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Neste trabalho, discute-se como o Direito tem mediado os conflitos presentes na sociedade
brasileira. O objetivo geral da pesquisa é analisar a eficácia do Direito como dispositivo de
resolução de conflitos sociais. Para alcançar este objetivo, pretende-se compreender o papel
das normas jurídicas no processo das mudanças sociais, entender as limitações do Direito na
abordagem dos conflitos sociais e analisar os fenômenos consequentes da atuação do Direito
nos conflitos. O referencial teórico-metodológico se baseia na pesquisa bibliográfica
sustentada pelos autores Barsted (2018), Sabadell (2002), Campilongo (1994), Bauman
(2000) e Chasin(2013). A pesquisa mostra que o Direito tem atuado ineficazmente na
resolução de conflitos sociais, visto que se modifica muito lentamente, não acompanhando as
mudanças ocorridas na sociedade; mostra-se como propagador de padrões de uma classe
dominante e legaliza os conflitos ao ignorar as contradições presentes na sociedade. Devido
essa ineficaz atuação na mediação de conflitos, juntamente com a volatilidade deles em vista
do período atual de pós-modernidade e fluidez nas relações sociais cotidianas, o ordenamento
jurídico perde validade e surgem Estados paralelos com legalidades próprias e sem nenhum
respeito à Constituição Federal. Surge também o pluralismo jurídico como uma forma de
atender às necessidades especificas das comunidades com a aprovação legal por parte do
Estado. Apesar do panorama de crise e dos fenômenos negativos decorrentes dele,
alternativas positivas também surgem.
INTRODUÇÃO
1Trabalho da disciplina Direito e Sociedade, do Curso de Direito (1o. Semestre vespertino), ministrado pelo
Prof. Dr. Luiz Otávio Corrêa Pereira
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implantação da Lei Seca nos Estados Unidos, em 1920, que proibia a manufatura, a
venda e o transporte de bebidas alcoólicas, com o objetivo de reduzir o consumo.
Porém, a lei não foi aceita pela maioria da população, que continuou consumindo
bebidas alcoólicas, tornando a lei ineficaz. Essa lei também contribuiu para a venda
clandestina de álcool. Como esse produto não era fiscalizado, o consumo do conteúdo
duvidoso causou a morte de muitas pessoas, o que fez com que a lei fosse revogada
em 1933. Com esse exemplo, fica perceptível que o direito, ainda que interfira na
sociedade com o objetivo de punir uma conduta considerada maléfica, não pode fazê-
lo ilimitadamente. Então, “a multiplicidade de valores e de modos de vida causa uma
crise de legitimidade do direito estatal e propicia os comportamentos anômicos”
(HERNÁNDEZ, 1993-a apud SABADELL, 2002, p. 90).
A cidade, local onde se dão tais conflitos, pode ser entendida então como
um espaço econômico e também como um local de transformações sociais. O espaço
econômico provoca luta de classes, uma vez que o Estado interfere na renda das
classes sociais, aumentando as diferenças entre elas e protegendo os interesses do
capital. Essas lutas de classe geram mudanças sociais na estrutura urbana, passando
esta a ser palco de diversas contradições. Nesse lugar de transformações, há uma
certa fragmentação no nível das instituições encarregadas de lidar com cada problema
que dele surge, ocasionando uma atuação pouco eficiente do Estado. É o que
acontece quando há a remoção de invasores de terra para áreas periféricas na
tentativa de resolver o problema de habitação, mas, em sua grande maioria, eles
abandonam o novo local alegando falta de condições básicas. Com isso, o Estado
revela a superficialidade de suas medidas e também agrava problemas específicos.
CONCLUSÃO
Nesse sentido, se reitera que a atuação do Direito, quando não auxiliada pelos
fatos sociais, representa o afastamento entre esses dois polos. Portanto, é evidente a
necessidade de se transmutar, em determinadas situações, os instrumentos
presentes tanto no Direito quanto na sociedade para que haja a devida manutenção
no sistema jurídico e, assim, não torná-lo um modelo obsoleto e ineficaz. Dessa forma,
o Direito, em suas diversas formas, precisa estar alinhado à realidade social de seu
tempo para que não haja o distanciamento e a perda completa de sua efetividade. Só
assim é capaz de ser elemento fundamental para a resolução dos conflitos que prevê
e mesmo daqueles que não pôde fazê-lo.
REFERÊNCIAS