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SALA DE AULA COMO EMPREENDIMENTO ÉTICO

NÚBIA VIEIRA DA SILVA

Resumo: Este artigo tem o objetivo de analisar e compreender a importância da ética no


espaço sala de aula. Falar de sala de aula enquanto empreendimento ético é basear-se na
especificidade do fazer pedagógico que não ocorre especificamente, apenas, em sala de aula.
Mas que encontra a transcendência no mundo do livro para o livro da vida. A resenha está
dividida em três partes distintas e complementares, a saber, Introdução, Desenvolvimento e
Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
O avanço da globalização e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
conceberam uma nova concepção de mundo. Nesse ajuste, o modus operandi e dinâmica do
ensino educacional viu-se obrigado a se reajustar. Assim as novas condições de mundo
globalizado e tecnológico fizeram emergir no ambiente escolar um complexo sistema, e que
apresenta um formato cada vez mais exigente.
Todavia, nessa perspectiva de complexidade envolvendo diferentes e recíprocos
papéis, e nesse espaço, encontra-se a sala de aula. E é justamente nesse “espaço/tempo” que
ocorre o apogeu dos “processos comunicativos didáticos”. Essa dimensão abrange a
articulação com processos que ocorrem na dimensão técnica, estética e política e a dimensão
ética construída e reconstruída nesse espaço constitui a ampliação de conhecimento e
transformação de mentalidade.
A primeira das ideias é que a ambiência sala de aula parece ter sido projetada para a
construção de interação, isto é, um espaço demasiadamente privilegiado pelo encontro de
tantas subjetividades. De modo geral, este artigo visa analisar a sala de aula como
empreendimento ético. Uma vez que, essa se relaciona com a capacidade de enxergar o outro
com alteridade, ética, cidadania e responsabilidade, compreendo com autonomia que as
responsabilidade e ações individuais necessitam de reflexão para não agredir ou violar o
direito/espaço do outro.
2 DESENVOLVIMENTO
No artigo denominado A DIMENSÃO ÉTICA DA AULA OU O QUE NÓS FAZEMOS
COM ELES, a autora Terezinha Azeredo Rios propõe algumas reflexões sobre a dimensão
ética da aula. Na concepção da autora, o momento aula é o instante mais importante do
processo educacional. Tratando-se de uma linguagem fácil e de entendimento inteligível a
autora aborda temas complexos como: liberdade; responsabilidade; autoridade; autonomia;
moral e ética.
Trazendo reflexão sobre a qualidade da aula ministrada pelos professores, salienta-se
com base nos escritos de Rios (2001) a sala de aula como empreendimento ético. Isso
significa dizer que a mesma deve contemplar todos os envolvidos no processo sejam eles:
professores, alunos e sociedade. Terezinha Azeredo vai nortear a sua reflexão sobre a ótica de
que não é necessário apenas “dar aula". Mas, “fazer aula” é uma ideia instigante a respeito do
fazer pedagógico como empreendimento ético.
Desse modo, não se trata de apenas ministrar aulas, mas a premissa de que: “uma aula
não é algo que se dá, mas algo que se faz” (Rios, 2001, p.02) apontando que o fazer
pedagógico que é construído e constituído intrinsecamente entre professor e aluno, mas que
na práxis social encontra o seu lugar de inspiração de ser. O que a autora chama e prioriza o
lugar espaço/tempo, justamente por apresentar essa ideia de elevação de empreender na sala
de aula como um lugar privilegiado.
Logo, esse ambiente é legitimado como o lugar onde a sistematização ocorre, a
comunicação didática está presente, mas que ainda assim, é tão privilegiado justamente
porque não deixa de ser um encontro com a subjetividade de tantos outros interagindo entre
si. Assim, não é apenas o encontro de um, mas o encontro de sujeitos ativos na construção do
processo ensino aprendizagem. A sala de aula, nesse sentido, ganha proporções indizíveis.
A busca pela melhor ideia, melhor método, melhor abordagem de ensino, aquilo que
irá motivar alunos que demonstrem menos disposição. Em tempos que vemos uma dominação
de uma arrogância, influenciando em agendas educativas, fazendo com que essa ideia da sala
de aula como empreendimento ético nessa perspectiva, torna-se valorizada como material de
reflexão. O lugar de encontros com tantas realidades e convívios sociais e ainda mais, o lugar
onde o ensino formal, informal e o não-formal se encontram.
O empreendimento ético que se pauta na sistematização, na objetividade, mas também
na subjetividade de cada aluno. Um encontro de gigantes a empreender o ensino: a didática; a
ética e a liberdade que o aluno precisa para desenvolver nichos significativos. A ética que
consolida nesse evento chamado aula, de acordo com Ponce (1989, p.77) é “uma relação
intersubjetiva, supõe portando a presença de sujeitos interagindo entre si”.
Assim sendo, as reflexões sobre essa experiência de intersubjetividades permitem
destacar que o nível de articulação, a reflexão conjunta, a construção do saber-fazer docente, e
instigar á percepção a respeito dos vínculos históricos-sociais e as contribuições que são
vivenciadas em conjunto parte do pressuposto de que a ética envolvida na sala de aula é
reciproca.
Desse modo, fazer aula e olhar a perspectiva como empreendimento ético envolve
desenvolver novas e necessárias maneiras de ensinar à medida que vivenciarem novas formas
de apreender. “A dimensão ética: o sentido do acontecimento pedagógico” ocorre dentro de
uma “dimensão técnica”, ou seja, e não a técnica no sentido tecnicista. Uma vez que, a junção
da técnica e os conteúdos, de acordo com Rios (2001) respalda-se na ação do indivíduo que
tem autonomia não apenas para a construção, mas para a reconstrução de conceitos.
O espaço de pensamento e ação da sala de aula como empreendimento ético parte do
pressuposto do questionamento. E não apenas isso, às sensações na construção ali em
sociedade. Nessa perspectiva, esse empreendimento ético na sala de aula é responsável por
abranger questões que vão muito além das sensações, mas que é geradora de uma consciência
real do mundo ao qual estamos inseridos e a partir dessa realidade agir e reagir sobre o
mundo. Menciona ainda, a “dimensão política” que diz respeito ao nosso exercício como
cidadão, direitos e deveres na elaboração de coletividade social e a produção/promoção do
ponto de vista do educar com intenção política (Rios, 2001).
E essas duas dimensões técnicas e estéticas são elaboradas na coletividade de uma
sociedade e que está respaldada em deveres e direitos. E justamente por estar permeada do
espaço/tempo político são permeadas de poderes que segundo a autora gera acordos, estes
estabelecem hierarquias e das hierarquias assumimos compromissos. Assim sendo, a
intervenção do trabalho pedagógico é articula com a ética na sala de aula (ibidem).

2 CONCLUSÃO

Portanto, a consciência de que o processo de ensino e aprendizagem está articulado a


uma prática social. Necessita também lembrar que está diante de um aluno real, um sujeito
que possui uma história de vida que carrega consigo e que faz parte desse processo, carecendo
de uma formação integral. A sala de aula compreende um empreendimento ético no qual se
estabelecem relações.
Faz-se necessário, nesse sentido, a consciência das contradições e dos desafios que
permeiam sua prática pedagógica e que tenha como compromissos a transformação social e a
busca de práticas educativas que se ajustem aos princípios de construção do conhecimento
com autonomia, liberdade, autoridade (apropriação saber), alteridade, ética e cidadania a
todos quantos estão profundamente envolvidos no processo emancipatório ético/educacional.
3 REFERÊNCIAS

PONCE, Branca J. A aula como instrumento de transformação social. São Paulo, 1989.
Dissertação (Mestrado em Educação). PUCSP.

Joe Garcia, & Trindade, R. (2012). Ética e educação: questões e reflexões. (pp.154 ) Rio de
Janeiro: Wak Editora.

RIOS, Terezinha A. Compreender e ensinar – por uma docência da melhor qualidade.


São Paulo: Cortez, 2001.

RIOS, Terezinha Azeredo. A dimensão ética da aula ou o que nós fazemos com eles.
In:VEIGA, Ilma P. A. (org.) Aula: gênese, dimensões, princípios e práticas. Campinas:
Papirus,2008, pp.73/93.

TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Docente. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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