Você está na página 1de 3

Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de História
Disciplina: História da América l
Docente: Yllan de Mattos Oliveira
Discente: Danielle Miranda de Santanna
Ano / semestre: 2021.2

Resenha do artigo “Representaões de mestiços nos quadros de mestiçagem hispano-


americanos do século XVlll” do autor Ricardo Leme Santelli

A construção do texto tem como objetivo mostrar a heterogeneidade biológica,


cultural e etnográfica na constituição das sociedades americanas devido as relações
entres os três povos envolvidos sendo os indígenas, os negros e espanhóis. O autor
durante o artigo para compreender a sociedade figurada dos mestiços utiliza do artificio
dos Quadros de Mestiçagem, evidenciando esse grupo social originado do convívio de
seres humanos distintos.
A origem do processo de mestiçagem tem como começo as expansões marítimas
com dominações nas Américas, surgindo um novo modelo nas relações mundiais. As
explorações territoriais ligaram o mundo pela circulação de pessoas e riquezas do lado
dominador para o dominado em viagens constantes.
Ricardo Leme aponta logo no início o grande peso historiográfico para a
América da chegada dos europeus s a um mundo completamente distinto do habituado e
a forma de percepção e ações dos europeus diante do novo cenário. O foco ao
mencionar o acontecimento da vinda desse povo é evidenciar as transformações
causadas nos dois grupos, tanto os exploradores quanto os explorados. Enquanto, um
lado foi extremamente beneficiado com as riquezas extraídas do território novo,
obtenção de visão de conhecimento global, novos pensamentos, ou seja, só vantagens, o
outro foi assassinado, precisou fugir e resistir, teve sua cultura desrespeitada, e seus
modos de vidas foram subordinados a mudanças abaladoras pelo poder dos brancos, em
síntese, uma população moradora foi desconsiderada e violentada culturalmente,
moralmente e fisicamente.
A conquista espanhola na América gerou a anulação de uma cultural local
vigente, os autoritários europeus marcaram as sociedades presentes no território
americano por apagar suas raízes infiltrando em suas vidas aspectos religiosos,
culturais, étnicos da Europa, os intitulando como corretos. O historiador mostra como
essa ocupação colonial fragmentou sociedades distintas, tendo perdas de um lado e
função da ascensão do outro, para exemplificar esse cenário, caracteriza a cidade do
México como espelho desse contexto.
O autor evidencia o processo de mestiçagem como capaz de possibilitar as
relações dos povos, sendo uma maneira de adaptação a domínio. Os vínculos criados
geraram estranhamento de ambas as partes, enquanto os europeus imitavam práticas
intoleráveis em seu território, os indígenas não estavam familiarizados com as
novidades. Os colonizadores iniciaram essas ligações por meio do controle do
imaginário social dos nativos, principalmente por meio da religião, destruindo coisas
culturais e inserindo novas, modificando o espaço e as relações.
A relações sexuais são mostradas como um dos fatores principais para o
processo de mestiçagem porque através delas o estranhamento foi reduzido, ocorreu
uma expansão territorial, gerou um povoamento e reduziu a dificuldade na
comunicação. O contato sexual entre homens brancos e mulheres indígenas foram
ligeiros, tanto com consentimento tanto sem, por meio de registros podemos observar a
atração forte pelas índias, outra forma de contato destacado e aprovado pela Coroa
espanhola foi o casamento misto entretendo realizado em pouca escala pela preferência
dos espanhóis em manter uma linhagem pura. O crescimento da mestiçagem gerou
preocupação a corte por serem classificados e julgados como causadores de desordens e
como uma classe inferior, originando o sistema de castas em que os europeus estavam
na primeira camada social e a união de espanhóis e índias estavam fortes.
Ele mostra como a mestiçagem foi absurdamente notada pela redução dos
nativos a partir da chegada dos europeus, declinando absurdamente rápido, tendo como
causas a miscigenação e as doenças trazidas da Europa. Durante sua análise, o
historiador mostra como o momento das restrições do direito aos mestiços criada na
década de 1570 acarretou no surgimento do conceito de castas – termo usado para
classificar os indivíduos da sociedade – os 3 quesitos eram econômicos, raciais e
culturais, sendo dividida em duas camadas os espanhóis – formada por espanhóis,
criollos e mestiços legítimos – e índios – vassalos livres e dominados pela Coroa – e por
último os escravos.
Santelli desenvolve sua narrativa para chegar na afirmação de que o avanço da
mestiçagem gerou a necessidade do quadro de mestiçagem criado no século XVlll,
descrevendo o dia a dia da população representando os distintos homens advindos do
contato sexual entre brancos, índios e negros, mostrando em cada quadro um homem
com uma mulher e seu descendente mesclado. É evidenciado, como essas pinturas
artísticas é um fator determinante para a compreensão das estruturas daquela sociedade,
por ser m retrato do cotidiano da época retratada, exemplificando, a aparição dos
espanhóis logo no início das séries reafirma a hierarquia e a dominação desse grupo
social.
Na análise feita no artigo pode-se observar que geralmente termo “mestiços” é
designado para definir filhos de espanhóis com nativos, entretanto, é além disso, sendo
um fenômeno cultural, biológico e social, formador de uma nova sociedade. Outra
observação feita foi a de caracterizar grupos étnicos a partir apenas de uma perspectiva
cultural, porém, a definição de uma parcela da sociedade envolve um leque de
categorizadores como vestuário, moradia, estilo de vida e até mesmo valores morais. O
autor afirma como ideia de identidade étnico quatro fatores “atribuição categorial,
fronteiras do grupo, fixação dos símbolos identitários e a saliência”.
Ricardo Leme encerra afirmando que o quadro da mestiçagem é um recurso
capar de olharmos para a época colonial e compreender a realidade social por meio
desse artificio classificatório do homem e de suas relações. Ele alega como esse
mecanismo era uma forma de conservar a ordem social por meio de seu
desenvolvimento era possível relacionar a compreensão das diferenças raciais.

Você também pode gostar