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Das pessoas naturais 

1. Das pessoas naturais


De acordo com o art. 1º do Código Civil (CC), pessoa natural é o ser humano considerado como
sujeito de direitos e deveres.
O estudo da pessoa natural é fundamental ao direito civil, porque ela ocupa um dos polos da relação
jurídica, sendo titular de direitos e/ou de deveres.
Pessoa natural é o ser humano com vida, aquele dotado de estrutura biopsicológica, pertencente à
natureza humana.
A Constituição Federal (CF/1988) elevou a dignidade da pessoa humana à condição de fundamento
da República Federativa do Brasil.
Com isso, a pessoa natural é a base do ordenamento jurídico, pois a ciência jurídica é feita pelo ser
humano e para o ser humano.
Não se pode subtrair do ser humano a qualidade de pessoa, enquanto sujeito de direitos. Toda
pessoa natural reclama a proteção de seus direitos fundamentais, compatível com a sua estrutura
biopsicológica.
A pessoa natural não é somente aquela concebida em relações sexuais. A evolução da ciência
permite a concepção por meios artificiais. Mesmo o embrião congelado em laboratório por muitos
anos, ao ser implantado no útero, passa à condição de nascituro e, com isso, tem a tutela de seus
direitos garantidos (art. 2º do CC).
A terminologia do ser humano como sujeito de direitos é variada na doutrina e nas legislações
internacionais.
O legislador do CC de 2002 adotou o termo “pessoa natural”, porque leva em consideração a
própria condição natural do ser humano como pessoa.
Na Argentina, o legislador, influenciado por Teixeira de Freitas, usa o termo “ente de existência
visível” em contraposição ao termo “ser de existência ideal”, usado para designar as pessoas
jurídicas.
Na França e na Itália, bem como em algumas normas brasileiras, notadamente, as tributárias, usa-se
o termo “pessoa física”, criticável, porque desnatura o ser humano, destacando o lado material.
Qualquer pessoa é titular de direitos e deveres, conforme o art. 1º do CC.
Optou o legislador pela expressão “deveres”, não “obrigações”, porque há deveres que não têm
natureza de obrigação civil, como os deveres do casamento, os deveres impostos na relação de
vizinhança etc.
Não são consideradas pessoas naturais os animais e os seres inanimados, os quais não são sujeitos
de direitos, mas objetos das relações jurídicas, embora haja normas que tutelam, por exemplo, os
animais, como proteção do meio ambiente.
A existência da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida, preservando-se o direito do
nascituro (art. 2º do CC), e se extingue com a morte, real ou ficta, embora os sucessores tenham a
legitimidade para tutelar direitos da personalidade do falecido (art. 12, parágrafo único, do CC).

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