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Departamento de Física

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


CAMPUS CATALÃO

Apostila de
Laboratório de Física
Experimental II

Segundo Semestre 2011


(Física)

Mecânica

Oscilações

Fluidos e Ondas

Termodinâmica

Prof. Dr. Marcionilio T. O. Silva 1


Apoio Técnico: Gilmar da Silva Neto / Anivaldo Ferreira de Rezende
1
OBS.: Apostila em fase de reelaboração.
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ÍNDICE GERAL

CONTEÚDO PÁGINA

Notas importantes 2

Laboratório de Física – Normas, Relatório e Orientações 3

Equação do Erro Indeterminado 5

Experimento 1 - Deformação Elástica de uma Haste 8

Experimento 2 – O Pêndulo Simples 12

Experimento 3 – O Pêndulo Físico 16

Experimento 4 – O Princípio de Arquimedes 22

Experimento 5 – Cordas Vibrantes 26

Experimento 6 – Dilatação Térmica 34

Experimento 7 – Calor Específico 41

Experimento 8 – Resfriamento de um Líquido 45

Experimento 9 - Os Mecanismos de Transferência de Calor 48

Apêndice 1 – Construção de Gráficos 54

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Notas Importantes:

Prova de segunda chamada

Em caso de perda de uma das provas, somente farão a prova os estudantes que apresentarem uma
justificativa formal por escrito (atestado médico, junta militar, etc.). Além disso, será necessário
montar um processo de pedido de segunda chamada junto à secretária de assuntos acadêmicos. O
assunto da prova de segunda chamada será todo o curso, independente da prova perdida.

Reposição de aula

A reposição de uma (ou mais) experiência perdida será feita na décima quarta semana de aula do
semestre ou em outra turma, desde que haja vaga e que ambos os professores (o professor da turma
do estudante e o professor da turma em que se deseja fazer a reposição) estejam de acordo.

Freqüência

A freqüência mínima nas aulas será de 75% das aulas, cobrada através de chamada.

Avaliação

A avaliação consistirá de provas práticas/escritas (uma ou duas) sobre o assunto de cada uma das
duas partes do curso. O estudante poderá ser avaliado mesmo sobre o assunto das aula s a que ele
eventualmente tenha faltado. O valor das avaliações será de 60% dos pontos do curso. A
aprovação no curso será conseguida se a média final MF, calculada através da expressão,

MF = (40 MR + 60 P)/100

for maior ou igual a 5.0, onde MR é a média das notas dos relatórios e P a média aritmética das
notas das provas.

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LABORATÓRIO DE FÍSICA

1. INTRODUÇÃO

O Laboratório de Física foi estruturado de modo a acompanhar, aproximadamente, o


programa do curso de Física. Pode ocorrer o caso, porém, do aluno ter que realizar algumas
experiências sem ainda ter visto a teoria e algumas outras após a aula teórica correspondente. O
aproveitamento por parte do aluno não ficará prejudicado em nenhuma das duas situações, visto que
teoria e laboratório se complementam.
Por um lado, a experiência realizada antes da aula teórica proporciona ao aluno contato com
o fenômeno físico, motivando-o a interpretações teóricas e facilitando o aprendizado da teoria
envolvida. Por outro, a aula teórica antes da realização da experiência permite uma melhor
compreensão do fenômeno em estudo no laboratório, permitindo ao aluno que se aprofunde na
análise da experiência.
Nesse sentido, as práticas de laboratório serão desenvolvidas em grupos de, no máximo,
quatro alunos, com base no roteiro do experimento, sob a orientação do professor e/ou do monitor
da turma. Recomenda-se que cada aluno procure definir seu grupo de trabalho já na primeira aula e
comunicar o nome e número de matrícula ao professor e/ou monitor, para que seja feita a
numeração de cada grupo (grupo A, grupo B, etc.) de modo a facilitar a coordenação das atividades
2
no laboratório.

1.1 Normas – atividades no laboratório

a. Ler atentamente as instruções relativas à sua experiência;


b. Examinar os aparelhos que serão utilizados nas experiências, de modo a se familiarizar
com o seu funcionamento e leitura de suas escalas;
c. Nunca tocar com lápis ou caneta em escalas, instrumentos de medida, lentes, etc.;
d. Nunca apertar de forma demasiada os parafusos que servem para imobilizar
temporariamente certas peças e não forçar uma peça que não se mova com facilidade.
Deslocar suavemente as peças móveis;
e. Procurar executar cada medida com a maior precisão possível, pois da mesma depende o
bom resultado do seu trabalho;
f. O relatório deverá ser elaborado com clareza e sempre que necessário ilustrado com
tabelas, gráficos e esquemas (vide relatório modelo elaborado pelo professor).

2
MAKIUCHI, Nilo, Apostila de Física 2 Experimental, Instituto de Física da Universidade de Brasília, Editora
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 1996.

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1.2 O Relatório

O relatório consiste na descrição, segundo orientações, de um trabalho realizado. Tem


como finalidade registrar e/ou divulgar um trabalho executado de maneira que seja entendido
por qualquer pessoa que o consulte.
Portanto, em cada prática, deve-se elaborar um relatório individual e/ou em grupo, de forma
manuscrita e/ou digitado no computador e de acordo com as instruções abaixo. Para melhor
desenvolvimento e entendimento dos trabalhos realizados, recomenda-se que o relatório seja feito
em duas etapas. A primeira etapa refere-se a um planejamento do experimento; a segunda refere-se
à realização do experimento.

1.3 Orientações para elaboração do Relatório

Não existe uma maneira exata de escrever um relatório, pois a redação de um trabalho
científico depende de seu autor. Apesar da forma e estilo variarem, há certas normas que devem ser
obedecidas em todos os trabalhos. O relatório deve propiciar ao leitor um entendimento dos
principais pontos do trabalho e, portanto, deve ser claro e objetivo.
Apresenta-se a seguir uma possível divisão de um relatório. Entretanto, para facilidade do
aluno, um possível MODELO DE RELATÓRIO segue anexo.
1. Título e Data da realização da experiência;
2. Objetivo: finalidades do que está sendo estudado;
3. Introdução: apresentação sobre o assunto do trabalho, apresentando de uma forma
ordenada e explicada a teoria utilizada. O assunto deverá ser estudado, pesquisado em livros e
apresentado resumidamente. A introdução deverá dar a um leitor uma percepção global do
trabalho;
4. Material utilizado: descrição do material utilizado, apresentando suas características
principais (marca, modelo, etc.). Se necessário, faça uma figura (esboço ou esquema) de partes do
equipamento. As figuras devem ter números e legendas e estarem referidas no texto; a legenda deve
ser auto-explicativa;
5. Procedimento experimental: descrição breve de como se obteve os dados experimentais;
6. Resultados: apresentação e tratamento dos dados experimentais, visando à discussão dos
resultados. Quando se tem um conjunto de dados, estes devem ser apresentados em tabelas e, se
possível, mostrados em um gráfico. Os resultados numéricos devem ser apresentados com o número
correto de algarismos significativos e com respectiva unidade de grandeza;
7. Discussão e Conclusão: apresentação das observações pessoais sobre o significado dos
resultados experimentais e das discrepâncias entre os valores obtidos experimentalmente e os

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valores teóricos e/ou catalogados. Apresentação, de forma resumida, das principais conclusões do
trabalho. Qualquer leitor, ao ler os objetivos propostos, deverá encontrar na conclusão comentários
sobre eles;
8. Referência Bibliografia: lista das obras pesquisadas, constando autor, título, cidade da
edição, editora, ano e página;
9. Apêndices: quando houver necessidade.

OBSERVAÇÃO

Para uma revisão acerca dos algarismos significativos (potência de dez, incerteza e tipos de
incertezas de uma medida, operações com algarismos significativos) e do tratamento estatístico dos
dados (por exemplo, valor médio de uma grandeza, desvio médio, desvio padrão, etc.), consultar
APOSTILA DE LABORATÓRIO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I . Sabe-se, entretanto, que ao se
realizar uma medida indireta, obtida através de cálculos com valores de medidas diretas, os erros
(ou incertezas) associados a cada medida causam uma incerteza na determinação da grandeza
calculada e, portanto, se propagam para o resultado final de acordo com regras definidas pelo
cálculo diferencial. Nesse sentido, apresentar-se-á abaixo uma forma simples que não exige
conhecimento mais profundo de cálculo, que será utilizada no cálculo da propagação de erros
em medidas indiretas de uma grandeza qualquer envolvida nos experimentos dessa
disciplina.3
Conforme fora dito no parágrafo acima, uma medida indireta é efetuada através de uma série
de medidas diretas de grandezas que se relacionam matematicamente com a grandeza em questão.
Para estudar a influência dos erros individuais, no resultado das operações matemáticas que
fornecem o valor da grandeza medida indiretamente, considere que uma grandeza y seja dependente
de outras grandezas x1, x2 , x3, ......, xn. Neste caso, pode-se escrever:

y  f x1 , x2 ,..., xn 
A variação da grandeza y, em função de cada uma das variações infinitesimais de cada um
dos xi (i = 1, 2, 3, ..., n), é dada pela diferencial exata de y,ou seja:

 f   f   f 
dy     dx1     dx2  ...     dxn
 x1   x2   xn 

3
PIACENTINI, João J., GRANDI, Bartira C. S., HOFMANN, Márcia P., de LIMA, Flávio R. R., ZIMMERMANN,
Erika. Introdução ao Laboratório de Física. Editora da UFSC, Florianópolis, SC, 2ª Ed., 2005, pp.33-36.

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 f 
onde os   são as derivadas parciais da função f em relação a cada uma das variáveis x i de que
 xi 
depende.
Como as variações infinitesimais (diferenciais exatas) e os desvios (erros) das variáveis
representam variações, pode-se fazer uma analogia entre ambos, tal que:

 f   f   f 
y     x1     x2  ...     xn
 x1   x2   xn 
Como se pretende determinar o máximo erro na medida, deve-se considerar a situação na
qual os erros, atuando no mesmo sentido, somam-se. Isto só é possível tomando-se o módulo das
derivadas parciais na equação anterior. Assim, obtém-se a EQUAÇÃO DO ERRO
INDETERMINADO:

f f f
y   x1   x2  ...   xn
x1 x2 xn

EXEMPLO

Calcular o volume de um cilindro de comprimento L = (5,00 ± 0,02) cm e diâmetro D =


(2,00 ± 0,01) cm, com seu respectivo erro propagado. Neste caso, sabe-se que o volume de um
cilindro é dado pela equação:

D2
V  R L   L
2

4
Substituindo os valores de D e L, obtém-se, após arredondamento:

  2,00  5,00
2
V  15,7079  cm 3  15,7cm 3
4
Observa-se que no cálculo do volume não foram utilizados os erros das medidas. O erro
propagado na determinação de V é calculado através da Equação do Erro Indeterminado. Neste
caso,

V  f D, L
Então

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V V
V   D   L
D L
e, portanto,

 DL   D2
V   D   L
2 4

Substituindo os valores do diâmetro e comprimento do cilindro e seus erros na equação


acima, obtém-se, após arredondamento:

  2,00  5,00   2,00


2
V   0,01   0,02  0,219911 cm 3  0,2  cm 3
2 4

O resultado final, expresso de acordo com a teoria de erros (vide Apostila de Laboratório de
Física Experimental I), será dado por:

V  15,7  0,2 cm 3

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2. EXPERIMENTOS

EXPERIMENTO 1 – DEFORMAÇÃO ELÁSTICA DE UMA HASTE4

Este experimento tem como objetivos: i) determinar a flexão de uma haste metálica apoiada
em função da força aplicada; ii) determinar o Módulo de Young (E) para esta haste no limite
elástico.

INTRODUÇÃO

A Elasticidade constitui em um ramo da Física e da Engenharia que descreve como os


corpos reais se deformam quando estão sob a ação de forças externas. Sabe-se que alguns objetos
comuns, tais como mangueiras de jardim ou luvas de borracha, não se comportam como corpos
rígidos. Até certo ponto, todos os corpos “rígidos” reais são elásticos. Isto significa que as
dimensões desses corpos podem ser ligeiramente modificadas quando forças externas são aplicadas
a eles. Em muitas aplicações em engenharia, as tensões (forças de deformação por unidade de área)
e as deformações (deformações específicas – deformações por unidade de comprimento inicial) são
proporcionais umas às outras. Essa constante de proporcionalidade é chamada de Módulo de
Elasticidade, de modo que:

Tensão = Módulo x Deformação Específica (1)

Quando esta tensão é do tipo de tração (associada ao esticamento) e/ou compressão, o


módulo de elasticidade é o Módulo de Young, representado na engenharia pelo símbolo E. Neste
caso, a tensão sobre o objeto é definida como:

F (2)

A

e, portanto,
F L (3)
 E
A L0

onde F é a intensidade da força aplicada, A a área, ΔL a variação do comprimento, L 0 o


comprimento inicial e ΔL/L0 a deformação específica.

4
CAMPOS, Agostinho Aurélio, ALVES, Elmo Salomão, SPEZIALI, Nivaldo Lúcio – Física Experimental Básica na
Universidade, 2ª Ed., Editora UFMG, Belo Horizonte, MG, 2008, pp.45-46.

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Considere, portanto, o caso de uma haste metálica presa por uma de suas extremidades
(Figura 1.1). Uma força F, vertical, aplicada na extremidade livre, provoca uma flexão y na haste.
Essa flexão depende do valor da força aplicada, bem como do material e das dimensões da haste.
Dentro do limite elástico, tem-se:

F  kf  y (4)

onde F é o módulo de F e kf é chamada de constante de flexão da haste.

Figura 1.1: Deformação de flexão y de uma haste sujeita a uma força F.

PROCEDIMENTO EXPEREIMENTAL

Material utilizado

De acordo com a Figura 1.2, os componentes do conjunto para a determinação do módulo


de Young são:
 Um painel de múltiplas funções com mesa sustentadora deslizante (1);
 Um tripé universal delta max (2);
 Dois suportes móveis (A) e (B);
 Um gancho longo para acoplamento de cargas (6);
 Seis cargas de 100 gf (7); 5
 Uma barra chata de alumínio (10);
 Um paquímetro;

5
Observação: 100 gf = 0,98 N.

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 Uma trena ou régua milimetrada;


 Uma balança digital.

Figura 1.2: Conjunto para a determinação do Módulo de Young.

Experimento

O experimento consiste em aplicar várias forças na extremidade da haste fixada


horizontalmente e medir a flexão correspondente a cada uma delas. Para isso:
 Execute a montagem da Figura 1.1;
 Meça o valor das massas dos corpos de massa m;
 Mantendo uma das extremidades da haste fixa, coloque os objetos na extremidade
livre, um a um, de forma a produzir forças F de diferentes valores. Meça a flexão y
correspondente a cada força aplicada;
 Obtenha pares de valores para F e y em número suficiente que possibilite definir,
experimentalmente, a relação entre essas duas grandezas. Anote os valores assim
obtidos para as massas m, as forças F e para as flexões y em uma Tabela. Com os
resultados dessa tabela, traçar o gráfico de F versus y. Observa-se, neste caso, que
existe uma relação linear entre F e y:
F  A B y (5)

Então, tendo como base a Equação (4), faça uma regressão linear para obter as constantes A
e B. Indique a grandeza física associada à constante B.
 A constante elástica kf é uma propriedade da haste e depende de suas dimensões –
comprimento x, largura L e espessura e – bem como do material de que é feita. A
grandeza que mede como um determinado material reage a uma força que tende a
flexionar o objeto é o Módulo de Young para a flexão E que, por outro lado, é uma

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propriedade apenas do material de que a haste é feita. Essas duas grandezas estão
relacionadas através da equação
E  L  e3 (6)
kf 
x3

Meça as dimensões da haste – comprimento, largura e espessura - e calcule o valor de


E, com sua respectiva incerteza. Compare o valor de E assim obtido com o seu valor tabelado
e determine o desvio percentual de E entre o valor determinado experimentalmente e o valor
conhecido.

Referências Bibliográficas

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.10-13.
2. TIPLER, Paul A., MOSCA, Gene - Física, Vol. 1, 5ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ,
2006, pp.433-434.
3. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A. – Física I – Mecânica, Capítulo 11 (seções
11.4-11.7), 10ª Edição, Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003.

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EXPERIMENTO 2 - O PÊNDULO SIMPLES

Este experimento tem como objetivos: i) estudar o Movimento Harmônico Simples (MHS)
através do movimento de um pêndulo simples; ii) determinar experimentalmente o valor da
aceleração da gravidade g através da medida do período T do pêndulo.

INTRODUÇÃO

Oscilações (ou vibrações) são movimentos que se repetem. Por exemplo: i) lustres que
oscilam; ii) barcos ancorados que flutuam, subindo e descendo com as ondas; iii) diafragmas em
telefones e sistemas de alto-falantes; etc. Há outros tipos de oscilações que são menos evidentes no
dia-a-dia, tais como: i) oscilações das moléculas de ar que transmitem a sensação do som; ii)
oscilações dos átomos em um sólido que transmitem a sensação de temperatura; iii) as informações
são transmitidas através das oscilações dos elétrons nas antenas de rádio e de transmissores de TV;
etc.
Há na Natureza inúmeros exemplos de movimentos periódicos, tais como: i) o movimento
da Terra e dos outros planetas em torno do Sol; ii) o movimento da Terra em torno do seu eixo; iii)
o movimento de um pêndulo; etc. Outros fenômenos, como o som e a luz, também apresentam um
caráter periódico, o qual não é evidente à primeira vista. Por isso, o estudo dos movimentos
periódicos tem grande importância na Física. Assim, um tipo particular, e especialmente importante,
de movimento periódico é o Movimento Harmônico Simples (MHS). Por definição, o fenômeno
periódico é um fenômeno que se repete em ciclos, isto é, que se repete identicamente em intervalos
de tempos iguais. Define-se período T do movimento periódico como o menor intervalo de tempo
de uma repetição, isto é, o intervalo de tempo para o sistema executar uma oscilação completa (ou
ciclo).
Com estas considerações, os pêndulos pertencem a uma classe de oscilador harmônico
simples na qual a flexibilidade está associada à força gravitacional (exerce a função da mola em um
oscilador harmônico simples). O pêndulo simples é constituído de um fio inextensível de massa e
deformação desprezíveis, de comprimento L e um corpo de massa m. Quando o corpo é liberado a
partir de um ângulo θ0 com a vertical, ocorre um balanço para frente e para trás com um período T.
De acordo com a Figura 2.1, as forças que atuam no corpo são o seu peso mg, devido à força
gravitacional Fg, e a tração na mola (fio) T. As componentes radial Fr e tangencial Ft da força
gravitacional são dadas por:

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Figura 2.1: Forças atuando na massa do pêndulo.

Fr  Fg cos 

e (1)

Ft  Fg sen

onde Fg (= mg); g a aceleração da gravidade.


De acordo com a Segunda Lei de Newton, a força resultante FR é dada por:
  
FR   Fi  ma (2)
i

A componente tangencial da força gravitacional produz um torque restaurador em torno do


ponto de articulação do pêndulo. Este torque atua no sentido contrário do movimento de modo a
trazer o pêndulo à posição de equilíbrio. Nesse sentido, combinando as Equações (1) e (2),
considerando apenas a componente tangencial da força F g, obtém-se:

F t  mat (3)

e, portanto,
d 2S (4)
 mgsen  m
dt 2
onde o comprimento de arco S está relacionado ao ângulo θ por:
S  L  (5)
Derivando ambos os lados da Equação (5) em relação ao tempo t, obtém-se:

dS d d 2S d 2 (5)
 L  2  L 2
dt dt dt dt
que, quando substituída na Equação (4) resulta em:
d 2 g (6)
2
  sen
dt L

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A Equação (6) mostra que o movimento do pêndulo não depende da massa m. Para um
ângulo θ pequeno, isto é, para pequenas oscilações,
  1  sen   (7)
e, portanto,
d 2 g (8)
  0
dt 2 L

A Equação (8) (Equação Diferencial Homogênea Linear de 2° Ordem) é análoga à equação


do Oscilador Harmônico Simples (OHS). O movimento do pêndulo para pequenos ângulos de
deslocamento, portanto, é aproximadamente um MHS. Neste caso, por comparação da Equação (8)
com o MHS, cuja equação do movimento é dada por
d 2x (9)
2  x  0
dt
obtém-se a freqüência angular ω do pêndulo:

g (10)

L

e, portanto, o período T do movimento é dado por:

L (11)
T  2
g

De acordo com a Equação (11), o período e, conseqüentemente a freqüência, não dependem


da amplitude de oscilação, o que é uma característica do movimento harmônico simples. Para
oscilações de grande amplitude (θ>>1), o movimento do pêndulo continua a ser periódico, mas ele
não é mais harmônico simples. Neste caso, para uma amplitude angular geral θ, o período é dado
por:
 1 1 1 3
2
4 1
 (12)
T  T0 1  2 sen 2   2   sen   .......
 2 2 2 4 2 

onde T 0 é o período de um pêndulo simples, dado pela Equação (11).

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PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

 Descrever o arranjo experimental e anotar o material utilizado (e suas respectivas


incertezas);
 Em seguida: i) medir o comprimento L do fio e a massa m do corpo; ii) medir 20
vezes o intervalo de tempo correspondente a cinco (5) períodos de oscilação do
pêndulo (t = 5T); iii) apresentar os resultados com as devidas incertezas;
 Com os dados obtidos, construir uma tabela (duas colunas; ni e 5T) com os valores
medidos de 5 períodos de oscilação do pêndulo;
 Fazer uma análise estatística, obter e apresentar o valor médio, o desvio médio e o
desvio padrão do período do pêndulo simples;
 Através da equação para calcular a propagação de erros (Equação do Erro
Indeterminado), determinar o valor do período de oscilação do pêndulo simples T e
sua respectiva incerteza ΔT;
 Com os valores obtidos para o comprimento L e o período T, determinar o valor da
aceleração da gravidade g. Comparar com o valor conhecido (g = 9,8 m/s2) e
determinar o desvio percentual;
 Determinar a incerteza no valor de g;
 Determinar o valor de g pelo método gráfico. Para isso: i) variar o comprimento
do fio L, medir 10 vezes o período T do pêndulo e calcular o período médio; ii) em
papel milimetrado, construir o gráfico do quadrado do valor médio do período em
função do comprimento do fio L; iii) determinar os coeficientes A e B da reta; iv)
determinar o valor de g e comparar com o que foi obtido anteriormente;
 Responder: a) Qual o valor do período T se massa m for dez vezes maior?; b) Se o
ângulo θ for muito grande, o deve ocorrer com o período T do pêndulo simples?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, Capítulo 16.
2. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A. – Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003, pp.49-50
3. TIPLER, Paul A., MOSCA, Gene - Física, Vol. 1, 5ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ,
2006, pp.497-500.

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EXPERIMENTO 3 - O PÊNDULO FÍSICO

Este experimento tem como objetivos: i) determinar experimentalmente o período de


oscilação T de um pêndulo físico e, consequentemente, o valor da aceleração da gravidade g; ii)
determinar experimentalmente o comprimento do pêndulo simples síncrono com um pêndulo físico
(uma haste retangular uniforme); iii) determinar o centro de oscilação do pêndulo físico.

INTRODUÇÃO

De acordo com o que fora dito no experimento acerca do pêndulo simples (Experimento 02),
os pêndulos pertencem a uma classe de oscilador harmônico simples na qual a flexibilidade está
associada à força gravitacional (exerce a função da mola em um oscilador harmônico simples).
Sabe-se que o pêndulo simples é constituído de um fio inextensível de massa e deformação
desprezíveis, de comprimento L e um corpo de massa m. Quando o corpo é liberado a partir de um
ângulo θ0 com a vertical, ocorre um balanço para frente e para trás com um período T. Em geral,
qualquer corpo oscilando em torno de um eixo fixo localizado fora de seu centro de massa, constitui
um pêndulo físico. Na realidade, todo pêndulo real é um pêndulo físico.
De acordo com a Figura 3.1 (pêndulo físico arbitrário), a força que atua no centro de massa
do pêndulo é o seu peso mg, devido à força gravitacional Fg. As componentes radial Fr e tangencial
Ft da força gravitacional são dadas por:

Figura 3.1: Um pêndulo físico.

Fr  Fg cos 

e (1)

Ft  Fg sen

onde Fg = mg; g a aceleração da gravidade. A componente tangencial da força gravitacional é a


responsável pelo torque restaurador em torno do ponto de articulação do pêndulo. Este torque atua
no sentido contrário do movimento de modo a trazer o pêndulo à posição de equilíbrio.

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Para determinar o período T, pela definição de torque, sabe-se que, por um lado:
  r  F (3)

de forma que,
  hFg sen   (mgh)sen (4)

Por outro lado, de acordo com a Segunda Lei de Newton na forma angular o torque pode ser
expresso como:
  I  (5)

onde I é a Inércia à Rotação e α a aceleração angular.


Assim, comparando as Equações 4 e 5, e considerando o caso de pequenas oscilações (θ <<
1), a aceleração angular α do corpo em rotação é dada por:
mgh mgh (6)
  sen   
I I

No caso de pequenas oscilações (θ << 1), o pêndulo oscila em movimento harmônico


simples. No caso de um oscilador harmônico simples, a aceleração linear a é dada por:

a   2  x (7)

Então, comparando as Equações 6 e 7, obtém-se:

mgh (8)

I

onde ω é a freqüência angular, relacionado com o período T de acordo com a equação


2 (9)

T
e, portanto,
I (10)
T  2
mgh

onde h é a distância do ponto de articulação O ao centro de massa do pêndulo físico.


O pêndulo físico pode ser usado para medir a aceleração de queda livre g em um local
particular sobre a superfície da Terra. Para isso, considere como pêndulo físico uma haste
uniforme de comprimento L, suspensa por uma extremidade. Neste caso, pelo Teorema do Eixo
Paralelo, dado matematicamente por

17
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I  I cm  Mh 2 (11)

onde Icm é o momento de inércia do corpo em torno de um eixo que passa pelo centro de massa e M
a massa total desse corpo. Considerando h = L/2, o momento de inércia I do pêndulo em torno de
um eixo que passa por uma das extremidades da barra é dado pela equação:
1 (12)
I ML2
3

Neste caso, o período T do movimento será dado por:

2L (13)
T  2
3g

e, portanto,
8 2 L (14)
g
3 T2

Para um dado pêndulo físico, é possível encontrar um pêndulo simples equivalente de


comprimento L o, que tenha o mesmo período do pêndulo físico. Para determinar esse valor de L 0,

L0 I (15)
T0  T  2  2
g mgh
onde T 0 e T são os períodos dos pêndulos simples e físico, respectivamente. Assim, para uma haste
retangular:
I 2 (16)
L0   a
mh 3

onde a é o comprimento da haste uniforme. Este valor de L 0 fornece a distância do centro de


oscilação (ponto do pêndulo físico a uma distância L0 do ponto O) ao ponto de suspensão P.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Material Utilizado (Figura 3.2)

 Uma sustentação para pêndulos físicos com pêndulo simples (1), regulagem do
comprimento (1a), cabeçote de retenção (1b), tripé delta max com sapatas (3) e haste
(4);
 Uma trena de 5 m (6);
 Um pêndulo físico em forma de barra retangular (7);

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 Um cronômetro;
 Um paquímetro.

Figura 3.2: O pêndulo físico (haste uniforme) e seus acessórios.

Atividades
 Descrever o arranjo experimental e anotar o material utilizado (com suas respectivas
incertezas);
 De acordo com a Figura 3.3, medir o comprimento a da haste, a largura b, a
espessura da haste, a distância L (distância do ponto P ao centro de oscilação O) e a
distância h do centro de massa em relação ao ponto P;
 Determinar teoricamente o período de oscilação da haste retangular;

Figura 3.3: Pêndulo Físico – ponto de sustentação P, centro de massa G e centro de oscilação O.

 Em seguida, com o pêndulo suspenso pelo ponto P: i) medir dez vezes o intervalo de
tempo correspondente a 10 oscilações completas (t = 10 T); ii) calcular o período T
de oscilação para cada caso; iii) calcular o período médio T das N medidas e o

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desvio padrão; iv) apresentar em tabela os resultados obtidos com as devidas


incertezas;
 Repetir o procedimento do item anterior para um pêndulo simples de comprimento
L0 (Equação 16);
 Comparar o valor obtido do período T tanto para o pêndulo simples como para o
pêndulo físico, obtido experimentalmente, com o valor teórico calculado
anteriormente. Comentar!;
 Suspender a haste uniforme pelo ponto O (Figura 3.3). Neste caso: i) medir dez vezes
o intervalo de tempo correspondente a 10 oscilações completas (t = 10 T); ii) calcular
o período T de oscilação para cada caso e determinar o período médio T ; iii)
apresentar em tabela os resultados obtidos com as devidas incertezas;
 Comparar o período medido para a suspensão pelo ponto P com o medido para a
suspensão pelo ponto O. Comentar!;
 Regular o comprimento do fio do pêndulo simples até que a marca central do corpo
suspenso esteja alinhada com a extremidade inferior da haste uniforme. Medir, agora,
dez vezes o intervalo de tempo correspondente a 10 oscilações completas (t = 10 T) e
determinar o período médio de oscilação do pêndulo simples;
 Comparar os valores dos períodos obtidos experimentalmente. Comentar!;
 Colocar em oscilação simultaneamente o pêndulo simples de comprimento L e o
pêndulo físico suspenso pelo ponto O. Comentar o observado;
 Comentar a validade da afirmação: “O ponto de oscilação O, denominado de centro
de oscilação, é o ponto por onde deve ser suspenso o pêndulo físico para que ele
tenha o mesmo período de oscilação do pêndulo simples de mesmo comprimento L”;
 Substituir h = 0 m na expressão teórica (Equação 10) do pêndulo físico arbitrário e
calcular seu período de oscilação;
 Suspender a haste uniforme pelo ponto G. Neste caso: i) determinar o valor de h; ii)
colocar a haste uniforme em oscilação e medir seu período;
 Comparar o resultado acima obtido com o calculado teoricamente;
 Comparar o valor da aceleração da gravidade g obtido experimentalmente com o
valor obtido no experimento anterior (pêndulo simples) e calcular o desvio
percentual. Qual dos dois experimentos fornece o melhor resultado experimental
para a grandeza g?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.79-80.
2. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A. – Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003, pp.50-52.
3. TIPLER, Paul A., MOSCA, Gene - Física, Vol. 1, 5ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ,
2006, pp.500-502.

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EXPERIMENTO 4 – O PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

Este experimento tem como objetivos: i) identificar a presença do empuxo em função da


aparente diminuição da força peso de um corpo submerso num líquido; ii) reconhecer o enunciado
do Princípio de Arquimedes: “todo corpo mergulhado em um fluido fica submetido à ação de uma
força vertical, orientada de baixo para cima, denominada empuxo, de módulo igual ao peso do
volume do fluido deslocado”. 6

INTRODUÇÃO

O fenômeno do empuxo é bastante familiar. Quase todos sabem que um corpo imerso na
água parece possuir um peso menor do que no ar. Quando o corpo possui densidade menor que a do
fluido, ele flutua e se a densidade for maior, ele afunda. O corpo humano, por exemplo, pode flutuar
na água e um balão cheio de hélio flutua no ar.
De acordo com o Princípio de Arquimedes, “quando um corpo está parcial ou
completamente imerso em um fluido, este exerce sobre o corpo uma força de baixo para cima
igual ao peso do volume do fluido deslocado pelo corpo”. Esta força de baixo para cima
denomina-se força de empuxo sobre o corpo. Quando um balão flutua em equilíbrio no ar, seu peso
(incluindo o gás do seu interior) deve ser igual ao peso do ar deslocado pelo balão. Quando um
submarino está em equilíbrio em baixo da água do mar, seu peso deve ser igual ao peso da água que
ele desloca. Assim, um corpo cuja densidade média é menor do que a do líquido pode flutuar
parcialmente submerso na superfície livre do líquido. Quanto maior for a densidade do líquido,
menor é a parte do corpo submersa. Quando um indivíduo nada na água do mar (ρ ≈ 1030 kg/m 3),
seu corpo flutua mais facilmente do que quando ele nada na água doce (ρ ≈ 1000 kg/m3). Esta força
de empuxo é dada por:
FE  m f  g (1)

onde mf é a massa do fluido que é deslocado pelo corpo.


Como fora dito anteriormente, um corpo imerso na água parece possuir um peso menor do
que no ar. Considere, então, uma pedra sobre uma balança calibrada para medir peso. A leitura da
balança é o peso da pedra. Realizando esta experiência debaixo da água, observa-se que a leitura da
balança fornece um peso aparente. Isto ocorre por causa da força de empuxo. Neste caso,
Peso Aparente = Peso Real - FE
isto é
Wap  W  FE (2)

6
Livro de Atividades Experimentais, Física Experimental – Kit de Mecânica I, MLEQ804, ver.01, Cidepe, pp.14, 79-
80.

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PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Material Utilizado

 Uma mesa suporte Arete, tripé, haste principal e sapatas niveladoras;


 Um cilindro maciço com um gancho (cilindro de Arquimedes) dotado de recipiente
com alças de aço inoxidável e êmbolo (Figura 4.1a);
 Um paralelepípedo de Alumínio e/ou um cubo de Ferro;
 Um dinamômetro de 2 N e uma balança digital;
 Uma seringa sem a agulha e um copo com capacidade para 500 ml com escada
graduada em ml;

Atividades
 O cilindro maciço (1) tem diâmetro ligeiramente menor do que o diâmetro interno do
recipiente (2). Para corrigir esta diferença: i) colocar uma porção de água no
recipiente; ii) introduzir o cilindro maciço no recipiente, deixando vazar o excesso de
água. Obs.: A porção de água que restar no interior do recipiente deverá permanecer
durante a execução do experimento para compensar a diferença volumétrica entre
eles;
 O cilindro de Arquimedes é composto por um cilindro maciço (êmbolo) de massa m
e um recipiente de massa m* . Neste caso: i) determinar, através de uma balança
digital e de um dinamômetro de 2N, o peso do cilindro de Arquimedes (recipiente +
êmbolo) no ar (peso real, W); ii) medir o volume de água inicial V0 que se encontra
no copo;
 Montar o sistema conforme a Figura 4.1b;
 Mergulhar lentamente o êmbolo na água do copo até ele ficar completamente
submerso (Figura 4.1c). Neste caso: i) Medir o volume final V da água no recipiente
e determinar o volume de água deslocado pelo corpo, ΔV = V – V0 ; ii) Medir o peso
do cilindro de Arquimedes quando completamente submerso na água (peso aparente,
Wap);
 De acordo com as Equações (1) e (2): i) determinar a intensidade da força de empuxo
sofrido pelo êmbolo quando ele estiver completamente submerso; ii) determinar o
valor da densidade da água utilizada neste experimento e compará-lo com o valor
tabelado;
 Através da Equação (1), determinar o valor da intensidade da força de empuxo e
compará-lo com o valor obtido anteriormente;

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(a)
(b) (c)

Figura 4.1: Montagem experimental para estudar o Princípio de Arquimedes.


 Com o êmbolo submerso, encher o recipiente superior com água. Neste caso,
observar e anotar o valor indicado pelo dinamômetro quando o recipiente estiver
cheio. Descrever o ocorrido;
 Comparar o volume da água contida no recipiente com o volume do cilindro que foi
submerso. Descrever o ocorrido e determinar o peso do volume de água deslocada
pelo cilindro, quando completamente submerso;
 Considerar um paralelepípedo de Alumínio: i) medir a massa mAl desse objeto; ii)
medir a dimensão desse objeto e determinar seu respectivo volume VAl; iii)
determinar a sua densidade ρAl;
 Com o uso de balança digital e de um dinamômetro (figura 4.1b), determinar o peso
do paralelepípedo de Alumínio (Peso real = W);
 Medir o volume inicial V0 de água no copo. Feito isso: i) mergulhar lentamente o
paralelepípedo de Alumínio na água do copo até ele ficar completamente submerso;
ii) medir o volume final V da água do recipiente e determinar o volume de água
deslocado pelo cubo, ΔV = V – V0; iii) determinar a densidade do paralelepípedo de
Alumínio e compará-lo com a sua densidade determinada no item anterior;
 Responder as questões: i) De acordo com o conceito desenvolvido neste
experimento, há alguma relação entre o empuxo F E e a densidade do líquido
deslocado?; ii) Caso o corpo fosse totalmente submerso em um fluido como o álcool
e/ou água salgada, seria possível medir a densidade desses materiais? Como
determinar, então, a densidade de um material qualquer através do empuxo FE?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.53-56.
2. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A. – Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003, pp.74-76.
3. TIPLER, Paul A., MOSCA, Gene - Física, Vol. 1, 5ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ,
2006, pp.456-462.

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EXPERIMENTO 5 - CORDAS VIBRANTES

Esse experimento tem como objetivos estudar o fenômeno de ressonância em um fio sob
tensão e determinar, a partir desse estudo, uma expressão empírica que estabeleça uma conexão
entre as freqüências de ressonância desse sistema com todos os parâmetros relevantes ao
experimento.

INTRODUÇÃO

Em muitas situações do cotidiano, a explicação de um fenômeno experimental pode ser


muito complexa do ponto de vista teórico. Apesar disso, é importante poder prever o efeito causado
por esse fenômeno. Nesses casos, costuma-se determinar fórmulas empíricas que possibilitem a
previsão de uma grandeza física quando o objeto estudado encontra-se em alguma configuração
pré-estabelecida. Nesse contexto, uma fórmula empírica não pode ser considerada uma explicação
física do fenômeno estudado, mas apenas uma ferramenta de previsão para esse fenômeno.
Para determinar uma expressão empírica para uma determinada grandeza a partir da
observação, estabelecem-se, primeiramente, quais os parâmetros que influenciam a grandeza
estudada. Uma vez estabelecida a lista de parâmetros, estuda-se, através de medidas, a dependência
da grandeza física com cada um desses parâmetros, mantendo-se todos os outros fixos. Em seguida,
todos os dados obtidos são analisados com o intuito de extrair uma expressão que permita prever o
valor da grandeza estudada para um determinado conjunto de parâmetros.
Quando um fio sob tensão é posto a vibrar, dependendo da freqüência de vibração utilizada
o fio pode entrar em um estado de ressonância, na qual a amplitude da vibração torna -se bastante
elevada. As freqüências nas quais a ressonância é observada dependem de vários parâmetros do fio.
Esse é o efeito que permite, por exemplo, que vários instrumentos musicais (violão, piano, etc.)
funcionem. No caso do violão, em geral de seis cordas, cada corda vibra em uma freqüência de
ressonância bem estabelecida (notas musicais). Para gerar as diferentes notas, cada corda possui
características físicas diferentes, como o material que é construído, espessura, etc. Além disso,
outros fatores, como o comprimento da corda e a tensão aplicada à mesma (afinação do
instrumento) influenciam a freqüência de ressonância. Assim, para obter uma expressão que
possibilite prever a freqüência de ressonância de uma corda, deve-se estudar como a freqüência
varia com cada um desses parâmetros.
A hipótese mais simples para uma fórmula empírica consiste em supor que uma grandeza y
está relacionada com um determinado parâmetro x através da expressão:
y  Ax b

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onde A e b são constantes. Outras formas (exponencial, logarítmica, trigonométrica, etc.) podem
ocorrer. Contudo, uma escolha mais adequada depende somente da observação e da análise das
medidas efetuadas. No caso do violão, por exemplo, os parâmetros que podem influenciar a
freqüência de vibração do fio são: o comprimento L, a tensão aplicada T e as suas características de
construção. No último caso, pode-se representar essas características de construção através da
densidade linear do fio , dada por:
=M/L
onde M é a massa do fio. Assim, uma primeira aproximação para uma expressão que correlacione a
freqüência de ressonância com esses parâmetros pode ser escrita como:

f  AL T   
onde A, ,  e  são constantes.
No caso de um fio de violão, observa-se que, devido a sua construção, outras freqüências
além da freqüência natural de ressonância podem ser obtidas. Devido ao fato da corda estar presa
em ambas as extremidades, além da freqüência natural, freqüências de meio tom também são
possíveis de ser obtidas. Na Figura 5.1 é mostrado um esquema da vibração de uma corda cujo
comprimento é bem determinado, presa em ambas as extremidades. O modo mais simples de
vibração é aquele no qual a corda se movimenta totalmente em fase. Costuma-se denominar essa
freqüência de ''freqüência natural de vibração". Um segundo modo de vibração pode ser observado
quando a corda é dividida ao meio. Neste caso, cada metade se movimenta em oposição de fase,
pois a corda permanece fixa em suas extremidades. Com esse procedimento sucessivo, outros
modos também podem ser observados, conforme mostra a Figura 5.1. Cada um desses modos é
representado por um número que corresponde ao número de ventres (máximos de vibração)
observados. Assim, o primeiro modo de vibração possui n = 1, o segundo n = 2 e assim
indefinidamente. Com base nesses argumentos, espera-se que a freqüência de vibração de um fio
também dependa do modo de vibração observado. Assim, a fórmula empírica para as freqüências de
ressonância pode ser escrita como:

f  Cn L T   

onde C, , ,  e  são constantes que podem ser extraídas dos dados experimentais.
Como fora dito anteriormente, o objetivo desse experimento é estudar o fenômeno de
ressonância em um fio sob tensão e verificar se a suposição acima para a dependência da freqüência
com os parâmetros experimentais é válida e, caso seja, determinar o valor das constantes na
expressão acima.

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L
n=l
 = 2L

n=2
=L

n=3
 = 2L/3
Figura 5.1: Modos normais de vibração de um fio de comprimento L.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Arranjo experimental

O Arranjo experimental utilizado para o estudo da ressonância de um fio está esquematizado


na Figura 5.2. Nesse arranjo, um fio de nylon é preso a um suporte e tensionado através de um
sistema de polia. A tensão no fio é controlada através da massa acoplada a esse sistema.
Um alto-falante é acoplado ao fio próximo a uma das suas extremidades. Este alto-falante é
excitado por meio de um gerador de ondas harmônicas senoidais cuja freqüência pode ser
controlada pelo experimentador.
O experimento consiste em selecionar diversos fios de densidades lineares e comprimentos
diferentes, montá-los no arranjo experimental e tencioná-los. Em seguida, o gerador de áudio tem
sua freqüência ajustada de modo a observar os modos normais de vibração desse fio.

fio

massa alto-falante Gerador

Figura 5.2: Arranjo experimental utilizado para estudar o fenômeno de ressonância de um fio
tensionado.
Para a obtenção e análise dos dados, necessários para avaliar a dependência das freqüências
de ressonância com cada um dos parâmetros envolvidos no experimento (modo de vibração,
comprimento, tensão aplicada ao fio e densidade linear do fio), organizou-se o experimento em 4

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partes, cada uma delas relacionada a uma das grandezas que influenciam as freqüências de vibração
do fio.

Atividades

Parte 1 - Estudo da dependência da freqüência (f) com o modo de vibração (n)

Selecione um determinado fio de nylon de comprimento L (o maior comprimento possível,


de modo a aproveitar o fio para as medidas seguintes), monte-o no arranjo experimental e aplique
uma tensão que deve permanecer fixa durante a tomada de dados. Não se esqueça de anotar esses
parâmetros (densidade linear do fio, comprimento e tensão aplicada).
Com o gerador de áudio, ajuste a freqüência do mesmo de modo a observar o modo
fundamental de ressonância (n = 1, ou seja, observa-se apenas um ventre). Essa freqüência é
observada quando a amplitude de oscilação do fio é máxima. Leia e anote o valor para a freqüência
de ressonância para esse modo de vibração no gerador de áudio (não esqueça a incerteza).
Repita o procedimento acima para modos de vibração de maior ordem (n = 2,3,4,...) para o
maior número possível de modos. Note que a amplitude de oscilação diminui com o aumento do
número de ventres observados de modo que modos muito elevados (n = 5, 6, 7, ...) podem ser
difíceis ou impossíveis de observar.
Organize todos os dados obtidos em uma tabela. Com esses dados, construa um gráfico
em papel di-log e estabeleça a dependência da freqüência de ressonância (f) com o modo de
vibração (n).

Parte 2 - Estudo da dependência da freqüência (f) com a tensão aplicada ao fio (T)

Como mesmo fio da tomada de dados anterior, ajuste a freqüência do gerador de áudio para
observar o segundo modo de vibração (n = 2). Leia e anote o valor para a freqüência de ressonância
para esse modo de vibração no gerador de áudio e para a tensão (T) aplicada ao fio (não esqueça a
incerteza).
Repita a medida acima alterando apenas a tensão que é aplicada ao fio. Para isso, deposite
ou retire os lastros presos ao sistema de polia do arranjo experimental. Não se esqueça de medir a
massa que está sendo utilizada para tensionar o fio. Repita esse processo para 6-8 tensões
diferentes e organize os dados em uma tabela. Com esses dados, construa um gráfico em papel
di-log e estabeleça a relação entre a freqüência do segundo modo de vibração (n = 2) do fio
com a tensão aplicada ao mesmo.

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Deve-se tomar o cuidado de não selecionar valores de massa muito próximos entre uma
medida e outra, pois nesse caso a análise gráfica torna-se difícil de ser realizada. Variações de
aproximadamente 40 g entre uma medida e outra fornecem dados satisfatórios.

Parte 3 - Estudo da dependência da freqüência (f) com o comprimento do fio (L)

Com o mesmo fio da tomada de dados anterior, com os mesmos parâmetros utilizados na
parte 1 da tomada de dados, ajuste a freqüência do gerador de áudio para observar o segundo modo
de vibração (n = 2). Leia e anote o valor para a freqüência de ressonância para esse modo de
vibração no gerador de áudio e para o comprimento (L) do fio utilizado (não esqueça a incerteza).
Repita o procedimento acima, reduzindo o comprimento do fio. Meça a freqüência de
ressonância do segundo modo de vibração para esse novo comprimento (não se esqueça de anotar o
comprimento e sua incerteza). Repita esse procedimento, variando o comprimento do fio de
aproximadamente 10 cm entre uma medida e outra. Organize os dados em uma tabela de tal
forma a correlacionar, via um gráfico em papel di-log, a freqüência de vibração com o
comprimento utilizado para o fio.

Parte 4 - Estudo da dependência da freqüência (f) com a densidade linear ( ) do fio

Para estudar a dependência da freqüência de ressonância com a densidade linear do fio,


proceder da seguinte forma: i) trocar o fio utilizado entre uma medida e outra; ii) tomar o cuidado
de reproduzir todos os outros parâmetros (L, T e n), dentro das incertezas experimentais, de tal
modo que o único parâmetro variável seja a densidade linear (  ).
Meça a freqüência do segundo modo de vibração (n = 2) para cada um dos fios disponíveis
no laboratório. Organize os dados em uma tabela de tal forma a correlacionar, via um gráfico
em papel di-log, a freqüência de vibração com a densidade linear do fio.

Análise dos dados

Para a determinação de uma expressão empírica para as freqüências de ressonância de um


fio sob tensão, supôs-se inicialmente que a freqüência de ressonância fosse escrita como:

f  Cn L T    ,
onde , ,  e  são constantes que podem ser determinadas a partir dos dados experimentais.
Nesse sentido, faça, primeiramente, uma análise dimensional da expressão acima e, com
base nessa análise, determine os valores para as constantes acima. É possível obter todos os valores
a partir de uma análise dimensional da expressão acima?

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Em seguida, variando apenas um dos parâmetros da dependência da freqüência de


ressonância, espera-se que a expressão representativa do fenômeno de ressonância em um fio
com esse parâmetro seja da forma:

f  K .x a
onde K é uma constante que depende de como os outros parâmetros foram fixados, x é o parâmetro
que está sendo variado (n, L, T ou  ) e a é a constante relacionada a esse parâmetro (, ,  ou ).
Nesse caso, fazendo-se um gráfico da freqüência de ressonância como função deste parâmetro
em um papel di-log, obtém-se uma reta cuja inclinação é a constante a. Assim sendo, faça um
gráfico di-log para cada um dos conjuntos de dados obtidos anteriormente. Esses gráficos são,
de fato, compatíveis com retas? Obtenha, a partir dos gráficos obtidos, valores experimentais para
as constantes , ,  e . Os valores experimentais são compatíveis com aqueles extraídos a partir
da análise dimensional realizada com a expressão empírica para a freqüência de ressonância?
Compare também com os valores teóricos esperados, conforme descrito no Apêndice desse
capítulo. Como você poderia obter a constante de proporcionalidade (C) da fórmula empírica?
Discuta os resultados?

APÊNDICE: Modos Normais de Oscilação de um Fio sob Tensão

Pela aplicação da Segunda lei de Newton a trechos de um fio que sob tensão, oscilando
transversalmente, obtém-se uma equação diferencial, denominada de Equação de Onda:

2 1 2
y ( x, t )  y( x, t )  0
x 2 v 2 t 2

onde v é a velocidade de propagação da onda, (x, y) são as posições no espaço de um ponto do fio
que, quando em repouso, está contido no eixo x (y = 0) e t o tempo. A oscilação ocorre na direção y,
transversal ao eixo x. A associação da equação acima com a de propagação de uma onda não é
imediata. Esse fato pode ser percebido empiricamente quando um "chacoalhão" é dado no fio e os
pulsos assim produzidos caminham pelo fio sob tensão. A demonstração teórica é mais clara, pois
uma função qualquer dada por y(x,t) = f(x ± vt) é uma solução da Equação de Onda.
No caso particular de um fio sob tensão de comprimento L e fixo em ambas as extremidades,
quando uma perturbação transversal e periódica é aplicada ao fio, observa-se o fenômeno de
ressonância toda vez que a freqüência da perturbação externa for igual a uma das freqüências
próprias do fio sob tensão.
Para determinar quais são as freqüências de ressonância desse arranjo, deve-se lembrar que
há uma correspondência entre a freqüência de oscilação f de uma onda qualquer com o seu

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comprimento de onda . Essa correspondência depende da velocidade de propagação v da onda,


dada por:
v
f 

A determinação dos possíveis comprimentos de onda pode ser realizada com argumentos
puramente geométricos. Estão mostrados na Figura 6.1 alguns possíveis modos de vibração. Como
o fio está preso em ambas as extremidades, somente modos cujos comprimentos de onda satisfazem
essa condição são possíveis. Esses modos são classificados de acordo com o número de ventres
observados. Modos com apenas 1 ventre possui modo n = 1 e assim sucessivamente. Observa-se da
Figura 6.1 que o comprimento de onda está relacionado ao modo de vibração, bem como ao
comprimento do fio, de acordo com a expressão:
2L
 , com n  1, 2, 3, 4, ...
n

onde o índice n em  n representa o modo de vibração observado e, portanto, as freqüências naturais


de vibração podem ser obtidas através da equação:
nv
fn  , com n  1, 2, 3, 4, ...
2L
A velocidade de propagação da onda no fio depende das suas propriedades e da tensão
longitudinal aplicada ao mesmo (maiores detalhes para a determinação da velocidade pode ser
obtida na referência 1). Para um fio de densidade linear  ( = M / L, sendo M a massa do fio),
sujeito a uma tensão longitudinal τ, a velocidade de propagação de uma onda por esse fio é dada
por:


v

e, portanto, as freqüências naturais de vibração de um fio sob tensão são dadas por:

n T
fn  , com n  1, 2, 3, 4, ...
2L 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. NUSSENZVEIG, H. Moysés, Curso de Física Básica, Vol. 2, Editora Edgard Blücher Ltda,
pp.103-115.
2. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC
Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.106-110.
3. TIPLER, Paul A., MOSCA, Gene - Física, Vol. 1, 5ª Edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ,
2006, pp.572-580.
4. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A., Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003, pp.265-274.
5. CHAVES, Alaor Silvério, Física – Ondas, Relatividade e Física Quântica, Vol. 3, Reichmann &
Affonso Ed., Rio de Janeiro, RJ, 2001, pp.8-10.

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EXPERIMENTO 6 – DILATAÇÃO TÉRMICA

Este experimento tem como objetivos capacitar o aluno para: i) relacionar a variação de
comprimento de um corpo de prova em função do comprimento inicial e da variação de
temperatura; ii) construir gráficos da variação do comprimento em função comprimento inicial e,
também, da variação da temperatura de um corpo de prova; iii) determinar o coeficiente de
dilatação linear do corpo de prova.

INTRODUÇÃO

A expansão ou dilatação térmica ocorre quando quase todos os materiais são aquecidos.
Por causa desse fenômeno, as estruturas das pontes são projetadas com suportes e juntas especiais
para permitir a dilatação dos materiais. Uma garrafa cheia de água e muito bem tampada pode
quebrar quando for aquecida. Da mesma forma, pode-se afrouxar a tampa metálica de um recipiente
jogando água quente sobre ela. Esses exemplos estão relacionados à dilatação térmica.
Para estudar esse fenômeno, suponha que para uma dada temperatura T 0 uma barra possua
comprimento L0. Quando a temperatura varia de uma quantidade de ΔT, isto é, T = T 0 + ΔT, o
comprimento da barra varia de uma quantidade de ΔL, ou seja, L = L 0 + ΔL. Observa-se,
experimentalmente, que quando ΔT não é muito grande (por exemplo, menor do que cerca de 100
°C), a variação no comprimento ΔL é diretamente proporcional à variação de temperatura ΔT.
Quando duas barras feitas com o mesmo material sofrem a mesma variação de temperatura, porém
uma possui o dobro do comprimento da outra, então a variação do comprimento também será duas
vezes maior. Espera-se, portanto, que ΔL também deva ser proporcional ao comprimento inicial L 0.
Para expressar essas dependências, introduz-se uma constante de proporcionalidade α (que é
diferente para diferentes materiais) dada por:
L    L0  T
Se um corpo possui comprimento inicial L0 a uma temperatura inicial T 0, seu comprimento
L a uma temperatura T = T 0 + ΔT será de:
L  L0  L  L0    L0  T  L0  1    T 
A constante de proporcionalidade α, denominada de Coeficiente de Dilatação Linear,
descreve as propriedades de expansão térmica de um dado material. As unidades de α são K-1
ou (°C)-1 . Para muitos materiais, as dimensões lineares sofrem variações de acordo com as equações
acima. Assim, o comprimento L pode ser a espessura de uma barra, o comprimento do lado de
um quadrado ou o diâmetro de um buraco. Alguns materiais, tais como a madeira ou o cristal, se
dilatam de modo diferente em direções diferentes.

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A dilatação térmica pode ser compreendida qualitativamente em termos das moléculas do


material. As forças entre os átomos vizinhos em um sólido, por exemplo, podem-se visualizadas
considerando os átomos interligados um ao outro por molas, cujo comportamento é análogo ao da
mola que se dilata com mais facilidade do que se comprime. Neste caso, cada átomo vibra em torno
de uma posição de equilíbrio. Quando a temperatura aumenta, a energia e a amplitude das vibrações
também aumentam. As forças das molas interatômicas não são simétricas em relação à posição de
equilíbrio. Conseqüentemente, quando a amplitude das vibrações aumenta, a distância média entre
as moléculas também aumenta. Assim, à medida que os átomos se afastam um do outro, todas as
dimensões aumentam.
Quando um objeto sólido possui um buraco em seu interior, o buraco também se dilata.
Todas as dimensões lineares do objeto se dilatam do mesmo modo quando a temperatura varia.
A relação linear entre as grandezas das equações anteriores não é exata. Na verdade, ela é
aproximadamente correta somente quando as variações de temperatura são muito pequenas. Para
um dado material, o coeficiente de dilatação linear α varia ligeiramente com a temperatura inicial T 0
e com a amplitude do intervalo de temperatura. Observa-se que os valores típicos de α são muito
pequenos. Para uma variação de temperatura de 100 °C, a variação relativa do comprimento ΔL/L 0
é da ordem de 10-3. Os coeficientes de dilatação linear para alguns materiais estão apresentados na
Tabela 6.1.

Tabela 6.1 – Coeficientes de dilatação linear


MATERIAL α [K-1 ou (°C)-1 ]
Alumínio 2,4x10-5
Latão 2,0x10-5
Cobre 1,7x10-5
Vidro 0,4-0,9x10-5
Invar (liga de ferro-níquel) 0,09x10-5
Quartzo fundido 0,04x10-5
Aço 1,2x10-5

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Para a realização deste experimento, utilizou-se o conjunto para dilatação com gerador
elétrico de vapor. De acordo com a Figura 6.1, o Dilatômetro e o Gerador Elétrico de Vapor são
compostos dos seguintes itens:

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Figura 6.1 – O Dilatômetro e o Gerador Elétrico de Vapor (Referências EQ217A e EQ239A –


CIDEPE).
 O dilatômetro é constituído por: base principal metálica (1) e escala milimetrada,
medidor de dilatação com divisão de um centésimo de milímetro (2), guia com mufa
(2a), guia de saída (2b) e sapatas niveladoras;
 Três corpos de prova em aço (3), em latão (4) e em cobre (5);
 Conexão se saída (6) com duto flexível e expansão;
 Conexão de entrada (12) com duto flexível, terminal metálico e manípulo;
 Termômetros (11);
 Batente móvel fim de curso (14);
 Gerador elétrico de vapor (figura 6.1b)
 Reservatório 600 ml de água (15);

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 Tampa (15e) com duas entradas;


 Válvula de segurança (15a);
 Fixadores (15b);
 Braço com mufa (15c) para fixação em haste;
 Anel com pregador (15d);
 Suporte delta maior (16) com sapatas niveladoras (16a);
 Haste (17) com fixador;
 Um tubo conectante com mangueira flexível de silicone (18);
 Braço em L (19) com mufa de entrada lateral em aço;
 Trocador de calor elétrico;
 Termômetro.

Material Utilizado

 Um dilatômetro (Figura 6.1a) com base principal (1), medidor de dilatação, div:
centésimo de milímetro (2), escala milimetrada, guia com mufa (2a), guia de saída
(2b) e sapatas niveladoras;
 Um corpo de prova em cobre;
 Uma conexão rápida de saída;
 Uma conexão de entrada (12);
 Um medidor de temperatura (termômetro);
 Um batente móvel fim de curso (14);
 Uma trena milimetrada;
 Uma fonte de calor;
 Uma garrafa térmica com água quente;
 Um recipiente de água fria e/ou gelada;
 Um funil;
 Um balde vazio;
 Um pano de limpeza.

Atividades
 Executar a montagem conforme instruções da Figura 6.2;
 Com o guia com mufa (2a) na marca dos 500 mm, verificar se o batente móvel fim
de curso (14) está tocando na ponteira do medidor de dilatação (relógio comparador).
Observar se a escala do medidor está indicando zero;

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Figura 6.2 – Montagem experimental do dilatômetro.

Parte 1 – Variação de comprimento ΔL em função do comprimento inicial L 0

 O comprimento inicial L0 do corpo de prova é a distância entre o centro da guia


com mufa (2a) até o medidor (este é o único trecho do corpo de prova que terá
influência sobre a leitura indicada pelo medidor);
 Determinar o comprimento L0 e a temperatura inicial T0 do sistema;
 Ativar a fonte de calor e aguardar para que o corpo de prova atinja a temperatura
máxima T. Aguardar o equilíbrio térmico. Obs.: o momento para a execução desta
leitura deve ser, no mínimo, 60 segundos após a estabilização dos medidores;
 Após o equilíbrio térmico, medir a temperatura T (água em ebulição). Anotar os
valores assim obtidos na tabela abaixo (Tabela 6.2);
 Medir a variação de comprimento ΔL sofrida pelo corpo de prova. Anotar os
valores assim obtidos na tabela abaixo:

L0 (m) T0 (°C) T (°C) ΔT (°C)

 Com um pano molhado (para evitar queimaduras), remover o corpo de prova e


esfriá-lo. Feito isso, variar o comprimento inicial L0 (450 mm, 400 mm, 350 mm e
300 mm) do corpo de prova e medir sua variação de comprimento ΔL;
 Determinar o valor de α para cada caso e seu respectivo valor médio. Apresentar os
resultados assim obtidos na tabela abaixo (Tabela 6.3):

L0 (m) ΔL (m) α (°C-1)

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 Com os valores da Tabela 6.3 e a Equação L    L0  T , determinar o valor

médio do Coeficiente de Dilatação Linear α (α1), compará-lo com o seu valor


tabelado para o material em análise e determinar o erro relativo percentual.
Apresentar esses resultados na tabela abaixo (Tabela 6.4):

-1 -1
Valor Médio de α1 (°C ) Valor Tabelado - α (°C ) Er%

_________ ± _________ _____________ _________

 Com os dados obtidos na Tabela 6.3, construir um gráfico em papel milimetrado


de ΔL versus L0, determinar o coeficiente de proporcionalidade α2 (ΔL = A + BL0)
deste corpo de prova e compará-lo com os valores apresentados na tabela acima;
 Representar matematicamente a relação existente entre ΔL e L0 (para uma mesma
variação de temperatura) identificando cada termo da mesma;
 Verificar a validade da afirmação: “A variação de comprimento sofrida por um
material (sob a mesma variação de temperatura) é diretamente proporcional ao seu
comprimento inicial, isto é: ΔL α L0”.

Parte 2 - Relação entre a variação no comprimento e a variação na temperatura


 Determinar o comprimento inicial L0 do corpo de prova e a temperatura inicial T0 do
sistema. Anotar os valores assim obtidos na ta bela abaixo (Tabela 6.5):
L0 (m) T0 (°C)

 Fazer a água circular a diferentes temperaturas (vide tabela abaixo) pelo interior do
corpo de prova;
 Calcular a variação de temperatura ΔT sofrida pelo corpo de prova;
 Medir a variação de comprimento ΔL sofrida pelo corpo de prova. Apresentar os
resultados assim obtidos na tabela abaixo (Tabela 6.6):

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T0 (°C) T (°C) ΔT = T – T0 (°C) ΔL (m)


“água gelada”
“água natural’
50 ± ___
70 ± ___
96 ± ___

 Com os dados obtidos da Tabela 6.6, construir um gráfico (papel milimetrado) de


ΔL em função da variação da temperatura ΔT, determinar a relação entre essas
duas grandezas (ΔL e ΔT) e, conseqüentemente, o coeficiente de proporcionalidade
α (α3) deste corpo de prova e compará-lo com os valores obtidos na Parte 1 deste
experimento;
 Verificar a validade da afirmação: “A variação de comprimento sofrida por um
material é diretamente proporcional a sua variação de temperatura, isto é, ΔL α ΔT”;
 Mostrar, portanto, que a equação L    L0  T pode ser escrita como:

L  L0  1    T  , reconhecendo cada termo da mesma;

 Por que o tubo de latão foi escolhido e não um dos outros dois disponíveis para
este experimento?
 Obs.: i) Não se esquecer de determinar os desvios percentuais desses resultados em
relação ao valor conhecido do coeficiente linear α do corpo de prova em questão; ii)
O erro relativo percentual Er% pode ser calculado através da expressão:
Er %  [(Valor Tabelado – Valor Experimental) / (Valor Tabelado)] x 100%.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.145-147.
2. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A., Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003, pp.108-112.
3. Livro de Atividades Experimentais: Física Experimental – Termodinâmica - Kit termodinâmica

para computador com sensor e software, Referência MLEQ810 - rev.03, SIDEPE, 2008, pp.47-52.

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EXPERIMENTO 7 – CALOR ESPECÍFICO

Este experimento tem como objetivos determinar a capacidade calorífica de um


calorímetro e o calor específico de alguns metais.

INTRODUÇÃO

Quando água quente é colocada em um recipiente de alumínio que esteja na temperatura


ambiente, observa-se que o recipiente esquenta e que a água esfria, isto é, a temperatura do
recipiente aumenta e a da água diminui, até que ambos fiquem à mesma temperatura. Neste caso,
houve uma transferência de energia, na forma de calor, do corpo de temperatura mais alta (a água
quente) para o outro de temperatura mais baixa (o recipiente de alumínio), até que o equilíbrio
térmico fosse atingido.
A quantidade de calor Q, necessária para elevar a temperatura de um corpo, depende de
três fatores: a massa m, a variação de temperatura ΔT = T – To e o calor específico c.
Matematicamente, a quantidade de calor é dada pela expressão:
Q = m.c.ΔT (1)

Pode-se determinar o calor específico de uma substância com a ajuda de um recipiente


denominado calorímetro. O calorímetro é um recipiente isolado termicamente do meio externo,
onde líquidos e sólidos podem ser colocar para que troquem de calor entre si com perda mínima
para o meio ambiente.
O calorímetro participa das trocas de calor entre os corpos nele colocados até que todos,
inclusive o calorímetro, estejam à mesma temperatura, ou seja, atinjam o chamado equilíbrio
térmico. Essa participação é determinada através de uma grandeza denominada Capacidade
Térmica C.
A capacidade térmica C de um corpo é definida como sendo o produto de sua massa pelo
seu calor específico. Matematicamente, tem-se:
C = m.c (2)

e, portanto, a quantidade de calor Q pode ser expressa como:


Q = C.ΔT. (3)

A capacidade térmica de um calorímetro é a soma das capacidades térmicas das partes que
o constituem, tais como: copo metálico, agitador, resistência elétrica para aquecimento e o próprio
termômetro utilizado para medir a temperatura.

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Considere, então, um calorímetro contendo em seu interior certa massa de água, ambos à
temperatura To. Se um corpo, à temperatura Tc (com Tc > To), é colocado dentro da água do
calorímetro, ocorrerá transferência de energia, na forma de calor, entre a água e o corpo até
atingirem uma mesma temperatura, chamada temperatura de equilíbrio térmico, Tequilíbrio . A
quantidade de calor perdida pelo corpo é absorvida tanto pela água quanto pelo calorímetro. Então,
na condição de equilíbrio térmico:
Qcorpo = Qcalorímetro + Qágua (4)

onde Qcorpo é a quantidade de calor cedido pelo corpo, Qcalorímetro é a quantidade de calor recebido
pelo calorímetro, Qágua é o calor recebido pela água. De acordo com as Equações (1) – (3), essas
quantidades são dadas por:
Qcorpo = mc.cc.(Tc – Tequilíbrio) (5)

Qcalorímetro = Ccalorímetro.(Tequilíbrio – To) (6)

Qágua = mágua.cágua.(Tequilíbrio – To) (7)

e, portanto,
mc.cc.(Tc – Tequilíbrio) = Ccalorímetro .(Tequilíbrio – To) + mágua.cágua.(Tequilíbrio – To ) (8)

onde mc é a massa do corpo, cc é o calor específico do corpo, Tc é a temperatura inicial do corpo,


Tequilíbrio é a temperatura de equilíbrio do sistema, Ccalorímetro é a capacidade térmica do calorímetro,
To é a temperatura inicial do calorímetro com água, mágua é a massa de água dentro do calorímetro e
cágua é o calor específico da água.
Então, de acordo com a Equação (8), o calor específico do corpo é dado por:
(C calorímetro + mágua .cágua)(T equilíbrio  T o ) (9)
cc =
mc .(T c  T equilíbrio)

Os valores do calor específico para algumas substancias estão apresentados na Tabela 11.1.

Tabela 7.1 – Valores do calor específico de algumas substâncias.

Substância Calor Específico


(cal/g.K)
Água 1,00
Alumínio 0,215
Chumbo 0,0321

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Cobre 0,0923
Ferro 0,11
Latão 0,092

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Material Utilizado

 Calorímetro completo;
 Balança;
 Termômetro;
 Sistema de aquecimento;
 Água e corpos metálicos.

Atividades

Parte 1 – Determinação da capacidade térmica do calorímetro

 Medir a massa do calorímetro vazio e seco (mcalorímetro);


 Colocar no calorímetro uma massa de água (água da torneira), mágua ,
aproximadamente igual a um quarto da capacidade do calorímetro e à temperatura
ambiente;
 Esperar o sistema calorímetro e água entrar em equilíbrio térmico (To). Anotar o
valor de T 0;
 Adicionar uma massa de água, aproximadamente igual à anterior, previamente
aquecida, mágua quente, e a uma temperatura Tágua quente;
 Agitar levemente até obter uma temperatura estável (Tequilíbrio);
 Considerando, neste caso, o mesmo calor específico tanto para a água fria como
para a água quente, determinar a capacidade térmica do calorímetro, Ccalorímetro, dada
pela expressão:

Qcedido pela água quente = Qrecebido pelo calorímetro + Q recebido pela água fria

mágua quente.cágua.(Tágua quente – Tequilíbrio) = Ccalorímetro.(Tequilíbrio – To) + mágua.cágua .(Tequilíbrio – To)


(10)
mágua quente.cágua .(Tágua quente  Tequilíbrio)  mágua .cágua .(Tequilíbrio  To )
C calorímetro 
(Tequilíbrio  To )

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Parte 2 – Determinação do calor específico de um metal

 Colocar a peça de metal em água fervente durante alguns minutos, até entrar em
equilíbrio térmico com a água fervente; anotar a temperatura da água fervente, que é
igual à temperatura inicial do metal, Tcorpo;
 Colocar água, à temperatura ambiente, no copo do calorímetro, em quantidade
aproximadamente igual ao total de água da primeira parte do experimento, ou seja,
metade da capacidade do calorímetro (200 ml); determinar a massa dessa quantidade
de água, mágua, e a temperatura inicial, T água;
 Retirar a peça de metal de dentro da água fervente e colocá-la, rapidamente, dentro
do calorímetro, fechando-o para evitar troca de calor com o ambiente. Agite
lentamente até que a temperatura de equilíbrio seja atingida, Tequilíbrio (esta será a
máxima temperatura atingida, lida no termômetro);
 Determinar o calor específico do metal (Equação 9);
 Repetir o procedimento pelo menos duas vezes com cada peça de metal fornecido,
comparar o resultado médio com valores tabelados (Tabela 7.1) e determinar o erro
relativo percentual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição, LTC


Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.148-150.
2. YOUNG, Hugh D., FREEDMAN, Roger A., Física II – Termodinâmica e Ondas, 10ª Edição,
Pearson Addison Wesley, São Paulo, SP, 2003.

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EXPERIMENTO 8 – RESFRIAMENTO DE UM LÍQUIDO

Este experimento tem como objetivos: i) estudar a lei de resfriamento de um líquido como a
água; ii) extrair empiricamente uma lei física através de uma análise gráfica dos dados.

INTRODUÇÃO

Assim como a Mecânica, a termodinâmica é uma das áreas mais fundamentais da física. Os
conceitos de temperatura e calor estão sempre presentes no cotidiano do ser humano, por exemplo,
quando se cozinha um alimento, ao tomar um banho, etc. Outro conceito diretamente relacionado
com temperatura e calor, que também está presente no dia-a-dia, é o conceito de troca de calor ou
transferência de energia na forma de calor.
A temperatura de um corpo é uma medida do grau de agitação de suas moléculas. Quando a
temperatura de um corpo é suficientemente baixa, suas moléculas quase não se movimentam, seja
esse movimento de translação, rotação ou ainda de vibração. Por outro lado, para temperaturas
suficientemente altas, as moléculas estão em constante agitação. A grande importância da
temperatura é que além de ser uma medida de fácil aquisição experimental, pode-se relacioná-la
com várias outras grandezas de interesse.
Como em toda física experimental, a realização de uma medida da temperatura de um corpo
também ocorre através de um instrumento de medição. O instrumento de medida mais conhecido
para se medir esta temperatura é o termômetro. Esse aparelho é utilizado freqüentemente para
medir a temperatura de um indivíduo quando ele está com febre. Seu princípio de funcionamento é
bastante simples. Quando o material que o compõe entra em equilíbrio térmico com a temperatura
do corpo em consideração, sua escala estaciona num determinado valor, que é a temperatura
corporal. Em geral, utiliza-se o termômetro de coluna de mercúrio (ou de álcool) cuja propriedade
termométrica é a dilatação volumétrica dos líquidos que se aquecem.
Outro instrumento de medida de temperatura é o termopar metálico, que apresenta o efeito
termoelétrico pelo qual é produzida uma diferença de potencial elétrico na junção de dois materiais
distintos (força eletromotriz) que é dependente da temperatura. Observa-se experimentalmente que
quando dois corpos inicialmente em temperaturas diferentes são colocados em contato um com o
outro, depois de certo tempo atingem um estado final em que suas temperaturas são iguais. O tempo
necessário para que as temperaturas dos corpos em contato se igualem varia muito nas diferentes
situações. Sabe-se, por exemplo, que a areia da praia se aquece mais rapidamente que a água do
mar. O tempo gasto para um sistema atingir o equilíbrio térmico pode depender de vários fatores,
como a própria composição química dos materiais e do reservatório térmico utilizado na
experiência.

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Considere, então, um sistema formado por uma amostra de água dentro de um Becker no qual
está inserido um termômetro para a medição de temperatura. Inicialmente a água será aquecida até
aproximadamente 100 °C e esperar seu resfriamento até atingir a temperatura ambiente, o que deve
ocorrer em torno de uma hora. Deseja-se saber qual é a função matemática que descreve o
resfriamento da água.
Assim sendo, com a finalidade de explicar a lei do resfriamento da água do ponto de vista
teórico, considerou-se um modelo [1] que leva em conta as considerações geométricas sobre o
reservatório térmico e a capacidade térmica dos materiais que compõem a glicerina. A partir deste
modelo, pode-se prever que a temperatura da solução de glicerina decai exponencialmente da
seguinte forma:

T  K e t /
onde K e τ são duas constantes. De acordo com a equação acima, a temperatura do sistema decai
exponencialmente com uma constante de decaimento τ, cujo valor depende das considerações
mencionadas acima. A constante de decaimento ou tempo característico τ pode ser determinado a
partir das medidas da temperatura T e do tempo t.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

O arranjo experimental utilizado nesta experiência está esquematizado na figura abaixo. Ele
consiste de um Becker contendo certa quantidade de água e um termômetro para a medida da
temperatura T.

Termômetro

Becker

Líquido

Figura 8.1: Esquema do arranjo experimental utilizado - termômetro inserido num Becker
contendo uma quantidade de líquido.

Atividades

 Aquecer o liquido a partir de uma temperatura inicial T 0 (temperatura ambiente) até atingir
a temperatura de ebulição da água (~ 100 oC) usando um aquecedor;

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 Posicionar o termômetro aproximadamente 1 cm acima do fundo do Becker, conforme


esquematizado na Figura 8.1;
 Observar a diminuição de temperatura e quando o termômetro registrar 95°C, disparar o
cronômetro para iniciar a tomada de dados;
 A fim de realizar medidas mais precisas, anotar intervalos regulares de temperatura, por
exemplo, marcando variações de 2 °C na temperatura da água;
 Prosseguir com a tomada de dados até que a temperatura da água seja aproximadamente
10 °C superior a temperatura ambiente (T = T 0 +10).

Análise de dados

 Organizar os dados de temperatura T e tempo t numa tabela (Tabela 8.1). Obs.: a equação
acima descreve a diferença entre a temperatura da água e a temperatura do reservatório a
cada instante de tempo t;
 Com os resultados apresentados na Tabela 1, fazer um gráfico da temperatura T em função
do tempo t utilizando um papel milimetrado. Qual é a forma da curva formada pelos
pontos experimentais? Isso confirma a descrição teórica feita através da equação (1)?;
 Com os resultados apresentados na Tabela 1, fazer um gráfico da temperatura T em função
do tempo t, utilizando um papel monolog. Qual é o formato da curva agora?;
 A partir da análise gráfica, determinar o valor da constante K e da constante de
decaimento τ e descrever o fenômeno ocorrido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 SARTORELLI, J. C., HOSOUME, Y., YOSHIMURA, E. M., A Lei de Resfriamento de Newton


– Introdução às Medidas em Física, Parte II, Revista Brasileira de Ensino de Física, 21, 116
(1999).
2 Introdução às Medidas em Física, Notas de Aula, Instituto de Física da USP (2004).

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EXPERIMENTO 9 – OS MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Este experimento tem como objetivos capacitar o aluno para: i) identificar, comparar e
classificar os mecanismos de propagação de calor; ii) reconhecer que o calor, para se propagar,
necessita de uma diferença de temperatura entre as regiões de escoamento; iii) observar que o fluxo
térmico sempre ocorre no sentido das temperaturas decrescentes.

INTRODUÇÃO

Quais os mecanismos de transferência de energia, sob a forma de calor, entre um sistema e o


seu meio externo?

Condução
O que ocorre quando a extremidade de uma barra metálica é aquecida por um tempo
suficiente? Sabe-se que a outra extremidade ficará quente. Neste sentido, o fenômeno da condução
(ou condução térmica) é o processo pelo qual a energia, sob a forma de calor, transfere-se de um
corpo mais quente (a uma temperatura TA) para o mais frio (a uma temperatura TB), isto é, quando
TA > TB. Este processo ocorre devido à agitação molecular e dos choques entre as moléculas. A
transmissão de energia ocorre de molécula a molécula, mas sem o deslocamento de matéria.
Nas atividades que se seguirão, observar-se-á que a chama de uma lamparina transmite
energia térmica à haste metálica. Esta energia térmica, ao penetrar na haste, causa movimentos
vibratórios que permitem um intercâmbio de energia cinética entre as moléculas, isto é, as mais
energéticas cedem energia às menos energéticas.
Na atividade referente a esse fenômeno, constatar-se-á o deslocamento desta energia pelas
quedas sucessivas dos pinos de referência.

Convecção
A convecção consiste no transporte de energia térmica de uma região para outra,
através do transporte de matéria. Como há movimento de matéria, a convecção é um fenômeno
que só pode ocorrer nos fluidos (líquidos e gases). Em virtude do aquecimento ou resfriamento,
existe uma diferença de densidade o que ocasiona uma movimentação das diferentes partes do
fluido. Em outras palavras, a temperatura do fluido que está em contato com o objeto quente
aumenta e, na maioria dos casos, esse fluido se expande, tornando-se menos denso. O fluido
expandido, agora mais leve que o fluido mais frio ao seu redor, sobe por causa das forças de
empuxo. Quando se acende uma lâmpada, por exemplo, a energia elétrica se transforma em energia
térmica e luminosa, o ar (próximo à lâmpada) se dilata, diminui de intensidade e sobe, enquanto o ar
frio, penetrando por baixo do sistema, ocupa um lugar deixado pelo ar quente. O fenômeno se

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repete formando as correntes de convecção, isto é, as correntes ascendentes de ar quente e as


descendentes, de ar frio.
Na atividade referente a esse fenômeno, a formação das correntes de ar quente e frio será
constatada pelo movimento da ventoinha.

Irradiação
Na irradiação, a energia transferida, chamada de radiação térmica, efetua-se através
das ondas eletromagnéticas. Na radiação térmica, ocorre apenas transporte de energia. Além do
mais, não há transporte de matéria e nem há a necessidade de um meio material para que se
realize, e se propaga através do vácuo. Qualquer corpo, com uma temperatura diferente do zero
absoluto, isto é, com T ≠ 0 K, irradia energia.
Nesta atividade, uma resistência elétrica, ligada a uma tomada elétrica, produz irradiações na
faixa do infravermelho. Estas irradiações, parte por incidência direta e parte por reflexões nas
superfícies existentes no contorno do experimento, incidem sobre o bulbo do termômetro e
provocam a dilatação da coluna termométrica.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Para a realização deste experimento, utilizar-se-á o conjunto demonstrativo para meios de


propagação de calor, conforme figura abaixo.

Figura 9.1 – Kit para estudar os meios de propagação de calor (Refer. EQ051).

Material Utilizado

De acordo com a Figura 9.1, o kit para a realização deste experimento é composto pelos

seguintes componentes:

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 Uma base principal com sapatas niveladoras, chave liga-desliga isolada, haste
vertical com regulagem de altura, refletor com soquete articulável;
 Uma fonte irradiante de feixe direcional (60 W);
 Uma ventoinha de alumínio com seis hélices;
 Cinco corpos de prova esféricos de aço;
 Uma lâmina suporte em aço inoxidável;
 Um biombo protetor e canalizador, com suporte de termômetro e janelas de entrada;
 Um pivot em aço inoxidável (suporte para ventoinha);
 Dois elásticos ortodônticos;
 Um termômetro com escala de -10 a 110 °C;
 Uma lamparina com álcool;
 Papel branco;
 Papel carbono preto;
 Cronômetro;
 Calços de madeira;
 Uma vela;
 Uma caixa de fósforos;
 Uma régua milimetrada.
 OBS.: Antes de ligar o conjunto, verificar se a voltagem local confere com a
indicada na lâmpada!

Atividades

Parte A – A Condução
 Prender os corpos esféricos, com cera de vela, sobre as marcas existentes sobre a
lâmina (usar o mínimo possível de parafina – vide Figura 9.2);

Figura 9.2

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 Fixar a lâmina com os corpos de prova virados para baixo, 20 mm acima do pavio da
lamparina (Figura 9.3);

Figura 9.3
 Acender a lamparina e aquecer a extremidade livre da lâmina;
 Descrever o fenômeno observado e cronometrar o tempo de queda de cada bolinha;
 Explicar o fato de a energia térmica penetrar pelo extremo da lâmina e as esferas se
desprenderem, sucessivamente, nos pontos 1, 2, 3, 4 e 5 da mesma;
 Qual a função da cera e das esferas utilizadas neste experimento?;
 A esfera 2 poderia cair antes da esfera 1? Justificar a resposta;
 Como é denominada esta maneira do calor se propagar e qual sua principal
característica?

Parte B – A Convecção
 Montar o conjunto conforme a Figura 9.4, mantendo a lâmpada desligada.
CUIDADO: Não olhar para o filamento da lâmpada enquanto a mesma estiver
em atividade;

Figura 9.4

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 Com a lâmpada desligada, verificar se a ventoinha se encontra acima da mesma e na


sua região central, caso contrário, ajustar o sistema de modo a consegui-lo;
 Ligar a lâmpada e aguardar alguns minutos. Descrever o fenômeno observado;
 O que acontece à molécula de ar frio que se encontra próxima à lâmpada aquecida?;
 Com base no Princípio de Arquimedes, justificar o movimento de subida da
molécula aquecida de ar;
 Justificar a causa do movimento da ventoinha;
 Como se denomina esta maneira do calor se propagar e qual sua principal
característica?

Parte C – A Irradiação
 A fim de garantir o alinhamento entre o termômetro e a fonte irradiante, colocar o
protetor com suporte para termômetro sobre um calço (Figura 9.5). Manter a chave
desligada;

Figura 9.5
 Anotar a temperatura inicial T 0 (ambiente) indicada pelo termômetro;
 Ligar a lâmpada por dez minutos (cronometrados) e anotar a temperatura final T;
 Desligar a lâmpada;
 Qual a procedência da energia térmica capaz de provocar a elevação de temperatura
indicada pelo termômetro?;
 Observa-se que a energia térmica cruza o espaço, inclusive o gás rarefeito do interior
da lâmpada até atingir o bulbo do termômetro. De acordo com o que foi observado,
pode-se afirmar que a irradiação infravermelha, fenômeno de natureza
eletromagnética, necessita de um meio material para se propagar?;
 Justificar a função da superfície espelhada existente na traseira da lâmpada.

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Parte D – Influência da cor e da substância em isolamentos térmicos, o corpo negro


 Cobrir o bulbo do termômetro (1) com o pequeno retângulo de papel branco (2).
Prender o papel com dois elásticos ortodônticos (3) (vide Figura 9.6);

Figura 9.6
 Anotar a temperatura inicial T0;
 Ligar a lâmpada por dez minutos (cronometrados) e anotar a temperatura final T;
 Retirar o papel branco do termômetro e esfria-lo;
 Repetir os mesmos procedimentos anteriores, cobrindo o termômetro com o papel
carbono preto;
 De acordo com as observações feitas, qual a cor de tecido mais recomendada para
vestuários em zonas de temperatura elevada. Justificar resposta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. HALLIDAY, D., RESNICK, R. e WALKER, J. - Fundamentos de Física, Vol. 2, 6ª Edição,


LTC Editora, Rio de Janeiro, RJ, 2002, pp.155-158.

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APÊNDICE 1

A CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS

A.1 Introdução

A apresentação de dados numéricos em forma de gráficos é uma técnica usada em todas as


áreas do conhecimento. Um especialista da área médica, por exemplo, ao interpretar os vários
valores traçados em um gráfico (eletrocardiograma, eletro encefalograma, etc.) pode ser auxiliado
substancialmente no diagnóstico de algumas doenças. Taxas de multiplicação ou de morte de vírus
e bactérias em função da dose de radiação recebida podem ser interpretadas através de gráficos, os
quais trazem informações que possibilitam "enxergar" melhor os dados obtidos. A análise gráfica é
muito útil, pois permite, em muitos casos, descobrir a lei que rege o fenômeno através de uma
visualização imediata do comportamento de suas variáveis. Em outras palavras, a interpretação
correta de um gráfico possibilita enxergar um pouco mais. Portanto, ao se observar um gráfico,
deve-se questionar e procurar entender qual o seu significado, o que ele representa, qual a lei
representativa da curva e, principalmente, saber fazer as leituras das medidas segundo as escalas
contidas nos seus eixos.
Para a correta construção de um gráfico, é necessário saber construir as escalas deste
gráfico. Uma escala é um trecho de reta ou curva, marcado por pequenos traços transversais,
alguns dos quais associados com os valores ordenados de uma grandeza. São exemplos, as escalas
de um termômetro, de um relógio, de um cronômetro, de uma régua, de um velocímetro de carro,
etc. Na construção de um gráfico, é necessário que se representem os valores de cada uma das
grandezas sobre escalas. No caso de gráficos bidimensionais são necessárias duas escalas, uma
representada no eixo das abscissas e a outra no eixo das ordenadas. As duas escalas mais
importantes são a escala linear e a escala logarítmica.

A.2 Escala Logarítmica

Numa escala linear a distância entre traços consecutivos representa sempre o mesmo
intervalo da grandeza a ser representada. Numa escala logarítmica, isto não acontece. As
distâncias entre traços consecutivos não são lineares, ou seja, o passo é variável.
As escalas logarítmicas são constituídas de DÉCADAS. Uma década é uma escala
compreendida em um comprimento L, iniciando pelo número 10 n e terminando pelo número
10n+1, onde n é um número inteiro positivo, negativo ou nulo. Entre estes números são colocados
os algarismos inteiros de 2 a 9, representando os múltiplos de 10n.
Como aplicação, construa uma escala logarítmica simples de 1 a 10, ou seja, uma escala
logarítmica de apenas uma década, a qual deverá estar contida em um comprimento L = 15,0 cm. A

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origem, ponto 0 na escala, é o valor do logaritmo de um (log 1). É necessário calcular as


distâncias respectivas, a partir da origem (log 1), até os valores de log 2, log 3, ..., log 8 e log 9, para
se montar a escala. O módulo (m) para esta escala é calculado por:

L
m=
| f ( x f )  f ( xi ) |

onde L é o comprimento da escala (L = 15,0 cm), xf e xi são, respectivamente, o maior e o menor


valor assumido pela grandeza física x a ser representada e f(x) a função logarítmica. Portanto,

15 15 cm
m= = = 15
log10  log1 10 unidade

O cálculo das distâncias correspondentes aos valores das grandezas a serem marcadas na
escala de 15 cm está apresentado na Tabela 1. Esta distância é calculada, como já se sabe,
multiplicando-se o módulo (m) pelo valor da função para cada valor da grandeza x a ser
representada.

Tabela 1: Determinação das distâncias a serem marcadas na escala em função dos valores
da grandeza.
Grandeza x a ser Distância a ser
log x m log x
representada marcada na escala
1 0 0 0,00
2 0,3010 15 x 0,3010 4,51
3 0,4771 15 x 0,4771 7,16
4 0.6020 15 x 0,6020 9,03
5 0,6990 15 x 0,6990 10,49
6 0,7781 15 x 0,7781 11,67
7 0,8451 15 x 0,8451 12,68
8 0,9031 15 x 0,9031 13,55
9 0,9542 15 x 0,9542 14,31
10 1,0000 15 x 1,0000 15,00

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A montagem da escala simples será:

Figura A.1 - Uma década de uma escala logarítmica.

É importante ter em mente que os pontos marcados não correspondem aos números escritos
abaixo da escala, (1, 2, ..., 9, 10), mas sim aos seus logaritmos (log 1, log 2, ..., log 9, log 10). A palavra
"log" não é escrita, para que se facilite a visualização e, portanto, fica subentendida.
Para construir neste comprimento L = 15,0 cm uma escala logarítmica de 2 décadas (10 0 até 102),
divide-se o comprimento L por 2, calcula-se o módulo m para metade de L, e constrói-se uma década
nesta metade. Para representar a segunda década, repete-se na segunda metade de L as marcações feitas
na primeira metade. Porém, na segunda década, a distância entre dois traços consecutivos representa
uma variação de 10 em 10 unidades, ou seja, 10, 20, ..., 90, 100. Em uma escala logarítmica de 3
décadas, com a primeira se iniciando em 10 0, a variação entre dois traços consecutivos na terceira
década representaria uma variação de 100 em 100 unidades, ou seja, 100, 200, ..., 900, 1000.

Figura A.2 - Duas décadas de uma escala logarítmica.

A.2.1 Construção de gráficos em papel log-log e mono-log

Os tipos de papéis que envolvem escalas logarítmicas são: papel mono-logarítmico (mono-log) e
papel bi ou di-logarítmico (log-log). O papel mono-log possui escala linear no eixo das abscissas e
escala logarítmica no das ordenadas. Já o papel log-log possui escala logarítmica nos dois eixos. A
utilização destes papéis será apresentada a seguir.

A.2.1.1 Método da investigação gráfica


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Se o gráfico cartesiano dos valores tabelados em uma experiência for uma reta, a função que
representa a relação entre as duas grandezas é obtida procedendo-se como indicado anteriormente
(Apostila de Laboratório de Física Experimental I), ou seja, determinando-se os coeficientes linear e
angular. Porém, se for obtida uma curva, a sua função pode não ser de fácil determinação. Algumas
vezes, esta função pode ser determinada pelo uso adequado dos papéis log-log e mono-log. Por exemplo,
se for obtida uma reta ao se marcar no papel log-log os valores dos logaritmos das duas grandezas (log y
versus log x), a função será do tipo:

y = kx B ,

e se for obtida uma reta ao se marcar no papel mono-log os valores do logaritmo da variável
dependente em relação à variável independente, (log y versus x), a função será do tipo:

y = ke cx .

A utilização dos papéis log-log e mono-log, para determinação destas funções representativas,
será apresentada a seguir.

A.2.1.2 Gráficos em papel log-log

Suponha que em certa experiência mediu-se a grandeza y em função da grandeza, cujos dados
estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Medidas experimentais da grandeza y em função da grandeza x.


x 0,8 1 2 3 4 5 6 7
y 1,3 2 8 18 32 50 72 98

Na construção de um gráfico de escalas lineares com os valores desta tabela, obtém-se uma
curva. Admitindo-se que a função que representa esta curva seja do tipo:

y = k xB,

será necessário determinar os valores de "k" e de "B" para encontrar esta função.
Uma maneira de se resolver este resolver o problema consiste em efetuar alguma transformação
em uma ou nas duas variáveis y e x, de modo que se possa obter uma reta, ou seja, realiza-se um

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processo de linearização da função. Isto pode ser feito aplicando-se logaritmo em ambos os lados da
expressa, isto é,

log y = log (kx B ) = log k  B log x.

Assim, calculando-se os logaritmos de x e de y da Tabela 2, obtém-se a Tabela 3.

Tabela 3: Tabela das grandezas físicas experimentais e seus logaritmos.


x y X = log x Y = log y
0,8 1,3 -0,0969 0,1139
1 2 0 0,3010
2 8 0,3010 0,9031
3 18 0,4771 1,2553
4 32 0,6021 1,5051
5 50 0,6990 1,6990
6 72 0,7782 1,8573
7 98 0,8451 1,9912

Marcando-se em um gráfico cartesiano o valor de log y em função de log x, obtém-se uma reta.
Conclui-se, então, que a equação
log y = log k  B log x

representa uma reta, onde log k é uma constante. Pode-se, portanto, reescrever a equação acima da
forma:
Y = A  BX.
Nesta equação, "A" é a ordenada do ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas e "B" é o
coeficiente angular da reta. O gráfico fica do tipo:

log y2

log y1

A = log k

log x1 log x2 X

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Figura A.3 - Gráfico da função Y = A + BX, ou seja, da função log y = log k + B log x.

A constante "B" é determinada escolhendo-se dois pontos arbitrários (X,Y), geralmente bastante
afastados, e aplicando-se a relação:
Y 2  Y 1 log y 2  log y1
B = tg α = =
X 2  X 1 log x 2  log x1

Conhecidos "A" e "B", tem-se a equação da reta que passa pelos pontos (X,Y) e, conseqüente-
mente, a função da curva que passa pelos pontos (x,y) obtidos experimentalmente.
Existe certa dificuldade para se marcar os pontos (X,Y) no papel milimetrado, devido ao excesso
de casas decimais. O papel "log-log" facilita este trabalho, pois permite marcar diretamente os
valores das grandezas y e x, sem a necessidade de calcular os valores dos logaritmos destas
grandezas.
A escala logarítmica é construída de modo que para se marcar o logaritmo de certo número, não é
necessário calcular este logaritmo, bastando apenas marcar o número diretamente na escala. Os
números que aparecem nas décadas já correspondem aos logaritmos destes números. Por exemplo, para
se marcar o valor de log (2) no papel logarítmico, não é necessário calcular este valor, basta apenas
procurar o 2 na escala e marcar o ponto. Portanto, o valor de "A" será lido diretamente no gráfico. Não
é necessário fazer nenhuma operação para encontrá-lo, bastando ler no papel log-log o valor da
ordenada para a qual a reta cruza o eixo das ordenadas.

Exercício de Fixação

Construir em papel log-log o gráfico dos valores da Tabela 2. Considere que a grandeza y seja a
posição (S) de uma partícula, em metros, e a grandeza x, o tempo (t) em segundos. Determinar a
função que relaciona as grandezas S e t.

A.2.1.3 Gráficos em papel mono-log

Suponha mais uma vez, que os dados da Tabela 4 abaixo tenham sido obtidos em de certa
experiência onde foi medida a grandeza y em função da grandeza x.

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Tabela 4: Medidas experimentais da grandeza y em função da grandeza x.


x 4 9 16 25 36 49 64 80 108
y 15,3 12,6 9,49 6,62 4,26 2,54 1,39 0,73 0,24

A observação direta da tabela simplesmente nos informa que a grandeza y diminui à medida que
a grandeza x aumenta. É impossível, com os dados da tabela, obter a lei que relaciona as grandezas
físicas y e x. Traçando-se o gráfico cartesiano para estes valores, obtém-se uma curva. Admitindo-se
que a lei que representa esta curva possa estar associada a uma função, como no caso anterior, do tipo

y = kx B

constrói-se o gráfico dos valores tabelados em papel log-log. A curva obtida não é uma reta, o que
afasta a possibilidade da curva ser do tipo proposto. Tenta-se, então, outro tipo de função que possa
representar a curva obtida no gráfico cartesiano. Adotando a função

y = ke cx ,

como representativa da curva, é necessário determinar as constantes "k" e "c" para encontrar a função.
Fazendo uma transformação na função acima, como no caso anterior, através da aplicação do logaritmo
em ambos os lados da equação, obtém-se:

log y = log k + log (e cx ) = log k + (cx) log e = log k + (c log e) x.

Os valores dos cálculos dos logaritmos de y estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5: Tabela das grandezas físicas experimentais e o logaritmo da grandeza y.


x y Y = logy
4 15,3 1,1847
9 12,6 1,1004
16 9,49 0,9773
25 6,62 0,8209
36 4,26 0,6294
49 2,54 0,4048
64 1,39 0,1430
80 0,73 -0,1367

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108 0,24 -0,6198

Na construção de um gráfico cartesiano de log y versus x, obtém-se uma reta. Pode-se, portanto,
reescrever a equação anterior da seguinte forma:

Y = A  Bx,

onde Y = log y, A = log k e B = c log e.

Portanto, é possível determinar o valor de k apenas encontrando o coeficiente linear da reta, ou


seja, basta tomar a ordenada do ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas. Vale lembrar que, como o
eixo das ordenadas possui escala logarítmica, basta ler no gráfico o valor do logaritmo para o qual a
reta cruza o eixo das ordenadas, ou seja, o valor de k é lido diretamente no gráfico.
O valor de c.log e é encontrado através do coeficiente angular da reta. Igualando o coeficiente
angular da reta, B = tg , com c=log e, obtém-se:

B = c loge = 0,4343c

1
c= B = 2,303B .
0,4343

Como o valor do coeficiente angular é dado por

log y 2  log y1
B= ,
x 2  x1

Então:
log y 2  log y1
c = 2,303
x 2  x1

Por meio do gráfico mono-log, determinam-se as constantes "c" e "k", sendo "k" o valor lido
diretamente no gráfico, ou seja, o ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas e "c" determinado pelo
valor do coeficiente angular multiplicado por 2,303.
Caso a escala fosse construída baseada no logaritmo neperiano (ln), ficar-se-ia com:

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ln y = ln k + c x,

onde o valor de "k" é lido diretamente no gráfico e "c" igual ao coeficiente angular da reta, sem ser
necessário multiplicar por 2,303.

Exercícios de Fixação

a) Construir em papel log-log o gráfico dos valores da Tabela 4 (não é necessário marcar os dois
últimos pontos da tabela). Considere que a grandeza y seja a velocidade (V) de um móvel, em
m/s, e a grandeza x, a resistência do ar (R), em newtons.
b) Construir em papel mono-log o gráfico dos valores de V versus R (todos os pontos); deter-
minar a função que relaciona as grandezas V e R.

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