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Sociologia Jurídica

Premissa de que o Direito é um fenômeno


social, fruto de uma dada realidade, os
→ Aproxima-se do estudo da economia:
primeiros sociólogos clássicos buscavam
compreender o seu papel na sociedade Economia Política inglesa (Adam Smith -
nascente: divisão do trabalho-, David Ricardo) →
Incorporou a Teoria do Valor (o que gera
riqueza não é o capital/dinheiro, mas o
trabalho humano contido/incorporado ao
Karl Marx:
produto - valor agregado ao produto)
Crítica ao Direito e ao Estado enquanto
- Desenvolve a Teoria da Mais-Valia
parte da superestrutura social,
responsável pelo controle ideológico e = O valor de troca de um produto é dado
pela manutenção da exploração da pelo TTSN e o restante da jornada é a mais-
camada dominante. valia, apropriada pelo capital, como lucro

- Trabalhador não recebe


proporcionalmente ao seu trabalho
Émile Durkheim:

Direito assume o papel de integrador da


sociedade, a partir de sua atribuição em → Socialismo Utópico francês com
introjetar nas pessoas valores e regras sociedades pós-capitalistas
necessárias ao bom convívio em
- Criticava por ser muito utópico
sociedade.

“O capital” → Estudo da história humana


Max Weber:
como sucessão dos modos de produção:
Analisa as relações de legitimidade Comunismo primitivo, Escravismo,
produzidas pela legalidade jurídica e sua Feudalismo, Capitalismo
forma corrente de dominação racional-
- Observa como organizam-se para
legal, bem como as formas de
produzir. Olhar econômico
dominação cuja legitimidade repousam
- Como muda de um período para
sobre a tradição (dominação tradicional)
outro. Como seria a passagem para
e o carisma (dominação carismática).
o pós-capitalismo?
- Chave: Entender a economia
- “Luta de classe é o motor da
Karl Marx (1818 - 1883) história”
- Contradições internas do sistema
→ Influências: (quando já não consegue mais
→ Filosofia alemã (Hegel) e Método alcançar seu potencial de
dialético (ideias de contradições como uma produção) + Luta de classe =
forma de produção: tese e antítese impulsiona a mudança
confrontadas produz uma síntese melhor
do que as outras) → desenvolveu o
Materialismo Histórico Dialético → Cada Modo de Produção se caracteriza
por:
a) Relações de produção (como as ● Quais são os valores que serão a
pessoas se organizam para base da coesão social?
produzir)
Moral = tudo aquilo que nos faça depender
b) Contradições internas ao modo de
e nos conectar aos outros
produção: limites provenientes da
tensão entre estrutura e 3) Proeminência do social →
superestrutura socialização como fonte das
c) Luta de Classes: cada modo de representações coletivas (o Direito
produção possuía classes é uma forma de objetivação destas
dominantes e dominadas representações)

2 dimensões: Coletiva (Ideias sociais que


temos em comum) e Individual → Em cada
→ Cada Modo de Produção constitui a
um de nós, acomodando-se de formas
própria: Estrutura (Econômica determina
diferentes
outras dimensões) e Superestrutura Social
(dimensões jurídica, religiosa, política…) - Risco à Individualização e perda de
determinação econômica e determinações conexão
estruturais sobre as superestruturas
4) Solidariedade mecânica e orgânica

Émile Durkheim (1858 - 1917)


5) Divisão social do trabalho nas
→ Reformista social sociedades simples e complexas
● Para ele, trabalho tem uma
→ Não concordava com as ideias
dimensão moral
socialistas da época.
● Sociedades Simples: relações mais
→ Colocava-se na posição de cientista. Uso próximas. Pequenas cidades que
de neutralidade e objetividade. todos se conhecem e sabem da
vida dos outros. Coesas. Existe uma
força maior coletiva. Predomina
→ Questões centrais: solidariedade mecânica (é
automática)
● Sociedades Complexas: Tendência
à individualização. Ninguém se
1) FATOS/FENÔMENOS SOCIAIS:
conhece. Predomina a
Maneiras de agir, pensar e de sentir solidariedade orgânica
compartilhadas por uma pluralidade de
indivíduos que se impõem a nós, nos
constrangendo. Peso da sociedade sobre o 6) Contribuições para o Direito:
indivíduo. (Poder Coercitivo, que se quer
A) Direito como fenômeno social; B) Teoria
percebemos) → Busca por aceitação e
sobre a pena; C) Concepção de crime
reconhecimento no/pelo grupo (o Direito
como Fato Social) A) - Direito é expressão das representações
coletivas; onde há vida social, há direito

- Razão de ser do direito é a


2) Dimensão moral, coesão social e
existência da vida coletiva
fontes da coesão
- Justiça não é o fim do direito, mas Sociologia Jurídica - objeto e
sim o “ideal social" compartilhado
olhar sobre o Direito
e considerado indiscutível
- Direito tem uma dupla dimensão
moral:
- Conjunto de regras que Por que Sociologia Jurídica?
prescreve nossa conduta Direito como objeto de análise da
- Expressão do ideal social sociologia: diferentes perspectivas →
compartilhado → a Coesão “Visto ora como um mecanismo de
que garante a sociedade dominação e reprodução, ora como um
instrumento de construção de legitimidade
e pacificação social”
B) - Função: manter a coesão social. Não
para o indivíduo, mas para o coletivo. Sociologia Jurídica como disciplina - grande
luta, reflexo das distintas posições de
- é o que garante que os crimes não poder que dominam o campo jurídico e sua
coloquem em risco os ideais capacidade de dizer direito - Anos 90
coletivos e a própria existência da
sociedade “Construir um ramo do conhecimento
- Cumpre a função de tranquilizar as jurídico com foco principal nos aspectos
consciências de que sua fé (e sociais e políticos que circundam a
conduta) nos valores sociais aplicação de normas, a organização do
continuam tendo razão de ser sistema judicial, a formação dos bacharéis
- Não é para expiar ou e a estruturação das carreiras jurídicas”
“ressocializar”, é para os “bons (Madeira e Engelmann, p. 184)
cidadãos”
- a intensidade da pena declina com
a complexificação da sociedade, - Ênfase na pesquisa empírica para romper
com a qual o tipo “normal” de com a teórico-bibliográfica como caminho
repressão passa a ser privação de para a realidade social
liberdade - Compreender o tema da produção
jurídica

C) - essência do crime é que constitui uma - Preocupada com a efetividade do direito,


ofensa grave à consciência coletiva (não é incluindo o acesso
crime pelo ato em si)

relativo àquele momento, época e


sociedade

considerado um fato social normas →


possui regularidade no tempo e extensão
em uma sociedade. Sempre aconteceu,
não inesperado e atípico

Patológico é o desviante, o que não é


O PERFIL DA
normal, não necessariamente é algo
prejudicial MAGISTRATURA
consciência e da vontade dos
BRASILEIRA agentes
- Construtivismo: Gênese social
- Importância da dimensão
→ Modelo de Análise: Perspectiva
simbólica
relacional

= Olha o campo e os objetos


27/08 dentro do campo

= Não toma como objeto de análise


→ Antes da modernidade:
eventos atomizados. Não está isolados
homogêneo, esferas indiferenciadas
= Uma delimitação teórica, não empírica
(religião + política)
= O limite do campo é o limite dos seus
efeitos.
→ Pós modernidade:
- Aplicada ao Mundo Social:
Separação das esferas, com lógicas - Constrói uma teoria
próprias baseada em uma visão
espacial da sociedade
- Espaço social
HABERMAS multidimensional (sem
hierarquia a priori) e
Mundo da vida
relacional, com existência
Racionalidade instrumental sobrepõem-se objetiva independente das
aos valores intenções dos agentes
individuais
- Democracia Radical = Não é a força da - Os agentes e grupos sociais
maioria. Esferas públicas nas quais possam são definidos pelas
se colocar posições relativa que
Projeto emancipador. Transcender essa ocupam nesses espaço
lógica instrumental social e as relações
travadas
- O espaço social não é
como gênero e
BOURDIEU indiferenciado, em seu
Sociedade cada vez + complexa. Alto grau interior se produzem
de diferenciação → Campos (Jurídicos, campos específicos
artísticos…) - Não físico, no qual se (científico, jurídico,
articulam aqueles interessados no tema econômico…)

-> Moedas de cada campo são diferentes

(Direito - títulos, oab…) → Conceitos principais:

→ Abordagem estrutural construtivista >> Campo:

- Estruturalismo: Estruturas - Dentro dos espaços sociais existem os


objetivas, independentes da campos
- São campos de força, de lutas entre 2) Estado objetivo: bem do qual se
agentes em torno de interesses que tem posse. Ex: obra de arte
caracterizam a área em questão: riqueza, 3) Estado institucionalizado:
justiça, poder… reconhecimento socialmente
sancionado. Ex: Títulos acadêmicos
- Cada campo é relativamente autônomo
em relação aos demais e tem uma lógica
própria de funcionamento, valorizando
>> Habitus:
diferentes tipos de capitais
Sistema de esquemas de percepção,
- Em cada campo há um polo de
apreciação e ação. Conjunto de
dominantes e uma de dominados
conhecimentos práticos adquiridos ao
- Dominantes = Maior quantidade do tipo longo do tempo que nos permitem
de capital que é valorizado e disputado perceber, agir e evoluir com naturalidade
naquele campo num universo social dado

- Pertencem à mesma classe social os = O processo de socialização é o processo


agentes que ocupam posições homólogas de formação de habitus durante o qual se
no espaço social por partilharem de dá aprendizado/ internalização das regras
quantidades e tipo de capitais similares, o de uma sociedade
que, por sua vez, é a base para que
Uma vez internalizadas, essas disposições
também partilhem práticas, costumes e
são naturalidade e se tornam inconscientes
atitudes similares.
Como é produto do indivíduo dentro de
um campo e da trajetórias, existem
>> Capitais: diferentes habitus

- Acumula-se por operações de


inversão/conversão que se transmite por
meio da herança HABERMAS
> Econômico: bens de produção, riqueza Modernidade

> Cultural: saberes e qualificações → Um dos integrantes da Escola de


intelectuais, tanto herdadas do sistema Frankfurt (Influenciados pelo marxismo,
escolar, quanto aquelas transmitidas pela críticos do positivismo, do materialismo
família marxista e resgatam Kant. Local de
resistência)
> Social: redes de relações de que dispõem
um indivíduo ou grupo → Valores da modernidade são centrais a
ele: Iluminismo, racionalismo, que
> Simbólico: Conjunto de rituais, como
integram o projeto de emancipação
etiqueta, ligado à honra e reconhecimento,
humana
que resulta da posse dos outros 3 tipos de
capitais e constituem-se em vantagens - Busca identificar a gênese da moderna
sociais com consequências concretas sociedade ocidental. diagnosticar as
patologias e buscar soluções
- Podem se manifestar de 3 formas:
=> Modernização = processos de
1) Estado incorporado: disposição
racionalização ocorridos nos subsistemas
corporal inscrita no indivíduo. Ex:
econômico e político
falar bem
=> Modernidade = automação, no interior Razão comunicativa X Razão
do “mundo vivido” (Lebenswelt), das Instrumental
chamadas “esferas de valor”: a moral, a
- Mundo vivido constitui o espaço social
ciência e a arte
em que a ação comunicativa permite a
- Evolução de uma moral pré-convencional realização da razão comunicativa, calcada
e convencional para um pós convencional - no diálogo e na força do melhor argumento
regida pelos parâmetros da cognição, da em contextos interativos, livres de coação,
formalidade e da universidade como possibilidade para alcançar um
consenso, não mais conteudístico, mas
> “Teoria da Modernidade” calcada em um
ético-procedimental
novo conceito de razão, a razão
comunicativa, e em um novo conceito de - Esfera Pública - Não físico. Regimes
sociedade, que integrasse o “sistema” ao democráticos podem criar espaços de
“mundo vivido” diálogo e participação para tentar fazer
com que o sistema “trabalhe” para o
- “Sistema” - local de interação
mundo da vida (e não ao contrário)
estratégica do Estado/ Poder e
Mercado/ Dinheiro - espaço da - Democracia para ele: + Radical e
ação individual; do paradigma da participativa. Princípio que todos são
produção e instituições sociais racionais e, portanto, minorias também
(perspectiva objetiva, interna) devem ter espaço. Oportunidade de todos
- “Mundo vivido” - onde opera a verbalizar
racionalidade comunicativa,
identidade e reflexividade, por
meio do qual se estabelece a
comunicação humana (coletiva) e a FOUCAULT
produção de consenso
PREOCUPAÇÕES:
- Sujeito do presente histórico
Diagnóstica da modernidade (Engajamento Subjetivo. Traz um
tema não muito presente naquele
> Processo de diferenciação (no mundo
período)
sistêmico, em economia e poder.
- Recusando a natureza
Predomínio do agir racional, instrumental)
humana. Pensa na
> Processo de diferenciação (esferas dimensão histórica do
científica, ética e estética) e, sujeito e da racionalidade
posteriormente, de autonomização do - Sujeito que não é igual,
mundo vivido, com princípios próprios, de que se modifica
verdade, moralidade e expressividade.
Predomínio a racionalidade comunicativa)
- Problematização da fabricação do
> Com o desenvolvimento do capitalismo,
sujeito no processo histórico =
o mundo da vida (do agir comunicativo e
genealogia da formação da
reflexivo) é colonizado pelo sistema (pela
subjetividade
ação estratégica individual, voltada para o
sucesso individual)
Genealogia = estudo que tem por
objeto estabelecer a origem de um
indivíduo ou de uma família
= análise das técnicas e
procedimentos de
- Método Genealógico → condução/gestão de condutas de
Processo de formação dos indivíduos e grupos - EIXO PODER
indivíduos e análise das práticas (e
técnicas de poder) que nos → Analítica do poder de Foucault:
constituem “perspectiva que considera os mecanismos
concretos de seu exercício, cujo resultado
= Aparentemente num espaço de liberdade é a normalização das condutas e a
que são na verdade processos históricos constituição de um tipo específico de
- Possibilidade da crítica e libertação sujeito, o sujeito moderno, normalizado”
- Recusa nesse processo de
formação. Pensa nas
pequenas mudanças → Os dispositivos de poder são as formas
concretas de exercício de poder (que se
=== Foucault se encaixa como Pós sobrepõem e interagem) que visam
Estruturalista/Moderno produzir comportamentos e que
constituem subjetividades:

3 EIXOS DA PRODUÇÃO INTELECTUAL - Mecanismos disciplinares:


DE FOUCAULT disciplina dos corpos dos
indivíduos - Biopoder
1) Estudos históricos das formações
- Punir, cadeias, medicação (corpo dócil),
discursivas = análise de práticas
escolas
discursivas/saberes e formas
históricas de constituição da - Mecanismos de regulação das
verdade - EIXO SABER populações: governos das
populações - Biopolítica
→ A constituição dos saberes -
conhecimento, técnicas, práticas - situados - Estado, políticas de controle, de
em relações de poder natalidade, de fluxos migratórios
- Saber não é o livre pensar
desvinculado do poder. Saber
vinculado no interior das relações → Poder não se encontra localizado (no
de poder Estado, por exemplo), antes é um conjunto
de relações de poder pulverizadas no
→ Os efeitos de poder destes saberes - corpo social, a Microfísica do Poder, que
como saber é poder produz subjetividades e sujeitos
→ Exame das práticas discursivas que
constituem verdades - a verdade é
estabelecida no interior do jogo entre
saber/poder 3) Estudos sobre os processos de
subjetivação = análise sobre os
modos como os indivíduos são
2) Estudos sobre as matrizes levados a constituírem a si mesmos
normativas de comportamento e como sujeitos pela
as formas práticas de atuação interiorização/engajamento
destas normas sobre os indivíduos
→ Interiorização das relações de Decolonialidade
saber/poder na fabricação dos sujeitos

→ Formas históricas de subjetivação -


“análise do surgimento da subjetividade → Origem na América, especialmente,
enquanto produto da relação poder-saber” América Latina

→ Atitude crítica = a busca por não ser → Conecta-se com o movimento pós-
governado deste modo. Dessubjetivação colonial (origem no grupo de estudos
(que é sempre uma nova subjetivação) chamado subalterno que começa a
através da ruptura de algum tipo de poder, questionar a necessidade de se retomar
e do estabelecimento de uma nova relação uma autonomia)
de poder através do questionamento ao
→ Até o começo esse grupo tinha um
governo pela referência a alguma verdade
diálogo com a América Latina
relevante
→ Antes da decolonialidade, havia uma
discussão entre o centro (Europa e EUA) e
MODELOS DE PODER E IMAGENS DO periferia (funcionamento integrado,
DIREITO relação de dependência) (desenvolvido e
subdesenvolvido)
A) Modelo da Soberania

Eurocentrismo, colonialidade e pós-


B) Modelo da Normalização colonialismo
Direito normalizado e normalizador Eurocentrismo = Este tipo de
conhecimento etnocêntrico, denominado
racional, foi assumido como única
C) Governabilidade racionalidade válida e com emblema da
modernidade. Não é apenas a perspectiva
cognitiva dos europeus, mas de todos
aqueles educados sob sua hegemonia

A cosmovisão moderna se considera


conhecimento único, verdadeiro, universal,
porém é uma cosmovisão dentre outras

Giro Decolonial
Pós-colonial: Esforço de articulação de
vozes subalternas que buscam se tornar
sujeitos da sua própria história

= O pós-colonial não nega a modernidade,


mas examina sua face oculta, a
colonialidade, resgatando “os
conhecimentos produzidos nas margens”
→ Critica a pretensão de fundar a Historicamente, coexistiam direitos
modernidade como produto pluralistas
exclusivamente europeu

Movimento teórico, ético, político que


Direitos dos Oprimidos
questiona as pretensões de objetividade da
ciência social (Boaventura)
Desafio ético-político-epistemológico é a Promove uma ampliação do conceito de
consciência da geopolítica do pluralismo jurídico e de Direito ao
conhecimento considerar que se tratava de pluralismo o
caso de Pasárgada

Narrativa eurocêntrica da
modernidade
Como se não existissem anteriormente ACESSO À JUSTIÇA COMO
relações sociais genuína, remetendo a um PAUTA SOCIAL
estado de natureza, a um estado de início,
historicamente invariante >> Acesso à justiça: uma expressão com
significados distintos
(“Ou Estado, ou caos”)
- "possibilidade de as pessoas
reivindicarem direitos e, ou
resolverem conflitos no judiciário”;
(Mauro Cappelletti)
PLURALISMO JURÍDICO
Definição básica
→ Contradições se condensam na criação
- “possibilidade de alcançarem
de espaços sociais, mais ou menos
resultados individual e socialmente
segregados, no seio dos quais se geram
justos" (Mauro Cappelletti)
litígios ou disputas processados com base
em recursos normativos e institucionais Possibilidade reais
internos
- “todo cidadão tem a liberdade de
Esses espaços sociais variam segundo o litigar em nome da defesa dos seus
fator dominante na sua constituição direitos” - perspectiva liberal
(socioeconômico, político ou cultural) e
segundo a composição da classe social Uma lógica de mercado: quem tem
possibilidade irá reivindicar e quem não
=== Situa-se nos marcos de uma visão do tem não irá
direito ampliada, construído pela
sociedade, que reconhece a existência de - “todo cidadão deve ter acesso ao
múltiplas manifestações normativas e judiciário e condições reais
também que grupos sócio-culturais (econômicas, sociais, culturais e
produzem normatividades que regulam institucionais) para acioná-lo -
suas relações sociais. Nesse sentido, opõe- perspectiva da justiça social
se ao monopólio da produção do Direito
por parte do Estado
O crescimento da demanda por acesso à
justiça insere-se no contexto de valorização
e reconhecimento da centralidade do coletividades não precisariam empreender
Estado na vida social ações individuais)

> Ter condições reais de recorrer ao


judiciário para defender um direito torna-
Terceira Onda
se um direito fundamental “cuja
denegação acarretaria a de todos os Mudança nas formas de prevenir e gerir
demais” (Boaventura de Souza Santos) conflitos com a incorporação de meios
alternativos e reconhecimentos de novos
<> Barreiras ao acesso <>
atores judiciais como conciliadores,
1) Econômico: risco de arcar com as custas, mediadores, árbitros
pagamentos de honorários advocatícios;
recursos financeiros para usufruir de todas
as possibilidades e instâncias do sistema
judicial

2) Sociais: a transformação de um litígio


em demanda judicial requer
conhecimentos sobre os direitos
disponíveis; temor de judicializar um
conflito e produzir quebra das relações e
vínculos sociais; falta de proximidade e
acesso aos advogados; não entendimento
dos processos

3) Culturais: concepção sobre formas


adequadas de resolução de conflitos e
legitimidade dos mediadores;
desconfianças em relação ao Estado e seus
agentes; diferenças e hierarquias que
distanciam os demandantes do advogado

3 ONDAS do acesso à justiça - Mauro


Cappelletti

Primeira Onda

Investimento público em assistência


judiciária gratuita (barreiras econômicas)

Segunda Onda

Reconhecimento jurídico de sujeitos


coletivos de direito (grupos de indivíduos e

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