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https://novaescola.org.br/conteudo/21322/folclore-nas-artes-como-
organizar-o-estudo-nos-anos-iniciais-do-fundamental
Publicado em NOVA ESCOLA 11 de Agosto | 2022
Arte
A principal proposta do Movimento Armorial era criar uma arte erudita com
base na cultura popular, exaltando os elementos da música, da dança, da
literatura e de outras manifestações artísticas, principalmente do Nordeste
brasileiro. Imagem: Clara Gastelois/NOVA ESCOLA
Arte e folclore: uma parceria que pode durar o ano
todo
Para que as manifestações populares sejam trabalhadas durante o ano todo,
Marlei recomenda que os professores dos Anos Iniciais vejam o folclore não
enquanto um conteúdo, mas como rica fonte de materiais para o
desenvolvimento de diversas habilidades. “É importante que a criança tenha
contato com as manifestações folclóricas. Já as questões mais teóricas em torno
disso podem esperar. Se o folclore auxiliar várias áreas de conhecimento, a
criança vai sentir que ele está ligado a tudo: história, língua, meio ambiente,
artes”, diz a especialista.
Para fazer isso, o professor de Arte pode começar planejando quais habilidades
precisa trabalhar com a turma e, a partir delas, selecionar manifestações
tradicionais e elementos da cultura popular para ajudar a desenvolvê-las.
Mesmo que a habilidade não cite o repertório tradicional, nada impede que o
professor dê preferência para elementos da cultura popular ao selecionar os
materiais com os quais construirá suas aulas.
Como na BNCC o componente curricular Arte está centrado em quatro
linguagens (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), não é difícil encontrar
manifestações folclóricas que abarquem uma ou mais delas. Mitos, lendas,
canções, danças, artesanatos, festas populares e brincadeiras são exemplos de
manifestações folclóricas presentes no cotidiano e que podem ser levadas para
as aulas de Arte em diversos momentos. Por exemplo, ao selecionar uma festa
popular, o professor poderá trabalhar sua visualidade, as letras e ritmos de
suas músicas, sua dança e a performance do festejo escolhido.
“Arte e cultura popular são inseparáveis. É importante dar valor para o saber
tradicional e para as práticas populares. A escola precisa mostrar que a cultura
popular não é inferior à erudita. Às vezes, as crianças pensam assim porque o
menosprezo à própria cultura foi repassado a elas”, diz Andriolli. “Temos de dar
valor ao que está próximo. O folclore é como se fosse um móvel antigo que
você herdou, deixou parado em casa e foi jogando muitas coisas por cima sem
nem perceber. Quando alguém vai lá e passa um verniz, você dá valor a ele, e
essa é uma função da educação: dar um novo olhar para esse conjunto de
manifestações.”
Um cuidado importante para os professores dos Anos Iniciais é pesquisar
manifestações folclóricas da cidade ou região onde a escola está localizada.
Além de valorizar os saberes locais, essa atitude é importante pois facilitará a
identificação e o entendimento dos alunos sobre o que está sendo estudado.
Por exemplo, o congado é uma importante manifestação popular brasileira,
mas caso não seja próprio da região da escola, poderá ser estudado apenas por
vídeos e materiais escritos. O mesmo pode ser feito com lendas como a do Saci,
do Curupira e da Mula Sem-Cabeça, que fazem parte do imaginário nacional e
podem dar espaço para outras narrativas tradicionais da região.
Além de construir seu próprio repertório – relembrando narrativas que ouviu ao
longo da vida, por meio de grupos tradicionais dos quais participa e pesquisas
realizadas –, também é interessante que o professor investigue quais
manifestações folclóricas os alunos e suas famílias conhecem. Talvez eles não
saibam que isso faz parte do folclore de um povo, mas o professor pode traçar
estratégias para levantar o repertório de tradições populares da comunidade
escolar.
Segundo Marlei, o folclore só existe onde tradicionalmente acontece. Quando
transposto para outro lugar, não se vive mais o folclore, e sim uma projeção
dele. Sendo assim, para que o folclore não seja transformado apenas em objeto
de estudo e de reprodução em ambiente escolar, é interessante organizar
visitas a lugares importantes para a memória da comunidade e, quando
possível, convidar mestres da cultura local (músicos, contadores de história,
artistas) para se apresentarem na escola.
FOLCLORE: 14 MATERIAIS PARA TRABALHAR O TEMA O ANO
TODO