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05/11/2015

Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Pato Branco

HORMÔNIOS VEGETAIS
_____________________________

Giberelinas: reguladores da estatura


das plantas e germinação de
sementes
2015

As giberelinas (GAs) foram identificadas como


componentes fúngicos que promovem alongamento
do caule
Doença Bakanae significa
“planta-boba", porque as
Doença Bakanae
plantas infectadas alongam
(Gibberella fujikuroi)
muito rapidamente, e são
incapazes de se sustentar e
Planta produzir sementes pois
sadia também são estéreis.

Plantas
infectadas
Hiperalong
adas

Ácido giberélico (GA3)

Photo source: Nigel Cattlin, Visuals Unlimited, Inc.

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Giberelinas (GAs)

 1930  cientistas japoneses isolaram dois compostos


fúngicos com atividade no crescimento  giberelina A e B;

 1950
 Cientistas USA e Grã-Bretanha  filtrado de cultura de
fungos  composto denominado ácido giberélico;
 Cientistas japoneses  isolaram três giberelinas  A1,
A2 e A3;

 Ácido giberélico = giberelina A3

Giberelinas

 1958 a 1ª GA identificada em plantas extrato vegetal de


sementes imaturas de Phaseolus coccineus.

 1968  numeração das giberelinas  ordem cronológica


de descoberta:
GA1,2...(n) ou Giberelina A1, 2...(n);

GA1,3,4 e 7  biologicamente mais ativas (C19).

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Mais tarde, as giberelinas foram identificadas como


reguladores endógenos do crescimento.

Giberelinas promovem
alongamento de colmos e
germinação das sementes. Em
algumas plantas promovem a
Ervilha “normal) floração e desenvolvimento de
frutos.

Ervilhas de Mendel
de baixa estatura
são deficiêntes em
GA.

Desenvolvimento
Algumas plantas são tratados com
inibidores da síntese de GA para manter
de frutas sem
uma estatura menor e prevenir o sementes requer
acamamento (tombamento) aplicação de GA

Lester, D.R., Ross, J.J., Davies, P.J., and Reid, J.B. (1997) Mendel's stem length gene (Le) encodes a gibberellin 3[beta]-
hydroxylase. Plant Cell 9: 1435-1443; Wheat mage courtesy of Mary Burrows, Montana State University, Bugwood.org;
Clementine photo by Azcolvin429.

Estrutura das Giberelinas (GAs)

 GAs são diterpenos cíclicos (19 ou 20 carbonos);

 Possuem um esqueleto ent-giberelano (4 ou 5 anéis);

 Todas as GAs tem um grupo carboxílico ligado ao C7;

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Estrutura das Giberelinas

GA3 obtida do fungo Gibberela


fujikuroi – Uso comercial.

 Existem pelo menos 136 GAs de ocorrência natural caracterizadas.

 Na maioria das plantas, GA1 e/ou GA4 são as GAs com atividade
biológica mais elevada.

Processos fisiológicos estimulados por giberelinas


 Estimula o alongamento caule por meio da expansão e divisão
celular.

 Estimula a brotação/florescimento em resposta a dias longos.

 Superação (quebra) da dormência em algumas espécies que


necessitam de luz para induzir a germinação.

 Estimula a produção da enzima (alfa-amilase) na germinação de


grãos de cereais para a mobilização de reservas de sementes.

 Induz a masculinidade em flores dióicas (expressão sexual).

 Produção de frutos partenocárpicos (sem sementes).

 Pode retardar a senescência em folhas e frutas cítricas.

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A manipulação dos níveis de GA é muito


importante para a agricultura

Uma das realizações mais


significativas da ciência do
século 20 foi o
desenvolvimento de
variedades de cereais semi-
anãs que são deficientes na
síntese ou resposta a GA.
Anos de 1960

Melhorista de Plantas - Norman Borlaug 1914-2009 –


Premio Nobel da Paz em 1970

Photos courtesy of S. Harrison, LSU Ag center and The World Food Prize.

Locais de Síntese de Giberelinas na Planta

 Ápices caulinares;

 Ápices radiculares;

 Entrenós jovens;

 Folhas jovens;

 Sementes em germinação (embriões);

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Biossíntese de
Giberelinas

 Ácido Mevalônico;

 Sintetizadas por uma


ramificação da rota dos
terpenóides;

 GAs são diterpenóides


compostos por unidades
básicas pentacarbonadas
(isoprenos);

Biossíntese de Giberelinas

 Estágio 1: GGPP é convertido a ent-caureno via copalil difosfato  nos


plastídeos.

 Estágio 2: O ent-caureno é convertido a GA12 ou GA53  no retículo


endoplasmático.

 Estágio 3: GA12 ou GA53 são convertidas em outras GAs  no


citoplasma.

– Ocorre uma série de oxidações no C20 que leva a produção de GA20


que é oxidado e forma a giberelina ativa GA1.

– A partir da GA1 e GA20 são produzidas as GAs inativas (GA29 e GA8).

... Ver imagens nos próximos slides...

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Os três estágios de
biossíntese de GA

Continua.....

Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

Continua..... Os três estágios de biossíntese de GA

No
citoplasma

Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

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Mutações conhecidas que alteram a


biossíntese impedindo que as
giberelinas ativas sejam formadas

Mutações conhecidas que alteram a biossíntese impedindo que as giberelinas ativas


sejam formadas

Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

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Inibidores da Biossíntese de
Giberelinas
CC

AMO-1618, FOSFON D
inibidores da primeira
Trinexapac-ethyl e BX12 (pró- etapa da biossíntese de
hexadiona) GA.

Inibem a GA 3 oxidase que converte a


forma inativa (GA20) na GA1 (ativa no
Redutores do
crescimento) crescimento

Ex.: trinexapac-ethyl está relacionado com a


inativação da enzima GA 3β-hydroxylase (GA 3β-hy),
devido provavelmente à competição entre
o regulador vegetal e o 2-oxogluterato pelo co-
substrato Fe+2/ascorbato-dependente dioxygenase,
reduzindo o nível de giberelinas ativas,
principalmente GA1.
Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

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Conjugação das Giberelinas

 GAs livres são biologicamente ativas;

 GAs + açúcares  giberelinas+glicosídeos (sementes);

Transporte das Giberelinas

 Xilema e floema;

O GA promove o alongamento do colmo evitando a


submergência do arroz

Controle Submerso

Como o nível da água sobe Dois dias de


durante inundação sazonal, GA submersão induz
promove rápido alongamento da rápido alongamento
haste para manter a parte superior dos entrenós
da planta acima da linha de água.

Kende, H., van der Knaap, E., and Cho, H.-T. (1998). Deepwater rice: A model plant to study stem elongation. Plant Physiol.
118: 1105-1110.

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Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

GA e ABA atuam antagonicamente no controle da


germinação de sementes

ABA promove tolerância à Germinação


dessecação e dormência

Mobilização
A germinação das sementes requer das reservas
degradação do ABA e produção de GA
para promover o crescimento e Expansão
degradação de produtos de celular
armazenamento de sementes

GA
ABA

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas


Germinação de Sementes
• GA estimula a produção de hidrolases (α-amilase) que promove m a
hidrólise do amido mobilizando as reservas energéticas do endosperma para
o embrião;

Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

Durante a germinação, GA induz a expressão de enzimas para


mobilização de nutrientes.

Nos processos de maltagem....

A hidrólise do amido no endosperma é


iniciada pelo GA produzido pelo embrião ou
adicionado de forma exógena durante o
processo de maltagem.

GA

GA amilase
Cevada
Açúcares amido
Embrião

Endosperma Aleurona

Images by Prof. Dr. Otto Wilhelm Thomé Flora von Deutschland, Österreich und der Schweiz 1885 and
Chrisdesign.

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Germinação de Sementes

 Alface  requerimento de luz para germinação;


 Alface  GA substitui a exigência de luz vermelha;

 Algumas sementes necessitam de luz e frio para


germinar  aplicação de GA quebra a dormência e
promove a germinação;

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

• Proteínas DELLA e o mecanismo de repressão de


resposta a giberelinas:

• As proteínas DELLA atuam como repressores de transcrição


no núcleo, e, consequentemente reprimindo a sinalização por
giberelinas.

• Acredita-se que a inativação e a degradação das proteínas


DELLA seja um evento-chave para desencadear a sinalização
por giberelinas.

Genes que codificam proteínas DELLA


apresentam grande impacto agrícola

Reduced-height1
O gene da revolução verde
Wild-type wheat
Rht1 (reduced height1)
codifica uma proteína wheat
DELLA mutante.

Reprinted by permission of Macmillan Publishers, Ltd. Peng, J., et al. (1999) 'Green revolution' genes encode mutant gibberellin response
modulators. Nature 400: 256-261.

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Alongamento Celular

• AX e GA exercem seus efeitos juntas modificando as


propriedades da parede celular;
– AX  afrouxamento da parede celular  acidificação;
– GA  causa aumento da extensibilidade;

GA  inibe peroxidases da parede celular, evitando


assim a ligação de compostos fenólicos (lignina);

MODO DE AÇÃO DAS


GIBERELINAS:
Proteínas DELLA e
o mecanismo de
repressão de
resposta a
giberelinas:

Fonte: Taiz & Zeiger, 5ª Ed.

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Estrutura do Complexo GA3-GID1a-DELLA

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Divisão Celular
• GAs estimulam as células na fase G1 da interfase,
entrando rapidamente na fase S;

• GA induz a expressão de genes para proteínas quinases


dependentes de ciclinas (CDKs);

Senescência

• GA3 retarda a senescência de folha e frutos cítricos;

• GA  inibe a quebra da clorofila;

Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

GA3 - ALONGAMENTO
DO CAULE NO
MUTANTE ANÃO

MUTANTE ANÃO

PLANTA SELVAGEM

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Crescimento do Caule de plantas em Roseta

• Plantas de dias longos (PDL) assumem forma de rosetas


em dias curtos (DC);

• PDL cultivadas em DL  crescimento do caule e


florescimento;
• Repolho, brócolis, mostarda

• PDL cultivada em DC + aplicação de GA  promove o


alongamento do caule;

Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Floração

 GA estimula a floração de PDL e em plantas que


necessitam de vernalização;

 O florescimento em PDL é estimulado quando o


comprimento do dia excede uma certa duração
(comprimento crítico do dia);

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

 Florígeno = antesina + giberelina

 Plantas de duas curtos produzem GA, porém necessitam


de dias curtos para produzir a antesina.

 Plantas de dias longos produzem antesina, porém


necessitam de dias longos para induzir a produção de
giberelina.

Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

• Florescimento em Plantas de Dias Longos

COMPRIMENTO
CRÍTICO DO DIA

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Expressão Sexual em Plantas


 GA induz a formação de flores masculinas

em determinadas condições.

 Pepino:

 Dias curtos e baixas temperaturas favorece a produção de flores


femininas;

 Dias longos e altas temperaturas  favorece a produção de flores


masculinas;

 GA substitui o Dias longos e forma flores masculinas em plantas de Dias


Curtos.

Em algumas dicotiledôneas, como pepino (Cucumis sativus L.), espinafre


(Spinacia oleracea L.) e cânhamo (Cannabis sativa L.), o ácido giberélico
promove a produção de flores masculinas.

Brassica sp. PDL

ROSETA EM DC

CRESCIDA E COM FLOR


(DC COM APLICAÇÃO DE
GA3)

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Efeitos Fisiológicos das Giberelinas

Pegamento/Estabelecimento e Desenvolvimento dos Frutos

• GA promove a fixação do fruto após a polinização;

• Aplicação de GA4 + 7 em maçã  aumenta a fixação,


promove o alongamento e melhora o formato dos frutos;

• Aplicação de GA3 em uva promove aumento do tamanho


do fruto e do cacho;

Giberelinas - aplicações
Uva
 Aplicação de GA estimula o crescimento do pedúnculo 
alongamento do fruto, produção de frutos sem sementes.

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Giberelinas - aplicações
Partenocarpia

• GA estimula a partenocarpia (produção de frutos sem fertilização);

No abacaxi, não há formação de


sementes por autopolinização. São
necessárias duas cultivares diferentes.

Giberelinas - aplicações

• Macieira
 Aplicação de CK + GA4 + GA7  melhora a forma dos
frutos;

• Citrus
 GA retarda a senescência  prolongando a
comercialização;

• Cana-de-açúcar
 Aumento na produção de cana-de-açúcar  aspersão
de GA estimula o alongamento dos entrenós.

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Giberelinas - aplicações

• Maltagem da cerveja
 Aplicação de GA acelera o processo de maltagem, ou
seja, aumenta a síntese de α-amilase  aumenta a
qualidade da fermentação;

• Melhoramento vegetal de espécies arbóreas


 Aplicação de GA reduz o tempo de produção de
sementes. Ex.: em coníferas  induz a formação de
cones em plantas muito jovens;
 Reduz o tempo para mudança da fase juvenil para a
adulta.

Aplicação de GA reduz o tempo para produção de sementes

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Inibidores de Giberelinas - aplicações

 Redução na altura das plantas:


• Facilitar o manejo de plantas no campo e casa de vegetação;

• Trigo  redução do alongamento do caule evitando o


acamamento (ex.: trinexapac-ethyl);

• Cultivo de flores (lírio, crisântemo)  ancimidol  plantas pequenas


e fortes;

Inibidores de giberelinas - aplicações

Paclobutrazol inibe a síntese de GA

0 M PAC 1 M PAC 5 M PAC 25 M PAC

Plantas de arabidopsis tratadas com doses


crescentes de paclobutrazol (PAC)

Adapted from Rieu, I., et al. (2008). Genetic analysis reveals that C19-GA 2-Oxidation is a major gibberellin
inactivation pathway in Arabidopsis. Plant Cell 20: 2420-2436.

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FIM

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