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DIREITO CIVIL
GABRIELLA SPENCER
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Direito Penal – Parte Especial
Prof. Arnaldo Quaresma
1.6. Tentativa........................................................................................................ 7
3.2. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe ..... 9
3.4. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum................................. 9
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5.2. Automutilação................................................................................................ 16
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7.1. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – Art. 24 do CP21
8.5. Lesão corporal contra a mulher por razões da condição do sexo feminino – Art.
129, § 13º, do CP ................................................................................................. 25
...........................................................................................................................................................................
Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para
Concursos Públicos e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso,
recomenda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente.
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Direito Penal – Parte Especial
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O crime de homicídio admite qualquer meio de execução, por disparo de arma de fogo,
facadas, atropelamento, emprego de fogo, asfixia, veneno, etc... Determinados meios
empregados para a execução do delito podem qualificar o delito de homicídio, como, por
exemplo, o fogo, veneno, explosivo.
Normalmente o crime de homicídio é praticado por meio de uma ação do sujeito ativo; é
possível, todavia, que o crime seja praticado por omissão, como, por exemplo, a mãe,
pretendendo a morte do filho pequeno, deixa de alimentá-lo. Nesse caso, a mãe teria o dever de
agir e de impedir o resultado, nos termos do artigo 13, § 2º, alínea “a”, do Código Penal.
Existe, ainda, a participação por omissão. Suponha-se que um policial, ao dobrar uma
esquina, veja um homem desconhecido estrangulando uma mulher. Ele está armado e pode
evitar o resultado, tendo, inclusive, o dever jurídico de fazê-lo. Contudo, ao perceber que a vítima
é uma pessoa de quem ele não gosta, resolve se omitir, permitindo que o homicídio se consume.
O desconhecido é autor do homicídio e o policial, partícipe por omissão (porque tinha o dever
jurídico de evitar o crime e não o fez) (GONÇALVES, 2013, p. 77).
Para caracterizar ao menos tentativa de homicídio, o meio empregado para causar a morte
deve, no mínimo, ser relativamente eficaz a produzir o resultado. Se a consumação do homicídio
se mostrar impossível no caso concreto, por absoluta ineficácia do meio, tem-se a hipótese do
crime impossível, não sendo punível nem sequer a tentativa, conforme dispõe o artigo 17 do
Código Penal. Em síntese, o fato será atípico.
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Assim, arma com balas velhas, que não deflagram; arma com defeito mecânico, sem
potencialidade lesiva; arma de brinquedo = meios absolutamente ineficazes = crime impossível.
Arma com balas velhas, mas que podem ou não disparar = meio relativamente ineficaz = pode
configurar tentativa punível.
a) Sujeito ativo
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata), como
também o partícipe, que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum
modo para a produção do resultado.
b) Sujeito passivo
Sujeito passivo: qualquer pessoa, com qualquer condição de vida, de saúde, de posição
social, de raça, etc.
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado.
É a vida extrauterina o objeto de proteção do homicídio, enquanto a vida intrauterina fica
no campo do aborto.
Se doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 anos ou maior de 60 anos (Art. 121, § 4º, do CP).
Se o agente investir, com a intenção de matá-la, contra pessoa já falecida, incidirá a
hipótese de crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto (Art. 17 do CP).
O elemento subjetivo que compõe a estrutura do tipo penal do crime de homicídio é o dolo,
que pode ser direto ou eventual.
O tipo penal do homicídio simples não exige qualquer finalidade específica para sua
configuração. Ao contrário, o motivo do crime pode fazer com que passe a ser considerado
privilegiado (motivo de relevante valor moral ou social) ou qualificado (motivo torpe ou fútil). Se,
entretanto, a motivação do homicida não se enquadrar em nenhuma das hipóteses que tornam
o crime qualificado ou privilegiado, automaticamente será ele considerado simples
(GONÇALVES, 2013, p. 87).
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1.5. Consumação
1.6. Tentativa
O artigo 121, § 1º, do Código Penal, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o
sujeito cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode
reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
Ocorre quando a causa do delito diz respeito a um interesse coletivo. A conduta, então, é
ditada em face de um interesse que diz respeito a todos os cidadãos de uma coletividade.
Exemplo: pai desesperado pelo vício que impregna seu filho e vários outros alunos, mata
um traficante que distribui drogas num colégio, sem qualquer ação eficaz da polícia para contê-
lo.
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Será motivo de relevante valor moral aquele que, em si mesmo, é aprovado pela ordem
moral, pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ou piedade ante o irremediável
sofrimento da vítima.
Exemplo: eutanásia.
A última figura típica privilegiada descreve o homicídio cometido pelo sujeito sob o domínio
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação do ofendido.
Além da violência emocional, é fundamental que a provocação tenha partido da própria
vítima e seja injusta, o que não significa, necessariamente, antijurídica, mas quer dizer não
justificada, não permitida, não autorizada por lei, ou, em outros termos, ilícita.
Exemplos: conduta de réu cuja filha menor fora seduzida e corrompida por seu ex-
empregador; do que fora provocado e mesmo agredido momentos antes pela vítima.
O texto legal exige que o impulso emocional e o ato dele resultante sigam-se
imediatamente à provocação da vítima, ou seja, tem de haver a imediatidade entre a provocação
injusta e a conduta do sujeito.
Convém ressaltar que tal circunstância não se confunde com a atenuante contida no artigo
65, inciso III, alínea “c”, parte final. Trata-se de cometer um delito sob a influência de violenta
emoção, provocada por ato injusto da vítima.
A diferença reside no fato de que o privilégio requer imediatidade entre provocação e
reação (requisito desnecessário na atenuante) e que a violenta emoção domine o agente (na
atenuante, basta que o influencie).
3.1. Conceito
É o homicídio praticado com circunstâncias legais que integram o tipo penal incriminador,
alterando para mais a faixa de fixação da pena.
Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de execução,
reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente.
Portanto, da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa-
se ao mínimo de 12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada.
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Trata-se de qualificadora subjetiva, pois diz respeito aos motivos que levaram o agente à
prática de crime.
Torpe é o motivo moralmente reprovável, abjeto, desprezível, vil, que demonstra a
depravação espiritual do sujeito e suscita aversão e repugnância geral em relação ao crime
praticado.
a) Mediante paga ou promessa de recompensa
Na paga o agente recebe previamente a recompensa pelo crime, o que não ocorre na
promessa de recompensa, em que há somente a expectativa de paga, há um compromisso futuro
de pagamento, cuja efetivação está condicionada à prática do crime de homicídio.
b) Motivo torpe
TORPE: é o motivo repugnante, abjeto, vil, que causa repulsa excessiva à sociedade.
Ex.: matar alguém para adquirir-lhe a herança, por ódio de classe, vaidade e prazer de ver
sofrer.
3.4. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum
Trata-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito aos modos de execução do crime de
homicídio, os quais demonstram certa perversidade.
a) Emprego de veneno
Meio insidioso existe no homicídio cometido por intermédio de estratagema, perfídia. O
veneno é um meio insidioso. É necessário, para a incidência da qualificadora, que o veneno seja
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O Código Penal também qualifica o homicídio praticado por intermédio de meio que pode
resultar perigo comum, exemplificando-o com o fogo e o explosivo. Trata-se, conforme visto, de
fórmula genérica, sendo certo que os meios mencionados genericamente devem seguir a mesma
linha do que consta na parte exemplificativa.
Nas hipóteses do inciso IV, do § 2º, do artigo 121, o que qualifica o homicídio não é o meio
escolhido ou empregado para a prática do crime, mas o modo insidioso com que o agente
executa, utilizando, para isso, recurso que dificulta ou torna impossível a defesa da vítima.
Cuida-se de qualificadora objetiva, pois diz respeito ao modo de execução do crime. Neste
inciso temos recursos obstativos à defesa do sujeito passivo, que comprometem total ou
parcialmente o seu potencial defensivo.
a) À traição
A traição pode ser física, como matar pelas costas, ou moral, exemplo de o sujeito atrair
a vítima a local onde existe um poço.
b) Emboscada
Emboscada é a tocaia. Significa ocultar-se para poder atacar, o que, na prática, é a tocaia.
O agente fica à espreita do ofendido para agredi-lo.
É a ação premeditada de aguardar oculto a presença da vítima para surpreendê-la com o
ataque indefensável. É a espera dissimulada da vítima em lugar por onde esta terá de passar.
Na emboscada, o criminoso aguarda escondido a passagem da vítima desprevenida, que é
surpreendida.
c) Mediante dissimulação
Dissimular é ocultar a verdadeira intenção, agindo com hipocrisia. Nesse caso, o agressor,
fingindo amizade ou carinho, aproxima-se da vítima com a meta de matá-la.
É a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso, para surpreender a vítima. O sujeito
ativo dissimula, isto é, mostra o que não é, faz-se passar por amigo, ilude a vítima, que, assim,
não tem razões para desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa.
d) Recurso que dificulta ou impossibilita a defesa
Por fim, o Código Penal se refere a recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da
vítima. É necessário que tais meios se assemelhem à traição, emboscada ou dissimulação.
A surpresa cabe na fórmula genérica em estudo. Para tanto é necessário que a conduta
criminosa seja igualmente inesperada, impedindo ou dificultando a defesa do ofendido.
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Nos termos do artigo 121, § 7º, do Código Penal, com redação dada pela
Lei nº 13.771/2018, a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço)
até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos,
com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem
condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da
vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos
incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006.
Qualifica o crime de homicídio quando praticado contra autoridade ou agente descrito nos
artigos 142 e 144, ambos da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
Com a derrubada do veto pelo Congresso foi incluída a qualificadora do artigo 121,
parágrafo 2°, VIII, a qual diz respeito sobre o emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
Trata-se de uma qualificadora objetiva que diz respeito sobre a execução do crime de
homicídio.
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deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II - 2/3 (dois terços)
se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.”.
4.1. Conceito
É um tipo aberto, que depende, pois, da interpretação do juiz para poder ser aplicado. A
culpa, conforme o artigo 18, inciso II, do Código Penal, é constituída de “imprudência, negligência
ou imperícia”. Portanto, matar alguém por imprudência, negligência ou imperícia concretiza o tipo
penal incriminador do homicídio culposo.
a) Imprudência
A imprudência é a prática de um fato perigoso. Consiste na violação das regras de conduta
ensinadas pela experiência. É o atuar sem precaução, precipitado, imponderado. Há sempre um
comportamento positivo. Exemplo: manejar arma carregada.
b) Negligência
A negligência é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. É a
culpa na sua forma omissiva. O negligente deixa de tomar, antes de agir, as cautelas que deveria.
Exemplo: deixar arma de fogo ao alcance de uma criança.
c) Imperícia
Imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. A imperícia pressupõe
que o fato tenha sido cometido no exercício da arte ou profissão.
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Exemplo: Engenheiro que constrói um prédio cujo material é de baixa qualidade, vindo
este a desabar e a provocar a morte dos moradores.
É a clemência do Estado, que deixa de aplicar a pena prevista para determinados delitos,
em hipóteses expressamente previstas em lei.
Somente ao autor do homicídio culposo pode-se aplicar a clemência, desde que ele tenha
sofrido com o crime praticado uma consequência tão séria e grave que a sanção penal se torne
desnecessária.
Exemplo: o pai que provoca a morte do próprio filho, num acidente fruto de sua
imprudência, já teve punição mais do que severa. A dor por ele experimentada é mais forte do
que qualquer pena que se lhe pudesse aplicar. Por isso, surge a hipótese do perdão. O crime
existiu, mas a punibilidade é afastada.
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5.2. Automutilação
A autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar
a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria.
Qualquer pessoa que tenha capacidade de induzir, instigar ou auxiliar alguém, de modo
eficaz e consciente, a suicidar-se ou a se automutilar.
No caso do sujeito passivo, é preciso ter um mínimo de discernimento ou resistência, pois,
do contrário, trata-se de homicídio, se resultar morte; ou lesão corporal grave ou gravíssima, no
caso automutilação.
Nos casos de ausência de capacidade de entendimento da vítima (louco, criança), o
agente será considerado autor mediato do delito de homicídio, uma vez que a vítima, tendo
resistência nula, serviu como mero instrumento para que o agente lograsse o seu propósito
criminoso, qual seja, eliminar a vida do inimputável; por exemplo, fornece uma arma a um louco
e determinar que este atire contra si próprio.
Exemplo: o agente que, valendo-se da insanidade da vítima, convence-a a se matar,
incide no artigo 121.
a) Ação nuclear
Trata-se de um tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). O
agente, ainda que realize todas as condutas, responde por um só crime.
A participação em suicídio ou automutilação pode ser moral e material. Participação moral
é a praticada por intermédio de induzimento ou instigação. Participação material é a realizada
por meio de auxílio.
Induzir = Induzir significa dar a ideia a quem não possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa
primeira conduta, o agente sugere à vítima que dê fim à sua vida ou se automutile.
Instigar = Instigar é fomentar uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a
ideia que alguém anda manifestando.
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Prestar auxílio | Auxílio = Trata-se de forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar
apoio material ao ato suicida. Exemplo: o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim
à sua vida ou se automutilar.
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É possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, deliberando morrer
ao mesmo tempo.
Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver
responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra.
Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por
homicídio.
Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da
vítima.
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6.1 Conceito
Trata-se de homicídio cometido pela mãe contra seu filho, nascente ou recém-nascido,
sob a influência do estado puerperal.
O infanticídio ocorre quando a ação é praticada durante o parto ou logo após. Antes de
iniciado o parto existe o aborto e não infanticídio.
Não incidem as agravantes previstas no artigo 61, inciso II, alíneas “e” e “h”, do Código
Penal (crime cometido contra descendente e contra criança), vez que integram a descrição do
delito de infanticídio. Caso incidissem, haverá bis in idem.
A ação nuclear é o verbo matar, assim como no delito de homicídio, que significa destruir
a vida alheia, no caso, a eliminação da vida do próprio filho pela mãe.
A ação física, todavia, deve ocorrer durante ou logo após o parto, não obstante a
superveniência da morte em período posterior.
Admite-se a forma omissiva, visto que a mãe tem o dever legal de proteção, cuidado e
vigilância em relação ao filho.
Exemplo: Mãe, sob influência do estado puerperal, percebe que o filho está morrendo
sufocado com o leite materno e nada faz para impedir o resultado morte. Incide, no caso, o
disposto no artigo 13, § 2º, do CP.
Estado puerperal é o estado que envolve a mulher durante o parto. Há profundas alterações
psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de
entender o que está fazendo. Portanto, o estado puerperal é o conjunto das perturbações
psicológicas e físicas sofridas pela mulher em face do fenômeno do parto.
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a) Sujeito ativo
A autora do infanticídio SÓ PODE SER A MÃE. Cuida-se de CRIME PRÓPRIO, uma vez
que não pode ser cometido por qualquer autor.
O tipo penal exige qualidade especial do sujeito ativo. Entretanto, isso não impede que
terceiro responda por infanticídio diante do concurso de agentes.
b) Sujeito passivo
Sujeito passivo é o neonato ou nascente, de acordo com a ocasião da prática do fato:
durante o parto ou logo após.
Antes do parto, o sujeito passivo será o feto, caracterizando, portanto, o delito de aborto.
c) A participação de terceiros no ato
Segundo boa parte da doutrina, estando a mulher sob influência do estado puerperal,
responde ela por infanticídio, delito que também será atribuído aos eventuais concorrentes do
fato, uma vez que se trata de circunstância de caráter pessoal que constitui elementar do crime.
Logo, comunica-se aos coautores ou partícipes, nos termos do artigo 30 do Código Penal.
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Assim, há a previsão separada de dois crimes: um para a gestante que consente na prática
abortiva (Art. 124 do CP); e outro para o terceiro que executou materialmente a ação provocadora
do aborto (Art. 126 do CP). Há aqui, perceba-se, mais uma exceção à teoria monista adota pelo
Código Penal em seu artigo 29.
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a) Dissentimento presumido
É necessário que a gestante tenha capacidade para consentir, não se tratando de
capacidade civil.
Para o Código Penal, quando a vítima não é maior de 14 anos ou é alienada mental, não
possui consentimento válido, levando à consideração de que o aborto deu-se contra a sua
vontade.
b) Dissentimento real
Quando o agente emprega violência, grave ameaça ou mesmo fraude, é natural supor
que extraiu o consentimento da vítima à força, de modo que o aborto necessita encaixar-se na
figura do artigo 125.
Para que se caracterize a figura do aborto consentido (Art. 126 do CP), é necessário que
o consentimento da gestante seja válido, isto é, que ela tenha capacidade para consentir.
Ausente essa capacidade, o delito poderá ser outro (Art. 125 do CP).
Trata-se de uma exceção à teoria monista (todos os coautores e partícipes respondem
pelo mesmo crime quando contribuírem para o mesmo resultado típico). Se existisse somente a
figura do artigo 124, o terceiro que colaborasse com a gestante para a prática do aborto incidiria
naquele tipo penal.
Entretanto, o legislador para punir mais severamente o terceiro que provoca o aborto, criou
o artigo 126, aplicando a teoria dualista (ou pluralista) do concurso de pessoas.
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A definição de lesão corporal leve é formulada por exclusão, ou seja, configura-se quando
não ocorre nenhum dos resultados previstos nos §§ 1º, 2º e 3º do artigo 129.
A lesão corporal de natureza grave (ou mesmo a gravíssima) é uma ofensa à integridade
física ou à saúde da pessoa humana, considerada muito mais séria e importante do que a lesão
simples ou leve.
a) Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias
Deve-se compreender como tal toda e qualquer atividade regularmente desempenhada
pela vítima, e não apenas a sua ocupação laborativa, enquadrando-se, inclusive, as atividades
de lazer.
b) Perigo de vida
É a concreta possibilidade de a vítima morrer em face das lesões sofridas.
A doutrina e a jurisprudência majoritária consideram que, neste caso, somente pode haver
dolo na conduta antecedente (lesão corporal) e culpa no tocante ao resultado mais grave (perigo
de vida), pois, havendo dolo em ambas as fases, haverá tentativa de homicídio.
Portanto, o tipo só admite o preterdolo, uma vez que, se houver dolo quanto ao perigo de
vida, o agente responderá por tentativa de homicídio.
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d) Deformidade permanente
Deformidade é o dano estético de certa monta. Permanente é a deformidade indelével,
irreparável. Entende-se por irreparável a deformidade que não é passível de ser corrigida pelo
transcurso do tempo.
Exemplo: perda de orelhas, mutilação grave do nariz, entre outros.
e) Aborto
Nesta hipótese, o agente, ao lesionar a vítima, não quer nem mesmo assume o risco do
advento do resultado agravador aborto.
Portanto, para que possa caracterizar-se a qualificadora da lesão corporal gravíssima, não
pode ter sido objeto de dolo do agente, pois, nesse caso, terá de responder pelos dois crimes,
lesão corporal e aborto, em concurso formal impróprio, ou, ainda, por aborto qualificado, se a
lesão em si mesma for grave.
O evento morte não deve ser querido nem eventualmente, ou seja, não deve ser
compreendido pelo dolo do agente, senão será de homicídio.
A tentativa é inadmissível, pois o crime preterdoloso envolve a forma culposa e esta é
totalmente incompatível com a figura da tentativa.
8.5. Lesão corporal contra a mulher por razões da condição do sexo feminino
– Art. 129, § 13º, do CP
Cumpre ressaltar que a lei 14188/2021, a qual entrou em vigor no dia 28 de julho de 2021
acrescentou o parágrafo 13 no artigo 129:
Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela
Lei nº 14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188,
de 2021)
Trata-se de uma lei penal mais gravosa, a qual não pode retroagir para alcançar fatos
anteriores.
Em relação à aludida alteração nos reportamos aos comentários acerca do feminicídio
(art. 121, parágrafo 2º, VI do CP).
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