Você está na página 1de 6

CAMILA DE ABREU BARROSO

GIOVANNA DENEZ BOTTINO


MARIA INES PIRES COSTA
MARIANA MARTINS PEREIRA DOS SANTOS

SEMINÁRIO: OVINOS E O SISTEMA IMUNOLÓGICO

Londrina
2023
INTRODUÇÃO
A Ovinocultura é parte da Zootecnia que trata do estudo e da criação de
ovelhas, de ovinos. O objetivo da ovinocultura é a produção de alimentos de origem
ovina, na forma de carne e leite, e de outros produtos, tais como a lã extraída destes
animais. A ovinocultura está distribuída em todo território nacional, com uma grande
diversidade de raças, tendo um grande potencial de crescimento.
O Brasil tem uma atividade agropecuária que desempenha um papel
importante na produção de carne e lã. Apesar de ocupar uma posição secundária
em comparação com outras atividades pecuárias, a criação de ovinos tem crescido,
especialmente devido às condições climáticas favoráveis e ao interesse crescente
dos produtores. Algumas das principais raças que se encontram no Brasil e no
Paraná são:
● Raças mais comuns na produção brasileira: Santa Inês, Dorper, Texel,
Suffolk e Hampshire Down;
● Raças mais comuns na produção paranaense: Ile de France, Texel, Dorper,
White Dorper, Poll Dorset;
O manejo eficiente, que inclui cuidados com nutrição, controle sanitário,
vacinação e bem-estar animal, é essencial para garantir a saúde e produtividade do
rebanho. O fortalecimento do sistema imunológico dos ovinos, por meio de uma
nutrição balanceada e práticas de controle sanitário, é crucial para prevenir doenças
e promover o crescimento saudável dos animais.
Além disso, o manejo do estresse, boas condições de alojamento e a seleção
genética contribuem para a resistência imunológica. A adoção de práticas
sustentáveis e tecnologias modernas pode aprimorar a eficiência produtiva,
beneficiando tanto os produtores quanto a qualidade dos produtos finais.

DESENVOLVIMENTO
A ovinocultura desempenha um papel significativo na produção agropecuária,
proporcionando produtos valiosos. No entanto, um dos obstáculos mais
significativos enfrentados por criadores de ovinos é a Linfadenite Caseosa, uma
doença infecciosa originada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis.
Essa doença resulta em inflamação nos gânglios linfáticos, levando à
formação de abscessos no pescoço (atrás da faringe), região próximo a espádua, e
menos frequente na região do úbere e virilha, prejudicando tanto a saúde quanto a
produtividade dos animais. O controle e a prevenção dessa doença representam
desafios cruciais na gestão sanitária dos rebanhos ovinos, exigindo a
implementação de práticas de manejo eficazes e medidas de controle para
minimizar os impactos negativos desse problema de saúde.
O material que constitui essas ‘linfas’ é de cor esbranquiçada, sendo uma
condição que não leva à morte imediata dos animais, porém afeta significativamente
seu desempenho. Resultando na redução do peso corporal, danificando a carcaça,
e diminuindo, também, na produção de leite.
A transmissão pela bactéria C. pseudotuberculosis ocorre por contato direto
dos animais sadios com as secreções dos abscessos, e outros animais doentes.
Além de instrumentos, solo ou vegetação, e fezes de animais infectados. Essa
bactéria sobrevive em torno de 8 semanas no meio ambiente, sendo esse fator
responsável pela transmissão no rebanho.
O diagnóstico da linfadenite caseosa pode ser feito clinicamente e por meio
do manejo visualizando e apalpando - com EPI’s - o abscesso. Porém existe uma
diferença entre linfadenite e um abscesso comum, se o animal tiver um “caroço” ou
abcesso em um local que exista linfonodo ou gânglio linfático e, ao drenar esse
conteúdo estiver com grânulos é uma linfadenite caseosa. Caso seja num local de
linfonodo mas o conteúdo não estiver com grânulos e sim mais pastoso, como um
caroço normal, será apenas um abscesso comum.
A prevenção para se evitar o alastramento dessa infecção é o isolamento e
tratamento dos animais contaminados, descontaminação do ambiente e aplicação
de medidas preventivas nos animais saudáveis. No entanto, o uso de
antimicrobianos é uma opção com custos elevados e eficácia moderada no
tratamento desta condição.
A resposta imunológica contra Corynebacterium pseudotuberculosis, envolve
tanto mecanismos da resposta imune inata quanto adaptativa. Na resposta imune
inicial, neutrófilos e macrófagos desempenham um papel crucial na fase inicial da
infecção, realizando fagocitose e destruição dos microrganismos invasores. No
entanto, as bactérias intracelulares patogênicas podem resistir à degradação dentro
dessas células, dificultando a erradicação da infecção e levando a infecções
crônicas.
Já a resposta imune adaptativa, especialmente mediada pelas células T
CD4+, torna-se essencial para favorecer a ação da fagocitose e ajudar a conter ou
eliminar o microrganismo. A ausência de produção de óxido nítrico por parte dos
macrófagos, em resposta aos antígenos da bactéria, pode contribuir para o
desenvolvimento de infecções crônicas, pois o óxido nítrico desempenha um papel
importante na eliminação de patógenos intracelulares. Além disso, o receptor de
complemento do tipo 3 (CR3), expresso por várias células do sistema imunológico,
desempenha um papel fundamental na fagocitose e na defesa do hospedeiro contra
a C. pseudotuberculosis.
Estudos indicam que a ausência desse receptor pode resultar na
multiplicação bacteriana nos órgãos e aumento da mortalidade nos animais
infectados. Devido à ampla gama de proteínas secretadas e à natureza intracelular
facultativa da bactéria, a imunidade contra C. pseudotuberculosis parece ser
complexa, envolvendo mecanismos tanto celulares quanto humorais.
A resposta imune por meio de anticorpos e a identificação de frações
antigênicas relacionadas à imunidade protetora foram objeto de estudo por vários
pesquisadores. A infecção natural por C. pseudotuberculosis desencadeia uma
resposta imune com um componente humoral forte, evidenciado pela detecção de
anticorpos circulantes dirigidos a uma ampla gama de antígenos. No entanto,
apesar da robusta resposta de anticorpos, essa resposta humoral não é capaz de
eliminar completamente a infecção.
A fosfolipase D, uma exotoxina, é reconhecida como uma potente toxina que
facilita a disseminação da bactéria no organismo hospedeiro ao aumentar a
permeabilidade dos vasos sanguíneos. Estudos sugerem que anticorpos anti-
fosfolipase D, quando presentes antes da infecção, exercem um efeito protetor
dificultando a disseminação da bactéria para os linfonodos. A resposta imune
humoral é intensa tanto em animais imunizados quanto em animais naturalmente
infectados, sendo regulada por citocinas produzidas em resposta à interação do
antígeno com as células imunocompetentes.
As citocinas têm grande importância na defesa contra Corynebacterium
pseudotuberculosis. A interleucina-12 (IL-12), por exemplo, é conhecida por induzir
o perfil Th1, estimulando o TNFα e IFNγ por células CD4+, CD8+, células Natural
Killer (NK) e macrófagos. Em ovinos infectados, níveis elevados de TNFα e IL-1,
associados a baixas concentrações de IL-4, foram observados. A expressão dessas
citocinas variou dependendo do local da infecção, sugerindo diferentes padrões de
resposta em diferentes locais do organismo.
Os granulomas formados pela infecção possuem uma organização e
composição celular semelhante aos formados por outras bactérias intracelulares,
como a da tubérculos. Esses granulomas são compostos por uma zona central
necrótica cercada por uma zona de macrófagos e linfócitos, delimitada por uma
cápsula fibrótica. Os linfócitos T CD8+ predominam nesses granulomas, agindo
como células citotóxicas ou ativadoras de macrófagos, ou ainda, possuindo um
papel supressor.

CONCLUSÃO
Portanto, o controle eficaz da linfadenite caseosa na ovinocultura exige não
apenas estratégias de manejo e prevenção, mas também uma compreensão
aprofundada dos mecanismos imunológicos envolvidos na resposta à infecção por
C. pseudotuberculosis. A implementação de medidas integradas, incluindo práticas
de manejo adequadas e desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes,
é essencial para minimizar o impacto dessa doença na saúde e na produtividade
dos rebanhos ovinos.
REFERÊNCIAS

DALGALLO, C . A Ovinocultura no Brasil e seus desafios. Sítio Pema. 19 de novembro


de 2020. Disponível em: <https://www.sitiopema.com.br/ovinocultura-brasil/>. Acesso em:
13 de novembro de 2023.

Boletim agropecuário aborda a ovinocultura paranaense. Secretaria da Agricultura e do


Abastecimento. 22 de janeiro de 2021. Disponível em:
<https://www.agricultura.pr.gov.br/Noticia/Boletim-agropecuario-aborda-ovinocultura-
paranaense>. Acesso em: 13 de novembro de 2023.

DIZ, Gabriele. Avaliação da resposta imune em ovinos co-infectados com


Corynebacterium pseudotuberculosis e Haemonchus contortus. 2015. 154 p.
Doutorado em Biotecnologia - Universidade Federal da Bahia, Salvador. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/29535/1/Tese_Avalia%C3%A7%C3%A3o%20da
%20resposta%20imune%20em%20ovinos%20co-infectados%20com%20Corynebacterium
%20pseudotuberculosis%20e%20Haemonchus%20contortus_Bahia_2015.pdf>. Acesso
em: 13 de novembro de 2023.

Embrapa. Linfadenite caseosa: patogenia, diagnóstico e controle. 1997. 16 p.


Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/514831/1/
UMTDoc27.pdf>. Acesso em: 13 de novembro de 2023.

GERMER, M. Caroços nas cabras e ovelhas: será linfadenite caseosa/’mal do


caroço’?. Capril Virtual. 03 de junho de 2020. Disponível em:
<https://caprilvirtual.com.br/dicas/carocos-nas-cabras-e-ovelhas-sera-linfadenite-caseosa-
mal-do-caroco/>. Acesso em: 13 de novembro de 2023.

O Rio Grande do Sul é o segundo estado com o maior rebanho de ovinos do Brasil.
Atlas Socioeconômico Rio Grande do Sul. Disponível em:
<https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/ovinos#:~:text=Entre%20as%20unidades%20da
%20federa%C3%A7%C3%A3o,de%201%20milh%C3%A3o%20de%20cabe%C3%A7as>.
Acesso em: 13 de novembro de 2023.

EMBRAPA CAPRINOS E OVINOS. Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos.


Linfadenite Caseosa (LC). Disponível em: <https://www.embrapa.br/cim-inteligencia-e-
mercado-de-caprinos-e-ovinos/zoossanitario-linfadenite>. Acesso em: 13 de novembro de
2023.

Você também pode gostar