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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES VILA MARIANA

Gabriel Wander Maas da Silva, RM: 22102166


Turma AC.M1.M.A

MARCEL DUCHAMP, O INOVADOR

Maio de 2022
Marcel Duchamp, O Inovador
Em “Arte Contemporânea”, Anne Cauquelin apresenta um estudo sobre as diversas faces de Marcel
Duchamp, no trecho do livro dedicado a ele. Ao ler o estudo, chega-se à conclusão de que o artista
difere brutalmente de seus antepassados do ramo, por tomar um ponto de vista até então inédito.
Inicialmente, Duchamp era um artista como outros, talentoso porém seguindo uma vanguarda, então
se desvencilhando e partindo para um caminho oposto. O que chama atenção, no entanto, é quando
viaja e entra em contato com o movimento dadaísta, quando quebra de vez com a tradição. Importante
ressaltar que não segue em um caminho contrastante, na realidade, o artista começa a enxergar por um
ângulo completamente diferente.
Isso se dá por conta da natureza satírica e afrontadora do movimento, que levam Duchamp a ver a arte
de uma maneira até então não vista: algo comum, cotidiano. Pois a enxerga como mais uma das
diversas formas de comunicação tão presentes no dia a dia de cada ser humano, retirando a visão
quase religiosa que pairava sobre a concepção de arte.
Essa visão diferente da arte pode ser observada em seus ready-mades, talvez as obras mais singulares
do período. Estes consistem em objetos comuns encontrados em locais frequentados diariamente,
como um mictório, realocados em um ambiente coletivamente considerado como destinado à
observação de peças artísticas. E subitamente, ao colocar um mictório em um museu ou em uma
amostra para ser julgado por críticos, dar a ele um título e assiná-lo, ele se torna arte, quase que como
um passe de mágica.
Esse resultado, contudo, não vem de um truque ou segredo. De fato, observa-se com esse
experimento, que a arte não depende de uma qualidade estética ou processo edificante, e sim de uma
expectativa posta pelo observador. Em conclusão, o papel do artista nada mais é o de encontrar e
realocar algo, talvez adicionando uma inscrição ou realizando alguma alteração, enquanto o
observador e o local transformam o objeto em arte.
E dessa maneira, o mistério da essência de cada peça de arte é revelado. Já que não há diferença cabal
entre pintar uma tela e colocar um prego em um banco, pelo contrário, ao enxergar o processo com
olhos desprovidos de filtros românticos, ele não é nada além de pegar algo já pronto e alterar, nomear
e realocá-lo em um contexto devido.

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