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Resumo sobre anemia

Anemia é definida como a redução da concentração de


hemoglobina do sangue abaixo de 13,5 g/dL em homens adultos
e 11,5 g/dL em mulheres adultas.

Essa diminuição geralmente é acompanhada por redução da


contagem de eritrócitos e do hematócrito, porém esses valores
podem ser normais em alguns pacientes com níveis baixos de
hemoglobina.

Raramente a anemia é a doença principal, na maioria das vezes


é uma alteração secundária de uma doença de base. Por isso é
fundamental além de estabelecer o diagnóstico da anemia,
buscar suas possíveis causas.

Epidemiologia da Anemia
Sendo um dos principais problemas de saúde pública, a anemia
afeta cerca de 2 bilhões de pessoas em todo mundo.

Tem alta prevalência e incidência, sobretudo em países em


desenvolvimento, mas também afeta os países industrializados.

A causa associada mais comum é a deficiência de ferro, principal


carência nutricional negligenciada no mundo.

A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) de


2006 mostra que a prevalência de deficiência de ferro entre
crianças menores de 5 anos no Brasil é de 20,9%, com
prevalência de 24,1% em menores de 2 anos e de 29,4% das
mulheres férteis.

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Fisiopatologia da anemia
Os eritrócitos originam-se de células tronco hematopoiéticas da
medula óssea que se dividem até formar o reticulócito, precursor
da hemácia e que já pode ser detectado no sangue periférico.

Os reticulócitos duram cerca de 24/48 horas até serem


convertidos em hemácias sendo o hormônio envolvido nesse
processo a eritropoetina produzida no rim e fígado que estimula a
eritropoese a partir do nível de oxigênio tecidual.

A anemia pode ser consequência de três mecanismos principais:

• Diminuição da sobrevida dos eritrócitos (hemorragias


agudas/hemólise);
• Defeitos na produção medular (hipoproliferação);
• Defeitos na maturação dos eritrócitos (eritropoese ineficaz);

Na anemia por hemorragias as manifestações dependem da


velocidade de instalação do quadro. Uma hemorragia aguda,
como nos traumas, pode levar rapidamente ao choque, enquanto
a hemorragia crônica, comum em sangramentos do trato
gastrointestinal, pode haver uma redução muito significante dos
eritrócitos sem apresentar sintomas.

O aumento dos reticulócitos, como compensação medular, não


ocorre inicialmente nas hemorragias agudas, devido ao curto
período para proliferação. Diferente da anemia hemolítica que
está associada a altos índices de reticulócitos devido a
compensação.
A anemia hipoproliferativa pode ser resultado da redução da
eritropoetina, como ocorre na insuficiência renal, pela carência de
vitamina B12, ferro e ácido fólico, fundamentais para o processo
de eritropoese, ou devido a doenças inflamatórias e neoplásicas.

Resumo sobre anemia: quadro clínico


Os sintomas estão associados a redução do transporte de
oxigênio pelo sangue, alteração do volume sanguíneo total e a
resposta compensatória cardiopulmonar.

Quanto mais abrupta a queda nos níveis de hemoglobina e/ou


volume sanguíneo, mais intensos são os sintomas. É o que
ocorre nas hemorragias agudas ou crises hemolíticas em que os
pacientes podem apresentar dispneia, palpitação, tontura e
fadiga.

Já nas anemias crônicas, como a ferropriva, o paciente pode


permanecer assintomático ou pouco sintomático, mesmo com
baixos níveis de hemoglobina.

O sinal mais comum das anemias é a palidez, que é mais bem


detectada nas mucosas da boca, conjuntivas e leito ungueal.

Também pode ocorrer icterícia e esplenomegalia sugerindo


anemia hemolítica, a glossite pode ocorrer nas anemias
carenciais e úlceras de pernas são comuns na anemia falciforme.

Outros sintomas associados a anemias são:

• Cefaleia;
• Vertigem;
• Hipotensão postural;
• Fraqueza muscular.

Classificação das anemias


Existem diversas formas de classificar as anemias. A mais
comum é segundo critérios morfológicos ou fisiopatológicos:
• Classificação morfológica das anemias:
Macrocítica Microcítica Normocítica

Hipercrômica Hipocrômica Normocrômica


VCM > 100 fl VCM < 80 fl VCM 80 – 100 fl

HCM > 34 g/dL HCM < 28 g/dL HCM 28 – 34 g/dL


Exemplo: anemia megaloblástica Exemplo: anemias ferroprivas Exemplo: anemias hemolíticas, anemia aplástica

• Classificação fisiopatológica das anemias:

• Anemias por falta de produção: (podem acompanhar


doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas).
o Produção deficiente de glóbulos vermelhos por
acometimento primário ou secundário da medula
óssea;
o Falta de eritropoetina;
o Carência de ferro, vitamina B12 e ácido fólico.

• Anemias por excesso de destruição ou regenerativas:


ocorre nas anemias hemolíticas ou anemias por perda de
sangue. A hemólise pode ser causada por defeitos
intrínsecos, como nas anemias associadas a alterações
hereditárias ou fatores extrínsecos, como exposição a
toxinas, parasitas ou agentes infecciosos.

Tratamento da Anemia
O tratamento é muito variado e feito de acordo com a causa base
da anemia. Abaixo o tratamento das principais anemias:

Anemia ferropriva:

• Sulfato ferroso:
o Crianças: 3 a 6 mg/kg/dia de ferro elementar, sem
ultrapassar 60 mg/dia;
o Gestantes: 60 a 200 mg/dia de ferro elementar
associadas a 400 mcg/dia de ácido fólico;
o Adultos: 120 mg/dia de ferro elementar;
o Idosos: 15 mg/dia de ferro elementar.

Anemia megaloblástica:
causada pela síntese defeituosa do DNA, levando a um atraso da
maturação do núcleo em relação ao citoplasma. Em geral é
causado por deficiência de vitamina B12 ou de ácido fólico.

• Vitamina B12: 1000 mcg, via parenteral, durante 4


semanas, seguido de injeções mensais;
• Ácido fólico: 1mg/dia, via oral, durante 1 mês.

Anemia falciforme:

anemia hereditária que cursa com anemia hemolítica crônica,


vasculopatias, lesões vaso-oclusivas e lesão aguda de órgãos.

• Ácido fólico: 1mg/dia;


• Hidroxiureia: 15-35 mg/kg/dia. Usada para prevenção das
crises dolorosas;
• Transplante de medula óssea: único tratamento curativo,
porém com alta morbimortalidade e necessita de um doador
compatível.

Anemia de doença crônica:

Acomete pacientes com doenças inflamatórias crônicas, como


tuberculose, doença de Crohn, pneumonias e doenças malignas
como carcinomas e linfomas. O tratamento é feito com o controle
da doença basal. Eritropoetina pode ser considerada em casos
graves com anemia intensa.

Eritropoetina: dose inicial de 100 U/Kg, via subcutânea, dividida


em três doses semanais por um período de 8 a 12 semanas. Se
não houver resposta terapêutica esperada, recomenda-se
aumentar a dose de para 150 U/Kg até 300 U/Kg.

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