. Na epopéia que só consegue pensar sua vida com elementos sonhados; nada
clássica, as conquistas do herói visavam ao coletivo, enquanto o de concreto ocorre a não ser seu aniquilamento por parte da
herói moderno é individual e sofre mudanças no decorrer da família. Lívia refugia-se em seus sonhos porque para ela a
narrativa. Problemático/demoníaco, o herói moderno está sujeito realidade da vida doméstica é insuportável e, em seus sonhos,
ao tempo; sendo sua totalidade sempre traída por fatos, ela julga encontrar a existência plena. Sozinha em seu mundo,
experiências e conhecimentos que ampliam a noção de sociedade, que é mais confortável, ela faz planos para se livrar da vida sem
de universo, de história e do próprio conceito de ser humano graça, embora não tome nenhuma atitude concreta para que isso
(Gouveia, 1998-1999, p.76), levando o herói com suas se realize. O pensamento/devaneio de Lívia predomina sobre o
necessidades a entrar em choque com as estruturas sociais. agir, caracterizando a personagem como um herói do romantismo
Na Teoria do romance, Georg Lukács define três da desilusão:
categorias de heróis. Há, inicialmente, o herói do idealismo
lá na cozinha, só, vigiando pacientemente a água que
abstrato, ou aquele herói que age mais do que pensa; um segundo
fervia - ao lhe chegarem as reminiscências (...) em
1
A partir desta citação, quando me referir à obra analisada, usarei apenas ano e paginação.
699 Pesquisas em Lingüística e Literatura: Descrição, Aplicação, Ensino - ISBN: 85-906478-0-3
tumulto, juntas, borbulhava-lhe nos lábios uma a janela, o que ela vê é um mundo sombrio, uma vegetação que
interjetiva qualquer, eco desconexo do muito que lhe combina com seu estado de espírito:
falavam por dentro. (1986, p.131)
montanhas, verde-negras, quase desnudas de
Assim é Lívia, uma figura incompleta, perdida em seus vegetação, confusamente surgiam do seio da
devaneios, e com atitudes de constante submissão, só entrando cerração tênue e esgarçada. As casas listravam de
em contato com estas pessoas para servi-las: branco e ocre o pardacento geral, enquanto bocados
de neblina, finos, adelgaçados, flutuavam sobre elas
o café já se havia acabado; e ela ficara ainda distraída como sombras erradias. (1986, p. 132)
e sentada, quando soou de lá da sala de visitas, a voz
vigorosa do cunhado: Este cenário de completo desolamento combina com a
- Lívia! Traz o meu guarda-sol que ficou atrás da porta vida sem rumo e nebulosa de Lívia. É o mundo externo refletindo
do quarto. Depressa! (...). (1986, p. 132) o estado interior da alma da personagem. Lívia continua olhando
pela janela, e tudo é desolação. As ruas descalças e sujas,
Lívia, depois de obedecer aos mandos do cunhado, volta atravessadas por pessoas tristes, cabisbaixas como ela, pessoas
para o seu mundo de sonhos. Não se integra à família, se simples, pobres, que andam rápido para também obedecer a
escondendo em um mundo particular; o mundo de sua família alguém. Entretanto, essas pessoas vão em busca de alguma
não corresponde a seu mundo, ao mundo de seus sonhos: resposta; e Lívia continua no devaneio.
Por um momento, ela deixa de olhar para as ruas
de olhos parados, presos a uma linha do assoalho, “descalçadas e enlameadas que vê através das frinchas da
levando compassadamente a xícara aos lábios, ficava a veneziana” para olhar por outro ângulo:
um canto a pensar, remoendo a cisma, procurando
decifrar naqueles traços nebulosos(...) a figura viva Sacudida pelo silvo agudo de uma locomotiva, levantou
daquele, com quem, em sonhos, se vira indo de braços de repente os olhos, até ali fitos na estação que emergia
dados ruas em fora. (1986, p. 131) do ambiente pardo a clarear-se, para pregá-los numa
nesga do céu que o sol abria, por entre a névoa(...)
Privada de viver em harmonia com seu mundo exterior, vitoriosamente.(1986, p. 132).
Lívia se satisfaz com seus sonhos, criando um mundo à parte;
um mundo de ilusão que mostra a incompatibilidade da realidade A partir daqui o olhar de Lívia vai além; ela não pensa só
dada pela sociedade e os seus sonhos e desejos, o que Lukács em se livrar da tirania da família, ironicamente representada pelas
denomina como: agressividades de um cunhado. Isso ilustra bem a inferioridade
com que uma mulher é vista pela sociedade quando não se casa.
solidão do herói moderno, cujos sonhos e desejos À impertinência do pai segue-se a do cunhado, reflexo da
encontram-se em constante conflito com o mundo desvalorização sofrida pela mulher diante da hipocrisia da
externo: aqui existe mais uma tendência à passividade - sociedade. O cunhado de Lívia ganha a tirania que seria, de certa
tendência de esquivar-se de lutas e conflitos externos, e forma, o direito do pai. Essa inversão é irônica e realça a
não acolhê-los, a tendência de liquidar na alma tudo desvalorização social da mulher.
quanto se reporta à própria alma.(Lukács, 2000, p. A partir do apito do trem, Lívia começa a perceber que
118) existe um outro mundo e “voa” para este mundo, mas sempre
em pensamento: asas abertas, vôo rasgado, para outras bandas,
Depois que toda a família se serve, Lívia vai cuidar do outras regiões. Voou para a cidade de luxo e elegância (...).
serviço restante da casa de seus pais. É uma mulher ignorada (Barreto, 1986, p.133) Ironicamente, o narrador conduz o
dentro de sua casa e faz, obedientemente, tudo o que lhe manda pensamento de Lívia para futilidades das mulheres ricas da alta
a família. Lívia cumpre logo suas obrigações e volta a se refugiar sociedade. Ela pensa na madrinha, mulher rica que passeia pela
em seus sonhos. E, com a alma cheia de lembranças desses Europa e:
sonhos, ela continua com sua vida de rotina como sempre,
morosamente.... Ela sabe que sua vida não vai mudar; a rotina Numa galopada de sonhos, supôs maiores coisas e -
continua, e o trem que levará Marques, seu cunhado, passará em lembrando-se do que lhe contara a madrinha (oh! Como
oito minutos. O narrador descreve vozes de outros personagens era rica!) - imaginou a Europa, aquelas terras soberbas,
que criticam a passividade de Lívia. Ela não responde por onde a “Dindinha” passeava a sua velhice e o seu
verbalmente, mas obedece com rapidez as ordens do cunhado, egoísmo. (1986, p.133)
com uma atitude de mulher submissa, humilde, ou seja, como
uma corça. Ela faz isso para se livrar do mundo hostil que é o Lívia muda a idéia de casar-se com Godofredo e ter uma
seu mundo real e voltar para o falso conforto de seus devaneios. vida simples. Este não combina com essas novas nuances de
Lívia só age quando ordenada, não consegue agir para mudar sua seus sonhos: grandes e caros. Ela muda o foco de seu casamento
vida. Prefere se refugiar em seu mundo de ilusões, já que não tem de Godofredo para Siqueira, filho de pais ricos e estudante de
coragem de enfrentar a realidade da vida: farmácia, que poderia lhe dar uma vida melhor, com status, luxos
e conforto. Siqueira seria um marido formado que, se não lhe
O descompasso entre a interioridade e o mundo torna- proporcionasse viagens para a Europa, pelo menos, de braços
se, assim, ainda mais forte. O aspecto cósmico da dados com ele, lhe faria ganhar bajulos da alta sociedade. Este é
interioridade a faz repousar em si, auto-suficiente(...) o mundo que Lívia cria para se sustentar em sua realidade, no
[no romantismo da desilusão] a possibilidade de uma seu romantismo da desilusão:
evasão não parece excluída desde o início. Pois um vida
capaz de produzir todos os conteúdos da vida por si Ainda que este seja autocriado [o mundo externo], ele é
própria pode ser integrada e perfeita(...). (Lukács,2000, o único possível, e ela [a subjetividade], como
p.118) interioridade, jamais se opõe de maneira polêmico-
repreensiva ao mundo exterior que lhe é designado,
Lívia prefere se esconder neste mundo que Lukács jamais se refugia em si mesma para esquece-lo, mas
denomina como interno, se isentando do contato com a hostilidade antes, conquistando arbitrariamente, colhe os
da realidade externa. Quando sai um pouco de seu mundo, abrindo fragmentos desse caos atomizado e os funde - fazendo
700
esquecer todas as origens - no recém-surgido cosmos
lírico da pura interioridade. (Lukács, 2000, p.120) Ainda assim, pode-se ver Lívia como um herói demoníaco,
com a alma em constante conflito com o mundo externo. Sua
Voltando para o mundo real e deixando o mundo criado/ fuga deste mundo externo, onde a personagem não encontra
idealizado um pouco de lado, Lívia entra em choque com sua harmonia, aproxima-a, novamente, do herói do idealismo abstrato.
verdadeira situação. A necessidade de se casar é maior e o mais Como se nota nesta passagem:
necessário naquele momento. Ao casar-se, livrar-se-ia da vida
ruim que levava: e ela para ter alguma coisa devia querer pouco. Doidamente revolvida a alma e as cismas...calculou-se
Bastava pois que lhe tirassem dali, fosse esse, fosse aquele(...). lá também, na alameda de um soberbo jardim, de landau,
(1986, p.134) com ricas vestes ao corpo unidas, ressaltando delas o
Lívia continua a ter sonhos, agora, porém, com maiores esplendor de suas formas e o esguio patrício de seu
possibilidades de realização, dando-se conta de que nasceu, de corpo.(...). (1986, p. 133)
fato, para ter uma vida simples de mulher do seu tempo. E, para
resolver sua vida, qualquer dos dois homens, Siqueira ou Os desejos e ambições de Lívia contrariam sua educação
Godofredo, serviria. Com isso ela questiona, em seus devaneios, tradicional. Lívia, quase todo tempo, tem desejos de emancipação
sua situação de mulher que não pode escolher o futuro que da sua individualidade; o desejo de fugir da realidade que tanto a
realmente lhe interessa. No entanto, Lívia nada faz para mudar oprime, um desejo individualista (o casamento), uma quase idéia
sua condição de ser humano menor diante da hipocrisia da fixa. Porém a estrutura de seu mundo externo não permite sua
sociedade. realização. Como bem coloca Lukács:
Apesar de ter namorado quinze homens, Lívia passa
pelo desespero de, aos vinte e dois anos, ainda, não ter se casado. A segunda natureza das estruturas do homem não
Ela ainda não conseguira casar-se, ou, no seu entendimento, possui nenhuma substancialidade lírica: suas formas
libertar-se. Essa é mais uma ironia do narrador que dirige os são por demais rígidas para se ajustarem ao instante
questionamentos da personagem para reflexões acerca da sua criador de símbolos (...) essa natureza não é muda,
situação de mulher que não se realizou socialmente. Ela continua manifesta e alheia aos sentidos como a primeira: é um
questionando a vida. Não age nem toma nenhuma atitude para complexo de sentido petrificado que se tornou estranho,
mudar sua situação, mas questiona, e chega a ironizar a questão já de todo incapaz de despertar a interioridade; é um
do amor, perdendo-se, novamente, em seus pensamentos ossuário de interioridades putrefatas.(...). (Lukács, 2000,
metafísicos e caindo na completa desilusão. A hostilidade do p. 63-64)
mundo impede essa mulher de tentar qualquer ação que venha
resolver sua situação. Assim, Lívia é trazida de volta ao mundo O mundo externo não contempla a interioridade de Lívia.
hostil pelo grito de sua mãe: ó Lívia! Você hoje não pretende Produzida a partir deste conflito, a ironia estrutural do conto
varrer a casa, rapariga! Que fazes há tanto tempo na janela?! reflete a não realização dos desejos da personagem. Ainda assim,
(1986, p.135). Obedecendo a este chamado, Lívia volta para o Lívia não aprende com as constantes irrealizações e continua
mundo doméstico familiar, realizando suas tarefas, rapidamente, com seus devaneios. Esse desejo, particular/individualista, de
para ter tempo de continuar vivendo em seus devaneios, já que Lívia se choca com as necessidades de seu mundo. Suas
a realidade lhe continua a ser hostil. necessidades se chocam, portanto, com as estruturas sociais.
As idéias de Lima Barreto traçadas no conto Lívia vão No entanto, e ironicamente, são esses choques que levam a um
de encontro às de Georg Lukács, que propõe categorias estanques conflito que possibilita ao menos simbolicamente,
para as personagens do romance moderno. Em sua teoria, Lukács transformações (Gouveia, 1998, 1999, p.2); e são estas rupturas,
define as categorias de heróis separadamente, e sobre o herói do estes conflitos que dão sustentação à narrativa. Dessa forma,
idealismo abstrato coloca que: pode-se considerar, com este ensaio, que a personagem Lívia, do
conto de Lima Barreto, pode ser inserida dentro de duas categorias
A alma é algo que repousa, para além dos problemas, de heróis propostas por Georg Lukács - o romantismo da
na existência transcendente por ela atingida; nenhuma desilusão e o idealismo abstrato.
dúvida, nenhuma busca, nenhum desespero pode nela
surgir a fim de arrancá-la para fora de si e pô-la em Referências bibliográficas
movimento (...) A absoluta ausência de uma
problemática internamente vivida transforma a alma BARRETO, Lima. Os melhores contos. 3.ed. São Paulo: Global,
em pura atividade. Como ela repousa intocada por todos 1986.
em sua existência essencial, cada um de seus impulsos BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 35. ed.
tem de ser uma ação voltada para fora.(Lukács,2000, São Paulo: Cultrix, 1994.
p.101-102)
CURY, Maria Zilda Ferreira. Um mulato no reino de jambom: as
No entanto, pode-se perceber traços do idealismo classes sociais na obra de Lima Barreto. São Paulo:
abstrato numa personagem que é explicitamente inserida no Cortez, 1981.
romantismo da desilusão. A personagem Lívia ganha GOUVEIA, Arturo. A ironia estrutural no romance. In: Revista
características do idealismo abstrato quando se fecha em seu do CCHLA. João Pessoa: Editora universitária, n.1, ano
individualismo e cria um mundo à parte, como se nota nestas VII, 1998/1999, p. 73-89.
passagens:
LUKÁCS, Georg. Teoria do romance. Trad. José Marcos
A súbitas, sua alma voou, asas abertas, vôo rasgado, Mariane de Macedo. São Paulo: duas cidades/34, 2000.
para outras bandas, outras regiões. Voou para a cidade
de luxo e elegância (...) teria sua casa, seus móveis e,
certamente, o marido lhe dando algum dinheiro (...) e,
quando assim fosse, havia de comprar um corte de
fazenda boa, um chapéu, de jeito que, sempre, pelo
carnaval, iria melhorzinha à Rua do Ouvidor, assistir
passarem as sociedades. (1986, p.132-133)

701

Você também pode gostar