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Segurança e

Medicina do Trabalho
Material Teórico
Segurança do Trabalho

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Me. Jacqueline Mazzoni

Revisão Textual:
Profª. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
Segurança do Trabalho

• Evolução Histórica do Conceito de Segurança do Trabalho;


• Definições e Considerações sobre o Conceito;
• Fatores a Serem Observados na Segurança do Trabalho;
• Mapa de Riscos.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Verificar os principais marcos históricos necessários para se compreender o conceito de
segurança e as origens da segurança no Brasil;
• Identificar perigo e avaliar riscos a partir de procedimentos que visam à segurança e à
promoção da saúde do trabalhador;
• Definir de que forma os trabalhadores percebem os riscos a que estão expostos no
ambiente de trabalho.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Segurança do Trabalho

Contextualização
Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca do tema Seguran-
ça do Trabalho, assistindo ao vídeo “Segurança para mim e você”, que demons-
tra, de forma espirituosa, as condições e fatores que afetam o bem-estar dos
trabalhadores no local de trabalho.
Explor

Animação: Segurança para mim e você, disponível em: https://youtu.be/CsN7y_Pjak8

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Evolução Histórica do Conceito
de Segurança do Trabalho
Iniciaremos esta unidade falando sobre o surgimento do conceito de segurança,
através de um resumo histórico da evolução da segurança do trabalho no mundo e
da forma como surgiu no Brasil.

De acordo com CARDELLA (2010), podemos resumir assim:


• Hipócrates (460 a 375 a.C.), mestre em medicina, em seu tratado “Ares, água
e lugares”, descreveu a “intoxicação saturnina” sofrida por um minerador, po-
rém com total omissão dos aspectos relacionados ao ambiente de trabalho.
• Geogius Agrícola publicou seu livro, em latim, De re Metallica (1556), que
abordava os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre os minei-
ros, os quais, pela descrição, estavam relacionados à extração de minerais e à
fundição de prata e ouro. Tratava-se de casos de silicose, chamada, na época,
de “asma dos mineiros”.

O médico italiano Bernardino Ramazzini di-


vulgou, em 1700, sua obra clássica, De morbis
articum diatriba (As doenças dos trabalhadores),
na qual descreveu doenças que ocorriam com tra-
balhadores em mais de 50 ocupações diferentes,
fazendo, sempre, as perguntas: qual é a sua ocu-
pação? O que você faz? Assim, relacionava a
patologia encontrada com a ocupação do traba-
lhador. Hoje, poderíamos interpretar essas per-
guntas da seguinte forma: “Diga qual o seu tra-
balho, que direi os riscos a que está sujeito”. Por
essa obra, Ramazzini recebeu o título de Pai da Figura 1 – Bernardino Ramazzini
Medicina do Trabalho. Fonte: Wikimedia Commons

• No século XVIII, teve início, na Inglaterra, a Revolução Industrial, outro


marco na evolução da legislação sobre as doenças ocupacionais, pois o ho-
mem começou a ser substituído pela máquina, que passou a ser operada por
mulheres e crianças. Aliadas a esse fato, as tarefas a serem executadas pelo
trabalhador eram repetitivas, o que levou a um crescente número de acidentes;
• Em 1802, na França, foi promulgada a “lei de saúde e moral dos aprendizes”,
primeira lei de proteção aos trabalhadores, que previa jornada máxima de 12 ho-
ras de trabalho diário, proibia o trabalho noturno para crianças e obrigava as em-
presas a fazer a lavagem das paredes duas vezes por ano. Essas medidas foram
ineficazes no que diz respeito à redução do número de acidentes de trabalho;
• Em 1831, Michael Sadler, apresentou à Comissão instalada para analisar a
situação dos trabalhadores, um relatório sobre doença ocupacional, descre-
vendo que homens e mulheres, meninos e meninas encontravam-se doentes,

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UNIDADE Segurança do Trabalho

­deformados, abandonados. O impacto desse relatório sensibilizou tanto a opi-


nião pública que, em 1833, surgiu a primeira legislação eficiente para a pro-
teção do trabalhador, o “Factory Act”, que foi considerada como a 1ª Lei de
Proteção ao Trabalhador;
• Nos Estados Unidos da América, onde a industrialização desenvolveu-se mais
tarde, surgiu o primeiro ato governamental visando à prevenção de acidentes
na indústria. Foi em 1837 que Benjamim Macredi publicou “Leis sobre a Prote-
ção do Trabalho”, as quais exigiam a utilização de protetores visando amenizar
os problemas aos quais os trabalhadores eram submetidos;
• Em 1919, após a Primeira Grande Guerra Mundial, como parte do tratado de
Versalhes, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com
sede em Genebra, que substituiu a Associação Internacional de Proteção Legal
ao Trabalhador;
• No Brasil, em 1919, surgiu o primeiro decreto legislativo de proteção ao traba-
lho, sob o número 3.724, por meio do qual foi aprovada a 1ª Lei de assistência
médica e indenização para acidentes do trabalho. Em 1º de maio de 1943,
dia do Trabalhador, o ápice das manifestações e o início da busca por uma
maior expectativa de vida foi marcado pelo Decreto Lei nº 5.452, assinado
pelo Presidente Getúlio Vargas, aprovando a Consolidação das Leis Trabalhis-
tas (CLT). Em 1970, de acordo com dados estatísticos internacionais, o Brasil
aparecia como “campeão” mundial de acidentes do trabalho. Em 1972, inte-
grando o Plano de Valorização do Trabalhador, o governo federal decretou a
portaria nº 3237, que criou o Serviço Especializado em Segurança e Medicina
do Trabalho (SESMT), que tornou obrigatórios, além dos serviços médicos, os
serviços de higiene e segurança em todas as empresas em que trabalham 100
ou mais pessoas. Em 22 de dezembro de 1977, foi sancionada a Lei nº 6.514,
que altera o Capítulo V da CLT, que trata exclusivamente da Segurança e da
Medicina do Trabalho. Em 08 de junho de 1978, foi editada a Portaria 3.214,
que aprova as Normas Regulamentadoras (NR), relativas à Segurança e Medi-
cina do Trabalho, do Capítulo V do Título II, da CLT, que obriga às empresas
o seu cumprimento. Essas normas abordam vários problemas relacionados ao
ambiente de trabalho e à saúde do trabalhador. Podemos considerá-las como a
“bíblia” do profissional da área de Segurança do Trabalho.

Para saber mais sobre a Lei 6.514, acesse o link: http://bit.ly/2ZTOg96


Explor

Para conhecer todas as NRs atualizadas, acesse o link: https://bit.ly/2m41Qo9

Importante! Importante!

Um marco importante foi a nova Constituição Federal de 1988, cujo capítulo II, incisos
XXII,XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe, especificamente, sobre Segurança e Saúde no Tra-
balho (SST).

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A partir de1990, as alterações das normas referentes às práticas de
Segurança e Saúde no Trabalho (SST) são sensíveis, principalmente
com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9)
e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO
(NR 7). Outra evolução ocorre com a modificação da Comissão Inter-
na de Prevenção de Acidentes – CIPA (NR 5) pela ação dos próprios
trabalhadores, como promover a melhoria das condições do ambiente
de trabalho, por exemplo, mediante a elaboração do Mapa de Riscos.
(CARDELLA, 2010, p. 78)

Definições e Considerações sobre o Conceito


A etimologia da palavra segurança sugere o sentido de ocupar-se a si mesmo (se
+ cura). Ela tem origem no latim e significa sem preocupações (SEGADAS, 1975).

A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes


e incidentes originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como prin-
cipal objetivo a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de
agravo à saúde do profissional.

Com a valorização do capital humano pelas organizações, busca-se garantir a segurança e a


Explor

saúde dos colaboradores no ambiente de trabalho, para que não ocorram acidentes e para
propiciar um bom clima de trabalho.
De fato observamos essa preocupação, mas existe a implementação de sistemas de gestão
que possam assegurar esses resultados?

A Segurança do Trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais,


médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer elimi-
nando as condições inseguras do ambiente quer instruindo ou convencen-
do as pessoas da implantação de práticas preventivas. (CHIAVENATO,
2010, p. 381)

Na opinião de Cardella (2010, p.37), “segurança do trabalho é o conjunto de


ações exercidas com o intuito de reduzir danos e perdas provocados por agentes
agressivos”, ou seja, o seu principal objetivo está na redução de riscos e de suas
fontes e, para tanto, determina que devam ser criadas metodologias para elimina-
ção dos incidentes.

Incidentes: pode ser definido como sendo um acontecimento não desejado ou não progra-
Explor

mado que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da empresa.

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UNIDADE Segurança do Trabalho

Além disso, envolve as responsabilidades legais e morais de garantir condições


ambientais que evitem ocasionar prejuízos à saúde física e mental dos indivíduos.
As enfermidades profissionais e os acidentes laborais causam enormes perdas às
pessoas e às organizações em termos de custos humanos, sociais e financeiros
(MATTOS et al., 2000).

Cabe à segurança do trabalho, junto com outros conhecimentos afins (medi-


cina do trabalho, saúde ocupacional, higiene do trabalho, doenças ocupacionais,
sistemas de gestão, legislação trabalhista), identificar os fatores de risco que levam
à ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais, avaliar seus efeitos na saúde
do trabalhador e propor medidas de intervenção técnica a serem implantadas nos
ambientes de trabalho (MATTOS et al., 2011).

Para executar tais atividades relativas à Segurança no Trabalho, as ações de se-


gurança e saúde no trabalho devem ser baseadas em atitudes preventivas eficientes
e eficazes, tendo em vista os recursos disponíveis e os agentes de riscos presentes,
com a finalidade de atender à legislação e de promover a saúde e o bem-estar.
Entretanto, embora a atenção ao que se refere à segurança e saúde do trabalhador
tenha aumentado devido a legislações mais rígidas nessa área e ao grande número
de acidentes de trabalho, é necessário entender que, mesmo com todos os investi-
mentos possíveis na área de segurança (treinamentos, procedimentos, equipamen-
tos, etc.), sempre existirá o risco em uma atividade.

Importante! Importante!

As medidas de segurança do trabalho podem ser entendidas como: aplicação das


NRs; identificação de perigo e avaliação de riscos; mapa de riscos; uso adequado de EPI
(Equipamentos de Proteção Individual); implementação de programas de prevenção
em segurança, como Programa de Prevenção de Riscos Ambientais-PPRA e Programa
de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO.

Fatores a Serem Observados


na Segurança do Trabalho
Conforme a OHSAS 18001:2007, o sistema de gestão da segurança e saúde
no trabalho (SGSST) é parte integrante de um sistema de gestão de toda e qual-
quer organização, o qual proporciona um conjunto de ferramentas que poten-
cializam a melhoria da eficiência da gestão dos riscos relacionados com todas as
atividades da organização.

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OHSAS: Occupational Health and Safety Assessment Series (Série de Avaliação da Segurança e
Explor

Saúde no Trabalho).

Trocando ideias... Importante!


Segundo o texto original da Norma OHSAS 18001:2007, as organizações de todos os tipos
estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um bom desempenho em
Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
A Norma OHSAS para a gestão da SST tem por objetivo fornecer às organizações elemen-
tos de um sistema de gestão da SST eficaz, que possam ser integrados a outros requisitos
de gestão, permitindo a uma organização desenvolver e implementar uma política e ob-
jetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre riscos de SST.
Portanto, a OHSAS é preparada para desenvolver e fazer cumprir os padrões de seguran-
ça e saúde no ambiente de trabalho.

A saúde no trabalho implica na promoção e manutenção do mais alto grau de


saúde física e mental e de bem-estar dos trabalhadores em todas as ocupações.
Nesse contexto, antecipação, reconhecimento, avaliação e o controle dos pe-
rigos que surgem no ambiente de trabalho são os princípios fundamentais do pro-
cesso que rege a avaliação e gestão de riscos.

A organização deve delinear um sistema de gestão que englobe desde a estru-


tura operacional até a disponibilização dos recursos, passando pelo planejamen-
to, pela definição de responsabilidades, práticas, procedimentos e processos, as-
pectos decorrentes da gestão e que atravesse horizontalmente toda a organização
(OHASAS 18001:2007).

Identificação de perigos Avaliação de riscos Controle de riscos

Figura 2 – Sistema orientado para a gestão dos riscos

Para se compreender o que significa risco, é necessário identificar e conhecer os


perigos que derivam das mais diversas atividades desenvolvidas.

Segundo a OHSAS 18001:2007, perigo é a fonte, situação ou ato com potencial


de provocar danos em termos de lesões ou ferimentos para o corpo humano ou
danos para a saúde, patrimônio e o ambiente do local de trabalho.

A organização deve identificar os perigos associados às suas atividades, produtos


e serviços que possuem riscos de provocar acidentes e doenças. Deve estabelecer
e manter procedimentos para a identificação contínua de perigos, a avaliação de
riscos e a implementação das medidas de controle necessárias.

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UNIDADE Segurança do Trabalho

Com base na OHSAS 18001:2007, três perguntas básicas são utilizadas para
realização desse procedimento:
• Existe uma fonte de dano?
• O que ou quem poderia sofrer com o dano?
• De que forma ou como o dano poderia ocorrer?

O(s) procedimento(s) para a identificação de perigos e para a avaliação de


riscos deve(m) contemplar: atividades de rotina e não rotineiras; atividades de
todas as pessoas que têm acesso aos locais de trabalho (incluindo fornecedores,
prestadores de serviços, visitantes, etc.); comportamento humano, bem como
capacidades, limites e outros fatores humanos; perigos identificados de origem
externa ao local de trabalho (ambiental), capazes de afetar adversamente a se-
gurança e a saúde das pessoas sob o controle da organização no local de tra-
balho; infraestrutura, equipamentos e materiais no local de trabalho, sejam eles
fornecidos pela organização ou por outros; mudanças ou propostas de mudança
na organização, em suas atividades ou materiais; o layout das áreas de trabalho,
processos, instalações, máquinas/equipamentos, procedimentos operacionais
e organização do trabalho, incluindo sua adaptação às capacidades humanas
(OHSAS­ 18001:2007).

Risco é a combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso ou


exposição com a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo evento
ou exposição.

Alguns critérios podem ser utilizados pelas organizações para executarem uma
avaliação de risco eficaz, segundo a OHSAS 18001:2007:
• Caracterizar as atividades de trabalho, sugerindo-se que seja preparada uma
lista das atividades de trabalho, contemplando os recintos, a fábrica, as pessoas
e procedimentos, e recolher informações a seu respeito;
• Identificar os perigos, ou seja, devem ser identificados todos os perigos signifi-
cativos relacionados com cada atividade de trabalho, devendo ser identificado
quem pode ser prejudicado e como;
• Determinar o risco, ou seja, fazer uma estimativa do risco associado a cada
perigo, assumindo que os controles planejados ou existentes estão a postos.
Os avaliadores devem, também, considerar a eficácia dos controles e as conse-
quências de suas falhas;
• Preparar um plano de ação de controle de risco (se necessário), ou seja, prepa-
rar um plano para lidar com quaisquer assuntos identificados na avaliação que
requeiram, em particular, monitoramento;
• Rever a adequabilidade do plano de ação, reavaliando os riscos com base nos
controles revistos.

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Importante! Importante!

É importante esclarecer que os conceitos de perigo e risco e sua relação podem criar
confusão facilmente. Então, vejamos: o perigo representa uma condição com o po-
tencial de causar danos enquanto o risco representa a probabilidade de que o dano
ocorra e a severidade potencial do mesmo. Um perigo é a propriedade ou o potencial
intrínseco de um produto, processo ou situação para causar danos, efeitos negativos
na saúde de uma pessoa. Pode derivar-se de um perigo químico, trabalhar com eletri-
cidade, entre outros. O risco é a probabilidade de que uma pessoa sofra danos ou de
que sua saúde se encontre prejudicada pela exposição a um perigo. Portanto a relação
entre perigo e risco é a exposição, sendo imediata ou em longo prazo, o que podemos
ilustrar com uma simples equação:

Perigo + Exposição = Risco

Figura 3

Considere o seguinte exemplo:

O benzeno é um químico cancerígeno. É um subproduto de processos comuns


utilizados na indústria de petróleo e gás. Entretanto a exposição ao benzeno pode
ser controlada. Reduzindo a quantidade de benzeno que é liberada pelos equipa-
mentos para a atmosfera, essa sustância altamente perigosa não apresenta um
risco significativo para os trabalhadores na área, pois, apesar do perigo estar pre-
sente, o controle no local pode reduzir ou eliminar o risco.

Importante! Importante!

A chave para uma efetiva avaliação e manejo do risco é a identificação de perigos.


Para melhor entendimento, acesse a galeria de imagens: http://bit.ly/2LDoZqU

Mapa de Riscos
De acordo com a PORTARIA N.º 25, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994,
apresentaremos o conceito e as etapas de elaboração do mapa de riscos.

Implantado pela Portaria nº5, de 17 de agosto de 1992, do Ministério do


Trabalho, ele é obrigatório nas empresas com grau de risco e número de em-
pregados que exijam a constituição de uma Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA).

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O mapa de riscos deve ser elaborado pela CIPA, ouvindo os colaboradores en-
volvidos no processo produtivo e com a orientação do Serviço Especializado em
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa, quando houver.

É um levantamento dos pontos de risco nos distintos setores das empresas.


Trata-se de identificar situações e locais potencialmente perigosos. Anualmente, o
mapeamento deve ser refeito a cada gestão da CIPA.

O mapa de riscos é a representação gráfica de como os trabalhadores percebem


o seu ambiente de trabalho, ou seja, deve indicar onde se registram os riscos e fa-
tores de risco a que os mesmos estão expostos, direta ou indiretamente. Deve ser
simples e objetivo para que seja facilmente entendido por qualquer pessoa que o
queira consultar e para que esta possa interpretá-lo sem auxílio técnico. Deve ser
afixado em locais acessíveis e de fácil visualização no ambiente de trabalho, para
que todos que ali atuam ou eventualmente transitem pelo local tenham informações
e orientações quanto às principais áreas de risco.

Vejamos um exemplo:

Administração CPD Almoxarifado BWC

Jardim
Refeitório

Linha de Montagem
Cozinha

Tornearia e Soldagem Depósito Dispensa

Figura 4

Segundo a PORTARIA N.º 25, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994, ao elabo-


rar um mapa de riscos, deve-se ter como objetivo reunir as informações neces-
sárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança e saúde no tra-
balho na empresa, possibilitando, durante sua confecção, a troca e divulgação
de informações entre os trabalhadores e estimulando a participação destes nas
atividades de prevenção.

Na etapa de elaboração, é necessário conhecer o processo de trabalho no lo-


cal analisado, levando-se em conta os trabalhadores em relação ao número, sexo,
idade, treinamentos profissionais, saúde, jornada; os instrumentos e materiais de
trabalho; as atividades exercidas e o ambiente onde são executadas. Um ponto a
destacar é a identificação dos riscos existentes no local analisado, conforme a clas-
sificação da tabela a seguir.

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Tabela 1 – Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos,
de Acordo com sua Natureza e a padronização das Cores Correspondentes
GRUPO I: VERDE GRUPO II: VERMELHO GRUPO III: MARROM GRUPO IV: AMARELO GRUPO V: AZUL
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes
Ruído Poeiras Vírus Esforço Físico Intenso Arranjo físico inadequado
Levantamento e trans- Máquinas e equipamentos
Vibrações Fumos Bactérias
porte manual de peso sem proteção
Exigência de Ferramentas inadequadas ou
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
postura inadequada defeituosas
Radiações Controle rígido
Neblinas Fungos Iluminação inadequada
não ionizantes de produtividade
Imposição de
Frio Gases Parasitas Eletricidade
ritmos excessivos
Trabalho em turno Probabilidade de incêndio
Calor Vapores Bacilos
e noturno ou explosão
Substâncias, compostos ou Jornada de
Pressões anormais Armazenamento Inadequado
produtos químicos em geral Trabalho prolongada
Monotonia e
Umidade Animais peçonhentos
repetitividade
Outras situações Outras situações de risco
causadoras de stress que poderão contribuir para
físico e/ou psíquico a ocorrência de acidentes
Fonte: Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, Anexo IV – NR 5 CIPA (Tabela 1)

Identificar as ações preventivas existentes e sua eficácia para posterior fixação


de medidas de proteção coletiva, individual e de organização do trabalho. Outros
indicadores que devem ser identificados relacionam-se à saúde, tais como, queixas
mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos, do-
ença profissional diagnosticada, as causas mais frequentes de ausência ao trabalho
e acidentes de trabalho. Vale ressaltar quão importante é saber, também, quais as
medidas de higiene e conforto, como banheiro, lavatórios, vestiários, armários,
bebedouro, refeitório e área de lazer.

Devem-se conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local de traba-


lho para elaborar o Mapa de Riscos sobre o layout da empresa.

Os Riscos serão caracterizados graficamente por cores e círculos. O tamanho


do círculo representa o grau do risco. E a cor do círculo representa o tipo de risco.
Vejamos a figura 5 e a tabela 2.

Simbologia das Cores Risco Químico Leve Risco Mecânico Leve

No mapa de risco, os riscos são Risco Químico Médio Risco Mecânico Médio
representados e indicados por
círculos coloridos de três tamanhos
diferentes, a saber: Risco Químico Elevado Risco Mecânico Elevado

Risco Biológico Leve Risco Ergonômico Leve Risco Físico Leve

Risco Biológico Médio Risco Ergonômico Médio Risco Físico Médio

Risco Biológico Elevado Risco Ergonômico Elevado Risco Físico Elevado

Figura 5 – Cores Usadas no Mapa de Riscos

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UNIDADE Segurança do Trabalho

Tabela 2 – Tabela de Gravidade


Símbolos Tipos De Riscos

Elevado

Médio
Leve

O Mapa de Riscos deverá incluir, através dos círculos:


• O grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor padronizada na Tabela 1;
• O número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro
do círculo;
• A especialização do agente (por exemplo: químico ou ergonômico), que deve
ser anotada também dentro do círculo;
• A intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve
ser representada por tamanhos proporcionalmente diferenciados de círculos.

Importante! Importante!

No caso das empresas da indústria da construção, o Mapa de Riscos do estabeleci-


mento deverá ser realizado por etapa de execução dos serviços, devendo ser revisto
sempre que um fato novo e superveniente modificar a situação de riscos estabelecida.
Explor

No link https://bit.ly/2vWP37X encontrarão uma apostila sobre mapa de riscos. Façam a leitura.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Fundacentro
A mais importante entidade de referência governamental no Brasil, que atua em
pesquisa científica e tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores.
http://bit.ly/2ZOpsj0
CMQV
Instituição de terceiro setor provedora de informações, soluções e serviços em prol da
segurança e saúde no trabalho.
http://bit.ly/2ZOaEl6

Leitura
Normas regulamentadoras
https://bit.ly/2GDuRQC

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UNIDADE Segurança do Trabalho

Referências
CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abor-
dagem holística. São Paulo: Atlas, 2010.

CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Campus, 2010.

MATTOS et al. Higiene e Segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier/­


Abepro, 2011.

OHSAS 18001:2007. Sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho:


diretrizes para a implantação da OHSAS 18001. São Paulo: Risk Tecnologia, 2007.

SEGADAS VIANA, J. Manual de Segurança do trabalho. São Paulo: LTC, 1975.

Sites visitados
<http://portal.mte.gov.br/data/files/.../p_19941229_25.pdf>. Acesso em: 10/09/2019.

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