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Iniciando a produção da
cachaça passo a passo
Envelhecimento da cachaça
Padronização da cachaça
Bônus 3: Fornecedores
Glossário
INTRODUÇÃO
HOME DISTILLING
É o modo de produção caseiro de
bebidas destiladas de qualidade,
utilizando equipamentos idênticos
aos das grandes destilarias, porém
reproduzidos em escala menor. Tem
como objetivos:
• Aquisição de conhecimento sobre
sua produção;
• O consumo próprio da cachaça;
• Um hobby ou atividade prazerosa;
• Campo experimental que permite o
aprendizado e o aprimoramento dos
processos produtivos;
• A abertura de oportunidade
para implantação futura de um
empreendimento industrial;
QUAIS EQUIPAMENTOS
VOU PRECISAR
PARA FAZER MINHA
CACHAÇA EM CASA?
Listamos abaixo os equipamentos
básicos e opcionais que você deverá ter
em sua casa para fazer uma excelente
cachaça de qualidade. Eles poderão ser
adquiridos através dos fornecedores que
relacionamos no final deste livro.
EQUIPAMENTOS BÁSICOS
Alcoômetro: Instrumento utilizado para
medir o teor de álcool em solução.
Balança: Equipamento utilizado para
pesar pequenas quantidades de material
(Ex: Levedura);
Decantador ou Peneira: Equipamento
utilizado para limpeza do caldo de cana,
separando o material sólido (bagacilho)
do líquido a ser fermentado. Também
pode ser utilizado uma peneira ou um
passador chinoy de cozinha.
Destilador/Alambique: Equipamento
utilizado para realizar a destilação do
vinho da cana e obter a bebida destilada.
Dorna de Fermentação ou Balde:
Equipamento onde ocorre a fermentação
do mosto.
Ebulidor/“Rabo Quente”: Aparelho
usado para aquecer líquidos através de
resistência elétrica.
Moenda: Equipamento que realiza
a extração do caldo proveniente da
matéria-prima, cana-de-açúcar.
Proveta: Recipiente de vidro ou plástico
em forma de tubo cilíndrico, fechado em
uma das extremidades, em que se fazem
experiências em laboratório, dosagens,
misturas etc.
Sacarímetro: Instrumento utilizado para
medir o teor de açúcar em solução
(BRIX), por análise de densidade.
Termômetro: Instrumento utilizado para
medir a temperatura de uma solução, é
recomendado um termômetro.
EQUIPAMENTOS OPCIONAIS
CALDO DE CANA
CABEÇA
CORAÇÃO
CAUDA
CACHAÇA
INICIANDO A
PRODUÇÃO DA
CACHAÇA PASSO
A PASSO
Neste capítulo nós vamos te mostrar as
técnicas para a produção de cachaça
de qualidade. Essas mesmas técnicas
são aplicadas diariamente em nossas
destilarias, o que já nos rendeu diversas
premiações nacionais e internacionais.
Divirta-se!
PREPARO DO MOSTO
PASSO 2
O preparo do mosto envolve operações
que permitem melhorar as condições de
fermentação do caldo de cana. Inicia-
se pela sua filtração e decantação,
com ajustes no teor de açúcar, acidez,
nutrientes e temperatura. Ou seja, nesta
etapa você irá preparar o caldo da cana
para que as leveduras do fermento
possam trabalhar adequadamente.
DECANTAÇÃO OU FILTRAGEM
DILUIÇÃO DO CALDO
A fermentação ideal ocorre com o caldo
de cana numa concentração de açúcares
em torno de 15°Brix. Normalmente,
o caldo da cana-de-açúcar madura
apresenta uma concentração de
açúcares de 14° a 22°Brix. Acima de
15°Brix, é necessário diluir o caldo de
cana, para garantir a vitalidade das
leveduras durante a fermentação.
Teores de açúcar acima de 15°Brix
acarretam fermentações mais lentas e
até incompletas, além de dificultarem
a multiplicação do fermento. Quando
se destila um mosto com fermentação
incompleta, ocorrem incrustações no
alambique e formação de furfural, que
provoca aroma e gosto indesejável na
cachaça. Teores de açúcar abaixo de
15°Brix permitem fermentações mais
rápidas, sendo importantes na etapa de
multiplicação do fermento. Entretanto,
acarreta uma diminuição no rendimento.
Após as 2 etapas anteriores executadas,
o caldo passa a se chamar mosto, e este
segue para o processo de fermentação.
TEMPERATURA
A temperatura ideal para a fermentação
situa-se entre 26° e 32°C. Temperaturas
mais baixas diminuem a atividade do
fermento, enquanto as mais elevadas
favorecem o desenvolvimento de
bactérias indesejáveis, provocando
o enfraquecimento das leveduras.
Durante o processo fermentativo o
mosto é aquecido naturalmente pela
ação das leveduras, assim, é de grande
importância um controle de temperatura
do seu mosto, para que este esteja na
temperatura adequada de trabalho das
leveduras.
ÁGUA
A qualidade da água é fundamental para
uma fermentação bem feita. Portanto,
a água utilizada em todo o processo de
produção deverá ser desclorada a partir
de filtro de carvão ativado ou fervura.
Você também pode usar água mineral
vendida em galões.
PREPARO DO FERMENTO
OU “PÉ DE CUBA”
PASSO 3
No processo de produção de cachaça
a fermentação pode acontecer de
forma espontânea, com a elaboração
do fermento caipira, ou pela adição de
fermento selecionado CA-11.
Na fermentação espontânea, as
leveduras utilizadas são ‘’selvagens’’, ou
seja, que já se encontram na superfície
dos colmos da cana-de-açúcar, e,
portanto, também em seu caldo.
Estas são submetidas a condições de
temperatura e oxigenação adequadas
para a sua reprodução e em seguida são
utilizadas no processo fermentativo. As
espécies de leveduras presentes variam
de região para região, sendo afetadas
principalmente pelas variedades de cana
utilizadas, pelas condições climáticas
da região e pelas peculiaridades
operacionais de cada produtor.
A principal função do fermento,
também chamado ‘’pé de cuba’’, é
desdobrar os açúcares do caldo de
cana em álcool etílico e gás carbônico.
O fermento natural contém uma flora
microbiana mista que, além do álcool,
produz quantidades mínimas de
outros compostos que favorecem as
características de aroma e sabor da
cachaça.
Alguns produtores adicionam nutrientes
naturais para a levedura durante
processo de elaboração do fermento.
Fubá e o farelo de arroz são os nutrientes
mais empregados, mas outros utilizam
apenas o caldo de cana.
O fubá, obrigatoriamente isento de
inseticida, é usado em proporções
variadas em relação ao pé de cuba ou
fermento. Além de fornecer nutrientes
para as leveduras, o fubá exerce um
importante papel na acidificação do meio
e no desenvolvimento dos compostos
desejáveis do aroma.
O farelo de arroz fresco é fonte de
vitaminas do complexo B, que aumentam
a atividade e o vigor das leveduras,
melhorando o desenvolvimento da
fermentação.
O fermento selecionado (CA-11), nada
mais é que uma cepa selvagem presente
na natureza que apresentou um
desempenho melhor para a produção
de cachaça, e que foi isolado, testado e
cultivado em condições estéreis.
Um bom fermento é fundamental para a
produção de uma cachaça de qualidade,
pois, além de converter açúcar em álcool
etílico e dióxido de carbono, a levedura
produz outros componentes durante o
processo fermentativo, incluindo ésteres,
alcoóis superiores, cetonas, fenóis e
ácidos graxos, conferindo características
de aroma, sabor e maciez à cachaça.
O acompanhamento da fermentação
alcoólica é feito através de medições
do grau brix do mosto ao longo do
processo e a observação de aspectos
da fermentação, tais como visual, cheiro,
temperatura do mosto e tempo de
fermentação.
Durante a fermentação, ocorre uma
queda permanente do teor de açúcar
do mosto, bastante rápida na fase inicial,
tornando-se mais lenta na fase final.
O consumo do açúcar é avaliado por
medições de grau brix do mosto.
Na fase final, o brix aproxima-se de zero.
O atraso ou paralisação na queda do brix
é sinal de algum problema no processo,
podendo estar associado à infecção,
queda brusca na temperatura, etc.
O aspecto da fermentação em termos
de cor do fermento e tipo de bolhas,
após uma boa familiarização com o
processo, constitui um indicador do bom
ou mau andamento da fermentação. As
fermentações anormais, com problemas
de contaminação, apresentam bolhas
persistentes, de movimentação e cor
irregulares.
O cheiro normal de uma fermentação
é agradável e frutado. Odores
desagradáveis permitem identificar
algumas contaminações: o cheiro de
vinagre está associado à fermentação
acética, o de ovo podre, à fermentação
butírica, e o de leite azedo à fermentação
lática.
Outro parâmetro a se observar é a
evolução da temperatura do mosto
durante o processo fermentativo. No
inverno, quando as temperaturas são
baixas, chegando a cerca de 14° a
15°C, é necessário que seja feito um
aquecimento do mosto para atingir a
faixa de temperatura ideal, que é de 26°
a 32 °C. Esse aquecimento pode ser feito
com um ebulidor(rabo quente).
Em locais onde a temperatura ultrapassa
32°C é indispensável um resfriamento
do mosto, que pode ser feito colocando
o balde de fermentação dentro de um
recipiente maior contendo água e gelo.
No processo ideal, a temperatura se
mantém próxima de 30°C na fase inicial
e depois decresce lentamente até a
temperatura ambiente.
SEPARAÇÃO DO FERMENTO
Sedimentação: Em geral, a separação
das células é feita por sedimentação
gravitacional, dentro da própria dorna.
Resfriamento: O resfriamento do mosto,
no final da fermentação, favorece a
aglomeração (floculação) das células, o
que permite acelerar significativamente
sua sedimentação.
Floculação: As variedades de cana
contêm diferentes proporções de colóides
que atuam como agentes floculantes
das leveduras, no final da fermentação.
Por este motivo, em algumas regiões, a
decantação das células é mais rápida e
eficiente que em outras.
CONSERVAÇÃO DO FERMENTO
PARA REUTILIZAÇÃO POSTERIOR
Para que o fermento possa ser reutilizado
em uma próxima produção, com
interrupção de 1 a 3 dias, procede-se a
sua lavagem com água potável sem cloro
na proporção de 2 vezes o seu volume,
agitando bastante e aguardando a
decantação. Em seguida, retira-se a água
de lavagem e repete-se a operação. Se a
reutilização for feita apenas 1, 2 ou 3 dias
depois do primeiro uso, o fermento deve
permanecer na água até o dia seguinte
e então repete-se o procedimento de
lavagem. A partir de então, o fermento
é alimentado com igual volume de caldo
de cana bem diluído (2° Brix) e deve
se realizar intensa aeração. Deixa-se
decantar novamente, ajusta-se o volume
padrão do pé-de-cuba e reinicia-se a
fermentação.
Contudo, o mais aconselhável é evitar
interrupções na alimentação da dorna
ou balde de fermentação por períodos
superiores a 72 horas.
DICA: Se você vai fermentar e destilar
apenas uma vez por semana, o ideal é
descartar o fermento/pé de cuba já feito
e começar um novo todas as vezes que
for produzir a sua cachaça. Assim você
evita contaminações e baixo rendimento
do fermento.
RENDIMENTO DA
FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
A transformação da sacarose em etanol
e gás carbono é expressa pela equação
de Gay-Lussac, a saber:
Sendo:
342 = peso molecular da sacarose (g);
4 = número de moléculas de etanol por
molécula de sacarose;
46 = peso molecular do etanol (g);
0,789 = densidade do etanol (g/mL).
X = volume teórico de etanol obtido pela
fermentação de 100g de sacarose (x =
68,2 mL de etanol).
ACIDENTES DE FERMENTAÇÃO
1. Panela
2. Coluna
3. Deflegmador
4. Alongamento
5. Serpentina de resfriamento
6. Saída de cachaça
7. Entrada de Vinho
8. Saída de Vinhoto
9. Flange
10. Entrada de água Deflegmador
11. Saída de água Deflegmador
12. Tampão de entrada de água
13. Entrada de água
14. Saída de água
15. Registro de água
PASSO A PASSO PARA A
DESTILAÇÃO PERFEITA
Uso do Alcoômetro
a) Tomar uma amostra de 100 mL do
destilado em uma proveta;
b) Medir a temperatura
do destilado com um
termômetro;.
c) Mergulhar o alcoômetro
com cuidado, soltando a
haste somente quando ele
estiver flutuando;
d) Fazer a leitura do
alcoômetro, observando
o número correspondente
ao grau alcoólico na haste,
tendo em conta o nível da
superfície da cachaça. Para
a leitura o alcoômetro não pode estar
encostando nas paredes do recipiente;
e) Se a temperatura do destilado estiver
abaixo ou acima de 20°C (a qual o
aparelho é calibrado), deve-se fazer uma
correção da leitura utilizando a tabela
abaixo:
Elegance
Recentemente uma empresa lançou um
copo no estilo shot, mas um pouco mais
alongado, com capacidade para 90 mL
e melhorou a questão do derramamento
de Cachaça, sendo possível fazer alguns
passos do que vamos te mostrar agora.
Taça padrão ISO
Diâmetro de
borda: 46mm
(+ou- 2mm) Altura total: 155mm
(+ou- 5mm)
Altura do bojo:
100mm (+ou- 2mm)
Capacidade total:
215mm (+ou-)
Diâmetro da parte
mais larga: 65mm
(+ou- 2mm) Quantidade para
prova: 50ml
Material: cristal
transparente e
Altura da haste: incolor, com 9%
55mm (+ou- 3mm) de chumbo
Diâmetro da haste:
9mm (+ou- 1mm)
Diâmetro da base:
65mm (+ou- 5mm)
BÔNUS 2
COMO FAZER
AGUARDENTE DE
MELADO
DIFERENÇA ENTRE
MELADO E MELAÇO
Uma dúvida frequente entre os curiosos
do mundo dos destilados é a diferença
entre o melado e o melaço, matérias
primas distintas utilizadas na produção
de aguardente.
O melado é a matéria-prima utilizada
para a produção da aguardente de
melado, produzido a partir da fervura
do caldo de cana-de-açúcar. Durante o
processo de fervura, o caldo perde água
por evaporação e os açúcares presentes
são então desidratados.
O melaço é o subproduto da indústria
de açúcar, utilizado como matéria-
prima para a produção de aguardente
de melaço, ou rum. Encontrado nas
usinas de produção de açúcar como
subproduto, o melaço é o açúcar que
não cristalizou durante o processo.
O melado apresenta uma qualidade
superior ao melaço, contendo mais
nutrientes em sua composição.
Entretanto, melaço possui um custo
menor.
Tanto o melado como o melaço, podem
ser utilizados como matéria-prima para
a produção de aguardente. Cada qual
com suas características de processo e
produto final.
ELABORAÇÃO DO
FERMENTO PARA A
AGUARDENTE DE MELADO
VM=1,4L a 85°Brix
VOLUME DE ÁGUA
12L-1,4L(iniciais de melado)= 10,6 Litros
de água
2. Conferir a concentração de açúcares
do melado diluído utilizando um
sacarímetro de °Brix ou um refratômetro
de °Brix. Fazendo a correção de
temperatura utilizando a Tabela de
correção já apresentada;
3. Determinar a quantidade de levedura a
ser utilizada.
Iniciar a fermentação com 1 grama de
fermento, por cada litro de volume
de melado a ser fermentado. Se seu
alambique é de 10 litros úteis, você
deverá fermentar 12 litros de caldo,
considerando que 2 litros (20% de 10
litros) ficará na dorna como pé de cuba e
os outros 10L de vinho serão destilados.
Assim, tomemos como exemplo uma
dorna com 12 litros de melado diluído:
Iniciaremos com 12 gramas de CA-11.
4. Hidratação do fermento
Em um balde ou recipiente, adicionar
aproximadamente 200mL de água
potável fervida, para eliminar o cloro,
e resfriada a 34-35°C. Dissolver 12g
de fermento CA-11, oxigenando com
escumadeira(agitando);
5. Passados 30 minutos, adicionar
200mL de melado diluído a 10°Brix;
6. Quando o brix desses 400mL baixar
para 2,0-2,5 °Brix, dobrar o volume
adicionando 400mL de melado 10°Brix;
7. Quando o brix desses 800mL baixar
para 2,0-2,5 °Brix, adicionar mais 800mL
de melado a 10°Brix;
8. Quando o brix desses 1,6L baixar
para 2,0-2,5 °Brix, adicionar mais 1,6L de
melado a 10°Brix;
9. Quando o brix desses 3,2L baixar
para 2,0-2,5 ºBrix, adicionar mais 3,2L de
melado a 10ºBrix
10. Após essa etapa, adicionar o restante
de mosto, completando os 12L, em
parcelas ou filete contínuo a 10°Brix,
acompanhando o desenvolvimento da
fermentação.