Hidrodinâmica

É a parte da física que estuda os fluídos em movimento.

Nota:
•

Se não existir uma força constante de Regime Laminar módulo igual

Fluido ideal
ao atrito, o líquido para.
•

- Fluxo estacionário (ou laminar) - velocidade constante;

- Fluído incompressível, ρ = constante;
Caudal (Q):
- Fluído não viscoso, não havendo forças dissipativas (sem atrito);
• Quantidade de um líquido que escoa por unidade de tempo. É dado
- Fluxo não turbulento (nenhuma partícula no fluído apresenta
pelo volume de um líquido que flui por unidade de tempo. Define-se
movimentos de rotação).
como o produto da velocidade (v) do fluido pela área da secção (A):
Fluído compressível – a densidade do fluído varia, em movimento;
Fluído incompressível – a densidade do fluído não varia.
•
Em líquido ideais, a velocidade do
•
A simplificação de fluxo sem perdas energéticas por fricção muitas líquido é a mesma em toda a
vezes não pode ser assumida! secção de um tubo. O mesmo não
•
Os líquidos reais, têm resistência ao movimento e à deformação por se verifica para líquidos reais.
terem viscosidade ou atrito interno que resulta das forças de
atração de Van der walls, que existem entre as partículas do líquido
① A energia mecânica dos líquidos em movimento assenta nestes
e que se opõem aos movimentos relativos das moléculas vizinhas.
conceitos e pode ser explicada essencialmente por:
• Com o aumento da temperatura, a o Lei de Continuidade; o Teorema de Bernoulli; o Lei de Poiseuille.
energia cinética média das
moléculas torna-se maior e Lei da Continuidade:
consequentemente o intervalo de • Sistema numa situação estacionária (Q = constante), a massa do
tempo médio no qual as moléculas líquido que, por unidade de tempo, passa na secção 1 (m1) e na
passam próximas umas das outras secção 2 (m2) é dada por:
torna-se menor.
Assim, as forças intermoleculares são menos efetivas e a viscosidade

: diminui com o aumento da temperatura.

Regime Laminar ou estacionário para o caudal de um líquido é

caracterizado pelo facto das linhas de corrente de campo de
velocidade das partículas serem linhas que nunca se cruzam (linhas
paralelas umas às outras e ao recipiente/ tubo que contém o
líquido), a velocidade num ponto qualquer é constante em relação ao •
Assim, se entre as secções 1 e 2 se verificar a conservação da massa,
tempo. Num regime laminar, o interior de um líquido é constituído temos:
por lâminas muito finas, cilíndricas e concêntricas, deslizando umas
sobre as outras.
•
Considerando a área (A = πr2), temos:

Lei da Continuidade de líquidos

ideais

•
Numa situação estacionária, o volume de fluido que passa por
Regime Turbulento – o líquido não se move em linhas paralelas às unidade de tempo por qualquer secção reta de um tubo é constante.
do tubo mas de forma irregular, ocorrendo movimentos
perpendiculares ao eixo do tubo.
•
Havendo conservação da massa num tubo com estrangulamento, na
zona do estrangulamento (menor área de secção), o raio é menor
ão
nessa secção, correspondendo a uma menor área ao longo do
estrangulamento. Logo, para haver caudal constante, a velocidade é
proporcionalmente maior. Ou seja, considerando dois pontos, quando
entre um e outro, a área diminuiu, o aumento de velocidade é
diretamente proporcional à diminuição da área e à diminuição do
quadrado do raio.
Teorema de Bernoulli-Conservação da energia mecânica
Líquidos ideais, ou seja, líquidos sem atrito interno (onde não
ocorrem forças de coesão entre as moléculas - com viscosidade
nula), quando se deslocam num tubo cilíndrico, sem entradas nem
escoadouros, apresentam conservação da energia mecânica
(Emec) ao longo de todo o seu percurso (Emec = constante ao
longo do sistema). Nota: Energia calorífica desprezada porque não
há atrito.
As energias envolvidas são:
- Ec = 1⁄2 m v2 (Energia cinética, m= massa e v= velocidade);
- Epg = mgh (Energia potencial gravítica; g =aceleração da gravidade,
h= altura);
- Epp = PV (Energia potencial de pressão; P= pressão; V= volume).
Sendo um líquido ideal em deslocamento, a energia mecânica é
constante ao longo do deslocamento:
Ec + Epg + Epp = E mec total = Constante
•
O teorema de Bernoulli, traduz a aplicação do princípio da conservação
de energia a líquidos ideais em movimento.
• Considerando um sistema hidrodinâmico, percorrido por um caudal
constante, satisfazendo a lei da conservação da massa e da energia.
O Teorema de Bernoulli considera sempre dois pontos do sistema
entre os quais existe conservação da E mec.
•
Uma vez que ρ = m/v então, podemos ter as energias expressas por a A viscosidade (η) ou atrito interno é devido às forças de atração
unidade de massa ou volume, em que: internas (van der Walls) que se opõem aos movimentos entre
moléculas vizinhas.
• A unidade da viscosidade de um líquido, ou coeficiente de
viscosidade é o Poise.

Viscosidade e Temperatura
De um modo geral, a viscosidade de um líquido decresce com a
temperatura se não ocorrerem mudanças de estado ou alterações
químicas. Os líquidos tornam-se mais viscosos com a diminuição da
temperatura. Quando a temperatura corporal diminui, a viscosidade
do sangue aumenta, aumentando a resistência do fluxo (diminui
“Na situação ideal de um líquido sem viscosidade, a soma das energias
caudal), e há inativação dos sistemas enzimáticos de metabolismo
potencial e cinética de um líquido em movimento, expressas em unidade
(em casos de choque).
de massa ou volume, é constante, sendo o decréscimo de uma
acompanhado do correspondente aumento da outra, traduzindo a
aplicação da conservação de energia aos líquidos ideais.” Lei de Poiseuille
• Num fluxo em regime laminar, pode supor-se o líquido dividido em
Teorema de Bernoulli - Aplicações
camadas (lâminas) adjacentes, que deslizam umas sobre as outras e
✓ Este teorema pode ser aplicado ao sistema circulatório dos
não se misturam, paralelas entre si e cada camada possui a sua
animais para comparar pressões e velocidades em segmentos do
velocidade.
mesmo caudal.
Devido ao efeito da viscosidade, as lâminas de um fluído são
✓ Pode-se usar o teorema para saber se num segmento estreito da

:
movidas com velocidades
aorta: - A velocidade é maior que no segmento normal;
diferentes, quando se aplica uma
- A pressão contra a parede é menor.
força F tangente à área A. A
lâmina superior tem velocidade
NOTA:
maior que as demais.
Não se pode usar o Teorema de Bernoulli para comparar pressões
entre a artéria ilíaca esquerda, por exemplo, e a aorta, simplesmente
Quando o fluido circula em tubos cilíndricos, a velocidade é nula
porque o caudal não é o mesmo.
junto às paredes do tubo e é máxima no eixo do tubo. Entre a
Assim a equação de Bernoulli pode ser aplicada a segmentos de
parede do tubo e o eixo do tubo a velocidade varia
artérias ou veias com raios diferentes, mas com caudal igual.
progressivamente (de uma forma não linear, segundo uma equação
parabólica para cada secção cilíndrica – velocidade radial).

No caso dos líquidos reais:

•
O teorema de Bernoulli pode também aplicar-se a líquidos reais
como teorema da conservação da energia total (mecânica +
calorífica)
•
Esistema = Emec + Ecalorífica •
O movimento dos líquidos em tubos muito estreitos foi estudado por
Esistema = 1⁄2 v A + ghA + PA/ρ + 1⁄2 v B + ghB + PB/ρ + D1 Poiseuille que começou por considerar o movimento do sangue
2 2
•

D1 = Energia dissipada (atrito) através das veias e artérias do corpo. Designa-se por CAUDAL (Q)
de um líquido, o volume de líquido que atravessa uma secção do tubo
✓ O valor de viscosidade é diferente de zero (η ≠ 0). Existe atrito
por unidade de tempo (segundo):
interno, ou seja, as forças de coesão intermoleculares e a interação
entre as partículas do líquido não são desprezíveis; FÓRMULA DE POISEUILLE para o Caudal
✓O sangue está longe de ser um líquido ideal dado que tem uma R –raio do tubo;
viscosidade 2 a 4,5 vezes maior que a água. E a água já tem um l – comprimento do tubo;
determinado grau de viscosidade; ΔP - diferença de pressão nos extremos do tubo;
η - viscosidade
 Associação de resistências hidrodinâmicas
Associação em série:

•
A associação de resistências hidrodinâmicas da figura é percorrida
Aplicação da Lei de Poiseuille Sistema circulatório pela caudal Q.
•
Seja R1, R2, R3 e (P1 - P2), (P2 - P3) e (P3 - P4) os valores
Q (caudal) = área x velocidade –> v = Q/A destas e das correspondentes quedas de pressão através das
mesmas

•
Somando membro a membro as três anteriores, vem:
- Se o raio do tubo reduz para metade, mantendo constante os
restantes parâmetros, o caudal (fluxo) reduz 16x (vasoconstrição);
- A viscosidade do sangue aumenta em situações de hiperlipidemia e • A resistência equivalente de uma associação de resistências
diabetes mellitus (diminui o caudal);
hidrodinâmicas em série é a soma das resistências hidrodinâmicas
- A viscosidade do sangue diminui em situações de hipoalbuminemia e
anemia (aumenta o caudal);
Associação em paralelo
- À medida que aumenta o comprimento do tubo, aumentam as forças
de fricção (diminui caudal). ←
-

• Assim, o fluxo (Q) através de um vaso sanguíneo é determinado

principalmente por dois fatores:
• A diferença de pressão entre as duas extremidades de um vaso;
• A resistência vascular, que é o impedimento ao fluxo sanguíneo. •
A associação em paralelo de resistências hidrodinâmicas da figura tem
caudal total Q, e a diferença de pressão entre os extremos da
associação é P1 - P2
Resistência hidrodinâmica
⑤
Seja R1, R2 e R3, e F1, F2 e F3 os valores das respetivas
A lei de Poiseuille pode ser escrita da seguinte forma, possibilitando o
resistências e respetivos caudais
•

cálculo do fluxo: 𝑸 = 𝜟𝑷 (dines.s.cm-5) •

Para cada um dos Ramos podemos escrever:
𝑹𝒉
Q – fluxo sanguíneo; ΔP – diferença de pressão; R – resistência
hidrodinâmica (ou resistência hemodinâmica no caso da circulação
sanguínea)

• Somando estas expressões:

⑧
O equivalente a uma associação em paralelo de resistências
hidrodinâmicas, é igual à soma dos inversos das resistências da
associação
 Resistência da circulação sanguínea
Resistência Periférica Total (RPT) – é a resistência oferecida ao
caudal
sanguíneo por toda a rede vascular periférica;
Unidade de Resistência Periférica (URP) – é a resistência de um
sistema que, quando sujeito à diferença de pressão de 1 mmHg, é
atravessado por um caudal de 1 ml/s.
R= ΔP / Q (unidades: URP)
Fluxo sanguíneo (caudal): É a quantidade de sangue que passa num
determinado ponto da circulação, num determinado período de tempo.
Este normalmente é expresso em ml ou l/m ou ml/s.
Se o sangue se movimentar no sentido
de 1 para 2, logo a pressão em 1 terá
que ser superior à pressão em 2.
Nos capilares, a área total aumenta
muito logo, a velocidade do sangue
nos capilares vai diminuir
proporcionalmente.
Em 2, quando os capilares se voltam a juntar, há uma diminuição da
área, o que leva a um aumento da velocidade.
Nota
Em regime turbulento não se verifica a equação de poiseuille.
Número de Reynolds-Alteração do regime do caudal dos líquidos
•
Em termos físicos, o caudal de um líquido depende da competição
entre:
- forças de inércia associadas ao movimento do líquido (+++ regime
turbulento);
- forças de fricção resultantes da viscosidade do líquido, do atrito
interno (+++ no regime laminar).
⑧
Quando NR tem valor elevado, predominam forças de inércia (e o
fluxo é turbulento). Quando é baixo, predominam forças associadas
à viscosidade, e o fluxo é laminar
•
NR = 2000 (definido como ponto crítico)
•
NR < 2000 – caudal em regime laminar (predominam forças de
viscosidade, fricção)
• 2000 < NR < 3000 – regime intermédio (instável)
•
NR > 3000 - regime turbulento (+++ forças de inércia)
•
Para um mesmo caudal, se o raio diminuir, a velocidade critica vai
aumentar, uma vez que é inversamente proporcional ao raio! Acima
de uma velocidade critica, o fluxo laminar ordenado, é perturbado e
transforma-se em fluxo turbulento.
Caudal crítico (Qc) = A x Vc
: =πR2 xKx1/R
= (πK) x R
Pela equação podemos verificar que o caudal crítico varia em
proporcionalidade direta com o raio.
Complacência dos vasos sanguíneos
A complacência ou capacidade (C) de um vaso sanguíneo é definida
:
como sendo a quantidade total de sangue (ΔV) que pode ser
armazenado numa porção do vaso (ou zona do sistema circulatório)
por cada mmHg que se incremente, isto é, por unidade de variação de
pressão (ΔP).
C= ΔV/ ΔP
A complacência de um vaso ou sistema está relacionada com o seu
tamanho e com a elasticidade das suas paredes (quanto maior o seu
volume inicial e a elasticidade das suas paredes, maior a
complacência).
•
As veias têm uma maior complacência que as artérias,
desempenhando um papel crucial no armazenamento de quantidades
extra de sangue (reservatórios de volume) e no rápido controlo do
débito cardíaco. As artérias são reservatórios de pressão.
• A complacência dos vasos está relacionada também com a sua
•
composição e estrutura (variações nas quantidades de elastina,
musculo e colagénio).
Pressão Sanguínea
pressão sistólica: Maior pressão nas artérias sistémicas, verificada
quando o sangue é impulsionado na aorta (SÍSTOLE). é determinada
quando o primeiro som é escutado - diminuição da pressão do cuff
abaixo da pressão sistólica;
pressão diastólica: Menor pressão verificada durante a fase de
repouso do coração (DIÁSTOLE). é determinada na ausência de
som - diminuição da pressão do cuff abaixo da pressão diastólica.