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Caso Clínico de U.

Ana Francisca Marques nº 39990


André Rodrigues nº 40045
Raquel Torres nº 39989
Telmo Soares nº 40274
João Carvalho nº 40278

Psicologia
Psicologia do desenvolvimento
Docente: Professora Doutora Ana Conde

Data:

.209.1
Questões

1. Crie uma linha temporal em que seja visível e clara a trajetória desenvolvimental
de U. e os indicadores que traduzem o seu bom e mau funcionamento.

A trajetória desenvolvimental de U. foi marcada por algumas dificuldades o que moti-

varam um início de vida agitado para ele. Sendo assim, procederemos então a uma breve aná-

lise da vida deste, fazendo referência aos marcadores que nos poderão traduzir o seu bom e

mau funcionamento.

U., nasceu de uma gravidez planeada e desejada sem complicações. O seu desenvol-

vimento inicial podemos dizer que correu de acordo com os parâmetros considerados nor-

mais, embora comparativamente com os seus irmãos, houve um atraso tanto motor como ver-

bal, mesmo assim pode ser considerado um bom marcador de funcionamento, teve um pro-

cesso desenvolvimental que se mostrou normativo.

É uma criança saudável, normal, afetuosa e feliz que manteve sempre uma relação de

proximidade com as suas figuras parentais e irmãos, o que se pode considerar um bom marca-

dor de funcionamento.

Chegou a frequentar o jardim-de-infância, apenas pelo período de três semanas na

Roménia, país de onde era originário, porque logo após veio para Portugal com os seus pais e

irmãos onde frequentou a 1º e 2º ano de escolaridade tendo obtido uma boa adaptação à esco-

la, outro bom marcador de funcionamento.

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Esta situação modificou-se quando U. foi novamente para a Roménia onde permane-

ceu durante um ano, frequentando o 3º ano, o que lhe poderá ter provocado um estado de an-

siedade.

A mesma é considerada como uma característica que faz parte do desenvolvimento in-

fantil, é uma preocupação de criança e pais referente à perda de outros.

Se por vezes a ansiedade de separação aguardada se torna excessiva pode ser prejudi-

cial à criança, sendo assim pode estar-se perante uma perturbação de ansiedade de separação,

a mesma supõe uma ansiedade excessiva relativamente `à separação de casa e mesmo daque-

les a quem a criança está ligada.

Retornou a Portugal com a família, começou a frequentar o 4º ano de escolaridade, re-

provou, mesmo esforçando-se para conseguir atingir resultados positivos, não conseguiu, o

que o deixa desanimado e ansioso, para agravar mais a situação na mesma turma tem um dos

irmãos mais novos o qual está a conseguir um bom resultado académico. Para U. é um mau

marcador de funcionamento.

De acordo com Senna e Portes (2007), Piaget deu corpo ao conceito científico de men-

te como um organismo simbólico inerente à natureza ontológica da biofisiologia humana e, a

partir disso, defendeu o pressuposto de que a inteligência é inata e sua operacionalidade se

desenvolve ao longo da maturação cognitiva por pré-disposição neurofisiológica na ação do

sujeito sobre a realidade e dessa sobre ele. A inteligência hereditária e o meio cultural pobre,

portanto, não deveriam ser tomados como as razões pelas quais as crianças dos segmentos

socialmente desfavorecidos apresentavam "dificuldades para aprender".

U. é uma criança que gosta de atividades ao ar livre, relaciona-se bem com os amigos

embora demonstre algum receio por parte de alguns amigos. Em casa divide o seu quarto com

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um dos irmãos, cooperante com os pais quanto à resposta das regras estabelecidas pelos pais.

Um bom marcador de funcionamento.

Embora o ambiente em casa tente ser de harmonia, mas os graves problemas monetá-

rios afetam o humor tanto de U. como dos seus irmãos. Demonstra uma dificuldade em verba-

lizar e expressar-se derivado do seu entrave linguístico, ainda não domina bem a língua do

país onde se encontra, é um mau marcador de funcionamento.

“A pobreza, configura-se como o fator de risco mais grave a atingir a família (Willi-

ams & Aiello, 2004), porque por si só pode acarretar e gerar outros fatores de risco como a

história de desenvolvimento dos pais e suas habilidades parentais, além de limitar as oportu-

nidades para ajustamento infantil positivo. Morar em bairros e estudar em escolas com alta

densidade de pares desviantes e áreas urbanas com muitos crimes pode levar pais habilidosos

a falhar no papel de agentes de prevenção de problemas de comportamento em seus filhos

(Marinho, 2003).”

Todos estes acontecimentos/marcos foram importantes para a trajetória desenvolvi-

mental, estes influenciaram e ajudaram a construir e/ou formar o que A., é na atualidade.

2. Identifique fatores de risco e proteção para o ajustamento psicológico de U. indi-

cando também o contexto de que fazem parte.

“Segundo (Reppold et al., 2002), os eventos estressantes da vida, considerados como

quaisquer mudanças no ambiente que normalmente induzem a um alto grau de tensão e inter-

ferem nos padrões normais de resposta do indivíduo, têm sido associados a uma grande varie-

dade de distúrbios físicos e mentais.”

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Os fatores de riscos são condições ou variáveis ambientais, biológicas, genéticas ou

sociais que certificam o aparecimento de uma desordem emocional ou comportamental e/ou

interferem negativamente no desenvolvimento da criança em qualquer área.

O aspeto que podemos destacar que pode agravar os fatores de risco, como os ambien-

tais será um baixo status socioeconômico. As consequências que daí podem surgir são um

atraso no desenvolvimento; um dano nos pensamentos intrapessoais como o medo, baixa-

estima, ansiedade e depressão, dificuldade na aprendizagem entre outros.

Falando agora do caso clínico de U., dos fatores de risco, podemos observar que houve

uma mudança no seu comportamento quando regressou à Roménia onde se verificou uma se-

paração dos seus pares, saiu de um local onde já se tinha adaptado e foi para um novo local,

onde tem que tentar criar novas amizades, socializar, isso vai criar nele um estado de ansieda-

de e medo, passado um ano regressou novamente a Portugal tornando a existir um corte e uma

nova tentativa de se ajustar, criar novas amizades.

Podemos considerar outro fator de risco o baixo status socioeconómicos dos pais o que

limita uma interação social ativa no meio envolvente. O baixo grau de escolaridade dos pais,

afeta U., porque não os procura para solicitar ajuda nos problemas que possa ter. Criança in-

trovertida, tímida com falta de autoconfiança. E ainda a sua dificuldade em verbalizar e ex-

pressar-se derivado do seu entrave linguístico, ainda não domina bem a língua do país onde se

encontra, o que lhe provoca ansiedade.

No contraponto aos fatores de risco, estão os fatores de proteção, que são condições ou

variáveis ambientais, biológicas, genéticas ou sociais que agem a favor do desenvolvimento

da criança e atuam na prevenção de aparecimento de desordem emocional ou comportamen-

tal.

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Esses fatores de proteção podem ser resumidos num bom funcionamento familiar, para

a existência de vínculos afetivos, apoio e monitoramento parentais e extrafamiliar.

A estes fatores de proteção podemos destacar a coesão familiar a afetividade e ausên-

cia de discórdia familiar situação verificada na família de U., que tentam criar fontes de apoio

individual ou institucional para a família e para ele.

“Maia e Williams (2005) dissertam sobre práticas educativas positivas, isto é, no uso

adequado da atenção e estabelecimento de regras; no afeto seguro e contínuo; no acompa-

nhamento das atividades escolares e de lazer; no comportamento familiar que desenvolva em-

patia, senso de justiça, de responsabilidade, de trabalho, de generosidade e de conhecimento

do certo e errado; grau de escolaridade materna e seu baixo nível de depressão; vínculo afeti-

vo positivo com outros cuidadores; crenças religiosas; presença de amigos; frequência na es-

cola e bons vínculos com professores.

Segundo Bee (1995), a família pode ser destacada como responsável pelo processo de

socialização da criança, sendo que, por meio dessa, a criança adquire comportamentos, habili-

dades e valores apropriados e desejáveis à sua cultura. Nesse contexto, a internalização de

normas e regras possibilitarão à criança um desempenho social mais adaptado e aquisição de

autonomia.

3. Tendo por base as características normativas de desenvolvimento durante a fase

inicial, intermédia e final da adolescência, discuta se a sintomatologia evidencia-

da U. pode ser considerada normativa ou não.

A adolescência poderá ser dividida em: Início da Adolescência, Adolescência Inter-

média e Final da Adolescência. Sendo U. um rapaz de 13 anos, pode-se afirmar que o mesmo

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se encontra no início da adolescência, sendo que na fase inicial é comum os adolescentes vi-

verem grandes oscilações de humor e mostrarem desvaneios intensos, o utente enquadra-se

neste perfil considerado normal pois através do Teste da Família, o paciente ao desenhar os

pormenores do teto e da chaminé foi notória a sua imersão na fantasia e na divagação, provo-

cados pela falta de contacto social e imaturidade afetiva.

Os períodos do desenvolvimento são caracterizados por aquilo de melhor que cada in-

dividuo consegue fazer nas faixas etárias indicadas, como sensório-motor, pré-operatório,

operações concretas e operações formais, portanto, todos os indivíduos passam por todas es-

ses períodos ou estágios, mas o início e o término de cada uma delas dependem das caracterís-

ticas biológicas do ser humana e de fatores educacionais e sociais. A adolescência é uma fase

de transição desenvolvimental entre a infância e a idade adulta, envolve grandes mudanças a

nível físico, cognitivo, emocional e psicossocial.

Erikson (1968) refere-se a esta fase como sendo moratória social e que os jovens estão

preparados para exercer o papel de adultos. As características normativas da adolescência fo-

ram descritas por Knobel e Aberrastury, e são um conjunto de comportamentos patológicos e

características psicológicas que facilitam a compreensão deste período da vida. Existem ca-

racterísticas normativas concretas durante a fase inicial, intermédia e final da adolescência.

A nível cognitivo, o surgimento da exploração de novas competências em pensamento

abstrato limitado, exploração desajeitada de novos valores e energias e comparação com a

"normalidade" dos pares do mesmo sexo. Os resultados da Escala de Inteligência de Wechsler

para Crianças (WISC-III, 2003) revelaram um obstáculo a nível cognitivo que poderá estar na

origem de todos os problemas subjacentes, tornam-se assim evidente, que a nível cognitivo U.

possui um ligeiro atraso cognitivo, com o que seria esperado nesta fase inicial da adolescên-

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cia, uma vez que no no fim da adolescência, o desenvolvimento cognitivo é marcado pela ca-

pacidade de ver problemas de maneira abrangente e a identidade intelectual e funciona está

estabelecido, passando a citar, : "Perante estes resultados, significa que as dificuldades de

aprendizagem atuais de U. poderão revelar um défice de natureza intelectual, que condicio-

nam toda a sua aprendizagem regular."

Continuando a observar os resultados do WISC III, observamos uma fraca capacidade

de memorização, pouca adaptação, fraco investimento escolar, uma baixa capacidade de con-

centração e entre outras, o que faz com que U tenha más notas em confronto com o seu irmão

mais novo que tira boas notas. U apresenta vivência de grandes oscilações de humor, bem

como a demonstração de desvaneios intensos.

De acordo com a mãe de U., ele amua com frequência, o que poderá ir ao encontro dos

resultados da Escala de Ansiedade Manifesta para Crianças (CMAS-R) que indicou uma pre-

senta bem significativa de sintomatologia ansiosa acima daquilo que era esperado, mas tam-

bém um elevado resultado na Escala da Mentira o que poderá ser um indicador de defensivi-

dade de U, ou seja, a maneira de U se autoproteger perante as adversidades presenciadas.

A nível físico, temos a informação de que as brincadeiras preferidas de U. é jogar fu-

tebol e andar de bicicleta, o que é perfeitamente normativo na idade dele. Nesta fase, a velo-

cidade do ritmo de crescimento atinge o pico, ocorrendo o surgimento de características sexu-

ais secundárias e também o início da autoexploração a nível sexual. Com base nas informa-

ções fornecidas, não existem referências relativas ao desenvolvimento físico e sexual de U.,

apesar de existem menções acerca de cansaço, dores de cabeça e stress sentidos pelo mesmo.

Relativamente à identidade, surge a preocupação às rápidas mudanças corporais, é usada co-

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mo medida de atração, a aceitação/rejeição dos pares e a procura de conformidades com as

normas de grupo.

Nas relações com os pais, a definição de fronteiras entre dependência e independência,

apesar de mostrar um forte desejo de manter a dependência, aos poucos tenta afastar-se), nas

relações com os pares procuram ligações para compensar a instabilidade gerada pelas rápidas

mudanças, surgem conflitos de poder nos grupos de amigos e dá-se um aumento nas relações

íntimas e idealizadas com membros do mesmo sexo.

Tendo em conta que U. tem 13 anos e está no início da adolescência, o facto de fre-

quentar o 4º ano de escolaridade, implica à partida que os seus pares têm 8 a 10 anos de idade

e estão a experienciar as características normativas da faixa etária dos 9 aos 11 anos (inclusive

o seu irmão de 9 anos, que frequenta a mesma turma e obtém bons resultados), isto poderá

levar a uma dificuldade na criação de laços com pares que experienciam o mesmo e também a

uma redução na autoeficácia em relação às suas funções como estudante (sendo isto apenas

uma hipótese). Relativamente às relações no seio familiar o Teste do Desenho de Família re-

velou que todas as figuras da família não têm mãos desenhadas podendo supor que U tem fal-

ta de confiança nos contactos sociais.

O paciente em alguns parâmetros assemelha-se à normalidade, mas em outros, tem

comportamentos, atitudes e pensamentos anormais, segundo a fase desenvolvimental em que

se encontra. Este afasta-se da normalidade progressivamente, à medida que se vai desenvol-

vendo vai também ganhando cada vez mais comportamentos patológicos.

4. Tendo por base as evidências científicas que descrevem as trajetórias normativas

de desenvolvimento durante a infância e fase inicial da adolescência, indique, jus-

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tificando, em que dimensões do desenvolvimento U. evidencia desvios significati-

vos relativamente ao expectável.

As teorias do desenvolvimento consideram que o nosso comportamento é o resultado

tanto das características hereditárias como de outras aprendidas no ambiente em que vivemos,

como por exemplo, as influências da família, da escola e da cultura. (Rodrigues, O. M. P. R.,

& Melchiori, L. E. 2014).

Relativamente ao desenvolvimento cognitivo durante a infância e na fase inicial da

adolescência, este é um processo de conhecimento que tem como material a informação do

meio em que vivemos e o que já está registado na nossa memória. Posto isto, normalmente a

criança em idade escolar está numa fase de grande avanço cognitivo e com capacidades para

compreender os conteúdos abordados na sala de aula. (Rodrigues, O. M. P. R., & Melchiori,

L. E. 2014).

No caso do U. ele está novamente a frequentar o 4º ano, e segundo a mãe, esforça-se

muito por atingir resultados positivos na escola, contudo, não consegue e isso deixa-o muito

desanimado, revela ansiedade, preocupação e tiques nervosos, cansa-se com facilidade, porém

tem um desejo de agradar os outros, bom comportamento e é responsável nas atividades pro-

postas.

Outro aspeto importante no desenvolvimento cognitivo é a linguagem, que é um veí-

culo para os adultos transmitirem às crianças os modelos que são culturalmente valorizados

como forma de pensar e solucionar problemas, tornando-se uma das ferramentas mais podero-

sas de adaptação intelectual das crianças, que fazem progressos constantes nas habilidades de

processar e reter informações, tais como: compreender como a memória funciona e desenvol-

ver estratégias para utilizá-la, desenvolver a capacidade de atenção concentrada, focalizando

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no relevante e desconsiderando o irrelevante da informação. (Rodrigues, O. M. P. R., & Mel-

chiori, L. E. 2014).

Relativamente ao caso do U. foram feitos diversos testes, que revelaram alguns pro-

blemas ao nível da memória imediata, integração, prática social, capacidade de análise e sín-

tese do material percetivo, antecipação do todo a partir das partes dispersas, concentração e

atenção.

No que diz respeito ao desenvolvimento emocional e social, este trata-se do modo co-

mo as pessoas, e neste caso as crianças, lidam com as suas emoções e a forma como as ex-

pressam, vão ganhando consciência dos seus próprios sentimentos e dos sentimentos dos ou-

tros e começam a controlar melhor as suas emoções em situações sociais. Os ambientes fami-

liares e escolares são fundamentais para o desenvolvimento do controlo da emoção e da auto-

estima (sentimentos positivos acerca das suas possibilidades, confiança em si mesmo, a maior

facilidade em aceitar desafios). (Rodrigues, O. M. P. R., & Melchiori, L. E. 2014).

No caso do U, ele sempre foi uma criança normal, afetuosa e feliz, e que sempre man-

teve uma relação muito próxima com as figuras parentais e irmãos. Frequentou o jardim-de-

infância durante apenas três semanas na Roménia, porque depois veio viver para Portugal.

Iniciou em Portugal o 1º ano e 2º ano de escolaridade com boa adaptação à escola, mas depois

foi novamente para a Roménia viver durante apenas um ano, ou seja, fez na Roménia o 3º ano

de escolaridade. No final desse ano letivo regressou novamente a Portugal com a família e U.

começou a frequentar o 4º ano de escolaridade em Portugal, aqui verificamos que o U possa

ter tido uma adaptação dificil no que diz respeito à interação com os pares, devido ao facto de

estar sempre entre a Romenia e Portugal, em vez de se manter sempre na mesma escola, o que

facilitaria o relacionamento e a adaptação ao contexto escolar e social.

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5. Identifique um acontecimento de vida normativo ligado à idade e um aconteci-

mento significativo de vida não normativo que considerem ter influenciado a tra-

jetória desenvolvimental de U.

Para começarmos a responder á respetiva questão, vamos identificar um acontecimen-

to normativo ligado á idade que pode ter influenciado na trajetória desenvolvimental de U,

para isso iremos analisar alguns dos momentos da sua infância onde este mostrou contraria-

mente aos seus irmãos, um desenvolvimento mais lento e demorado, em alguns aspetos do

foro cognitivo, emocional e também no desenvolvimento social, como por exemplo na capa-

cidade de adquirir aprendizagens relativamente á fala, ao andar que foram adquiridas de for-

ma mais demorada comparativamente com os seus irmãos, alem disso com o tempo U, desde

que se mudou para Portugal juntamente com a sua família teve uma aprendizagem bem regu-

lar e normativa, conseguindo assim acompanhar as varias disciplinas a serem lecionadas em

cada ano e também ter criado boas relações sociais para com os seus colegas de sala de aula e

outros amigos cujos laços se foram criando ao longo dos anos escolares, esta aproximação e

progressos positivos quanto ao desenvolvimento no seu âmbito social, trazia então a U, um

certo bem-estar e tranquilidade, que acabava por motivar o mesmo a procurar aprender de

forma regular e eficiente os conteúdos lecionados nas aulas que o mesmo frequentava, assim

como o desenvolvia positivamente no sentido de que U, se sentia confiante e devidamente

adaptado ao seu novo pais e á cultura e costumes do mesmo, fazendo com que a mudança de

ares fruto da emigração que a sua família praticava não fosse um ponto negativo para o seu

desenvolvimento e adaptabilidade.

No entanto U, com o tempo também foi criado algum sentimento de intimação para

com alguns dos seus colegas e amigos o que pode ter atrapalhado consideravelmente o seu

desenvolvimento na escola, baixando assim o seu rendimento o que resultaria em notas mais

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baixas e uma fluente desmotivacional para U, alem disso U, vive numa família numerosa, na

qual a sua mãe é desemprega e o seu pai trabalha numa sucataria, na qual não é muito bem

remunerado e por isso acaba por trazer valores monetários que não conseguem suportar to-

talmente as necessidades da família que lhes poderiam garantir um bem-estar melhor, assim

como um desenvolvimento normativo e saudável, este tipo de dificuldades pode gerar alguma

tristeza e resolva no menino o que pode levar a um desenvolvimento mais condicionado para

o mesmo, condicionando assim a sua trajetória desenvolvimental.

Também devemos destacar que U, de todos os seus irmãos tem se mostrado o mais

fragilizado e afetado com toda esta situação, pois este demonstra a sua insatisfação, revolta e

também alguma tristeza, pois receia sobre o futuro e estabilidade da sua família no longo pra-

zo, U, também se sente revoltado com a sua realidade pois o mesmo acredita que graças a esta

condição menos favorável na sua família, o mesmo não pode beneficiar das mesmas vanta-

gens e benefícios que alguns dos seus colegas de escola ou amigos podem tirar proveito, co-

mo o caso de uma educação melhor, uma melhor alimentação, melhores condições de vida e

até mesmo um acompanhamento mais favorável e dedicado por parte dos seus pais para con-

sigo mesmo.

Podemos também admitir que através da aplicação das várias baterias podemos desta-

car que U, apresenta bastastes lacunas face ao desenvolvimento como no âmbito social e tam-

bém no âmbito cognitivo, dado que este não consegue acompanhar totalmente o ritmo de

aprendizagem dos seus amigos e colegas de sala de aula e ao mesmo tempo sente alguma difi-

culdade em se comunicar com os mesmos devido a algumas falhas na interpretação de sinta-

xes e frases portuguesas, pois U, confunde muitas vezes este tipo de expressões com as ex-

pressões e frases Romenas, seu pais de origem.

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O acontecimento não normativo que acabou por ter uma grande influencia na trajetória

desenvolmetental de U, pode ter sido o facto de os seus pais terem decidido voltar para a Ro-

ménia, no ultimo ano, o que resultou numa intermitente condicionamento para U, que neste

momento tem problemas associados á aprendizagem, os quais não consegue solucionar nem

ultrapassar mesmo com o apoio dos professores e funcionários escolares, talvez este aconte-

cimento tenha dificultado os níveis de aprendizagem, de U, que antes de realizar este retorno

para o seu pais natal, vivenciava uma aprendizagem normativa, com notas satisfatórias e boas

indicadoras de um bom desenvolvimento educacional e de aprendizagem que é esperado por

parte das crianças da sua facha etária, num âmbito generalizado.

Dessa forma devemos admitir que esta mudança condiciona ate hoje U, e que deve ser

ultrapassada com a ajuda dos professores e com o apoio do acompanhamento solicitado pelos

profissionais de saúde e da educação, para que U,l possa aprender e reentregar se no âmbito

escolar, contornando assim as suas dificuldades e voltar a aprende forma saudável e motivan-

te, desse modo U, poderá melhorar nos outros vários aspetos como voltar a tornar se mais

calmo para com os seus irmãos mais novos, que tem beneficiado de trajetórias de desenvol-

vimento normativas e reguçares para as suas idades e também podes ajudar U, a melhorar o

seu desenvolvimento no âmbito da aprendizagem, a novel social, cognitivo e na sua vida de

uma forma geral.

6. Dê um exemplo que evidencie a capacidade de adaptação (plasticidade) de U. aos

acontecimentos de vida normativos e não normativos que influenciaram o seu de-

senvolvimento.

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Podemos entender como influência não normativa um acontecimento individual, po-

dendo dar o exemplo de viagens (na mudança de país) (Baltes, Cornelius, & Nesselroade,

1979; Baltes, Reese, & Lipsitt, 1980; Lerner, 1983) , sendo este o exemplo que evidencie no

caso do U. e a sua capacidade de adaptação a esta influência. A adaptação, é inicialmente é

muito positiva, contudo e mais tarde se torna um pouco mais complicado. O acontecimento

não normativo e que tem um grande impacto na vida do U. é as três viagens que ela fez.

A primeira Viagem acontece após, o U. ter estado três semanas numa creche na Ro-

ménia e vem para Portugal (um pais desconhecido para U.) e até onde fica até completar o

segundo ano de escolaridade e que no final do ano letivo regressa um ano a Roménia.

A segunda viagem da U., é de Portugal para Roménia (País Natal da U.) até onde fica um ano

e completa o terceiro ano de escolaridade e que no final do ano letivo volta a Portugal.

Neste ano letivo o U. teve interação com outras crianças com na escola e com os País e os

irmãos em casa.

Por fim, a terceira e última viagem do U., onde este regressa a Portugal para concluir o

1ºciclo, contudo este reprova no quarto ano (4º) e aonde permanece.

A nível de matéria lecionada este acontecimento não normativo, corresponde ao princípio

número três de tipos de influência do lifespan onde está explicito que que eventos não norma-

tivos são muitos incomuns e que tem um grande impacto na sua vida.

Podemos entender como influência normativa aquelas influencias que são comparti-

lhadas por um grupo de pessoas ou situações previstas na mesma idade, dando o exemplo que

possa evidenciar este acontecimento normativo é desenvolvimento emocional e social que o

U. apresenta. O desenvolvimento é multidireccionado sendo que estas duas áreas são as duas

mais mencionadas no texto (Baltes & Smith, 2004).

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A primeira é mencionada logo no inicio do texto, onde diz-nos que o U. teria começa-

do os problemas em casa há dois anos, o que nos diz que o U. teria cerca de onze anos.

Tendo em conta a matéria lecionada em contexto de sala de aula, podemos verificar as carac-

terísticas normativas das faixas etárias dos 9 aos 11 ano, diz nos que as crianças/jovens come-

çam a questionar a autoridade (autoridade dos irmãos) e ao mesmo tempo precisam e querem

orientação dos adultos (não coloca em causa as regras nem os pedidos de tarefas por parte dos

pais).

O segundo Ponto é mencionado no texto quando nos diz que o U. dava-se bem com

amigos, contudo teria algum receio de alguns amigos.

Para ver este sentimento de receio ou de reconhecer que se dava bem com amigos é preciso

que haja alguma interação com os mesmos e a capacidade do U. em funcionar em contexto

social.

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