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Djhulien Kozak – T68

Quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Fisiologia – Aula 2
Estrutura das Células Nervosas
e Transmissão Sináptica
Prof. Ilton • Essas diferentes células podem ser identificadas
pela imunohistoquímica, que marca proteínas
específicas que são produzidas por elas (identidade
Células do sistema nervoso
celular)
• No sistema nervoso encontramos os neurônios e
as células da glia (neuroglia)
• Enquanto a função do neurônio é receber,
transmitir e processar estímulos nervosos, as
células da glia são essenciais para garantir um
microambiente neural adequado
Astrócitos (GFP) e Microgliócitos (IB4)

NEUROGLIA
• Também pode ser chamada de neuróglia, glia ou
gliócitos
• Possui menor variedade morfológica e funcional
• É composta por: astrócitos, oligodendrócitos,
células de Schwann, células ependimárias e
Oligodendrócito (Proteína 04)
microgliócito
• Essas células estão sempre próximas aos • Astrócito: é o tipo celular mais numeroso. Ele
neurônios, formando uma estrutura bem densa, recapta o excesso de neurotransmissores na fenda e
para que o ambiente de condução nervosa seja bem contribui para a efetividade da sinapse
estável Obs: NÃO fazem sinapse diretamente
Funções das células da glia NEURÔNIOS
• Sustentação • Os neurônios são responsáveis pela transmissão
• Conduzem nutrientes provenientes do sangue e da informação através da diferença de potencial,
aumentam fluxo sanguíneo conforme a demanda enquanto as células da glia os sustentam e podem
(hiperemia funcional) participar da atividade neuronal
• Controlam a concentração de íons no meio • Possuem um corpo celular responsável por nutrir
extracelular e garantir a integridade da célula nervosa. Possui
• Armazenam glicogênio núcleo e organelas, com destaque para os
• Participam de mecanismos de cicatrização e corpúsculos de Nissl, que são responsáveis pela
defesa no caso de lesões no SN formação de diversas proteínas neuronais
• Fornecem uma capa isolante aos axônios, a • Do corpo celular também saem prolongamentos,
chamada bainha de mielina, que ajuda na que são os dendritos e axônio
propagação do potencial de ação • A forma do corpo celular varia de acordo com a
• Interiorização do excesso de neurotransmissores localização e atividade funcional do neurônio,
da fenda sináptica. Exemplo: o Glutamato pode ser podendo ser piramidal, estrelada, fusiforme,
tóxico para célula se está presente em excesso, piriforme ou esférica
causando, por exemplo, alguns tipos de epilepsia • E de acordo com o número de prolongamentos
• Modulação da transmissão sináptica, não só podem ser:
controlando a quantidade de neurotransmissores na ◦ Unipolares: um corpo celular e um axônio
fenda, mas também liberando seus próprios ◦ Bipolares: um dendrito e um axônio saem do copo
gliotransmissores celular
Obs: gliotransmissores = neurotransmissores ◦ Multipolares: vários dendritos e um axônio saem
liberados pelas células da glia do corpo celular
• Não geram impulsos elétricos, mas influenciam ◦ Pseudounipolares: um prolongamento sai do
fortemente os neurônios por meio de sinais corpo celular e dele surgem dois prolongamentos
químicos (participação estreita no processamento em direções opostas
de informações)

Tipos celulares
1. Macróglia: astrócito, oligodendrócito e célula
NGZ

2. Micróglia: microgliócito

3. Glia periférica: células de Schwann e célula


ganglionar satélite • Como os neurônios são células, também possuem
canais iônicos e receptores de membranas para que
4. Não classificadas: ependimócito e glia
o disparo do potencial de ação ocorra
embainhante olfatória
• Onde tem bainha de mielina os canais não estão
expostos, então não são abertos, ou seja, a
transmissão do PA torna-se mais rápida. Esse tipo
de transmissão é chamado de propagação saltatória
• As porções expostas da fibra nervosa chamam-se
nódulos de Ranvier

• Portanto, passa pelos estágios do potencial de


ação: repouso, despolarização, repolarização,
hiperpolarização e repouso

Bainha de mielina
Obs:
• Camada lipídica isolante que protege as células
◦ Células com bainha de mielina no SNC:
nervosas, além de proporcionar rápida transmissão
oligodendrócito
do potencial de ação e contribuir para a estabilidade
◦ Células com bainha de mielina no SNP: células
da célula
de Schwann. Dependendo da extensão da lesão
• Em sua constituição possui microtúbulos,
nessas células e do nervo acometido, há
neurofilamentos e microfilamentos
possibilidade de regeneração

Espinhas dendríticas
• São pequenas projeções membranosas que
ocorrem nos dendritos, formando locais propícios
para que ocorra o contato sináptico
• Possuem plasticidade: capacidade de se • A conexão entre as células se dá pelos conexons
adaptarem a determinadas situações, ou seja, (conexinas)
aumentam ou diminuem de acordo com a demanda. • A transmissão dos sinais ocorre nos dois sentidos
Exemplo: espinhas dendríticas regridem nos • É muito veloz e sempre excitatória
estudantes durante o período de férias • Homogeneidade de resposta: o PA das duas
células é praticamente igual. Isso é importante, por
exemplo, para a movimentação homogênea dos
músculos (sincroniza as células), como ocorre no
coração
• Essa transmissão é controlada por parâmetros
metabólicos (pH, íons Ca, potencial da membrana
acoplada) e reconhecimento de acoplamento pelos
Fluxo axoplasmático canais

• É o fluxo de substâncias solúveis e organelas entre


• Importância:
o corpo celular e axônio
• Rapidez de transmissão: sincronização de
1. Fluxo axoplasmático anterógrado: vai do corpo
numerosas populações de células acopladas
celular em direção ao axônio. Esse fluxo utiliza
• Desenvolvimento e diferenciação no SN: início
pontes de cinesina para o transporte das substâncias
sincronizado de processos ontogenéticos
2. Fluxo axoplasmático retrógrado: vai do axônio
• Respiração: disparo sincronizado de neurônios do
em direção ao corpo celular. Esse fluxo utiliza
tronco encefálico para o controle do ritmo
pontes de dineína para o transporte das substâncias
respiratório (neurônios que controlam músculos da
• É importante para síntese de mais membrana (turn
respiração)
over) e regeneração
• Sinapses elétricas são mais numerosas e com

Sinapses papel predominante em invertebrados, já nos


vertebrados predominam as sinapses químicas, que
• É a forma de comunicação dos neurônios
exigem maior complexidade funcional do SN
Obs: as sinapses não ocorrem apenas entre
dendrito e axônio. Existem células que, por
exemplo, fazem contato entre os corpos celulares
• Pode ser elétrica ou química:

1. Sinapse elétrica
• Tipo mais simples de sinapse
• É preciso que as células estejam acopladas, ou
seja, há contato direto entre os neurônios e os íons
despolarizantes passam diretamente de um
neurônio para outro
Obs: não há neurotransmissores
2. Sinapse química 2. Transferência de informação química para uma
• O estímulo para despolarização ocorre pela cadeia de sinais moleculares no interior da célula,
liberação de neurotransmissores no ambiente sem necessariamente interferir na sinalização
extracelular, na fenda sináptica. Portanto, possui elétrica
contiguidade mas não continuidade • Ou seja, a informação que emerge de um neurônio
• Fenda sináptica é um espaço complexo, com quase sempre é diferente da que ela recebe de outro
grande quantidade de matriz proteica adesiva neurônio. Isso é um ganho adaptativo (modulação
• Exemplo de sinapse química: sinapse da informação)
neuromuscular • As sinapses químicas podem ser:
• Exemplos de neurotransmissores: GABA, a. Axodrendríticas: o dendrito é a porção que
acetilcolina, noradrenalina, adrenalina, serotonina recebe a mensagem no neurônio pós-sináptico
e dopamina. Eles podem ter efeitos excitatórios ou b. Axossomáticas: acontecem diretamente no corpo
inibitórios, dependendo dos receptores celular
Obs: na sinapse excitatória as vesículas são c. Axoaxônicas: geram resposta no axônio pós-
redondas (características de glutamato); já na sináptico
sinapse inibitória as vesículas são achatadas
(característica do GABA) Transmissão sináptica - etapas
• Esse tipo de sinapse é mais lento do que a elétrica, 1. Síntese, transporte e armazenamento do
mas permite modulação da atividade neuronal neuromediador
(hiperpolarização ou despolarização) 2. Controle da liberação do neuromediador na
• Segue apenas uma direção fenda
3. Difusão e reconhecimento do neuromediador
pela célula pós-sináptica
4. Deflagração do potencial pós-sináptico
5. Desativação do neuromediador
Obs: considerar sempre a integração sináptica

• Tipos de ação:
• Começa com o PA na célula pré-sináptica, que
libera um neurotransmissor, o qual difunde-se na
fenda sináptica
1. Reconversão da informação química em
informação elétrica no neurônio pós-sináptico
(potencial pós-sináptico). É o tipo mais frequente e
típico no SNC e também acontece na contração
• Os neurotransmissores passam por etapas
muscular, que usa acetilcolina
enzimáticas de degradação
b. Ou ocorre inibição do neurônio, se o estímulo
inibitório é maior que o excitatório (dissipa o PA)
= PIPS (potencial inibitório pós-sináptico)

Receptores
• Ionotrópicos: relacionados aos íons
• Glutamatérgicos: relacionados ao glutamato
• Gabaérgicos: relacionados ao GABA

Fim da transmissão sináptica - etapas


1. Difusão do neuromediador
2. Recaptação do neuromediador pelo neurônio
pré-sináptico
3. Degradação enzimática do neuromediador

Integração sináptica
• São as interações múltiplas e complexas entre Implicação clínica
neurônios • Um estudante de 24 anos estudava à noite para um
• Os neurônios pré-sinápticos podem ser exame. Enquanto olhava para seu livro-texto,
excitatórios ou inibitórios percebeu que seu braço esquerdo e perna esquerda
◦ Excitatório: abertura dos canais de Na+ = estavam dormentes. Ele ignorou, ao lembrar que há
despolarização seis ou sete meses apresentou sintomas
◦ Inibitório: abertura dos canais de Cl- = semelhantes. Ao levantar-se, percebeu que
hiperpolarização apresentava falta de equilíbrio. Também
• Se ocorre um disparo simultâneo deles, chegará 2 apresentou visão borrada e lembrou-se que há um
informações diferentes no neurônio pós-sináptico. ou dois anos apresentou o mesmo problema de
Então o que acontece? visão, mas o sintoma tinha sumido. O paciente não
a. Ocorre o disparo do PA, se o estímulo excitatório tinha consultado um médico anteriormente para
é maior do que o inibitório = PEPS (potencial qualquer um dos sintomas. Ele foi para a cama e
excitatório pós-sináptico) decidiu procurar um médico no dia seguinte
• Qual o diagnóstico provável? • Fenômeno de integração sináptica como resultado
Esclerose múltipla de interações múltiplas e complexas entre
◦ Doença crônica que geralmente começa em neurônios
adultos jovens. Os sintomas costumam começar • Há uma variedade grande de doenças
entre os 10 e 60 anos. O início dos sintomas fora relacionadas a canais (canalopatias), estruturas das
dessa faixa etária deve levantar suspeita de outra células (ex: desmielinização) e transmissão
doença que não a EM sináptica
◦ Caracterizada por déficits neurológicos
recorrentes, remitentes ou progressivos. Esses
déficits refletem lesões em áreas dispersas do
sistema nervoso central, que se instalam e podem
resolver-se com o passar do tempo
◦ A EM está restrita ao SNC e poupa o sistema
nervoso periférico de lesões
◦ A característica patológica da EM é a
desmielinização focal no cérebro e na medula
espinhal
◦ Na EM, áreas discretas de mielina danificada,
denominadas placas, estão localizadas dentro de
tecido com aspecto normal
◦ Dentro de cada placa, a mielina danificada está
associada com infiltrados inflamatórios de
linfócitos e macrófagos, anticorpos e deposição de
complemento, micróglia ativada e perda de células
olidendrogliais
◦ Decorrente desta associação patológica com
inflamação e desmielinização, a EM é considerada
uma doença autoimune

Resumo e tópicos para estudo


• Células gliais como componentes essenciais ao
SN
• Sinapse elétrica como energia sendo transmitida
com pouca modulação
• Sinapse química mais elaborada e flexível

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