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II Simpósio de Sanidade Avícola

14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS

VACINAS — MÉTODO NATURAL DE PROTEÇÃO —


PARA COCCIDIOSE
Amaro Borges

Merial, São Paulo, SP.


e–mail: amaro.borges@uol.com.br

1 Coccidiose na avicultura
Coccidiose é uma infecção parasitária causada por um protozoário do gênero
Eimeria.
As coccídias são espécie-específicas, isto é, coccídias das galinhas não acometem
outros animais e, mesmo, aves.
A coccidiose em frangos é caracterizada por enterites em diferentes graus,
causando perdas de performance e mortalidade.
Há sete espécies de coccídias que acometem as galinhas. Estas possuem ciclo
de vida que varia de quatro a sete dias. Como a seguir:

Eimeria acervulina 5 dias


Eimeria brunetti 6 dias
Eimeria maxima 7 dias
Eimeria mivati 5 dias
Eimeria necatrix 7 dias
Eimeria praecox 4 dias
Eimeria tenella 7 dias
Quando nos referimos a frango de corte, devemos considerar três Eimerias de
importância econômica para a atividade: Eimeria acervulina, Eimeria maxima e
Eimeria tenella.
As espécies de Eimerias sobrevivem nas galinhas graças ao seu potencial
reprodutivo bastante elevado. Além desta capacidade, os oocistos são extremamente
resistentes as condições do meio ambiente e não são destruídos por desinfetantes
convencionais, permanecendo viáveis por vários meses fora de seu hospedeiro.
É essencial manter estritas medidas de higiene e de biossegurança na granja para
manter a cocnentração de oocistos a mais baixa possível.
Em produções industriais de frangos de corte, a mortalidade não é o maior
problema causado pela coccidiose. Deve-se ter cuidado com a depressão dos índices
de performance (Conversão Alimentar, Ganho Médio Diário,...) devido a coccidiose
subclínica. Esta, por sua vez, corrói a lucratividade.

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2 Controle da Coccidiose
• Medicação anticoccidiana
Um método de controle da coccidiose é a adição na ração de drogas
anticoccidianas.
Estas drogas podem ser divididas em dois grupos: as drogas ionóforas e as
drogas químicas.
Ainda podem ser divididas quanto a ação. Temos as de ação coccidicida
(matam a coccidia) e as de ação coccidiostática (impedem o desenvolvimento
de esporozoíto ou merozoítos dentro da célula epitelial).
O controle da coccidiose através de drogas iniciou-se efetuando os chamados
programas “full”, os quais usavam uma única droga anticoccidiana durante toda
a vida do lote de frangos. O sobreuso contínuo de alguns produtos originou
o surgimento de coccidias resistentes. Na tentativa de controlar esta população
resistente, atualmente se utiliza os chamados programas “duais”, ou seja, usa-se
uma droga na fase inicial (geralmente até 21 dias de idade) e outra droga na fase
de crescimento.
Na tentativa de eliminar resíduos destes anticoccidianos da carcaças dos fran-
gos, normalmente se usa a ração pré-abate sem nada de drogas anticoccidianas.
O período geralmente é de 7 dias antes do abate.

• Vacinação

As vacinas representam um controle natural da coccidiose. Elas induzem uma


imunidade ativa nas aves.
A imunidade protetora contra coccidiose é baseada na imunidade mediada por
células. Os anticorpos humorais têm uma menor importância.
A imunidade é específica para cada espécie. Não há proteção cruzada entre as
espécies de Eimerias das aves.
O sistema imune das aves não detecta diferenças antigênicas entre cepas de
coccidias resistentes ou não às drogas anticoccidianas. Por esta razão, a resistência
não é um problema com a utilização de vacinas como método de controle da
coccidiose.
Hoje há no mercado 4 vacinas vivas comercialmente disponíveis. Estas vacinas se
dividem em dois grupos distintos:

• vacinas patogênicas – contém oocistos vivos esporulados de espécies patogêni-


cas de Eimerias.

• vacinas atenuadas – contém oocistos vivos esporulados de linhagens atenuadas


e/ou precoces de espécies de Eimerias.

A atenuação é obtida pela adaptação de coccidias selecionadas ao crescimento


em embrião de pintos através de repetidas passagens.
A precocidade é obtida pela passagem em aves selecionando-se o desenvolvimen-
to prematuro (precocidade) através do menor ciclo de vida.

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A vantagem do uso de vacinas atenuadas em relação as patogênicas é uma menor


lesão das células intestinais. Com isto se evita perdas de performance em frangos
abatidos mais jovens e, até mesmo, casos de coccidiose subclínica devido ao grau de
lesão causado pelas vacinas patogênicas.
A administração das vacinas pode ser efetuada por via oral (ração, água de
bebida), spray ocular e spray no incubatório.
As vacinas induzem a imunidade ativa durante sua multiplicação (dois a três ciclos
de sua vida). Uma única aplicação de vacina induz esta imunidade. Ocorre uma
infecção constante com Eimerias vacinais presentes no ambiente da granja. Em
função deste tempo necessário para imunidade e constante contato da ave com
Eimerias vacinais, recomenda-se vacinar o mais precoce possível estas aves. Hoje
a principal indicação é aplicação via spray no primeiro dia, ainda no incubatório.
Devido ao apelo de consumo de produtos naturais (biologicamente corretos) a
vacinação contra coccidiose vem ser a ferramenta de controle indicada. Hoje, devido
à exaustivos testes realizados, há total segurança no uso da vacina.

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