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Diferenciação do Produto
Luanda, 2022
Integrantes
Deve-se notar que a diferenciação também possui um elemento subjetivo. Isso, visto
que os consumidores podem perceber que determinada marca é diferente de outra a
partir não da comparação de características objetivas, mas da ideia que fizeram da
empresa e de sua imagem.
Em teoria dos jogos, diz-se que um jogo tem informação perfeita se todos os
participantes conhecem todas as jogadas efetuadas.
as ações dos outros; todas as informações relevantes são refletidas nos preços. Assim,
entende-se que o que se chama de informação imperfeita é a que engloba assimetria,
incompletude e ambiguidade. De modo geral, a informação perfeita é aquela completa,
simétrica, transparente, no tempo e no espaço adequado, enquanto todas as outras
formas se caracterizam como informação imperfeita.
Pode-se dizer que a informação plenamente perfeita não existe, mas é sempre um
objetivo a ser perseguido. Essa é uma forma de se aproximar dela, embora seja difícil
atingi-la efetivamente, sendo, em alguns casos, impossível. Por esse motivo, segundo
Rascão (2006), o que vale é o nível da informação que nos deixa satisfeitos, e não sua
completude. Somos limitados, e nosso nível de entendimento, conhecimento e
capacidade de pesquisa gera apenas informações incompletas. Sempre há algo a mais,
em determinada informação, do que se compreende.
Nessa perspectiva, pode-se dizer que existem três tipos de informação imperfeita: a
incompleta, a assimétrica e a ambígua. De acordo com Rascão (2006), a incompleta é a
mais ligada ao nosso limite de racionalizar, de ter capacidade de pesquisar e de entender
a completude e a complexidade de tudo. Também está relacionada à dificuldade de
acesso (como chegar à informação) ou ao tempo inadequado (fora do prazo). Por
exemplo, uma informação que chega atrasada é chamada de incompleta porque, no
momento certo, não estava lá. É importante ressaltar que não existe informação
completa, mas aproximações e conformação satisfatória por determinado nível de
informação. A informação assimétrica se configura quando uma das partes tem mais
informações ou informações mais completas sobre algo que ainda é desconhecido da
outra parte. É um diferencial competitivo e, nem sempre, quem tem essa informação
extra tem desejo de liberá-la. Isso resulta no chamado comportamento oportunista; a
informação ambígua se aplica quando as partes envolvidas têm acesso à mesma
informação, mas a interpretam ou aplicam de forma diferente, ou alguém interpreta ou
aplica de forma errada, ou nem a interpreta nem a aplica, por limitações de
entendimento sobre o significado de tal informação. Assim, tem-se a informação
ambígua. Pode até ser por uma questão de vulnerabilidade, como é o caso de alguém
com um nível de estudo baixo a ponto de não saber interpretar algo.
Uma das falhas mais evidentes é que a dificuldade de acessar a informação exige
mais esforço de obtenção, e como consequência, mais ônus. Como afirma Varian (1994,
p. 647), “existem, certamente, vários mercados no mundo real nos quais pode ser muito
caro, ou menos possível obter informações precisas” (Varian, 1994, p.647). Essas falhas
podem levar a outras consequências, como segue: A falta de informações pode
estimular os produtores a ofertar quantidades excessivas de determinados produtos e
quantidades insuficientes de outros. Em outros casos, embora alguns consumidores
possam não adquirir um produto em especial, mesmo que se beneficiassem de sua
compra, outros consumidores vão adquirir produtos que lhes causam prejuízos.
(Pindyck e Rubinfeld, 2002, p.597).
2.2. CUSTOS DAS MUDANÇAS
Tendo como base essa permanência do cliente junto à empresa, por vezes nominada
como uma situação de ‘refém’, surge o estudo do custo de mudança, onde os esforços e
perdas associados à mudança se apresentam como impeditivo para a troca de
fornecedor. Conceituado por Burnham, Frels e Mahajan (2003, p.110), custos de
mudança significam “custos que os clientes associam com o processo de troca de um
fornecedor para outro”. O tema vem sendo abordado em diversas pesquisas na área de
marketing (e.g., BANSAL, IRVING e TAYLOR, 2004; BURNHAM, FRELS e
MAHAJAN, 2003; JONES, MOTHERSBAUGH e BEATTY, 2000; GASTAL, 2005) e
retratado como uma estratégia cada vez mais reconhecida como um meio para manter
seus clientes em relacionamentos, independentemente do seu grau de satisfação com o
provedor. Jones, Mothersbaugh e Beatty (2000) indicam que, mesmo a satisfação do
cliente sendo considerada uma componente chave no processo de retenção, o
desenvolvimento de um forte relacionamento interpessoal e a imposição de custos de
mudança representam estratégias adicionais. Corroborando, Fornell (1992, p.7) sublinha
que “além da satisfação, existem outros meios de retenção de clientes. Barreiras de
mudança junto ao cliente compreendem uma série de fatores que também trazem
retenção”.
Essa tipologia conforme vimos na tabela pode ser replicada em outros contextos de
análise, dentre eles, no cenário do ensino superior.Os custos de mudança para os alunos
de uma Instituição de Ensino Superior, em nível de graduação, podem ser ilustrados no
quadro 2. Segundo Bansal, Irving e Taylor (2004), quanto mais forte a percepção dos
custos de mudança, mais forte será o comprometimento calculativo com o prestador do
serviço, onde o cliente sente-se como refém da empresa. Emprestado da psicologia
social, o conceito de comprometimento está associado ao desejo do consumidor em
manter a relação com a empresa e em resistir às ofertas da concorrência (FREIRE,
2005).
Custo Exemplo
Custo processual Custo temporal para pesquisa e solicitação
de documentação Custo de aprendizado de
um novo ambiente (uso da biblioteca,
alimentação, processo de matrícula, etc.)
Custo financeiro Custo de equivalência de disciplinas Custo
de aquisição de novos livros ou ampliação
de uso de outros meios de transporte. Perda
de benefício de descontos progressivos
Custo relacional Custo de perda de relacionamento com a
marca Custo de perda de relacionamento
com colegas Custo de perda de
relacionamento com
professores/funcionários
Quadro 2 – Custos de Mudança para os Alunos de IES
H2b: Custos de mudança financeiros (ou custos da perda de benefícios) estarão positivamente
associados ao comprometimento normativo. H3: Custos de mudança processual estarão
positivamente associados ao comprometimento calculativo.
A diferenciação implica um produto novo e para que esta estratégia tenha sucesso
é preciso que o produto possa ser modificado e que, de fato, os consumidores o
considerem um produto melhor que os existentes. Na verdade, a introdução de um
novo produto depende, antes de tudo, dos critérios de avaliação dos consumidores.
Existe uma maior possibilidade de competir por diferenciação quando se tratam de
produtos avaliados em múltiplas dimensões.
Existem dois tipos de diferenciação de produto: a horizontal e a vertical. Duas
variedades de um produto são consideradas verticalmente diferenciadas quando um
dos produtos apresenta atributos mais desejáveis que o outro. A diferenciação é
considerada vertical quando a utilidade de todos os consumidores aumenta quando o
nível de uma característica do produto é aumentado. A diferenciação vertical de
produto ocorre, por exemplo, entre dois carros do mesmo modelo, mas um com
maior potência e conforto do que o outro. A diferenciação horizontal ocorre quando
os produtos não podem ser considerados melhores ou piores, ou seja, não se pode
ordenar a qualidade dos produtos.
Por outro lado, a criação de novos produtos gera maiores custos fixos associados aos
esforços de venda. Assim, o modelo verifica se o número de variedades gerado por
estímulos de mercado é o que maximiza a diferença entre benefícios e custos sociais.
É considerada uma cidade com uma única avenida, onde os consumidores estão
uniformemente distribuídos. Duas empresas que oferecem o mesmo produto decidem
onde devem se localizar.
Sob diferenciação vertical do produto, Gilbert e Matutes (1993) mostraram que num
jogo de decisões sequenciais a motivação para produzir novos produtos depende das
decisões da empresa concorrente em equilíbrio. Se, no primeiro estágio, uma empresa se
comprometer a deter um produto do mercado, no segundo estágio a outra empresa pode
decidir a sua linha de produtos dado que a primeira empresa não irá introduzir o produto
detido. Outro contributo importante foi o estudo de Katz (1984) em que abordou os
efeitos da concorrência de qualidade-preço. Este autor desenvolveu a sua investigação
com base num mercado de duopólio, no qual cada empresa produz várias qualidades de
um único produto e cada consumidor compra uma única qualidade do produto. Cada
tipo de produto é caracterizado por dois atributos: a qualidade e a marca. Katz (1984)
utilizou um modelo simples de concorrência entre empresas com vários produtos. Neste
modelo os consumidores têm preferências pelos dois atributos (qualidade e marca) e
cada consumidor caracteriza-se pela disposição a pagar pelo produto, pela sensibilidade
às diferenças na qualidade do produto e pelo prémio que está disposto a pagar para
consumir produtos de uma marca. Apesar de o estudo se centrar mais no facto de as
empresas produzirem várias qualidades de um produto, Katz (1984) analisa,
separadamente, os dois equilíbrios, o equilíbrio simétrico (as empresas oferecem os
mesmos níveis de qualidade) e o equilíbrio assimétrico (as empresas oferecem
diferentes níveis de qualidade). No caso em que as empresas oferecem o mesmo tipo de
qualidade do produto, e de acordo com os resultados de Katz (1984), a presença de
consumidores com elevada sensibilidade à marca e à qualidade origina um efeito
negativo para os consumidores com reduzida sensibilidade aos dois atributos, uma vez
que reduz o excedente dos consumidores de qualidade reduzida. Por outro lado, a
presença de consumidores com reduzida sensibilidade à marca e à qualidade gera um
efeito positivo para os consumidores com elevada sensibilidade aos dois atributos.
É raro abordar sobre este subtema sem mencionar o modelo de Esteves na versão
sem discriminação de preços. Esteves (2009) tratou a discriminação de preços com
informação incompleta. No mesmo trabalho, Esteves (2009) também analisa a não
discriminação de preços por parte das empresas, uma vez que a discriminação de preços
nem sempre é ilegal, ou nem sempre é viável devido à dificuldade em as empresas
observarem a localização dos consumidores. O modelo desenvolvido pela autora
considera duas dimensões de diferenciação horizontal do produto. Esteves (2009)
abordou um modelo de Hotelling (1929) bidimensional no qual cada empresa produz
um único produto. O modelo admite que os consumidores são heterogéneos visto que
diferem nas preferências relativamente às empresas e aos produtos. Segundo Esteves
(2009), os consumidores podem ser mais ou menos fiéis a uma empresa que à outra
empresa. Os pressupostos do modelo de Esteves (2009) são os seguintes: existem duas
empresas concorrentes (A e B) que vendem dois produtos diferenciados, designados
também por A e B; o custo marginal de produção é constante (c) e igual para as duas
empresas; cada consumidor compra uma unidade do produto de uma das empresas; a
valorização do consumidor para o produto é representada por v (assumindo-se que v é
fortemente elevado para assegurar que cada consumidor adquire uma unidade do
produto); os consumidores estão distribuídos uniformemente num quadrado unitário; a
localização do consumidor é dada por (𝜃, 𝑙) ∈ [0, 1] 2 ; as coordenadas da localização
da empresa A (produto A) são (0,0) e da empresa B (produto B) são (1,1); 𝜃 refere-se à
preferência dos consumidores representada no segmento de linha horizontal [0, 1]; dado
que o produto A está localizado em 0 e o produto B está localizado em 1, 𝑡𝜃 é o custo
de transporte de escolher o produto A e 𝑡(1 − 𝜃) é o custo de transporte de escolher o
produto B; 𝑙 representa a fidelidade dos consumidores às empresas A e B estando
representado no segmento de linha vertical [0, 1]; dado que A está localizada em 0 e B
em 1, 𝜆𝑙 é o custo de transporte de comprar à empresa A e 𝜆(1 − 𝑙) é o custo de 30
transporte de comprar à empresa B (Esteves, 2009, p. 29), sendo 𝑡 e 𝜆 parâmetros
positivos. Assume-se que o número total de consumidores está normalizado para um.
As empresas A e B cobram um preço 𝑝𝑖 em que 𝑖 = 𝐴, 𝐵. A utilidade de um consumidor
que adquire o produto à empresa A é: 𝑈𝐴 = 𝑣 − 𝑝𝐴 − 𝑡𝜃 − 𝜆𝑙. Por sua vez, a utilidade do
consumidor que adquire o produto à empresa B é dada por: 𝑈𝐵 = 𝑣 − 𝑝𝐵 − 𝑡(1 − 𝜃) −
𝜆(1 − 𝑙)
3. CONCLUSÃO
Depois de ter percorridos vários subtemas, vamos apenas concluir nos limites já
acima citado. Acerca da diferenciação de produtos o modelo estudado assumiu-se a
diferenciação horizontal e vertical do produto. No modelo em que apenas existem
dois produtos diferentes, mas com o mesmo nível de qualidade, os preços de
equilíbrio dependem exclusivamente do custo de transporte na dimensão da
diferenciação do produto. No modelo em que existe também um produto de
qualidade baixa os preços de equilíbrio dependem dos custos de transporte na
dimensão da diferenciação do produto e na dimensão da fidelidade à marca e das
valorizações dos consumidores pelos produtos de qualidade elevada e reduzida.
Neste estudo veio-se também comprovar que os custos de mudança percebidos têm
um papel importante na materialização do desejo de mudar de instituição, por vezes
até mais importante que o nível de satisfação do cliente. Para a maioria dos clientes
da amostra, os custos de mudança percebidos são elevados, dado que a maioria
considera que mudar de produto traz custos e tempo algo significativos. Este
resultado está assim em conformidade com os resultados do relatório “Consumer
Views” da Comissão Europeia (2007) bem como com o da AdC (2009). Para estes
clientes o desejo em mudar de instituição embora percebido como fraco espera-se
que não se concretize A como resultado da incerteza, do desconhecimento e da
perda de confiança e relação interpessoal que foi estabelecendo com a instituição e
os seus funcionários.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
https://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%A3o_perfeita (Informação
Imperfeita)
Denise A. Alves, Mellina Terres e Cristiane P. dos Santos “CUSTOS DE MUDANÇA E SEUS EFEITOS
POSITIVOS E NEGATIVOS NO COMPROMETIMENTO” (2011)