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REMOÇÃO FORÇADA

REMOÇÕES é a retirada das pessoas dos locais


Esse conceito

integra a

Declaração

FORÇADAS
que ocupam contra sua vontade, im-

pedindo o acesso à formas adequa-


da ONU de
1997 e a Lei
das de proteção de seus direitos à mo-
14.216/2021

O QUE FAZER? radia, à manutenção do acesso a servi-

ços básicos de comunicação, energia

elétrica, água potável, saneamento, coleta de lixo, proteção


A história do Rio de Janeiro, como a do próprio Brasil, é
contra intempéries climáticas ou outras ameaças à saúde, à
marcada pelas remoções de pessoas pobres. Em 1808 a
vida e o acesso aos meios habituais de subsistência.
Corte Portuguesa veio para o Rio: para abrigá-los, mais

de dez mil casas foram esvaziadas. Em suas portas As leis brasileiras e internacionais estabelecem que as
eram pintadas as iniciais “PR" indicando que seus remoções são violações de direitos humanos e só

moradores deveriam sair ou seriam retirados à força. A podem ser utilizadas em situações excepcionais de risco

sigla que significa "Príncipe Regente” logo ficou de vida aos moradores e nos casos em que não exista

conhecida como “Ponha-se na Rua”. No século XX, a alternativa de resolução da situação de risco a não ser a
especulação imobiliária foi responsável pela remoção saída dos moradores do local. Nesses casos, várias

de milhares de pessoas, principalmente no período da regras precisam ser respeitadas.


ditadura empresarial-militar. Assim, as remoções
O direito à moradia digna e
administrativas feitas em 2010 pela gestão Paes – no Direito à Moradia:
infraestrutura urbana é direito básico
Art 6º da Cons-
todos e todas e é dever do
contexto das preparações para a Copa e as
de
tituição Federal/88
Olimpíadas – por um lado reviveram o “Ponha-se na
Município promover programas de
Rua” ao marcar nas fachadas “SMH”, a sigla da
moradia, e não de remoção. Favelas
Secretaria Municipal de Habitação. Por outro,
Princípio da Não e áreas pobres devem ser
reproduzem a dinâmica social e urbana violenta dos
Remoção no Art. regularizadas e integradas à cidade,
militares golpistas.
429 da Lei fazendo valer sua função social, a
Os projetos de “revitalização urbana”, com a volta de Orgânica Muni- não ser em casos excepcionais,
Paes, são uma ameaça de novas remoções. Estradinha, cipal/90 quando as condições físicas do local
Metrô Mangueira e Babilônia são exemplos de locais representam um risco à vida dos
ameaçados de remoções e até mesmo demolições, o habitantes e a única solução possível
que desrespeita completamente o princípio da não
Princípio da Não
é, comprovada através de laudo
remoção e as medidas de precaução contra a
Remoção no Art.
técnico, o reassentamento. Em
234 da Consti-
pandemia. Essa prática perversa, no entanto, não é
tuição Estadu- qualquer caso, toda medida tomada
exclusiva do Rio de Janeiro. Em São Paulo também estão
al/89 pelo poder público deve ter como
ocorrendo muitas remoções na Zona Leste devido à base a Participação Popular
expansão imobiliária e a crise econômica. A

precariedade e insegurança habitacional também não SUSPENSÃO DE Princípio da Participação


Popular: Art. 426 da Lei
são novidade

paulista. Nesse
para o

sentido,
povo

é
marginalizado

válido apontar
da

que
capital

essa
REMOÇÕES NA Orgânica Municipal/90 e

PANDEMIA
Diretrizes do Plano Diretor
dinâmica capitalista destrutiva se reproduz também em (2011)

outras cidades, não se restringindo apenas aos locais

citados.
Lei Estadual 9.020/2020, RJ: Suspende o cumprimento de
ações e o andamento de processos de remoções e despejos
É preciso unir forças e se organizar coletivamente, assim
até o término da situação de calamidade pública decorrente
como em outros momentos do passado, para resistir a da COVID-19.
essas políticas de remoção. Esta cartilha busca trazer
alguns elementos jurídicos que possam auxiliar as Lei Federal 14.216/2021 (Antigo PL 827): Proíbe ações e

comunidades ameaçadas a se defender e rebater as andamento de processos de remoções de áreas urbanas até
31 de dezembro de 2021.
argumentações da Prefeitura.

ONDE BUSCAR ASSISTÊNCIA


NAJUP Luiza Mahin Defensoria Pública Estadual (DPE): Ligar 129 ou
Facebook: NAJUP Luiza Mahin 0800 282 2279

Twitter: @NajupLuizaMahin Núcleo de Terras e Habitação (NUTH):


Ligar 21 2868-2100 Ramal 116 ou WhatsApp 21 96751-4909
Instagram: @najupluizamahin

Campanha DESPEJO ZERO


Comissões de Direitos Humanos
www.campanhadespejozero.org
- ALERJ: 0800 025 5108 ou Whatsapp 21 96751-4909
- OAB/RJ: 21 2730-6525 / 21 2272-6150 ou WhatsApp 21 96918-7142 ou e-mail para direitoshumanos@oabrj.org.br
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ANTES da remoção DURANTE a remoção
Uma remoção só pode ocorrer nos
É DIREITO dos moradores!
seguintes termos
Apresentar MANDADO JUDICIAL;
Em casos excepcionais em que haja RISCO `A VIDA
Identificação e equipamento de gravação dos
dos moradores, com laudo técnico que o justifique
agentes;
(desabamentos, enchentes e etc.);
Presença de um representante do Ministério Público,
Com notificação prévia e GARANTIA DE AMPLA
da Defensoria Pública e de ambas as partes;
DEFESA dos atingidos;
Comunicação formal prévia da remoção a TODOS
Após abertura de processo judicial;
os que serão removidos;

A notificação deve ter Assistência para saída e transporte dos atingidos;

Condições ambientais e sanitárias adequadas e


Linguagem clara e acessível, com informações do combinadas (data e horário previstos, horário
processo e garantia de seu recebimento; comercial);
Análise sobre o motivo, as consequências, a Proteção dos bens dos moradores (a retirada deve
impossibilidade de permanência e o local do ser providenciada pelo ente responsável pela
reassentamento; remoção, que deve oferecer guarda; temporária
Data exata da remoção e do reassentamento; dos pertences quando necessário ou sempre que
As medidas que serão tomadas para minimizar os tenham sido deixados para trás).
efeitos negativos;

Informação sobre como e onde buscar orientação Se houver perda de bens, o morador tem
e assessoria jurídica. direito a indenização!

3
ATENÇÃO DEPOIS da remoção
As pessoas atingidas devem ter tempo para realizar TODOS os removidos devem
um levantamento detalhado de seus bens e direitos
receber
afetados;

O local de reassentamento deve estar pronto antes Nova acomodação;

que a comunidade seja removida; Acesso seguro a alimentação, água potável e

Os órgãos e conselhos que possam acompanhar o saneamento no reassentamento;

processo em situações de vulnerabilidade devem ser Aconselhamento legal e assistência jurídica gratuita;

notificados; Indenização justa por perdas e danos causados pela

Todo o processo deve contar com PARTICIPAÇÃO remoção.

POPULAR do grupo atingido.


O novo local deve estar o mais próximo possível da

moradia anterior e a nova moradia deve ter qualidade

superior ou equivalente à moradia original.

Os responsáveis pelo reassentamento devem cobrir

É PROIBIDO ao poder todos os custos da remoção para o novo local.

Se existir um plano de retorno, a população removida

público! deve receber um documento legal que ofereça garantia

de retorno ao local de origem; e o governo deve


USAR ARMA DE QUALQUER TIPO; fornecer os meios para o regresso voluntário em

Usar FORÇA POLICIAL SEM ORDEM JUDICIAL (a segurança, auxiliando as pessoas na restituição dos

guarda municipal pode participar apenas para bens perdidos.

pacificar conflitos);

Deixar pessoas ou famílias desabrigadas;

Destruir bens das famílias atingidas;


Regulamentação presente na Resolução 17 da

Comissão Nacional de Direitos Humanos de 6 de agosto


DEMOLIR CASAS como retaliação ou forma de
de 2021, na Lei Orgânica Municipal de 1990 e na
ameaça.
Constituição Estadual de 1989.

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