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Bobby Jamieson – Porque Você Não Pode Mudar Sua Igreja (1/4)

Parece que pelo menos uma vez por mês eu recebo um email de um membro de igreja — não um pastor —
perguntando como ele pode mudar sua igreja. Não “mudar” no sentido de imprimir os boletins em um
papel diferente, mas no sentido de reformular a estrutura de liderança da igreja e as práticas de
membresia. Deve essa pessoa dar ao pastor alguns livros? Convocar uma reunião? Começar um grupo de
estudo?
Se você está nesta situação, o que você pode fazer? Como você pode mudar sua igreja quando você não é
o pastor?
A resposta curta é: você não pode. Se você não é o pastor, você não pode mudar sua igreja. De verdade.
É sério. Sem retratação de surpresa esperando de sobreaviso.
Agora, eu sou congregacional, então é claro que eu creio que a igreja pode — e deve — demitir seu pastor
se ele começa a ir aonde a Bíblia não vai. O pastor não tem a autoridade final; a congregação como um
todo tem.
Mas à parte dessas vezes excepcionais, se você não é a pessoa que está formalmente encarregada de
pregar a Palavra e liderar a igreja, então você não pode mudar sua igreja de nenhuma maneira
fundamental. Isso se aplica quase de maneira igual a um pastor que não é o pregador primário da igreja.
(Estou me referindo primariamente a “o pastor” uma vez que a maioria das igrejas possui apenas um.)

Por que você não pode mudar sua igreja — ou seu pastor
Por que você não pode mudar sua igreja se você não é o pastor? Eis aqui quatro razões.

1. A Palavra Causa Mudança


A Palavra de Deus é o que vivifica, concede poder, ilumina, e transforma o povo de Deus. A Palavra de
Deus é o que causa mudança na igreja. Isso se aplica tanto para práticas de adoração e estrutura de
liderança quanto para santidade pessoal.
Portanto, a pregação que toda a igreja ouve semanalmente é a força mais importante moldando a igreja. O
púlpito é a fonte de mudança. Se você não é responsável pelo púlpito, você simplesmente não pode
conduzir uma mudança que afetará toda a igreja.

2. Influência, Ofício, e o Ministério da Palavra


Deus ordenou que as igrejas se submetam — confiem, sigam — seus presbíteros (Hebreus 13:17; 1 Pedro
5:5). Através de seu ensinamento e caráter piedoso, os presbíteros devem servir de exemplo ao rebanho
(1 Pedro 5:3). Sua fiel exposição bíblica e suas vidas piedosas e transparentes devem multiplicar sua
influência e autoridade na igreja.
Em outras palavras, quando o Espírito Santo nomeia presbíteros em uma igreja (Atos 20:28), é como se
ele os colocasse em um palco diante da igreja, acendesse um refletor sobre eles, e dissesse: “Sigam estes
homens!”. Então, se você não é um desses homens, por que a igreja seguiria você?
Mais do que isso, se você está tentando conduzir a igreja em uma direção diferente do que seus líderes
nomeados querem levá-la, por que a igreja deveria confiar em você ao invés de seus próprios presbíteros?
Neste caso você está trabalhando em oposição à natureza de como Deus deseja que a igreja seja guiada.
Você está se intrometendo na maneira que Deus estabeleceu para direcionar seu povo.
Esse tipo de reforma intrometida é de alguma maneira justificável? Claro. Mas não se apresse ao invocar
Lutero.
Ao invés disso, reconheça como Deus uniu o ofício de presbítero (pastor), o ministério da Palavra, e a
influência pastoral. Se você está tentando liderar uma igreja a uma direção que seus próprios presbíteros
não querem ir, isso provavelmente não é reforma, mas desejo de divisão.

3. Você Não Pode Ensinar a um Velho Pastor Novos Truques


Terceiro, você não pode ensinar a um velho pastor novos truques.
É claro que um homem piedoso e humilde continuará a crescer e aprender. E de vez em quando, um
pastor experiente passará por uma transformação filosófica. Mas a visão da maioria dos pastores em sobre
assuntos como pregação, liderança e estrutura eclesiástica não estão disponíveis para qualquer um
questionar. E se a posição do pastor não vai mudar, a igreja não vai mudar.
Isso é frequentemente uma função dos limites da imaginação pastoral. Se um pastor batista ouviu apenas
presbiterianos chamarem os líderes eclesiásticos de “presbíteros”, você provavelmente não conseguirá
convencê-lo de que isso é bíblico. Ele simplesmente não pode imaginar que isto está certo. E se um pastor
nunca foi parte de uma igreja que levava membresia a sério, então “limpar o rol” parecerá tão sábio
quanto golpear um vespeiro — só dor, nenhum ganho. Ele não consegue visualizar o objetivo no lado
oposto da bagunça, e então ele não é compelido a dirigir através da bagunça para chegar lá.
Muitos pastores lideram o ministério da única maneira que eles conhecem. É a única maneira que eles
foram treinados, a única maneira que eles viram modelada, a única maneira que eles confiam. Então, em
geral, você não pode mudar seu pastor.

4. Absalão ao Portão
Por último, vamos dizer que após desistir de tentar mudar o pastor, você ainda tente mudar sua igreja a
partir de seu lugar no banco. Qual será a colheita?
Eu diria que o que quer que você faça irá quase inevitavelmente ter um efeito duplo: em alguma medida
você irá enfraquecer os líderes e dividir a igreja.
Vamos dizer que você seja muito amado na igreja e é, informalmente, um líder influente. Se as pessoas
começam a unirem-se a você e suas ideias, isso irá debilitar a confiança, a afeição e a lealdade ao(s)
pastor(es) delas. Você será Absalão ao portão, ganhando os corações do povo e afastando-os de seu pai
Davi. Independentemente dos méritos supostamente justos de sua causa, você estará enfraquecendo o(s)
homem(ns) que o Espírito Santo nomeou para pastorear o corpo.
E você irá dividir a igreja. Uma vez que concordar com você é discordar do pastor, você não deixará outra
escolha para as pessoas senão dividirem-se em duas facções. Ao invés de reformar a igreja, você estará
encubando uma divisão de igreja.

Exceções? Próximos passos? Próximos três artigos


Existem exceções a isto? É claro que há, apesar da maioria fazer parte da regra.
E se você é um membro de uma igreja que precisa urgentemente de reforma, há alguma coisa que você
possa fazer para ajudá-la a andar na direção certa, mesmo não sendo pastor? É claro que há. Eu estou
dizendo que você não pode virar o barco 180 graus. Não estou dizendo que você não pode trabalhar por
uma mudança menor e gradativa ou tentar gentilmente influenciar seu pastor.
Eu abordarei estes pontos, se for da vontade do Senhor, em mais três artigos nas semanas seguintes.
Por agora, apenas abaixe a arma de reforma eclesiástica, afaste-se lentamente, e ninguém se machuca. E
então vá agradecer a Deus por sua igreja, ainda que ela precise de reforma, assim como eu e você
precisamos.
 
Quando você pode mudar sua igreja? (2/4)
Em meu post anterior eu argumentei que, em geral, se você não é o pastor de sua igreja, você não pode
mudá-la de nenhuma maneira fundamental. E eu admiti que há exceções, ainda que a maioria delas
apenas prove a regra. Este post dedica-se às exceções, uma vez que reconheço que muitos leitores de fato
encontrarão a si mesmos em situações excepcionais.
Em meus próximos dois posts após este, eu planejo focar no que você de fato pode fazer na maioria das
circunstâncias para mudar sua igreja, mesmo que você não seja o pastor. Mas, por ora, as exceções.

Exceção Genuína 1: Quando Você Deve Mudar Sua Igreja


A primeira exceção é se sua igreja está se arrastando para erros doutrinários sérios, como negar a
Trindade, ou a inspiração e a autoridade das Escrituras, ou a salvação pela graça de Deus somente através
da fé somente. Se esse é o caso, você não apenas pode, mas deve trabalhar para mudar sua igreja.
Em Apocalipse 2, Jesus responsabiliza igrejas locais inteiras pelo que elas fizeram com os falsos mestres
(Apocalipse 2:2, 14, 15, 24). Se elas expulsaram os falsos mestres, Jesus as elogia. Se elas toleraram os
falsos mestres, Jesus as condena.
Portanto, no fim das contas, é responsabilidade da igreja local como um todo defender a sã doutrina. Isso
significa que se sua igreja começa a negar as doutrinas principais, você pessoalmente tem a obrigação de
fazer algo a respeito.
O que você irá fazer dependerá de quem está ensinando o que, e da magnitude do erro. Certamente se um
pastor está ensinando um grande erro doutrinário, ele precisa ser removido do púlpito. Se outros líderes
eclesiásticos oficialmente reconhecidos podem levar a igreja a tomar esta atitude, bom. Se não, as coisas
podem ficar mais feias, mas você ainda tem a obrigação de se livrar de um mestre que está seriamente se
afastando das Escrituras.
Então, se esta é a situação, ore por sabedoria. Ore por união no meio da igreja. Ore para que a verdade
revele o erro. E, em oração, comece o trabalho de remover o pastor infiel e encontrar um pastor mais fiel.

Exceções às Exceções
Então, essa é uma exceção genuína à ideia de que você não pode mudar a igreja se você não for o pastor.
Há outra que eu mencionarei ao final. Mas, primeiro, eis aqui alguns cenários que podem parecer
exceções, mas não são.

1. “Precisa-se de Ajuda”
Primeiramente, em meu post anterior eu não quis dizer de nenhuma maneira que membros individuais de
igreja não podem contribuir de nenhuma maneira significante na reforma em andamento de uma igreja. O
exato oposto é verdadeiro: a reforma da igreja tem de ser enraizada em toda a membresia, do contrário,
não é reforma nenhuma.
Para ser específico, vamos dizer que você é parte de uma igreja que está no processo de ser reformada ou
revitalizada. E vamos dizer que você concorda com os líderes de sua igreja sobre os problemas da igreja e
as soluções a serem buscadas. Você pode trabalhar para mudar sua igreja nesta situação? É claro! Você
pode tomar a iniciativa e encabeçar alguns dos esforços sob a direção do(s) pastor(es)? É claro!
Em outras palavras, se um pastor bíblico e com uma mentalidade de reforma pendura uma placa de
“Precisa-se de Ajuda”, dê uma mão de todas as maneiras.
Nesta situação, no entanto, você não está trabalhando para mudar a direção da igreja, mas ajudando a
colocá-la na direção que os líderes já estão apontando. Você não está trabalhando contra os líderes, mas
com os líderes. E seu trabalho como membro de igreja é absolutamente crucial.

2. Ele Parece Aberto a Mudanças…


Às vezes, os pastores parecem ser genuinamente abertos a mudanças. Eles falam sobre querer ir por uma
nova direção. Talvez tenha adquirido um novo conjunto de influências, lido alguns livros novos, descoberto
um novo modelo. Às vezes, isso levará a uma mudança concreta, e nesse caso nós voltamos ao primeiro
cenário.
Mas, às vezes, os pastores podem desejar mudança, ou concordar com a necessidade teórica de mudança,
sem de fato se comprometerem a liderar tal mudança. Ocasionalmente os pastores serão abertos a
aconselhamento, e irão até agradável e gentilmente concordar com um membro que esteja pressionando
para uma nova direção. Mas eis o problema: se o pastor não estiver disposto a liderar a mudança
pessoalmente, tal mudança nunca alcançará toda a igreja.
Se uma igreja irá mudar, isso vai custar mais ao pastor do que a qualquer um. O pastor terá de ensinar
publicamente. Ele terá de iniciar reformas práticas. Ele terá de responder a perguntas. E o que é mais
custoso: ele terá de estar disposto a tomar alguns socos, irritar alguns membros mais antigos, e
geralmente tornar as coisas muito mais difíceis para ele mesmo para que possa ver a mudança acontecer.
Se o pastor não está disposto a fazer tudo isso, nenhum membro poderá obrigá-lo. Se o pastor não está
convencido de que ele deve mudar a direção da igreja, você não pode colocar consciência na cabeça dele.
Se o pastor não está disposto a liderar a mudança, você não pode jogá-lo para a frente público e sussurrar
para ele o roteiro.
Resumindo, só porque o pastor parece ser aberto a mudanças, não significa que ele — ou a igreja — irá de
fato mudar.

3. Liderando a Partir da Segunda Cadeira


E se você for um pastor de uma igreja, mas não é o pregador principal?
Primeiramente, deixe-me afirmar que todos os pastores ou presbíteros de uma igreja compartilham
igualmente a responsabilidade de liderar e direcionar a igreja. Isso significa que se há um “pastor
presidente”, ele deveria perder votos entre os presbíteros regularmente, e deveria agradecer a Deus por
dar à igreja mais sabedoria do que há nele mesmo.
Em segundo lugar, no entanto, na maioria das igrejas há apenas um homem que faz a maior parte das
pregações, e que possui uma quantidade correspondente de autoridade pastoral informal. E, como eu disse
em meu primeiro post, a maior parte das convicções dos pastores encarregados da pregação sobre
assuntos fundamentais de eclesiologia e ministério não são cimento fresco. Além disso, falando de maneira
prática, o “pastor presidente” terá de não apenas concordar com quaisquer mudanças que você propuser,
mas de alguma maneira encabeçá-las. Então voltamos à segunda situação.
Moral da história, você não pode liderar uma mudança a partir da segunda cadeira. Isso plantará sementes
de divisão e azedará seu relacionamento com seu colega pastor.

Exceção Genuína 2: A Igreja Abomina um Vácuo


Por fim, apesar disso, há pelo menos mais uma exceção genuína que eu posso ver: um vácuo de liderança.
O que eu primariamente tenho em mente aqui é uma igreja que, por qualquer razão que seja, não possui
um pastor formalmente reconhecido, principalmente se um pastor saiu recentemente.
Na ausência de um líder (ou líderes) visível e universalmente reconhecido, a direção da igreja estará
verdadeiramente e bem disponível para ser tomada. E se há um vácuo de liderança na igreja,
então alguém intervirá e o preencherá.
Portanto, os membros da igreja que são qualificados para liderar e são comprometidos com uma reforma
bíblica deveriam tentar, assim como no xadrez, conquistar o meio do tabuleiro. Eles devem assumir
encargos de liderança, gentilmente definir novas trajetórias, construir um consenso sobre prioridades
bíblicas, evitar objetivos inúteis, e trabalhar para chamar um pastor que irá pregar e liderar fielmente.
Podemos chamar este movimento de “reforma da igreja a partir da base”. Estas situações são raras, e são
certamente complicadas. Mas já foi feito, e quando Deus se compraz em abençoar o trabalho, os frutos
podem ser impressionantes.

Mais Pela Frente


Quer você esteja em uma destas situações excepcionais ou não, oro para que Deus lhe dê sabedoria para
discernir como melhor servir, fortificar, e unificar sua igreja local, independentemente de como você pode
ou não ser capaz de mudá-la.
E se você está em uma igreja que precisa mudar, mas você parece não ter poder nenhum de mudá-la,
continue sintonizado. Em meus próximos dois posts, eu tentarei oferecer algumas sugestões práticas sobre
como membros de igreja podem mudar quase qualquer igreja para a melhor, e também sobre como viver
com aquilo que você não pode mudar.

Como Mudar Sua Igreja (3/4)


Como Mudar Sua Igreja
Primeiro, um princípio geral: encontre o máximo de denominadores comuns que você puder com sua igreja
e seus líderes, e invista o máximo de energia que puder trabalhando nestes denominadores comuns.
Se você discorda dos líderes de sua igreja sobre a eleição, pelo menos você concorda com eles que as
pessoas precisam crer no evangelho e serem salvas — então evangelize. Se você discorda da abordagem
programática da igreja ao ministério, pelo menos você concorda que programas são feitos para servir as
pessoas e ajudá-las a amadurecer em Cristo — então sirva aos outros e faça discípulos, quer seja através
de um programa ou não.
Meu ponto é que é fácil ficar fixado nos 10 por cento que você discorda e ignorar os 90 por cento que você
concorda — e as maneiras incontáveis que você pode alegremente ministrar junto baseando-se nestes 90
por cento. E se for mais uma divisão de 50-50? Eu vou abordar isso brevemente no meu post final desta
série.
Agora vamos a algumas especificações. Eis aqui vários ministérios que a maioria das pessoas na maioria
das igrejas podem exercitar que devem, pela graça de Deus, ajudar a igreja a crescer em saúde.

1. O Ministério do Banco
Primeiro, o ministério do banco. (Eu incentivaria você a dar uma olhada no  excelente artigo* de Colin
Marshall sobre o assunto). A ideia básica aqui é que toda reunião da igreja é uma oportunidade de servir
aos outros. É uma oportunidade de dar as boas vindas a um visitante, de compartilhar o evangelho com
um não-cristão que veio com um amigo, de ajudar a fazer as coisas acontecerem nos bastidores, de
descobrir e carregar os fardos dos outros, e de provocar o amor e as boas obras nos outros (Hebreus
10:24-25).
 Então deixe de ser um consumidor e passe a ser um produtor. Não veja a igreja como um tempo para
experiência religiosa particular, mas como uma oportunidade rara e preciosa de servir tantas pessoas em
tão curto tempo.
Se sua igreja sofre da síndrome dos 20/80 — 20 por cento de pessoas fazem 80 por cento do trabalho —
então seu ministério do banco não vai apenas ajudar ministérios necessários a serem realizados, mas
também dar um exemplo para que os outros sigam. Com o tempo, quem sabe quantas pessoas você
poderá discipular a cumprir um serviço mais ativo e altruísta na igreja? Mais sobre isso abaixo.
Finalmente, esse tipo de serviço silencioso, diligente e de iniciativa é justo o tipo de coisa que, com o
tempo, ganha respeito, confiança, e às vezes até mesmo ouvidos para novas ideias.

2. O Ministério da Comissão de Indicação


Segundo, o ministério da comissão de indicação. Obviamente, poucas pessoas terão a chance de sentar em
uma comissão de indicação pastoral. (Na verdade, eu não penso que as igrejas deveriam sequer ter
“comissões de indicação”, mas esta é outra história* — e nós temos de fazer o que podemos com o que
temos). Mas se sua igreja está em necessidade de um pastor principal de pregação, não há maneira mais
estratégica de mudar sua igreja do que trabalhar para chamar um fiel e piedoso expositor da Palavra.
Em uma comissão de indicação, um pouco de liderança pode ir longe. Então sugira que você comece com a
recomendação de um pastor confiável ao invés de carregar montes de currículos. Isso pode obter
aprovação, mesmo que apenas por reduzir a carga de trabalho da comissão. E proponha uma lista bíblica
de qualificações e prioridades logo no início. Isso pode colocar o foco da comissão na direção certa, e
também ajudar a prevenir preferências antibíblicas de detonar a candidatura de um homem piedoso e
qualificado.
Mas meu ponto principal é: seja lá como você possa influenciar de maneira lógica na escolha do próximo
pastor de sua igreja, faça. Claro que nem todos terão a oportunidade de estar na comissão de indicação,
mas na maioria das igrejas, cada membro terá algum tipo de opinião sobre quem o próximo pastor será.
Então administre — e manobre — esta responsabilidade com sabedoria.

3. O Ministério da Oração
Terceiro, o ministério da oração. Ore a Deus pelo presente que é sua igreja. Adore-o por seu maravilhoso
plano de chamar para si um povo para sua glória, e sua promessa de nunca deixar sua igreja ou deixar
Satanás vencer sobre ela.
E, ainda mais ao ponto, dê graças por sua igreja. Ações de graça puxam a amargura e a reclamação pelas
raízes — e se você apaixonadamente quer mudar sua igreja, estas tentações estarão sempre à espreita.
Então dê graças por cada evidência da graça de Deus na igreja que você possa imaginar.
Confesse seus próprios pecados, as maneiras pelas quais você foi injusto com a igreja. E interceda por sua
igreja. Peça a Deus para dar a toda sua igreja discernimento, amor, unidade, humildade, paciência. Peça a
Deus para dar aos seus líderes sabedoria e coragem. Peça a Deus para cultivar na sua igreja o
entendimento e a obediência à sua Palavra. Ore constantemente. E confie que Deus irá trabalhar.
Você pode não ser capaz de mudar sua igreja, mas Deus é. Então ore.

4. O Ministério do Discipulado Pessoal


Quarto, o ministério do discipulado pessoal. Ao invés de se concentrar no que está errado com “a igreja”,
concentre-se em como você pode ajudar membros individuais da igreja a crescer em graça.
Você pode mudar sua igreja ajudando membros a crescerem em seu entendimento das Escrituras, do amor
de Cristo, do amor pela igreja, do serviço às suas famílias, da ousadia no evangelismo, e mais.
E você não precisa pedir a permissão de ninguém para começar a discipular. Apenas comece a buscar o
bem espiritual dos outros. Construa relacionamentos que sejam centralizados em ajudar uns aos outros
mutuamente a crescer em Cristo. Leia livros da Bíblia com outros membros da igreja depois do almoço ou
no fim de semana. Faça perguntas de exame espiritual e dê o exemplo aos outros através de sua própria
transparência e humildade.
Em suma, talvez a única maneira mais efetiva pela qual você pode mudar sua igreja é pessoalmente
ajudar aos outros a serem conformados à imagem de Cristo.

5. O Ministério do Exemplo Pessoal


Quinto e último, o ministério do exemplo pessoal. Uma das maneiras mais efetivas de mudar uma igreja é
crescer constantemente em Cristo e deliberadamente servir como modelo para os outros. É claro que isso
anda de mãos dadas com o discipulado.
Você pode não ser capaz de mudar a estrutura de liderança de sua igreja, mas você pode servir de
exemplo de submissão humilde aos seus líderes e tornar o trabalho deles uma alegria (Hebreus 13:17).
Você pode não ser capaz de converter seu pastor para a pregação expositiva, mas você pode ser modelo
de um amor infeccioso pelas Escrituras que respingue sobre os outros.
Você não quer servir de modelo de uma maneira que crie uma pequena tropa de discípulos que são mais
devotos a você do que à igreja. Ao invés disso, seu exemplo deve ter justamente o efeito contrário. Sua
vida deve ser tamanho modelo de serviço fiel que constrói unidade na igreja, que o que as outras pessoas
aprendem de seu exemplo não é apenas como crescer em piedade pessoal, mas como ser um bom
membro de igreja.
Em outras palavras, você deve ser o tipo de exemplo que, se todos na igreja o seguissem, você tornaria
sua igreja mais saudável, mais unida, e mais comprometida com o bem do outro.

Mais Uma Ponta Solta


Você pode não ser capaz de mudar tudo o que quiser em sua igreja, mas penso que esta lista é mais do
que suficiente para manter a maioria de nós ocupados.
Há ainda uma ponta solta que eu quero amarrar: como você lida com humildade e contentamento com
uma igreja que tem sérios problemas e que provavelmente não irá mudar? Eu posso oferecer apenas a
mais breve e geral de todas as respostas, mas espero fazer isso no meu post final desta série.

Como Viver Com o Que Você Não Consegue Mudar (4/4)


Vivendo com o que você não consegue mudar
Obviamente, você não deve viver com heresias ou erros doutrinários importantes. Então se sua igreja
começar a se desviar seriamente dos trilhos teológicos, trabalhe para trazê-la de volta ao curso. E se ela
deixa o caminho por completo, sem chance real de reforma adiante, você realmente não tem escolha
senão deixá-la.
Mas vamos dizer que você está em uma igreja que é basicamente sã doutrinariamente, mas que possui
uma hoste de pequenos, porém sérios, problemas. E não parece que estes problemas irão embora tão
cedo.
Basicamente, você tem duas opções: sair pacificamente, ou permanecer alegremente.

Sair Pacificamente…
A decisão de sair ou não dependerá em parte se há outra igreja significativamente mais saudável na
proximidade. Isto não é tudo, mas uma parte necessária.
Se vice decidir sair, preserve a unidade em sua saída. Fale caridosamente e sem muitos detalhes sobre as
razões de sua saída. Fale tão bem quanto possível sobre sua atual igreja e seus líderes. Trabalhe
antecipando seu movimento para minimizar qualquer dano relacional ou tensão ministerial que sua partida
possa causar. E ore por seu coração, por seus líderes, e por toda a igreja. Não deixe que a amargura lhe
acompanhe até a porta, ou que ela seja o presente de despedida que você deixa para trás.
Mas a decisão de sair também depende de com o que você decide que pode e não pode conviver. Pense
cuidadosamente sobre prioridades teológicas — quais doutrinas são mais centrais, importantes, e
praticamente significantes que outras. Pense cuidadosamente sobre questões de preferência versus
princípio bíblico, estilo versus substância. Busque aconselhamento. Determine em oração onde está seu
limite. E se o limite for claramente ultrapassado, saia pacificamente.

…ou Permaneça Alegremente


Mas se você decidir ficar, seja porque você livremente decidiu que você pode viver com o que você não
consegue mudar, ou porque não há outro lugar para ir, permaneça alegremente.
Aqui há algumas maneiras de fazer isso:
1. Seja Leal ao Seu Pastor
Primeiramente, seja leal ao seu pastor. Seja um membro fiel, submisso, humilde e apoiador. Expulse o
pensamento de que sua lealdade e submissão dependem de seu pastor concordar com você em cada ponto
doutrinário ou prático. Não deixe que suas discordâncias teológicas ou práticas transformem-se em
justificações para desobedecer aos mandamentos bíblicos de submeter-se a seus anciãos e estimá-los no
Senhor (Hebreus 13:17; 1 Tessalonicenses 5:12-13).
Em outras palavras, seja um verdadeiro amigo de seu pastor. Carregue seus fardos. Ore por ele.
Seja por ele. Silencie as fofocas e reclamações dos outros sobre ele com sua própria apreciação alegre
dele. E deixe que ele saiba pessoalmente que você o ama e o apoia.
2. Declare o Que Há de Bom na Igreja, Especialmente na Pregação
Segundo, declare tudo o que você puder sobre o ministério de sua igreja, especialmente na pregação de
seu pastor. Por “declarar” quero dizer dar encorajamentos verbais específicos, tanto a seu pastor quanto a
outros membros.
Quando você foi particularmente encorajado pela exposição que seu pastor fez das Escrituras em um
sermão, conte para ele, e diga o porquê. Mostre a ele que seu ministério está cultivando frutos na sua
vida. Isso será bom para sua alma e para a dele.
3. Não Provoque Descontentamento Entre Membros
Terceiro, não provoque descontentamento entre membros. Se você desenvolveu convicções que vão além
das de seu pastor — por exemplo, sobre a soteriologia reformada ou pregação expositiva — seja muito
cauteloso e cuidadoso sobre como você fala para os seus comembros sobre elas. A última coisa que você
quer é plantar sementes de descontentamento ou começar convocar pessoas em torno de suas ideias e
contra o seu pastor.
4. Seja Atrativamente Piedoso
Quarto, seja atrativamente piedoso. Embriague-se das Escrituras e da oração. Faça da obediência a Jesus
sua principal ambição. Seja uma fonte de saúde bíblica e vida bíblica que transborda para outros.
5. Vista-se de Amor
Finalmente, sobre todos estes, vista-se de amor. Seja paciente com seus irmãos. Discipline-se a não
reclamar e criticar. Domine não apenas sua língua, mas seu espírito. Tenha alegria tal nas boas coisas que
Deus está fazendo em sua igreja que sobre pouco espaço para depressão descontente.
Em outras palavras, ame a sua igreja porque Cristo ama a igreja e deu a si mesmo por ela (Efésios 5:25).
Ame a sua igreja não porque eles sejam amáveis, mas porque eles são amados (Deuteronômio 7:7-8). E
se Deus pode amar a sua igreja apesar de tudo o que pode haver de errado com eles, você também pode.

Por Bobby Jamieson. Copyright © 2012 9Marks. Website: 9marks.org. Original: How to Live with What


You Can’t Change (Part 4 of 4)
Tradução: voltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer
formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o
utilize para fins comerciais.

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nao-consegue-mudar-44/#ixzz2BvDwomeZ

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