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São Paulo
2022
Cecília Helena Magalhães de Andrade
São Paulo
2022
Andrade, Cecília Helena Magalhães de
viii, 85f.
Chefe do departamento:
Prof. Dr. David Baptista da Silva Pares
iii
Cecília Helena Magalhães de Andrade
Banca examinadora:
iv
A todas as mulheres que sofreram a perda
gestacional e que permitiram dividir suas
histórias e validar sua perda.
v
Agradecimentos
À Profa. Dra. Sue Yazaki Sun, minha orientadora, pelas contribuições e por permitir
que esta pesquisa se concretizasse.
À Profa. Dra. Erika de Sá Vieira Abuchaim, pela presença sustentadora que dividiu
seu tempo e saber para que eu pudesse concluir este trabalho. Seus conhecimentos
foram fundamentais no processo. Grata pela amizade e disponibilidade durante todo
o processo.
Ao Ambulatório de Gestação Inicial (AGI), pela acolhida para que fosse possível a
concretização deste trabalho.
A todas as mulheres que participaram do estudo, enfrentando sua dor para dividir
comigo, pois sem elas este trabalho não seria possível.
À Júlia Iuzepe e Taysa Guidio, pela colaboração com as entrevistas nos momentos
em que não pude estar presente.
Às mulheres atendidas no Ambulatório de Saúde da Mulher, da Prefeitura de São José
do Rio Pardo, que me despertaram para um trabalho voltado para suas perdas e
descobertas.
Ao Instituto Gerar, por todo conhecimento na área da perinatalidade e todas as trocas
instigantes e potentes proporcionadas pela turma SUPERID.
Ao Eduardo, por toda ajuda e paciência nos momentos em que não pude compartilhar
experiências, mas, principalmente, por atravessar todo o processo de perda com a
qual viveu comigo, sendo acolhimento nos momentos de turbilhão.
À minha mãe, pela ajuda pessoal e presença.
vi
“Embora saibamos que depois de uma perda
dessas o estado agudo do luto abrandará,
sabemos também que continuaremos
inconsoláveis e não encontraremos nunca um
substituto. Não importa o que venha a preencher
a lacuna e, mesmo que esta seja totalmente
preenchida, ainda assim alguma coisa
permanecerá. E, na verdade, assim deve ser. É
a única maneira de perpetuar aquele amor que
não desejamos abandonar.”
Sigmund Freud (em carta a Ludwig Binswanger)
vii
Resumo
viii
Abstract
Miscarriage is a common complication during early pregnancy and it is estimated to
occur in 15% to 20% of clinically diagnosed pregnancies. Pregnancy loss is understood
as a traumatic experience for most women, requiring strategies to support perinatal
grief that promote maternal mental health. Objective: To understand the experience
of women who experience early pregnancy loss. Method: This is a qualitative work,
carried out at UNIFESP's Early Pregnancy Outpatient Clinic from December 2019 to
March 2021, which adopted the Attachment Theory and Bardin's Content Analysis as
theoretical and methodological references, respectively. The population under study
consisted of women diagnosed with non-progressive pregnancy by ultrasound and/or
clinical status, with or without vaginal bleeding, up to 12 weeks of gestational age. The
study did not include women aged <18 years, undergoing psychiatric treatment and
who did not speak the Portuguese language. The sample was established with 30
women based on convenience. The data were collected between 30 and 45 days after
the abortion was resolved, and the meeting with the investigated lasted an average of
30-50 minutes. Sociodemographic, clinical and current abortion variables were
collected using a form developed specifically for the study. Qualitative data were
collected, in a private space, through a semi-directed interview that sought to explore
the abortion process through the central question “Tell me how it was for you to
experience an abortion?”. The interviews were recorded, transcribed and the files were
saved on the Google Drive platform in a password-protected folder. All participants
signed a consent form at the beginning of data collection. Results: The respondents
had a mean age of 32 years, 49% had elementary education and almost all had a
stable partner at the time of the research. With regard to obstetric characteristics and
current abortion, 76% of respondents were multiparous and of these 87% had no
history of previous abortion. Pregnancy loss occurred at an average of 8 weeks and
66% underwent surgical management. Regarding the management method adopted,
70% of the women stated that they had been informed about the types of possible
treatment, 63% did not choose the method and 66% said they felt safe with the
treatment adopted. Among the women undergoing hospitalization, 59% shared a room
with another patient in the same situation. The analysis of qualitative data revealed
four categories: Discovery of pregnancy, Loss, Support and Life after the loss. The
Loss category had two subcategories: Confirmation of loss and Decision of abortion.
Conclusion: The experience of early pregnancy loss, according to the women
investigated, is a traumatic experience that begins with the DISCOVERY OF THE
PREGNANCY, which sometimes coincides with the news of the LOSS. The
confirmation of the loss and the resolution of the abortion arouse feelings of sadness,
frustration and helplessness, demanding family and professional SUPPORT for the
elaboration and integration of grief, which are necessary for the promotion of maternal
mental health and, consequently, protection of LIFE AFTER THE LOSS.
Dedicatória............................................................................................................... v
Agradecimentos...................................................................................................... vi
Resumo.................................................................................................................... viii
Abstract.................................................................................................................... ix
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 01
2 OBJETIVO.............................................................................................................. 03
3 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................. 04
3.1 Aborto............................................................................................................... 04
3.2 Perdas gestacionais.......................................................................................... 05
4 PACIENTES E MÉTODOS..................................................................................... 12
4.1 Desenho do estudo........................................................................................... 12
4.2 População e amostra......................................................................................... 12
4.3 Instrumentos para coleta de dados.................................................................... 13
4.4 Aspectos éticos................................................................................................. 18
5 RESULTADOS.............................................................................................. .......... 19
Categoria 1: Descoberta da gestação..................................................................... 21
Categoria 2: Perda.................................................................................................. 26
2.1 Confirmação da perda.................................................................. 26
2.2 Resolução do abortamento.......................................................... 31
Categoria 3: Apoio.................................................................................................. 33
Categoria 4: Vida após a perda.............................................................................. 37
6 DISCUSSÃO........................................................................................................... 44
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 49
8 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 51
ANEXOS.................................................................................................................... 57
x
1
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVO
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Aborto
nas situações (sinais de infecção, suspeita de mola hidatiforme, etc.), a mulher pode
optar pelo que considerar melhor. A intervenção cirúrgica pode ocorrer de imediato
quando houver necessidade de prevenir possíveis complicações maternas, como
hemorragia, infecção, choque hipovolêmico e até mesmo o óbito.20
Em pesquisas recentes, realizadas no Brasil com mulheres em idade fértil, e de
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorrem no mundo
aproximadamente 73,3 milhões de abortos a cada ano, sendo que 55% são
considerados abortamentos espontâneos.6,20,21
Um estudo feito com mulheres em atendimento pós-aborto, em seis países
latino-americanos, incluído o Brasil, concluiu que 3 em cada 4 mulheres apresentavam
ansiedade e estresse durante a internação; 12,5% afirmaram não ter recebido
explicações sobre autocuidado, e 12,8% relataram não terem tido acesso sobre seus
exames e orientações sobre o tratamento.20
A saúde mental das mulheres após abortamento espontâneo pode ser
influenciada e comprometida por fatores pessoais tais como fatores
sociodemográficos e contextuais como ausência de filhos, idade materna avançada,
histórico de abortamento, falta de apoio familiar e profissional.22
Cerca de 25% dos abortos espontâneos poderiam ser evitáveis se os fatores
de risco pudessem ser reduzidos. Os prejuízos emocionais e psicológicos causados,
e a ocorrência do risco de morte em decorrência de complicações poderiam ser
minimizados, diminuindo o custo elevado para os cofres públicos, que geram o
problema de Saúde Pública.8
tenha sua abertura em rodas sociais, acaba caindo no esquecimento das pessoas,
embora dificilmente seja esquecido, tendo seu prolongamento e complicações na
elaboração da perda sofrida.26,27
Nos casos de luto perinatal, a confusão entre o que algumas mães vivenciam
como sendo a perda de um filho e o que o entorno é capaz de reconhecer como a
perda de um dejeto, é considerado como estando fora da realidade, pois são elas que
veem primeiro o sujeito onde ainda não há. O que se aponta aqui é que a ilusão que
antecipa o sujeito deve ser pensada tanto em relação dos pais para o bebê, quanto
da cultura que confere a cada bebê o lugar de sujeito ou não, antes mesmo de sua
concepção.9,28
Mulheres que já sabiam da gestação e já se cuidavam lidaram com mais
angústia e sofrimento do que as que desconheciam sua condição. Um investimento
na gestação já havia se instaurado, pois ver imagens na ultrassonografia e ouvir
batimentos cardíacos favoreciam o vínculo dela com o suposto bebê, assim, o que se
perde não são restos ovulares ou concepto, mas um filho que já passou a existir no
imaginário dela. 26,29,30
A forma como cada mulher vivencia a situação pode ser remetido a outros
eventos de perdas já vividas em suas vidas, indo de encontro com o conceito de apego
desenvolvido por Bowlby podendo ser ele seguro ou inseguro. 29,30
Quando, inesperadamente, ocorre o aborto espontâneo, fazendo uma quebra
na sensação de onipotência gerada pela gravidez, há uma tendência a culparem-se
pela perda da gestação. A ruptura abrupta do processo e o grau de investimento na
função materna aponta para aspectos relacionados à ferida narcísica na qual se dá
na reorganização da identidade feminina passando a se ver como estragada e ruim,
sentindo-se vazia e inadequada.27
Nessa interrupção, interrompe-se uma mãe: a mulher que não se torna mãe, o
bebê tão esperado que não vem, o ciclo gravídico puerperal que não se completa. A
mulher passa por transformações, nas relações com o mundo e com a própria
identidade, mas fica impedida de vivê-la devido à sua ruptura. A dor vivida pela
interrupção é sentida não só no físico, mas também na alma por atingir o sentido da
maternidade.30
Na atualidade tem-se evitado questões relativas à morte a fim de evitar a
angústia, negando o sofrimento evidenciado na perda gestacional. Trata-se de um luto
insólito, uma vez que suas características são incomuns, tornando incompreensível e
7
irreconhecível pelo seu entorno, pois há algo nessa perda onde não se vislumbra o
que foi perdido e o contato com essa perda acaba sendo relegado. Assim, quando
uma mulher passa por essa vivência, há que se considerar seu psiquismo, pois a
reação a essa perda é sentida como perturbadora.9,26
Quando a sociedade não enxerga o lugar que o filho perdido ocupa no
psiquismo da mãe, não tendo algo concreto para se chorar, como nos rituais de perda
de entes queridos, há uma tendência a negar a perda dificultando o trabalho interno
que necessita de tempo e validação social para sua elaboração. Coloca-se, assim, em
dúvida o sentido de realidade e sustentação de si, favorecendo a ocorrência de
traumas que são colocados quando se impõe uma percepção diferente daquela que
é sentida: a importância da perda sofrida.9,25
A ausência de sinais e recordações que marquem a presença da maternidade
parece constituir fator complicador no processo de luto. A perda negada socialmente
coloca a fantasia do que poderia ter sido e não será. Se sua existência é negada, o
sentido da dor também o é.25,27
A interrupção da gestação, então, é indesejável para qualquer um e o impacto
direto no caso da maternidade interrompida não pode ser calculado, pois não se trata
somente da mãe, mas de avós, tios, toda rede social em si.23
Quando a mulher pode contar com o apoio da rede social em que está inserida,
ela pode construir significados da experiência vivida mesmo que o processo tenha
sido doloroso, permitindo a ressignificação dos propósitos de vida. E quando a
mulher/mãe não compartilha sua história, ela deixa de ganhar o reconhecimento de
algo que viveu e pode contar/ouvir relatos que mostram que é possível sobreviver a
essa dor.31
O entrave encontrado é que a maioria das pessoas não sabe lidar com as
vivências da perda gestacional seja família, o parceiro e os profissionais de saúde por
não considerar como perda, não validando a situação como um luto. Há mulheres que
embarcam neste olhar, negando seu sofrimento e a marca que esta perda lhe traz.26
Quando a mulher identifica sua perda e a enfrenta, em condições normais,
possivelmente não precisará de intervenção para lidar com seus sentimentos.32
Após perder algo valorizado, seja uma pessoa ou um ideal, o indivíduo passa
por uma crise e se desorganiza33 e, dependendo do cuidado e tratamento dado, o luto
vivido na perda encontra sustentação nos próprios recursos se dando de forma
saudável.34
8
4 PACIENTES E MÉTODOS
5 RESULTADOS
Fizeram parte do estudo 30 mulheres com idade média de 32 anos, 49% com
ensino fundamental e quase a totalidade com parceiro estável no momento da
pesquisa, conforme apresentado no Quadro 1.
Não foi uma gravidez planejada, mas eu sempre tive o sonho de ser mãe.
(E7)
(…) Fiz o teste achando que não estaria. Eu estava tentando engravidar, tinha
parado de tomar o anticoncepcional tinha um mês... que tinha parado de
tomar anticoncepcional, não achei que seria tão rápido, engravidei e fiz o
teste. (E26)
...ficamos felizes porque eu tenho uma filha pequena e a gente queria ter mais
outra criança para fazer companhia para ela, para não crescer sozinha. E para
encerrar a fábrica, porque meu esposo já tem 2 filhas anteriores ao
casamento, então seriam 4 crianças, não daria mais.(E2)
(…) Disse para o médico que eu queria muito, que se Deus quisesse e me
desse outro eu ia ser a mãe mais feliz porque eu estava doida pra ter outro
filho. (E1)
(...)não poderia engravidar (problema renal) então essa gravidez ela não foi
planejada aconteceu porque tinha que acontecer. (E31)
(…) Eu descobri porque estava passando mal. Passei muito mal. Igual na
minha primeira gravidez, eu passava muito mal, muito enjoo. Só que dessa
vez foi bem pior, só descobri por causa disso. E já estava atrasado também.
(E8)
_minha menstruação nunca atrasa. Por mais que eu não tomasse nada, ela
vinha com 30 dias certinho. E nesse mês ela começou a atrasar. Ela atrasou
na verdade acho que uns 6 dias só. Só que aí eu sentia as mesmas coisas
da primeira. Sentia o peito muito dolorido, aquela cólica que vinha como se
fosse descer e não descia. (E10)
_senti os seios mais duros (…) Falei para o meu marido que tinha alguma
coisa diferente. (E3)
_e quando atrasou (...) eu já fiquei meio assim, porque eu já estava passando
23
mal uns 15 dias (...)quando já estava perto de voltar pra trabalhar eu fui no
médico e aí descobri tudo. (E1)
(_.) minha menstruação eu achei que não estava atrasado né, mas aí
coloquei na cabeça e falei a melhor fazer um teste (...) porque pelas minhas
contas eu não tava tão atrasada mas que tava uns três quatro dias só que
minha menstruação sempre foi muito regrada. Fiz o teste de farmácia deu
positivo (E27)
(...) ele também é comerciante, então a vida dele é mais louca que a minha.
Ele trabalha com celulares e tal, e ele também não esperava, ele já tem outros
filhos, mas foi tudo tipo… (E15)
conversou.(E3)
(…) Bom, eu não planejei, a gente não planejou, eu não planejei. (...) percebi
que eu não estava conseguindo mais acompanhar as atividades, (...)percebi
que também mesmo não comendo muito na pandemia, tentando me manter,
eu estava engordando. E estava engordando muito. E aí, um dia que eu fui
trabalhar (...) percebi que as roupas estavam muito apertadas, e eu me dei
conta que estava com a menstruação atrasada (...) comprei os testes de
gravidez. Eu fiz 3 testes (risos). (...) O segundo deu positivo, e aí eu comprei
um terceiro que era para saber as semanas. (E15)
(…) Eu queria o exame de sangue (…). Ia ser uma notícia feliz para as duas
famílias. Então, eu queria falar para eles de alguma forma bonita, legal.
Montar alguma coisa e dar de presente para os dois avós. E eu queria ter
uma confirmação que não fosse só um palito, sabe. (E13)
(...) foi um misto: uma felicidade assim na hora eu levei um susto depois aí
falei assim uma criança é sempre uma alegria é uma bênção (...) mas ao
mesmo tempo todas as informações do outro lado, seja idade, o problema de
saúde já tudo isso me assustava muito então foi um misto de sentimento
_(E31)
(...) foi muito legal assim, foi um momento muito bom e eu senti que a minha
vida tinha um novo sentido, um novo significado. (...) quando eu descobri que
eu estava grávida eu percebi que não eu tinha outras coisas que eu poderia
fazer, que eu poderia ser muito boa nisso. Eu tive uma educação muito boa
então eu sempre achei que conseguiria passar isso muito bem pra frente.
(E30)
Então quando veio a notícia que eu estava gestante, ali parece que eu
comecei a nascer de novo. (E7)
“Ah vamos ter um filho agora” eu fiquei muito feliz, eu e meu esposo. Embora
tivéssemos algumas dificuldades financeiras, a felicidade era maior. Ficamos
bem felizes com a notícia da gestação. (E2)
O meu ver mas assim é eu fiquei com muito medo quando engravidei não só
pela minha saúde, pelo meu problema de saúde já pré-existente mas pela
criança porque o médico já tinha me orientado que isso poderia dá até algum
problema de saúde para criança ou então (...)perder mais para frente(...)(E31)
Quando eu soube que estava grávida eu fiquei feliz, mas ao mesmo tempo
não quis pôr na minha cabeça igual às outras, por causa da mola. Eu já não
estava bem. (E4)
(...) Ah foi um baque né, porque eu não queria. Minha filha tem 3 anos, daí eu
fiquei "ai meu Deus o que eu vou fazer?". Uma criança de 3 anos já, já é
difícil. (...) às vezes eu pensava tipo "ah já tenho 1 né, vou ter 2, fazer o que.
Aí depois me dava uma loucura né, "meu Deus do céu, o que eu vou fazer
com 2 crianças?". (E8)
E aí meu marido não queria, ele não queria nem o segundo (...) e as pessoas
26
o apoiavam. (E5)
_tudo isso com medo que eu tava sentindo (de criar o filho sozinha) foi muito
complicado lidar com isso (não aceitação da família). Por não morar também
com esse meu atual companheiro acho que é preocupação era até maior
porque assim eu queria gravidez tudo mas assim a gente não tava morando
junto, (...) ao mesmo tempo eu queria mas meio que uma certa rejeição (...)
sabia também que as coisas ia ser complicadas que não ia ser uma gravidez
fácil que não. (E27)
Categoria 2: Perda
liguei pro médico e falei com ele domingo que eu não tava bem, que eu senti
que tinha alguma coisa errada, que eu não sentia meu filho.(E3)
(...) na primeira consulta que eu passei, já sabia, já sentia que não... que a
gravidez não ia para frente, né a primeira consulta que eu passei eu fiz... não
sei explicar o meu sentimento, mas eu sentia como mãe que aquela gravidez
não ia para frente. Que não ia ter essa gravidez, mas mesmo assim eu estava
muito tranquila, estava muito calma, não me desesperei, não estava ansiosa,
né. (E21)
Aí quando foi de noite passou quando foi de manhã eu acordei fui usar o
banheiro eu tava tendo sangramento aí eu tava na casa da minha irmã
quando a gente viu foi para o Pronto Socorro (E22)
(...) mas eu falei: tem alguma coisa errada. E aí passou. Ai, isso foi numa
quinta, no sábado eu acordei com cólica bem cedo. Acordei e fui ao banheiro,
tinha sangue no papel, aquele bem pouquinho. Chamei minha mãe e ela
falou: ah é normal, vamos esperar se aumentar a gente vai ao pronto socorro.
Eu falei “ah tá bom!" Aí tentei voltar a dormir um pouquinho. A cólica
aumentou, aumentou, aumentou, levantei pra fazer xixi depois de umas 3
28
horas e aí já estava saindo sangue vivo. Aí ela falou “não, põe absorvente e
vamos começar a contar quantos absorventes suja e vamos pro ps.”(E18)
(...) aí pra ter certeza (da perda) eu repeti o ultrassom na terça, na mesma
clínica que eu tinha feito o primeiro, aí confirmou. (E3)
Sim. Às vezes a sala tinha 2,3. Um chamava o outro “calma aí, que eu vou
chamar o meu colega”. Aí eu falei “não é possível, já 3 pessoas me deram o
toque e vocês não sabem dar um diagnóstico?”. (...) E aí repetiram o beta, o
beta já estava caindo, aí falaram “volta amanhã”. Aí eu fui no dia seguinte, e
no outro dia, e essa pra mim foi a pior parte, porque nunca davam um
diagnóstico e toda vez que eu ia lá tinham vários médicos me examinando.
(E14)
(...) foi a pior coisa da minha vida.. foi uma tortura emocional porque a gente
não sabe o que tá acontecendo, a gente quer saber ao mesmo tempo... e ao
mesmo tempo não quer saber. Foi difícil. Chorei muito. (E18)
_descobri numa semana e na outra já tive um aborto (...), mas se falar para
você que eu sofri assim, porque eu não esperava. (...) Então eu descobri
numa semana, na outra já comecei a ter o aborto então não tive nem tempo
para parar e pensar. Eu sofri um pouquinho então. (E29)
29
(...) a médica achou estranho, fez o toque viu que não estava, tinha alguma
coisa errada. Ai pediu o exame beta, comprovou que eu estava grávida
mesmo, direitinho... ai foi na ultrassom vaginal que ela viu que o bebê não
estava mais desenvolvendo, que ele já estava morto, já tinha muito tempo já
e eu estava correndo risco de vida. (E24)
(...) nesse momento sei lá... parece que dá um apagão assim na sua cabeça.
Eu já estava na verdade meio que... meio que sabendo o que estava
acontecendo (...)daí eu fiquei muito desnorteada, eu na hora assim comecei
a chorar muito, meu namorado estava comigo é... ele também ficou muito
arrasado com tudo isso (E30)
_eu caí da escada e comecei a sangrar. Eu fui no hospital no xxx e eles não
me receitaram nada, falou que estava tudo certo, e eu voltei para casa,
normal. (E6)
Estava correndo tudo bem, mas aí eu tenho pressão alta, estava acima do
peso, ainda estou né acima do peso, não tá muito boa ainda o peso. Ai eu
fiquei... acabei tendo covid porque meu patrão teve covid, acabei contraindo
covid... fiquei em casa... ai comuniquei meu médico que não estava me
sentindo muito bem né. E depois eu senti que tinha alguma coisa estranha
porque minha pressão veio alterando bem mais, mesmo eu tomando os
remédios, mesmo ele trocando o remédio... e... ele não deu muita garantia...
nem pediu outros exames nem nada, só pediu a ultrassom. (E24)
30
(...) depois que eu fiz esse ultrassom que foi em dezembro, acho que no
mesmo dia eu tive uma briga muito feia com minha filha. Passamos um final
de ano sem se falar... no começo de janeiro que foi quando eu descobri. Acho
que foi no dia 7 de janeiro eu tive não foi um sangramento fui no banheiro
fazer xixi e veio um corrimento meio amarronzado e por assim ter sido mãe
há muito tempo eu fiquei meio cismada conversei com meu companheiro ele
me orientou, falou melhor você ir no médico para ver se tá tudo OK aí eu
procurei o pronto-socorro e daí foi onde tudo começou(E27)
Triste. Muito triste, porque a gente queria muito. Mas tudo é da vontade de
Deus. (E16)
então foi um processo...eu vou falar para você que pra mim foi um processo
tranquilo. não foi nada doloroso né claro que chorei _sim, porque é uma perda
né, quando a gente deseja muito algo, mas não me… como que eu vou te
dizer... não me machucou, não me feriu, tanto que eu tô muito em paz por
essa perda, porque eu acredito em Deus, eu confio que tudo é da permissão
dele, tudo acontece do jeito que ele quer, então quando eu perdi eu tive paz.
sabia que não era a hora e pra mim tá tudo bem. (E21)
Não, a única coisa que me marcou mesmo foi que eu vou ficar marcada
assim.. porque foi meu primeiro, minha primeira gestação, vai ficar aquele.. a
minha primeira gestação não deu certo. Então vai ficar esse.. não tô falando
um vazio, mas um vazio não negativo. Vou levar comigo uma fase negativa.
Uma fase assim como eu falo...não foi da primeira, mas vou tentar a segunda,
vou conseguir a segunda. (E25)
preocupação de morrer. Quando eu vim (...) não tinha certeza de que estaria
viva, que eu iria ver a minha filha. (E2)
(...) quando me disse que estava sem batimento eu senti alguma coisa errada
então assim minha emoção meio que foi, ao mesmo tempo de tristeza, mas
aí eu pensei meio que um alívio de não ter essa criança nesse momento com
toda essa situação conturbada né. (E27)
(...) porque eu estava sangrando muito, eu estava com medo de morrer né,
de tanto que eu estava sangrando. Pingava, era muito sangue. Então tinha
medo de morrer porque tenho meus filhos pra criar. Eu tenho 2 filhos. (...) ai
fiquei desesperada, porque era muito, muito sangue, então o desespero foi
esse… acho que a curetagem foi o menos pior. Acho que foi um alívio pra
mim quando tiraram o que tinha pra tirar e eu ficar bem. (E29)
Sim (quis a curetagem), porque eu tava sangrando muito, eu tava com medo
de morrer né, de tanto que eu tava sangrando. Pingava, era muito sangue.
Então tinha medo de morrer porque tenho meus filhos pra criar. Eu tenho 2
filhos. (e29)
ai fiquei desesperada, porque era muito, muito sangue, então o desespero foi
esse… acho que a curetagem foi o menos pior. Acho que foi um alívio pra
mim quando tiraram o que tinha pra tirar e eu ficar bem. (E29)
Se por um lado a curetagem foi a forma mais rápida que algumas mulheres
encontraram de resolver o sofrimento físico e aniquilar as esperanças, para outras foi
um momento especialmente difícil, pois concretizou a separação de dois corpos
sentidos como únicos… um pedaço da mãe se foi com o filho marcando um desfecho
emocionalmente difícil de ser superado tão rapidamente.
32
_Aí desde então foi muito difícil para mim_ estava perdendo meu pedaço ali
e não consegui superar ainda. (E7)
O mais difícil para mim foi estar deitada naquela maca e estarem tirando
aquele pedacinho de mim ali. Foi a separação, sabe? (E7)
A opção de poder aguardar o corpo expulsar o embrião foi acolhida por algumas
mulheres de maneira tranquila e não impositiva. Contudo, para outras gestantes foi
uma cena traumática, relacionada a sentimentos de tortura e medo que algo pudesse
se complicar, estragar e colocar sua vida em risco.
Eu queria tirar, porque estava morto já, e aquilo ali estava só perturbando
minha vida. Eu parei minha vida, não fazia nada. Uns falavam “você vai ficar
de repouso” e outros falavam “você não vai ficar de repouso”, e eu fiquei sem
saber o que fazer. Eu queria tirar porque já estava morto. (E5)
Dolorida, (...) você imaginar que você está vendo, você está perdendo muito
sangue, vendo umas coisas estranhas saindo e você fica imaginando, sabe
o que seria, qual parte foi agora. Toda minha família, os meus filhos viram
isso. Então eu acho muito desnecessário ter que esperar o corpo expulsar.
Eu, eu senti isso. (E11)
(...) então a espera na verdade assim... esses 15 dias que eles pedem para
esperar realmente é 15 dias que a gente fica né na expectativa porque como
eu nunca tive um aborto então não sabia como que seria né esse processo.
(E21)
A médica me avisou que como ainda tinha material lá dentro, tinha alguma
coisa lá dentro, ela ia precisar fazer um procedimento para tirar e não deixar
infectando. Foi isso. Mais que isso eu não assimilaria. Eu me lembro bem
depois quando eu já tinha acordado que me falaram que me falaram que era
uma curetagem, que me explicaram o que aconteceu. (...)Inclusive eu já
cheguei aqui sem o feto e sem o saco amniótico. Eu lembro disso, dele
falando que dava para ver que era um aborto, o exame veio positivo. Mas eu
já não tinha nada lá dentro, o que ficou para tirar foram outras coisas. (...) Eu
33
Aí eu fui trabalhar no outro dia ruim, estava sangrando muito, meio abalada,
um pouco difícil. Até porque tinha que ficar saindo toda hora para ir ao
banheiro, aí você atendendo o cliente e como vai largar o caixa pra sair
correndo? Dá medo de passar uma vergonha também, se você se sujar toda,
sair escorrendo, todo mundo vai ficar sabendo o que aconteceu, vão
perguntar. Aí foi ruim. (E8)
Categoria 3: Apoio
(...) o apoio que eu recebi realmente foi do meu esposo, a mãe dele que nos
ajudou cuidando da minha filha nesse período em que eu estive internada.
(E2)
Tipo, mas é ruim né, porque às vezes ninguém entende. Nunca aconteceu
com ninguém da minha família. Até meu sobrinho ficou brincando “nossa tia,
você é rara!”. Mas não entendem, _(E9)
Eu fiquei com os meus pais. Fiquei na casa dos meus pais. (...) Demorei um
pouquinho, e eu acho que como eles não estavam entendendo porque eu
chorava tanto, eles começaram a ficar irritados. Eu não lembro o que meu pai
falou. Ele falou que… ele falou alguma coisa de vida, alguma coisa que todo
mundo tem sua vida, que está todo mundo vivendo… Aquilo me desmontou.
(E13)
repente o problema tenha sido comigo né. Eu senti que ele queria achar um
culpado e quis colocar a culpa em mim e daí assim até o procedimento,
Depois disso tudo, depois de não ter tido apoio, porque assim a gente
conversava antes de eu ter engravidado e ele falou que ia me
acompanhar tudo nas consultas e não aconteceu isso, então meio que veio
à tona tudo que eu passei na minha primeira gravidez meio que aconteceu
nessa também, algumas coisas, algumas situações, por ele não ter me
acompanhado na primeira consulta por a médica ter pedido exame para saber
o tipo sanguíneo dele meio que ele Ah eu vou mas meio que vou ver quando
dá para ir tipo não deu tanta importância. (E27)
A equipe foi muito cuidadosa, eles não falavam nada na nossa frente que
poderia assustar sabe? (...)sugeriram “Olha a gente vai fazer tal exame” para
a gente correlacionar. Mas eles não deram nenhuma notícia assim de uma
hora para outra. Então foi aos pouquinhos né. Eu já tinha ciência do que
estava acontecendo, mas eu não sou médica né. Então eu fiquei esperando
eles me falarem. Eles tiveram todo o cuidado. Não me deram nenhuma notícia
brusca. Eles tiveram bastante cuidado para falar. (E2)
Eu fui muito bem atendida, fui muito bem acolhida e eu acho que isso faz
toda uma diferença porque você tá num momento muito difícil que você
precisa de pessoas do seu lado e de repente um profissional não te trata bem,
isso te deixa muito pra baixo, te deixa... eu acho que não é uma experiência
boa, você passar por isso e aí você chega e tem mais um problema.. vamos
dizer...mais um problema aí de maus tratos né.. (E23)
Nossa ali meu mundo já desabou, falei nossa que grosseiro. Me senti mal,
saí de lá chorando, fiquei triste, liguei pra minha mãe, falei meu esse posto
de merda, a gente xinga né tudo. Me senti bem mal. Bem mal. É.. ai pus a
roupa, peguei o laudo e fui embora. Ele colocou que não dava pra (...) não
tinha ainda nada. (E18)
35
_ achei que foram grosseiros, assim tipo acontece, acontece com várias
mulheres, mas da maneira que foi, que eu fui recebida eu não gostei. Só
agora, quando eu passei no dia 21, assim, eu vim no dia 20 ai não tinha,
estava horário de uma ultrassom ai mandou eu vim no outro dia, aí nisso…
(E11)
É, de empatia, né, sei lá. Não importa se era 1 mês ou se eram 8 meses. Era
uma vida. E uma vida que eu estava planejando, estava esperando. Então da
maneira que as coisas aconteceram não foi boa. E aí eles pediram para eu
voltar para casa. Ela viu que eu já não estava bem e ela falou “pode voltar
para casa e você vai abortando no decorrer dos dias”. (E14)
Aí eu me senti assim tipo...Uma rata de laboratório. Para mim isso foi o mais
doloroso. Quando eu cheguei em casa eu chorei bastante (...) (E17)
E eu tomei o remédio e ele “você quer que eu faça a cirurgia em você para
nada? (...) Porque eu fiz o exame e o pessoal que fez o exame, a trans… Veio
um médico, depois chamou outra médica, depois essa médica chamou outro
médico. Aí vai um monte de gente. Aí você fica “oi?”, tipo, uma hora fazendo
isso daqui. E ele falou que não estava conseguindo ver toda a minha tuba
né? Não estava conseguindo ver toda. Aí eu fiquei com medo. (E9)
(...) então foi tranquilo e tinha a opção também de aguardar o meu organismo
expulsar, mas eu não quis, não quis porque ia sofrer mais (...). (E3)
e eu fiquei sem saber o que fazer. Eu queria tirar porque já estava morto. (E5)
Eu acho essa parte muito, muito desagradável ter que esperar o corpo
expulsar sozinho porque eu acho que eu não deveria ter visto tudo o que eu
passei, tudo, a perda sabe, tudo sendo que depois que eu vim no hospital
mesmo fizeram a curetagem. Eu achei que era muito... já teria feito pra não
vê, não vê... é sofrido, é doído, eu acho, eu achei assim isso fica em mim.
(E11)
Eu dividi o quarto com uma moça, que estava com o maior problema, maior
do que eu.(E5)
Ela estava de 7 meses, o bebê dela não tinha pernas, não tinha braços e veio
com malformação na cabeça. Então eu acho que esse problema dela é maior
que o meu. E aí me conformou mais um pouco, porque ela chorava
desesperadamente. Eu falava “você chora porque o seu bebê está vivo, e eu
choro porque o meu está morto”. E eu via que o problema dela era tão grave
que me acalmou. (E5)
Eu não fiquei no quarto com nenhuma delas. Eu fiquei com uma que estava
com o mesmo procedimento que eu. Então não tive problema nenhum. (E4)
Aí eu fiquei internada. Para nada. Não fez nada. Ele falou que eu ia fazer o
exame. Aí que acabou que só fez o exame de sangue. E no outro dia fui para
casa. Aí fiquei lá com as meninas que tinha acabado de acontecer com elas.
(E9)
_internei para fazer a curetagem (...) é um pouco difícil né, porque a gente
está no mesmo andar que um monte de mulher que está recebendo os seus
bebês. (...)é difícil porque a gente vê chorinho de bebê, a gente vê tudo isso.
Então a gente sente falta de entrar no hospital para tentar sair com um filho.
Aí é muito estranho. Mas eu tentei me controlar dessa vez, não senti tanto
não. Eu acho que eu nem controlei. Sentir a gente sente porque é uma
gravidez. (E4)
_acho que o mais difícil de tudo o que aconteceu foi... eu voltei pro quarto
depois do procedimento e aí tinha uma bebezinha do lado, começou chorar.
37
falei: nossa! poderia ser a minha ou o meu. você fica assim poxa poderia
ser(…)eu tomei anestesia passei pelo procedimento todinho que uma mulher
vai ganhar bebê só que uma vem com neném outro não... só isso mesmo
(choro)(...) o sentimento foi que eu vim e não levei, vim tirar. e não levar... só
isso mesmo. (E19)
_eu vou ficar marcada... porque foi meu primeiro, minha primeira gestação,
vai ficar aquele.. a minha primeira gestação não deu certo. Então vai ficar
esse vazio negativo. Vou levar comigo uma fase negativa. Uma fase assim
como eu falo...não foi da primeira, mas vou tentar a segunda, vou conseguir
a segunda. (E25)
_foi aos pouquinhos. Essa consciência, essa frustração não vieram assim de
uma hora para outra. Foi uma perda diária ao longo dos dias. Tinha momentos
que ficava mais triste, tinha momentos que eu ficava mais isolada. (E2)
Sei lá uma dor por dentro da gente que só a gente entende e é uma coisa
que eu não sei se vou superar. (...) A minha experiência com aborto é uma
dor, uma dor que a gente sente que a gente acha que nunca vai passar. Uma
dor inexplicável que só a gente sente, os outros ao lado da gente não sente.
Acha que é coisa passageira. (E28)
E eu acho que a minha rotina ficou diferente, porque eu tenho uma filha que
está com depressão, já tentou suicídio, e essa criança estava dando uma
amenizada na dor que eu estava sentindo. E essa dor voltou. Eu me senti
como se tivesse uma ferida cicatrizada e alguém veio e arrancou aquela
casca e sangrou de novo. Então foi bem difícil. (E17)
_já sabia o sexo, já fiz tudo e aí na hora que nasceu eu já perdi. Essa foi mais
difícil do que agora que tinha pouco tempo, mas mesmo assim é difícil.(E1)
Então ela me ajudou bastante e agora do aborto eu sofri, mas não foi tanto
quanto o primeiro porque o primeiro filho a gente tem uma reação totalmente
38
_eu sofri muito mais com a perda da minha mãe que com esse aborto. Porque
eu perdi a minha mãe há 2 anos, e eu era filha única. Sou filha única, morava
com a minha mãe sozinha e eu não tenho pai, então era só eu e ela. (E15)
Então eu acho que perdi, senti muito mais a perda da minha mãe do que o
aborto agora. E aí eu sou advogada e acabei de montar um comércio
também, uma loja. Então eu estou na esperança de que a loja dê certo. (E15)
Falar sobre o aborto, e no que se perdeu junto com o bebê, é fonte de grande
angústia para as mulheres. A crença de que o silêncio em torno do aborto é um sinal
de força, e de elaboração psíquica, revela a fantasia de que o sofrimento ou a perda
podem ser apagados... Essa estratégia é ineficaz e, cada vez que alguém do entorno
toca no assunto, a dor e o sofrimento vem à tona revelando a manutenção da dor, do
vazio e do desamparo.
Agora eu estou um pouco mais conformada. Mas eu não quero falar sobre
isso com outras pessoas. Eu não gosto quando alguém me pergunta e eu
tenho que ficar toda hora contando a mesma história né. (E17)
eu prefiro não lembrar dessa parte e como acho que se fosse uma defesa
minha eu tento pensar que eu não eu não passei, sabe assim não é uma
coisa que vai me deixar bem que vai fazer bem então eu prefiro não lembrar
que eu passei por isso eu só lembro quando eu pego os papéis então eu evito
de pegar os papéis só pego quando eu tenho consulta mesmo e aí eu guardei
muito bem guardado eu não vejo isso.(...) é eu prefiro é como eu falei eu
prefiro pensar é como se eu tivesse bloqueado sabe eu não passei por isso
é assim que eu penso para mim não ficar presa(...) mas é assim eu bloqueio
essa parte prefiro passar, pular esses 2 meses aí entre descoberta, perca e
tudo mais. É assim que eu levo. (E31)
A minha experiência com aborto é uma dor, uma dor que a gente sente que a
gente acha que nunca vai passar. Uma dor inexplicável que só a gente sente,
os outros ao lado da gente não sente. Acha que é coisa passageira. (E28)
(...) eu me senti mal, muito mal, muito mal assim porque passa um mês passa
um mês ninguém mais fala sobre. Não que eu quisesse que alguém falasse
sobre, até ruim de falar sobre assunto, mas esquece. Não tem como eu
esquecer as pessoas esquecem acho que a vida segue. A vida segue, eu sei
que tem que seguir, mas para mim é… luto não é porque eu tava com 11
semanas… Não é porque foi no início da gestação que não vai doer para mim
a dor intensa. (E26)
Acho que depois que eu perdi, um mês depois eu acho, ela me mandou
mensagem toda feliz, “estou grávida”. Nossa, aquilo para mim foi um baque.
Um baque, nossa! Esse dia eu vi ela duas vezes da janela... Aí da outra vez
eu ia saindo e vi ela lá na portaria, olhei para a cara dela assim e ela falou
“Oi” (...) ai eu falei oi e já sai, já caí no desespero do choro. (E5)
(...)ela mandou mensagem para mim, pra ir comigo na igreja. Eu falei pra ela
se ela tinha percebido que eu não conseguia encarar ela. Ela falou que
percebeu, que até já conversou com a pastora dela sobre isso. Ela disse que
queria me dar um abraço e que não sabia como chegar até mim. Falei pra ela
“agora não vem porque eu não estou preparada. Você percebeu, eu não
estou preparada”. (E5)
Algumas partes eu ainda sinto falta... porque a minha cunhada está no mesmo
tempo que eu, então eu até evito ir na casa dela pra não ver a barriga. (E1)
E aí você começa a ver as outras grávidas na rua, no dia a dia, aí você fica
imaginando o que elas estão pensando, o que estão planejando. Os
procedimentos delas no início seriam fazer o pré-natal. O meu não. Os meus
procedimentos eram totalmente diferentes do pré-natal. (E15)
40
(...) às vezes eu penso se eu vou conseguir ter outro filho, se não. Às vezes,
ontem mesmo eu fiquei pensando sobre essa consulta que eu vou ter hoje,
que hoje vão falar o que eu realmente tenho. O que realmente está
acontecendo. (E28)
Eu fico pensando: será que eu vou poder ter outro daqui um ano, dois anos,
ou se daqui a 6 meses, 9 meses. (...) a gente não sabe se vai passar ou se
não, se daqui no futuro a gente vai conseguir ou se não entendeu. Muito difícil,
difícil mesmo (E28)
Não ter uma explicação concreta para a causa da perda gestacional leva muitas
mulheres a experimentar sentimentos de culpa, raiva e frustração. A culpa é muitas
vezes expressa e relacionada com a incapacidade de gerar um filho, o descuido com
o corpo e alimentação, o não desejo de ter filhos ou a não aceitação inicial da
gestação. Outras vezes é direcionada a profissionais de saúde acusados de
negligentes por não perceberem os sinais de que algo estava errado. A raiva e a
frustração com a falência gestacional é direcionada para as mulheres que, apesar de
não se cuidarem ou desejarem ter um filho, engravidam, conseguem parir e maltratam
o bebê.
Ah, eu estou triste! Queria saber onde foi o problema. A gente se sente, nossa
eu não fui capaz” que esquisito! (...) Ta vendo pode ter sido culpa minha
também... risos. Não me cuidei. (...) É um turbilhão de sentimentos ao mesmo
tempo. Aí você começa a culpar: putz e se tivesse um convênio? Será que a
primeira vez que cheguei lá no hospital, que o médico viu, ele podia ter feito
alguma coisa? Ter dado um comprimido para parar de sangrar, não sei. (E18)
(...)me senti uma pessoa é infeliz, uma pessoa que... incapaz ... uma pessoa
incapaz de ser mãe, incapaz de segurar um bebê. Eu me senti e até hoje eu
me sinto culpada, eu digo que não, mas eu me sinto culpada. Eu às vezes eu
fico sozinha em casa, fico pensando que eu no momento eu me senti culpada.
Eu pensei que meu marido que ia me culpar eu mesma me culpei. (...) Eu
me senti culpada porque o primeiro foi de uma discussão que eu tive e o
segundo, o segundo não, mas mesmo assim eu me senti culpada. Eu me
senti culpada porque era uma vida que tinha. Eu pensei que eu que tinha
causado mas não porque eu não fiz nada, mas mesmo assim eu me senti
culpada entendeu. (E28)
41
Essa vez eu fiquei com muito medo porque assim eu quase morri (...)fiquei
entre a vida e a morte no momento que cheguei no hospital. Falei “poxa vida
eu tenho uma filha de 6 anos”. Praticamente deixei a Laura órfã de mãe (...)
Era uma gravidez que todos nós queríamos, apesar de não ser planejada,
todos nós queríamos, mas eu me senti muito mais abalada da possibilidade,
(...) no caso de eu ter morrido. Poderia ter morrido e ela ficado desamparada,
assim sem mãe mas... isso me deixou bem abalada. (E23)
Falei pro médico que se tivesse que fazer uma operação (…) A laqueadura
porque se for pra eu ter outro e ser desse jeito. Nossa, não aguento. (...)Eu
não quero mais ter filho. Não quero passar por isso. (E9)
(...) eu tenho medo eu acho que quem passou por isso tem muito medo depois
eu tenho medo de ter uma outra gravidez eu tenho medo de passar por isso
de novo _ (E26)
(...) colocaram DIU tudo eu aceitei imediatamente, de aceitar pra não passar
por tudo que eu passei eu aceitei porque se eu viesse a engravidar de novo
e eu viesse a perder novamente .. a ter todo um todo o meu projeto, tudo o
que eu pensei que um novo filho (E11)
(...) eu sinto que não quero ter mais filhos. Já tenho 2 e não quero passar por
42
isso de novo… sei lá se vai acontecer o que aconteceu de novo, tenho medo
de acontecer isso de novo, então… Acho que fico com medo de engravidar e
acontecer o aborto de novo sabe. Não quero passar por isso de novo não.
(E29)
(...) cheguei triste naquela condição, mas aí comparei o que eu passei e hoje
como estou bem melhor. Não sei quanto tempo vou levar para talvez não
pensar tanto no bebê, deixar Deus trabalhar. Mas eu estou muito feliz de
voltar para casa, de olhar para a minha filha. (...)Estou bem melhor do que
antes, graças a Deus. (...) Agora eu vou me programar para voltar ao mercado
de trabalho, fazer alguma atividade física, porque eu pensava em mil coisas
“vou fazer atividade física, vou mandar currículo”. (E2)
Hoje eu estou bem, eu me sinto super bem. Fiz uma viagem agora com meu
marido e minha filha, já estava planejada e eu me sinto bem, me sinto
feliz...(E23)
Até a hora que eu cheguei aqui eu estava bem. Porque eu consegui me apoiar
bastante na religião e nos meus pais. Muito, muito mesmo. E a gente é uma
religião que acredita em vida após a morte, em carma, e enquanto eu estava
grávida antes do COVID, a gente foi até um local sagrado, a gente comeu a
comida que foi oferecida a Deus. Então isso me ajudou a entender que talvez
fosse a hora dessa alma, dessa entidade. Era só esse tempo que ele
precisava passar aqui. Dói. Mas está tudo bem. (E13)
Para algumas mulheres a perda trouxe alívio, já que não se sentia vinculada
àquela gestação ou, ainda, o momento não era percebido como ideal para ser
mãe. Por outro lado, o processo da perda pode ser tão intenso e demorado quando
não aceito, gerando muita apreensão, principalmente quando não se finaliza e o
sentimento vivido demora a passar e o luto se prolonga.
criar um vínculo né. (...) Não vou falar que tô sofrendo, porque acabei de ter
um bebê recente né. (E29)
Eu nunca estive grávida, mas eu acho que minha gravidez ia ser um pouco
desconfortável. Porque eu estava sentindo muitas dores desde o início,
estava me sentindo muito inchada, não conseguia fazer quase nada do que
eu faço no dia a dia. Muita coisa que eu faço no dia eu não estava
conseguindo fazer. (...)Eu estava reclamando de dores nas costas, dores nas
pernas, sem vontade de fazer algumas coisas desde o início. (E15)
44
6 DISCUSSÃO
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As perdas fazem parte da nossa vida e uma delas se refere a perda gestacional
a qual algumas mulheres vivenciarão. Percebe-se que, nesses casos, os sentimentos
experimentados contêm certa similaridade em todo o mundo, mas ao mesmo tempo
são vividas de forma singular pela mulher, por perpassar as fantasias do que significou
aquela experiência para ela. Então o que significa para aquelas mulheres estarem
grávidas e o que se perde com a inviabilidade de uma gravidez?
O abortamento é clinicamente de fácil resolução e, talvez por isso, fica no
esquecimento para quem não o viveu. Há uma diferença entre a expulsão fisiológica
de um produto de gravidez com o que é uma vivência da mulher que acabou de
“expulsar” algo representativo para ela, porque o que importa ali não é o produto, mas
o que ele representa, podendo ser o desejo interrompido da maternidade ou ter
significados variados de acordo com o que a perda desperta em si e no seu entorno.
Para algumas mulheres essa perda pode ser sentida como alívio manifesto pelo
não desejo de um filho, mas observa-se que para muitas as marcas e feridas deixadas,
talvez nunca cicatrize, podendo ficar guardadas por muito tempo, não encontrando
um lugar de escuta e validação.
A recusa em falar da perda sofrida, em muitos casos, pode ser decorrente da
falta de um lugar de escuta e validação do que é sentido ou ser considerado por esta
como uma situação já resolvida clinicamente a qual nada mais precisa ser dito. Porém
esse silenciamento acaba favorecendo um adoecimento psíquico quando o luto não é
elaborado.
Percebe-se que há, em algumas mulheres, falta de recursos internos que
dificultam sua elaboração e por encontrar-se em um momento de fragilidade e
vulnerabilidade ela necessita que o profissional esteja ali, preparado para ajudá-la
oferecendo o suporte necessário nessa situação por mais desafiador que possa ser,
devendo buscar recursos, caso não os tenha, para oferecer esse atendimento
cuidadoso e respeitoso que a mulher espera e necessita.
Embora se tenha protocolos de más notícias e os profissionais sejam treinados
para prestar os cuidados necessários, ainda se vê com certa frequência a insatisfação
das mulheres nesse cenário. O desamparo sentido no processo de abortamento se
refere ao tamanho da perda sofrida pela mulher por gerar uma ruptura abrupta que a
50
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Anexos
A Sra. tem a garantia de que todos os dados obtidos a seu respeito, só serão
utilizados neste estudo, no qual serão analisadas em conjunto com as de outros
voluntários, não sendo divulgada a sua identificação ou de outros pacientes em
nenhum momento.
A qualquer momento, se for de seu interesse, a Sra. poderá ter acesso a todas
as suas informações obtidas neste estudo, ou a respeito dos resultados gerais. Em
qualquer etapa, a Sra. terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para
esclarecimento de dúvidas. A principal investigadora é a Dra. Sue Yazaki Sun que
pode ser encontrada no endereço: Rua Napoleão de Barros, 715 – oitavo andar ou
pelo telefone 5576-4522 ramal 4105. Se você tiver alguma consideração ou dúvida
sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) –Rua Botucatu, 740, 5º andar – sala 557 – Vila Clementino, São Paulo/SP –
CEP: 04023-900 E- mail: cep@unifesp.edu.br. Telefones: (11) 5571-1062; (11) 5539-
7162. Quando o estudo for finalizado, a Sra. será informada sobre os principais
resultados e conclusões obtidas no estudo.
Caso você concorde em participar desta pesquisa, assine ao final deste
documento, que possui duas vias, sendo uma delas sua, e a outra nossa.
Eu discuti com a Psicóloga Cecília e a estudante de medicina Júlia Izepe
Ferreira, sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim
quais são os propósitos, os procedimentos a serem realizados, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha
participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento
qualificado quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo
e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o
mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa
ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
__________________________________ ________________________________
Nome do participante da pesquisa Assinatura
59
Data: ____/____/____
__________________________________ _______________________________
Nome do pesquisador principal Assinatura
60
1-Nome completo
2-RH HSP
3-Idade
4-Cor
5-Parceiro estável: ( )SIM ( )NÃO
6-Profissão
7-Telefone
8-E-mail
9. Escolaridade: Analfabeta (1); I grau incompleto (2); I grau completo (3); II grau
incompleto (4); II grau completo (5); III grau incompleto (6); III grau completo (7); Pós-
Graduação incompleto (8); Pós-Graduação completo (9)
CARACTERÍSTICAS OBSTÉTRICAS
10-Número de gestações incluindo a atual: __________
11-Número de abortos anteriores: _______
Dados da gestação atual:
12-Sangramento: ( )Não ( )Quantos dias de sangramento:__________
13-Classificação da ultrassonografia (completar com o número correspondente):
1-Gravidez anembrionada (desenvolvimento do trofoblasto sem
desenvolvimento do embrião)
2-morte embrionária (embrião >5mm, até 8 semanas, sem atividade cardíaca
na ultrassonografia – concepto nunca apresentou atividade cardíaca)
3-morte do concepto (houve documentação de atividade cardíaca do concepto
em exame anterior, mas no exame atual observou-se parada da atividade
cardíaca)
4-imagem de restos ovulares
14-Manejo do abortamento (completar com o número correspondente):
1-tratamento expectante evoluindo com abortamento espontâneo completo
2-tratamento cirúrgico imediato (D&C ou AMIU)
3-tratamento cirúrgico tardio (até 15 dias do diagnóstico, decorrente da não
eliminação espontânea da gravidez)
61
Perguntas complementares:
DADOS DA EMENDA
DADOS DO PARECER
Apresentação do Projeto:
Projeto CEP/UNIFESP: 0045/2020
Trata-se de emenda (E1) ao projeto: inclusão do objetivo acadêmico (mestrado de CECILIA HELENA
MAGALHÃES DE ANDRADE) e atualização do cronograma
As informações elencadas nos campos “Apresentação do Projeto”, “Objetivo da Pesquisa” e “Avaliação dos
Riscos e Benefícios” foram retiradas do arquivo Informações Básicas da Pesquisa
(PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_1863285_E1.pdf, de 23/11/2021).
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entrevista a ser aplicada em pacientes após abortamento precoce. As pacientes serão recrutadas no
ambulatório de gestação inicial (AGI) do Departamento de Obstetrícia, para o qual são encaminhadas todas
as gestantes atendidas no pronto socorro do Hospital São Paulo, com ameaça de abortamento. A amostra
estimada será de aproximadamente 30 a 35 pacientes.
A coleta dos dados ocorrerá entre 30 e 37 dias após a resolução do abortamento. Com isso, espera-se
conhecer a relação do sentimento de luto e a ocorrência de depressão nestas pacientes, associando os
resultados encontrados com os possíveis manejos. A partir daí, pretende-se encontrar elementos que
auxiliem a assistência do abortamento precoce com vistas a minimizar as repercussões psicológicas. O
presente estudo, é parte de um mestrado em andamento no Departamento de Obstetrícia da UNIFESP, da
psicóloga CECíLIA HELENA MAGALHÃES DE ANDRADE que pretende analisar quantitativamente o luto,
depressão e qualidade de vida presentes em mulheres com abortamento de primeiro trimestre e comparar
suas prevalências conforme o tipo de manejo, aprovado sob número CAAE 158.08418.5.0000.5505.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
O estudo apresenta como objetivo avaliar a repercussão do abortamento espontâneo precoce na vida das
pacientes. Neste projeto, serão considerados os aspectos relacionados ao enfrentamento do luto e aos
sintomas de depressão.
Objetivo Secundário:
Além disso, teremos como objetivo analisar se o tipo de manejo do abortamento influencia na repercussão
psicológica. Serão considerados os seguintes manejos: tratamento cirúrgico com curetagem uterina e
tratamento expectante com abortamento completo sem curetagem.Nossa meta é, diante do conhecimento e
experiências vividas e adquiridas com a realização desse trabalho, oferecer para as pacientes com
abortamento precoce uma conduta que implique em riscos reduzidos para sua saúde mental, diminuindo as
sequelas emocionais do pós-abortamento.
Tal conduta poderá, ainda, incluir a possibilidade de atendimento psicológico posterior para as pacientes
que apresentarem esta demanda, a fim de elaborarem e ministrarem seu sofrimento e luto.
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Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
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Assinado por:
Ediléia Bagatin
(Coordenador(a))
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