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“O homem da rua”, de Mia Couto

Autor:

O escritor, poeta e jornalista moçambicano Mia Couto, pseudônimo de


Antônio Emílio Leite Couto, nasceu no dia 5 de julho de 1955 na cidade da
Beira, em Moçambique, em África. Este acabou por ganhar o Prêmio
Camões de 2013.
Quando tinha 14 anos, Mia Couto publica os seus primeiros poemas no
jornal de Notícias da Beira e abandona a sua cidade em 1971 para ir para a
capital Lourenço Marques, onde hoje é a cidade de Maputo. Este entra no
curso de Medicina, mas passados três anos deixa a faculdade. A partir de
1974 investe no jornalismo e vai trabalhar para a Tribuna, foi diretor da
revista semanal Tempo, entre 1979 e 1981, e trabalhou no jornal de
Notícias, até 1985.
Couto é o autor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior e
um dos autores estrangeiros mais vendidos e em Portugal. Recebeu vários
prêmios nacionais e internacionais, pelos seus livros e pelo conjunto da
obra literária, tais como:
 Prêmio Virgílio Ferreira (1999, pelo conjunto da obra);
 Prêmio União Latina de Literaturas Românicas (2007);
 Prêmio Camões (2013).
Vale lembrar que é o único escritor africano, membro da Academia
Brasileira de Letras.

Resumo:

Peripécia inicial;
Complicação; reação; resolução;
Peripécia final.

O conto inicia-se com o narrador a andar de carro, quando um homem,


com uma garrafa empunhada na mão, se atravessa na estrada colidindo
com o automóvel.
O narrador sai do carro para ver o estado do homem, que, por espanto,
se encontrava sem fraturas nem ferimentos, apesar de estar todo sujo e
quase sem roupa. Após o sucedido, o vagabundo levanta-se todo
atordoado e sem rumo, e cai novamente. O condutor volta a acudir, por se
sentir culpado, e assim agarrou o vadio, que lhe pediu desculpa pelos
incómodos. Pediu-lhe que lhe dissesse o sítio onde residia, mas este
negou-lhe o pedido. Sustentou-se no sujeito de enunciação e foram
andando pelo passeio.
O vagabundo pede ao narrador para o largar ali, local onde se encontra a
sua cama, que são as folhas da rua. Os dois entraram numa conversa
enquanto viam as luzes da cidade, a lembrar que o homem sofre o medo
do escuro.
No fim de tudo isto, o sujeito narratário apercebe-se que está a ficar com
sono e avançou na despedida, estendendo algumas notas em direção ao
desastrado. Este recusou, chantageando-o, pedindo-lhe mais tempo da
sua companhia e apenas isso, companhia.
O narrador hesitou, mas o homem da rua insistiu, confessando-lhe que
não tem ninguém e que tem medo da solidão. O maltrapilho admitiu que
se deixa atropelar de uma maneira leve tendo como condição a
companhia de uma noite. O condutor fica quieto e sem palavras. O
vagabundo levanta-se e diz-lhe que já pode ir embora e que ele já
concretizara o seu pedido.
Com isso, o narrador, sentindo-se abalado, dirige-se ao carro olhando
pelo espelho e lembra-se que nem o nome do mendigo sabe, chamando-
lhe assim “o homem da rua”.
Contudo, o narrador ao entrar em contacto com “o homem da rua”
esquecera o tempo em que havia apenas a “rua do homem”.

Caracterização das personagens:

Narrador: Homem calmo, sensível, atento, humano, empático e correto.

Homem da rua: Magro, maltrapilho, andrajoso (mal vestido), sujo,


solitário, abandonado, carente, educado, humilde, alcoólico, sem-abrigo e
desesperado por atenção.

Caracterização do espaço:

Físico: Na rua, na estrada, no chão coberto de folhas, local alto com vista
para a cidade.
Sociopolítico: Rua escura e solitária/beco.

Psicológico: “Meu território era o dia, com a sua luminescência tanta que
serve mais é para deixarmos de ver e pensei: o primeiro alimento é a luz.
Nos invade logo quando nascemos. Depois a luminosidade, com suas
infinitas cascatas, nos fica a engordar a alma. Em mim, pelo menos, a
primeira saudade é a luz.”

Caracterização do tempo:

Físico: De noite – “Ainda o dia andava à procura do céu (…)”; “Ficamos a


ver as luzinhas da cidade (…)”; “(…) companhia de uma noite.

*Não encontramos algo em objetivo sobre o tempo psicológico, porém a


opinião do nosso grupo é que enquanto o homem da rua está sozinho a
noite passa extremamente devagar pois o próprio está solitário,
depressivo e angustiado, porém, quando tem contacto com as pessoas
devido aos constantes atropelamentos, o tempo passa muito mais
depressa devido ao facto do mesmo ter companhia. *

Definição do narrador:

Presença: Participante homodiegético “ (…) vinha eu em vagaroso carro


que mais a mim me conduzia.”

Ciência: Omnisciente- “ E ele, todo súbito e poentio (…); “ Se entrecruzou


com a sua sombra, assustado de haver escuro e luz.”

Focalização/Posição: Objetivo/Subjetivo
“E ele, todo súbito e poentio, se embateu frentalmente na viatura.”
“Todavia, me meteu pena: (…)”

*O nosso grupo acha que a posição do narrador em maior parte é objetiva


pois o mesmo relata a história racionalmente e em grande parte sem
transparecer os seus sentimentos, contudo, o mesmo também apresenta
um caráter subjetivo em alguns excertos do conto transparecendo as suas
reações ligadas ao seu lado emocional. *

Linguagem e estilo:

Literatura Contemporânea;
Críticas sociais;
Influência de crenças no uso de recursos naturais.

*Mia Couto tem uma escrita extremamente influenciada pelas suas


origens moçambicanas utilizando assim a estrutura do português africano
frequentemente nas suas obras, e o “Homem da rua” não poderia ficar de
fora (“Me deitou olhos muito espantados e pediu desculpa por
incómodos.”). Couto também é usufruidor das amálgamas “(…)
moribundando.”, “(…) tontolinho (…)” e utiliza o gerúndio “(…) Estou
falando da terra (...)” etc. Consequentemente, Mia, pretende resgatar a
sua tradição buscando assim a sua identidade nacional e por sua vez
conseguindo proliferar o multiculturalismo. *

Recursos expressivos:
Metáforas- “O homem é bicho diurno. O dia é bicho humano?”;
Personificações- “Assim deitadinho, todo simetrado com o planeta, um
subterrâneo rio falava com suas veias.”;
Aliterações- “(…) desavultado vulto avulso.” “(…) agarrado ao arregalado
gargalo.”;
Amálgamas.

Apresentação do discurso:

Narração;
Diálogo: “- Agora o senhor me entorne aqui.../ - Aqui?”; “- Posso pedir
uma qualquer coisa?/ - Peça.”

Características modernas do conto:

- Algumas instituições e o estado descartam completamente as pessoas


carenciadas, neste caso, os sem-abrigo.
- Desespero angustiante por atenção tanto da parte dos mendigos como
de uma parte da sociedade em geral.
- Crítica à solidão e individualismo exagerado da parte de uma sociedade
que vive cada vez mais confortável sem ter o espírito de altruísmo e de
caridade sobre os mais necessitados.

Moralidade:
O nosso grupo acredita que este conto tem uma crítica social
extremamente forte e quer que sirva de lição para toda uma sociedade
que ignora este tipo de problemas e que vive confortável com os mesmos.
Incentivamos ao altruísmo e em ajudar o próximo. Este conto demonstra
muito bem o quanto uma conversa pode melhorar o dia de alguém mais
solitário, neste caso, Mia Couto, fez feliz, por momentos, o “homem da
rua”,

Fontes:
https://www.ebiografia.com/mia_couto/
Livro- páginas 367 e 383;
Classroom- doc. “Texto narrativo (características)”.

Trabalho realizado por:


Bárbara Silva, Nº6 ,12ºL
Bruno Araújo, Nº10, 12ºL
Gabriel Gomes, Nº12, 12ºL
Inês Ferreira, Nº13, 12ºL
Renata Fernandes, Nº19 12ºL

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