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Biosseguridade, doenças

avícola e vias de vacinação

Profª Gislene Cardoso de Souza


Objetivos da aula: Compreender a
importância da biosseguridade na produção
de frangos e ovos; Conhecer as principais
doenças que acometem frangos de corte e
aves de postura; Conhecer as vias de
vacinação.
Biosseguridade? Como assim?

O conjunto de práticas ligadas ao


isolamento, higiene e vacinação com o
objetivo de manter criatórios avícolas
livres de doenças define a termo
biosseguridade.
Fatores a serem considerados na estruturação
de programas de biosseguridade

 (a) Localização das instalações: a distância entre


as instalações é uma das medidas importantes
para o controle da propagação de uma infecção.
Alterações para condições já existentes são de
alto custo ou impossíveis de se mudar. Assim,
devem ser bem planejadas antes da construção;
Cont. Fatores a serem considerados na
estruturação de programas de biosseguridade

 (b) Estrutura das instalações: isolamento eficaz


das instalações do meio externo (pessoas,
animais, aves, incluindo pássaros), materiais
empregados nas construções, desenho do fluxos
de pessoas e produtos, separação das instalações
da fase de recria e produção (associado ao
primeiro item localização), idade única ou
próxima nos galpões ou núcleos para poder
praticar o sistema ‘tudo dentro, tudo fora’.
Cont. Fatores a serem considerados na
estruturação de programas de biosseguridade

 (c) Parte operacional: representada pelas rotinas diárias


como limpeza e desinfecção das instalações, controle
eficaz do trânsito de pessoas (troca de roupas e calçados),
veículos (arco de desinfecção), equipamentos (limpeza e
desinfecção), controle profissional de pragas, monitoria
laboratorial das aves e dos insumos (água e ração),
imunização (sempre que possível).
 (d) Vacinação: seu foco é impedir a multiplicação do
agente infeccioso, protegendo a ave de desenvolver a
doença ao ser contaminada. O programa de vacinação
pode variar de acordo com as necessidades e com a região
da granja.
Medidas adotadas dentro de um
programa de biosseguridade
 isolamento eficaz das instalações do meio externo
(pessoas, animais domésticos e selvagens, aves, pássaros)

·separação da recria e produção em propriedades


distantes em pelo menos 3 km (distância também
preconizada pelo MAPA para qualquer outra instalação
avícola)
 utilização de idade única num galpão ou núcleo para
poder praticar o sistema ‘tudo dentro, tudo fora’
limpeza e desinfecção corretas das instalações e
monitoria após o processo de retirada dos lotes
Cont. Medidas adotadas dentro de um
programa de biosseguridade

 instalação de barreiras na entrada das propriedades


(arcos de desinfecção para veículos, vestiários, banhos e
trocas de roupa e calçados para funcionários)

· utilização de pedilúvio úmido na entrada de cada


galpão e troca diária do desinfetante
· controle de veículos e equipamentos com limpeza e
desinfecção dos mesmos na entrada das granjas (arco de
desinfecção)

· controle profissional de pragas (roedores, insetos,


ácaros)
Cont. Medidas adotadas dentro de
um programa de biosseguridade

 · monitoria laboratorial sistemática das aves e dos


insumos (água e ração)
 imunização correta, seguindo o protocolo dos
laboratórios de vacinas
· utilização de tratamento de água (incluindo
cloração) e utilização de sistemas fechados de
reservatórios, caixas d’água e bebedouros
· proibição da entrada ou trânsito de pessoas
estranhas aos trabalhos
Cont. Medidas adotadas dentro de
um programa de biosseguridade

 Utilização de Programas de Educação Continuada: A


educação continuada neste sentido propõe orientação
sobre:
 Medidas básicas de asseio pessoal (mãos limpas, unhas
aparadas) para manipulação da produção de ovos;
 Não ter contato com aves ornamentais ou de subsistência,
pois são reservatórios de vírus e bactérias de impacto
econômico para atividade;
 Cuidados básicos no arraçoamento e coleta de ovos para
não causar agitação desnecessária das aves;
Cont. Medidas adotadas dentro de um
programa de biosseguridade

 Implementar um programa de biosseguridade é a maneira


mais eficaz de se manter os sistemas de produção
comerciais livres ou controlados no que diz respeito à
presença de enfermidades de impacto econômico e/ou
perigosos para a saúde pública.

O programa de biossegurança deve começar antes da


chegada de um novo lote na granja. Planejar o intervalo
entre lotes e o vazio sanitário adequado são
fundamentais. A limpeza e a desinfecção das granjas
devem ser feitas para que haja a diminuição da pressão de
infecção na instalação antes do alojamento.

Fonte: A revista do Ovo, 2014.

Cont. Medidas adotadas dentro de
um programa de biosseguridade

 Vacinação: seu foco é impedir a multiplicação do


agente infeccioso, protegendo a ave de
desenvolver a doença ao ser contaminada. O
programa de vacinação pode variar de acordo com
as necessidades e com a região da granja.
Vamos agora conhecer as principais
doenças das aves
Anemia infecciosa das aves
É uma doença infecciosa viral que provoca crescimento
pobre e irregular nas aves. O vírus ataca as aves causando
anemia, aplasia da medula óssea e imunodepressão. Todas as
idades são susceptíveis à infecção, mas a susceptibilidade é
maior nas primeiras três semanas de vida. O período de
incubação é de 10 a 14 dias.
As matrizes infectadas durante o período de reprodução não
demonstram sinais clínicos e alterações na postura, porém
transmitem o vírus ao ovo. O controle é baseado na
transferência de imunidade passiva das matrizes à progênie.
As matrizes devem ser vacinadas entre 16 e 18 semanas,
antes do período de postura evitando a transferência do
vírus.
Doença de Newcastle

 Doença viral capaz de provocar na ave infecção no


sistema digestório, respiratório e neurológico. O período
de incubação é de 2 a 15 dias. A transmissão se dá
principalmente pelo ar. Alguns sinais como tosse, espirros,
paralisia dos membros, torcicolo, mortalidade elevada,
queda na produção e aparecimento de ovos sem casca são
comuns na doença de Newcastle (ALBINO; TAVERNARI,
2010).
Bronquite infecciosa das
galinhas
 Doença aguda viral, altamente infecciosa, infectando os
sistemas respiratório, renal e reprodutor da fêmea. Sua
transmissão é por contato de aves doentes com sadias. O
período de incubação é de 1 a 11 dias. Os sinais clínicos
comuns são espirros, diarreia e ovos com casca mole.
Doença de Gumboro

 Também chamada de doença infecciosa da bursa, o


Gumboro é comum em aves jovens de 3 a 10 semanas. A
doença afeta galinhas e perus. A ave elimina o vírus para o
ambiente com as fezes e o vírus pode chegar pela
contaminação da água, ração, equipamentos, insetos e
outros animais. O período de incubação é curto variando
de 2 a 3 dias. As aves ficam pálidas, desidratadas e com
hemorragia no tecido subcutâneo.
Doença de Marek

 A doença de Marek é de natureza neoplásica, ou seja,


alterações celulares que acarretam um crescimento
exagerado das células. Atinge aves jovens e é de
transmissão horizontal, por contato direto e indireto. O
vírus causa efeito imunodepressor e, consequentemente,
os lotes afetados pela doença se tornam mais susceptíveis
a outras enfermidades. A doença apresenta-se na forma
cutânea, visceral e neural.
Observação importante: A vacinação é obrigatória em
pintos de um dia.
Bouba aviária
 Também denominada de varíola aviária, caroço ou pipocas,
caracteriza-se por ser uma doença viral contagiosa com
erupções na pele. Afeta aves, em geral, de qualquer idade.
Apresenta período de incubação de 4 a 10 dias. A transmissão
ocorre por contato direto ou através de vetores biológicos. Há
registros de maior incidência da doença no verão devido à
proliferação de moscas e mosquitos. Lesões nodulares de
tamanhos diferentes e de coloração variando de cor de rosa ao
cinza-escuro são comuns na bouba aviária. Dependendo da
lesão a ave pode morrer por asfixia ou inanição.
 Observação: A vacinação é indicada em pintos de um dia e em
aves adultas. As aves que tiverem em produção de ovos não
devem ser vacinadas.
Síndrome da cabeça inchada
 De origem infecciosa afeta o sistema respiratório superior
causando edema de cabeça e face em aves jovens e adultas e
torcicolo com perda de equilíbrio em aves adultas. A
transmissão ocorre pelo ar, equipamentos e trânsito de pessoas
em locais contaminados. Os principais sinais clínicos são
espirros, conjuntivite, aumento de volume nas regiões
periorbitárias, superior da cabeça e inferior da mandíbula. As
aves ficam pelos cantos, apáticas e nas reprodutoras observa-se
torcicolo.
 Como prevenção, deve-se melhorar as condições do ar do
interior do galpão, higiene das instalações e minimizar as
condições de estresse nas aves.
Salmoneloses
 Salmoneloses aviárias são doenças agudas ou crônicas
causadas por bactérias do gênero Salmonella. São
microrganismos patogênicos para o homem e outros
animais, causando doença clínica e intoxicações
alimentares. O período de incubação é de 3 a 10 dias. As
aves podem contrair salmonelose via ovo, através do
ovário ou penetração da bactéria na casca do ovo, ou via
aparelho digestório ou respiratório quando aves infectadas
eliminam bactérias junto às fezes que contaminam o
alimento, água e ar. Nos sinais clínicos, observa-se
dificuldade respiratória, diarreia branca, articulações
aumentadas de volume, torcicolo e paralisia.
Importante: Na salmonelose a bactéria se multiplica
no ovo, na maionese, na carne e subprodutos, por isso,
o controle sanitário nas granjas, nos abatedouros e no
armazenamento desses produtos é essencial para a
prevenção.
Coriza infecciosa

 É uma doença aguda bacteriana das galinhas caracterizada


por inflamação catarral da mucosa e das vias aéreas
superiores (SANTOS; MOREIRA; DIAS, 2009). Atinge todas
as idades, mas é mais frequente nas fases de crescimento
e adulta. A transmissão é por contato em comedouros,
bebedouros ou outros equipamentos contaminados. O
período de incubação geralmente é de 1 a 5 dias. Os
sintomas mais frequentes da doença são espirros,
secreção nasal e ocular do tipo catarral e inchaço facial.
Pode ocorrer uma diminuição na produção de ovos e no
consumo de ração.
Verminoses

 Os vermes são endoparasitas que retiram nutrientes


necessários a vida da ave e traumatizam tecidos causando
graves lesões. Os parasitas mais importantes para as aves
são os nematoides e os cestoides. Os sintomas clínicos da
verminose aparecem quando existem infestações muito
grandes como: palidez, fraqueza, diarreia, queda na
produção de ovos e ganho de peso.
 Para o controle de verminoses se faz uso de vermífugos
oferecidos na água ou ração.
Ectoparasitoses

 Os mais comuns das aves são provocados por ácaros,


piolhos ou carrapato de galinha. Esses parasitas afetam a
produção de ovos e tornam as aves susceptíveis a outras
doenças. Os sinais clínicos dependem do tipo de parasita
envolvido, podendo ocorrer anemia, queda na produção
de ovos e de peso, descamação e depenamento na região
afetada, inquietude e até a morte da ave.
 A higiene das instalações e arredores e o uso de
inseticidas são medida de controle e prevenção desses
parasitas.
Coccidiose
 Doença parasitária que causa moléstias nos intestinos das
aves. Causada por um protozoário do gênero Eimeria, as
aves adquirem a doença ao ingerir oocistos que podem
estar na ração, água e cama. É uma doença comum em
criações soltas em lugares úmidos ou quando alojadas em
alta densidade. As aves ficam pálidas com queda na
produção, diarreia aquosa ou sanguinolenta e penas
eriçadas.
 No controle da coccidiose são utilizadas medidas de
biossegurança a fim de evitar a entrada de oocistos no
galpão, uso de drogas anticoccidianas junto às rações e
vacinas.
Raquitismo
 É uma doença metabólica generalizada caracterizada por
menor mineralização da matriz óssea com redução de
cálcio e fósforo. Pode ocorrer devido à pouca ingestão
desses minerais ou por problemas metabólicos,
desequilíbrio nutricional, endócrino ou fisiológico. Atinge
as aves nas duas primeiras semanas de vida ocorrendo
retardo no crescimento, ossos e bicos moles e flexíveis,
dificuldade locomotora, articulações aumentadas de
volume.
 A suplementação de minerais pode evitar o aparecimento
do raquitismo em aves.
Distúrbios metabólicos
 Ascite: acúmulo de líquido na cavidade abdominal que
compromete o desenvolvimento de peito e
consequentemente o rendimento de carcaça;

 Patas tortas: causa dificuldades de locomoção e


consequentemente calo de peito;

 Morte súbita: causada por insuficiência respiratória.


Ocorre principalmente em machos no final do ciclo de
produção.
Vias de vacinação

 A vacinação de frangos e galinhas pode ser feita de forma


individual ou coletiva/massal.

 Vias coletivas: nebulização ou pulverização e pela água de


bebida;

 Vias individuais: ocular ou nasal, oral, membrana da asa,


injetáveis
Vias de vacinação coletivas
Nebulização ou pulverização

 A vacina será absorvida por via ocular, nasal e


bucal. Aplicação da vacina através do uso de
equipamentos (nebulizadores, pulverizadores) que lançam
a vacina sobre as aves.

 Este método tem como desvantagem o aparecimento de


uma reação respiratória muito forte, sendo seu uso mais
recomendado nos casos de surto de doenças.
Vias de vacinação coletivas
Oral via água de bebida das aves

 . Quando a vacinação for realizada deve-se retirar a água dos bebedouros


duas horas antes do início da operação, de forma a provocar uma ligeira
sede nas aves e o rápido consumo da vacina. Após o abastecimento do
bebedouro, o operador deverá circular dentro do galpão para que as aves
sejam estimuladas a ingerir a água com a vacina. Para realização desta
prática recomenda-se o fornecimento de água sem desinfetante por pelo
menos três dias antes da vacinação, pois a presença de desinfetante
pode fazer com que haja inativação dos microrganismos vivos.
 Esse método tem como vantagem a simplificação da operação, fazendo
com que as aves sofram pouco estresse e que o custo de aplicação seja
baixo. Como desvantagem do processo, tem-se que a vacinação não
garante que 100% das aves consumam a vacina. Assim sendo, é um
procedimento recomendado para vacinações de reforço.
Vias de vacinação individuais
Ocular e nasal

 São feitas com a aplicação de uma gota de 0,3 mL com frasco


equipado com bico conta-gotas diretamente no olho ou orifício
nasal da ave. O alto custo e o estresse são desvantagem em
relação às formas de vacinação massal. Como vantagens, tem a
garantia de que 100% das aves tiveram contato com a vacina e,
consequentemente, podem desenvolver a imunidade. Além
disso, permite que seja feito o descarte de aves com algum tipo
de problema, além de uma separação visual das aves por peso
corporal.
 A via ocular oferece maior segurança de resultado que a
nasal, pois os vírus podem ser absorvidos mais rapidamente para
a corrente sanguínea, além do fato de que a gota vacinal na via
nasal pode ser expelida pelo ar expirado pela ave.
Vias de vacinação individuais

Oral

 Esta é praticamente idêntica à aplicação ocular,


pois consiste em pegar a ave e fazer pressão leve
e ligeira na parte lateral e inferior do bico, de
forma a fazer com que a ave abra a boca,
pingando então uma gota da vacina.
Vias de vacinação individuais

Membrana da asa

 É feita através do auxílio de um estilete que, geralmente,


acompanha a vacina. Este é imerso na vacina, o que faz
com que o produto fique presa nas ranhuras do
estilete. Ao ser feita a perfuração da membrana da asa, a
vacina passará do estilete para a ave, efetuando assim o
processo.
Vias de vacinação individuais

Injetáveis: intramuscular e a subcutânea

Intramuscular: pode ser feita no músculo da coxa,


utilizando a vacina aquosa, ou no músculo do peito,
utilizando a vacina oleosa. Para esse tipo de
aplicação, usa-se seringa de dosagem automática.
Subcutânea é feita no incubatório. A vacinação
contra Marek é aplicada na pele da nuca.

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