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Felipe Saldanha Filho, brasileiro, casado, agricultor, é proprietário de imóvel rural com área
equivalente a 95 hectares, localizado no município de Rio Negro/MS, compreendido na região
do Pantanal sul-mato-grossense.
Desde a aquisição do bem em uma hasta pública, ocorrida em junho de 2021 – quando passou
a lá residir com a sua família, utilizando-o para o cultivo de frutas e verduras – Felipe recolhe o
Imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), sob a fiscalização e cobrança da própria
União Federal, tendo em vista a inexistência de convênio que delega tais funções a outra
pessoa jurídica.
Ademais, ainda no ano de 2021, ele foi notificado para quitar débitos de ITR atrasados
concernentes ao imóvel, referentes aos exercícios de 2019 e 2020, sob a justificativa fazendária
da hipótese de responsabilização do adquirente, prevista no Código Tributário Nacional.
Antes de sua aquisição, o bem em questão era um dos vários imóveis rurais de um grande
fazendeiro da região que, diante de grave situação financeira, teve vários bens penhorados e
leiloados.
Com receio de perder a propriedade do seu único imóvel, Felipe quitou de imediato os referidos
créditos que lhe foram exigidos.
Em outubro de 2022, ao ser alertado por um amigo a respeito de possíveis vícios atinentes aos
recolhimentos anteriormente feitos a título de ITR, Felipe Saldanha Filho lhe procura para que,
na qualidade de seu advogado, apresente medida jurídica cabível à restituição dos valores
eventualmente pagos de forma irregular.
(Valor: 5,0).
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para
dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere
pontuação.
QUESTÃO 01
A Touros Ltda é uma tradicional sociedade empresarial voltada à atividade pecuarista, com
sede em Cuiabá/MT.
Com o falecimento do fundador da empresa, os seus filhos Gerson, Hugo, Matheus e Pablo
resolveram cindir parcialmente sociedade, em 25/01/2022, de modo que:
- Foi criada a Touro Agro Ltda, de titularidade de Gerson e Matheus, que recebeu 40% do
patrimônio da antiga Touros Ltda, incluindo os estabelecimentos no norte de Goiás e em
todo o Mato Grosso;
- A Touros Ltda continuou a existir, sob a titularidade de Hugo e Pablo, com os 60%
restantes do seu patrimônio original, correlatos aos estabelecimentos no sul de Goiás e em
todo o Mato Grosso do Sul.
Enquanto a Touros Agro Ltda continuou o seu regular funcionamento, a Touros Ltda foi
recentemente incorporada à Brasil Pecuária S.A., diante de uma aquisição milionária ocorrida
em 22/10/2022.
Sabe-se que a Touros Ltda reunia, desde 2019, um passivo tributário com a União Federal de
cerca de 35 milhões de reais, até hoje não quitado.
Diante deste cenário, responda os itens a seguir:
a) A Brasil Pecuária S.A. possui alguma responsabilidade em relação ao crédito devido pela
Touros Ltda? (0,50)
b) A Touros Agro Ltda atualmente possui alguma responsabilidade em relação ao crédito
devido pela Touros Ltda? (0,75)
QUESTÃO 02
Marcelo Barros, empresário, está cansado de ver a sociedade empresarial da qual é sócio
pagando pedágios, diariamente, quando da realização do serviço de transporte de mercadorias
por todo o território nacional.
Ao ouvir falar do Princípio da Liberdade de Tráfego, Marcelo lhe procura para que, na condição
de seu advogado, maneje medida judicial com o intuito de lhe garantir o direito de não mais
pagar tais valores, sob os seguintes fundamentos:
1. A cobrança de pedágio obstaculiza a liberdade de tráfego de sua sociedade empresarial;
2. A definição dos preços do pedágio e os seus aumentos ocorridos nos últimos anos não
foram realizados através de lei, inclusive, o último deles, não respeitou os princípios de
anterioridade nonagesimal e do exercício financeiro.
Diante deste cenário, responda os itens a seguir:
a) Assiste razão ao Marcelo em seu primeiro fundamento? (0,55)
b) Assiste razão ao Marcelo em seu segundo fundamento? (0,70)
QUESTÃO 03
A empresa Segurança Caixa Forte S/A, com sede em São Paulo/SP, tem como uma de suas
principais atividades a locação de cofres particulares, seja para pessoas físicas, seja para
estabelecimentos comerciais de pequeno, médio e grande porte, assim como para instituições
financeiras.
Nos contratos por ela firmados com estas instituições, a manutenção dos cofres fica por conta
dos seus próprios clientes, aos quais ela sugere uma lista de empresas parceiras para a
prestação do serviço.
Neste cerne, o Município de Belo Horizonte, com o fundamento de possuir, na sua legislação
própria, dispositivo legal que preceitua a incidência do ISS (Imposto sobre Serviços) sobre
“Locação e manutenção de cofres particulares, de terminais eletrônicos, de terminais de
atendimento e de bens e equipamentos em geral” – o qual, por sua vez, possui redação
idêntica ao item 15.03 da Lei complementar federal nº 116/03 – iniciou procedimento
administrativo para tributar as locações realizadas pela Segurança Caixa Forte S/A, quando os
cofres por ela fornecidos forem locados por pessoas físicas ou jurídicas com domicílio na sua
circunscrição municipal, independentemente do local da efetiva instalação do cofre.
Diante deste cenário, responda os itens a seguir:
a) É constitucional a incidência do ISS sobre a atividade de locação prestada pela Segurança
Caixa Forte S/A? (0,70)
b) Admitindo-se como constitucional a incidência do ISS sobre a atividade em questão, está
correto o entendimento do Município de Belo Horizonte em ser ele o ente competente para
cobrar o tributo? (0,55)