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REVISÃO NARRATIVA

ESPECTROFOTOMETRIA E APLICAÇÕES NAS CIÊNCIAS


FARMACÊUTICAS
Agata da Silva Machado
Universidade Federal do Piauí
Dalhane Stephany da Conceicao Coutinho
Universidade Federal do Piauí
Liara Lyn Benedito Moura
Universidade Federal do Piauí
Lucas Malaquias França
Universidade Federal do Piauí
Thays Sousa Pereira
Universidade Federal do Piauí
Vinicius Cavalcante Santos
Universidade Federal do Piauí
Carlos Mateus de Sousa Soares
Universidade Federal do Piauí
Daniel Dias Rufino Arcanjo
Universidade Federal do Piauí

RESUMO

A espectrofotometria, consiste na utilização do espectro radiante para estudar,


identificar e analisar soluções, processo feito devido a absorção de fótons por parte das
substâncias, permitindo que esta absorção seja medida e consequentemente entendamos
que substâncias ou grupamentos químicos esta solução é formada. Dessa forma, sendo
necessária para inúmeros processos científicos nos campos da biologia e da química,
mas especificamente, sendo bastante utilizado no ramo da Ciências Farmacêuticas,
como em determinações de diagnósticos laboratoriais e em laboratórios de fitoterápicos,
por exemplo.

Palavras-Chave: espectrofotometria, luz, comprimento de onda, ciências


farmacêuticas.

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INTRODUÇÃO

A forma mais habitual para fazer a determinação da concentração dos compostos de


uma solução é através do conhecimento da absorção de luz pela matéria. Grande parte
dos métodos usam a determinação espectrofotométrica de compostos corados,
conseguidos através de uma reação entre o composto a ser examinado e o reagente, que
resulta num produto colorido. Esses métodos são chamados de Métodos Colorimétricos,
que possuem vantagem por usarem compostos coloridos, já que esses compostos
absorvem luz visível. Como exemplo de método colorimétrico temos a
espectrofotometria (COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).
A espectrofotometria é um método de estudo de soluções que utiliza um espectro
radiante para examinar e identificar uma solução, através do quanto cada elemento ou
substância absorve certo comprimento de onda. É através dela que se torna possível
identificar compostos desconhecidos de uma solução por meio de seus espectros
característicos ao ultravioleta, visível ou infravermelho (HENEINE,2010).
A técnica espectrofotométrica é de grande importância e é amplamente empregada
em diversas áreas e laboratórios, como exemplo: nas áreas de biologia, físico-química,
indústria, análises clínicas, entre outros (DINIZ, LIMA, FILHO, 2002).

DESENVOLVIMENTO

O método espectrofotométrico utiliza para seu o estudo a energia de radiação, que é


medida em nanômetro, na qual é utilizado o aspecto que vai do ultravioleta (200 nm) ao
infravermelho curto (1000 nm), entrando assim nesse aspecto, a faixa de luz visível que
chamamos de cores, e são justamente elas que a espectrofotometria utiliza para
identificar os elementos presentes na solução, medindo a absorção que este elemento
tem de determinado comprimento de onda (λ) (HENEINE, 2010).
Isto ocorre pois, a absorção de luz por parte da matéria, é resultado da incorporação
de um fóton por parte das estruturas absorventes, por consequências a estruturas passam
do Estado Fundamental, onde seu nível energético está baixa, para o Estado Excitado,
onde seu nível energético está alto, mas a partícula tende a voltar ao seu estado
fundamental, liberando essa energia na forma de calor, por isso usamos vários
comprimentos de onda diferentes, pois, se o fóton for maior ou menor do que a

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substância precisa para se excitar, a absorção não vai ocorrer e não vamos a identificar
(COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).

Luz Monocromática (MC)


A espectrofotometria utiliza em seus estudos um tipo de luz específica, a Luz
Monocromática (MC), que consiste em uma luz com apenas um comprimento de onda e
cujo espalhamento seja o mais baixo possível. A luz monocromática é utilizada por duas
razões: uma qualitativa, pois para identificar os elementos é necessário passar uma MC
de vários comprimentos de ondas diferentes um de cada vez, e uma razão quantitativa,
pois se a luz não for de um comprimento de onde apenas, o que não for bem absorvido
pode comprometer a observação falseando o resultado (HENEINE, 2010).

Espectrofotometria de Absorção
A espectrofotometria de absorção é um dos métodos mais utilizados na Biologia, e
consiste em um feixe de energia radiante em vários comprimentos de onda diferentes
passando pela solução medindo a absorção que eles sofreram. Para isso se utiliza o
espectrofotômetro (figura 1), aparelho que: produz a MC e mede a luz absorvida pela
solução, e é composto por um colimado que foca o feixe de luz, que é decomposto em
um prisma em vários comprimentos de onda diferentes, e um seletor, que deixa um
comprimento de onda passar, um de cada vez, que passará pela solução e será lida por
um leito (HENEINE, 2010).

Figura 1: Componentes básicos de um espectrômetro

Fonte: COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009

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Esse é usado principalmente para determinar os comprimentos de onda que são


absorvidas pelas substâncias, obtendo assim as chamadas Curvas de Absorção
Espectral, e para determinar a concentração de substâncias, essa última é o resultado da
combinação da lei de Beer, que diz: “quando o trajeto óptico e constante, a absorção
depende da concentração”, mais a lei de Lambert, na qual, “quando a concentração da
substância é constante, a absorção depende do comprimento do trajeto óptico”
(OLIVEIRA,2019).
Segundo Xavier, Dora e Barros (2016, v. 3, p. 112), “A quantidade de luz absorvida,
ou a cor da solução, é proporcional à concentração da substância corada em solução." A
relação citada é a lei de Beer, que nos permite a transformação da luz medida em
concentração.

Curvas de Absorção Espectral


Trata-se de um gráfico de Onda x Absorção onde é colocado o nível de absorção que
uma determinada substância absorveu dos comprimentos de onda do UV ao IV. Sendo
utilizada para: identificar substâncias e grupamentos químicos; identificar o grau de
pureza de uma substância; e indicar os comprimentos de onda para dosagem da
substância (HENEINE,2010).
Através delas, é possível ainda, verificar a linearidade da reação e calcular um fator
de conversão de valores de absorbância em concentração, caso esta seja desconhecida
(COMPRI-NARDY; STELLA; OLIVEIRA, 2009).

Espectrofotometria de Emissão
O método de espectrofotometria de emissão consiste na excitação da solução, com
uma chama, por exemplo, fazendo ela emitir luz, sendo que essa luz varia de substância
para substância, na qual:

"A solução a ser analisada é gotejada ou vaporizada no queimador, em alta


temperatura. Os cátions emitem luz, o Na+, luz amarela, o K+, luz vermelha,
o Ca2 +, luz avermelhada, etc. Um filtro seleciona o comprimento de onda
(cor) do metal que se quer dosar. A luz específica, que é proporcional a
concentração do emissor, estimula a fotocélula, que aciona o galvanômetro."
(HENEINE, 2010, p. 181).

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Dessa forma é possível identificar os componentes daquela solução.

Fluorimetria
No processo de fluorimetria, a excitação é proveniente de uma luz UV, e se mede a
luz que a substância emite. Esse método é muito usado para a determinação de
vitaminas, neurotransmissores, e outras substâncias fluorescentes.

“A substância a ser analisada é colocada na cubeta (C). Através do


Excitador escolhe-se um comprimento de onda que sabidamente
excite a substância. Está emite luz (Fluorescência F), que é recolhida
pelo prisma do Analisador (PA), que decompõe a luz emitida. A fenda
seletora do analisador (FA) permite escolher um comprimento de onda
específica da substância que se quer usar. A quantidade de luz emitida,
que é proporcional à concentração da substância, é medida pelo
conjunto Fotocélula (FC) e Galvanômetro (G)” (HENEINE, 2010, p.
181).

Fotometria de Absorção Atômica


O método de fotometria de absorção atômica dispõe da ideia de que um metal
absorve o mesmo comprimento de onda que ele emite, logo, nesse método se utiliza
uma lâmpada do metal que deseja, como exemplo a lampada de sodio, e na cubeta de
circulação, a solução será vaporizada, logo, se nessa solução estiver o metal que a
lâmpada é feito, ele absorverá parte da luz emitida (HENEINE, 2010).

A Espectrofotometria nas Ciências Farmacêuticas


Na área farmacêutica, a espectrofotometria possui diversas aplicações, como:
● No uso dos metabólitos secundários produzidos por Streptomyces, que
representam a grande maioria dos produtos naturais com importantes atividades
biológicas. Tais metabólitos têm sido utilizados como novas estratégias para o
tratamento de doenças humanas, como por exemplo, a tuberculose. Neste
trabalho técnicas modernas em espectrometria de massas foram associadas a
ensaios de bioautografia para acelerar a identificação de compostos com
atividade antimicobacteriana (PETI, MORAES, 2012).
● Na aplicação do método da espectrofotometria de derivadas no doseamento
simultâneo de alguns fármacos em produtos farmacêuticos comerciais. Os

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métodos desenvolvidos apresentaram-se precisos, sensíveis, seletivos,


reprodutivos e de baixo custo (PASCHOAL, FERREIRA, VILELA, 2009).
● Na utilização da técnica de espectrofotometria de massas, a qual consiste na
análise e identificação de substâncias químicas desconhecidas, por meio da
quantificação e elucidação das propriedades químicas e estruturais de compostos
orgânicos e inorgânicos. O uso de tal método traz muitas vantagens por ser uma
técnica mais rápida e com maior sensibilidade e seletividade, além de
possibilitar a determinação do perfil farmacológico e farmacocinético de
determinados fármacos. (SKOOG et al, 2007).
● Na determinação de diagnósticos laboratoriais, onde utiliza-se a técnica da
espectrofotometria para a análise e determinação de lipídios totais, do colesterol
total, da uréia, do ácido úrico, da amônia, do cálcio, do fósforo, de magnésio, da
fosfatase ácida, da fosfatase alcalina, de ferro sérico e de bilirrubina. Sendo tais
substâncias determinadas e quantificadas a partir do seu espectro de absorção.
(OLIVEIRA, 2012)
● Nos laboratórios de fitoterápicos, que necessitam de metodologias para
assegurar o controle de qualidade de seus produtos quando os mesmos não
constam em farmacopéias ou monografias oficiais. Baseando-se neste fato, a
quantificação de flavonóides contidos nos extratos da pata-de-vaca (Bauhinia
cheilantha [Bongard] Steudel), através de espectrofotometria no visível, como
equivalentes de Rutina (µg/mL).O método proposto foi considerado específico,
preciso, reprodutível, exato, de baixo custo e fácil execução (SOBRINHO et al,
2009).
● Na utilização da espectrofotometria de infravermelho na indústria farmacêutica,
sendo aplicada na análise de matérias-primas e nas formulações líquidas e
sólidas no controle de qualidade do produto final, bem como no monitoramento
de operações finais que acontecem nas produções. (LEITÃO, 2012)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do estudo apresentado, foi possível verificar a importância da


espectrofotometria e a sua aplicabilidade às ciências farmacêuticas como um método
extremamente preciso, exato e reprodutível, aliado à acessibilidade e facilidade de

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execução para a solução de problemas espectrais de sobreposição de mais de um


componente, para o uso desta metodologia em laboratórios de controle de qualidade,
para a análise de antifúngicos, para determinação de vitaminas, neurotransmissores e
outras substâncias fluorescentes, entre demais empregos na área.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Piauí e ao professor Daniel Dias Rufino Arcanjo pela


iniciativa de propor este trabalho acadêmico aos alunos do curso de Farmácia da
Universidade Federal do Piauí (período 2021.2).

REFERÊNCIAS

COMPRI-NARDY, M; STELLA, M; OLIVEIRA, C. Práticas de Laboratório de


Bioquímica e Biofísica: uma visão integrada. Rio de Janeiro - RJ: Guanabara Koogan,
2009. 199 p. ISBN 978-85-277-1538-6.

DINIZ, D; LIMA, E; FILHO, N. Isotretinoína: perfis farmacológico,


farmacocinético e analítico. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 38, n. 4,
p. 415-430, 2002.

HENEINE, I. Biofísica Básica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2010. 400 p. ISBN
8573791225.

LEITÃO, T. Aplicações da espectroscopia de infravermelho próximo em ciências


farmacêuticas. Repositório Institucional da Universidade Fernando Pessoa, 2012. p.
4-5.

OLIVEIRA, M. Aplicações de estudos bioquímicos quantitativos em ciências


biológicas e da saúde. RENEFARA, v. 2, n. 2, p. 99-127, 2012.

OLIVEIRA, M. Fundamentos da espectrofotometria. Juiz de Fora - MG:


Universidade Federal de Juiz de Fora, 2019. Disponível em:
https://www.ufjf.br/quimica/files/2016/08/Espectrometria-UV-vis.pdf. Acesso em: 13
mai. 2022.

PASCHOAL, L; FERREIRA, W; VILELA, A. Revista Brasileira de Ciências


Farmacêuticas 39,105-113,2013.

PETI, A.; MORAES, L. Aplicação da espectrometria de massas na identificação de


compostos antituberculose produzidos por actinobactérias isoladas da rizosfera.
2012. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2012.

SKOOG, D. et al. Fundamentos da Química Analítica. São Paulo, Ed.Thomson,


2007.

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SOBRINHO, T. et al. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. p. 44, 683-689,


2008.

XAVIER, R; DORA, J; BARROS, E. Laboratório na Prática Clínica: Consulta


Rápida. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

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