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4.1.

Reatores de Fissão Nuclear

A edificação de contenção, em formato de domo, da


Usina Nuclear de Shearon Harris, perto de Raleigh,
Carolina do Norte

Num reator nuclear de fissão utiliza-se o urânio natural, na maior


parte dos casos − uma mistura de 238U (T1/2 = 4,5 × 109 anos) e de
1/2 = 713 × 10 anos) − por vezes enriquecido com extra
235U (T 6 235U.

O 238U tem tendência para absorver os nêutrons de alta velocidade


originados pela divisão dos átomos 235U, mas não absorve nêutrons
lentos tão rapidamente.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 91
Assim, num reator é incluída uma substância moderadora que,
juntamente com o urânio, abranda os nêutrons. Então, o 238U por
sua vez, já não os absorve tão facilmente estes nêutrons e a fissão
continua.
As usinas nucleares fornecem cerca de 16% da eletricidade do
mundo (dados de agosto de 2008). Alguns países dependem mais
da energia nuclear para obter eletricidade que outros. Na França,
por exemplo, cerca de 75% da eletricidade é gerada a partir da
energia nuclear.
(Fonte: International Atomic Energy Agency − IAEA)
Nos Estados Unidos, a energia nuclear fornece 23% da eletricidade
total, mas alguns Estados obtêm mais energia de usinas nucleares
que outros. No Brasil, menos de 3% da energia gerada tem origem
das usinas nucleares de Angra dos Reis. Há mais de 400 usinas de
energia nuclear ao redor do mundo, sendo mais de 100 nos EUA.
(Fonte: World Nuclear Association − WNA)
1) De onde vem o Urânio?
O urânio é um elemento bastante comum na Terra, incorporado
ao planeta durante sua formação. O urânio é formado
originalmente nas estrelas. O Brasil possui a sexta maior jazida
de urânio (309.000t de uranita − UO2 com U3O8), os outros
países são (em ordem): “África”, EUA, Canadá, Rússia e França.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 92
2) Enriquecimento do Urânio
(baseado em http://pt.wikipedia.org/wiki/Urânio_enriquecido)

Urânio enriquecido: quando aumentamos o teor de 235U (urânio-


235), através de um processo de separação de isótopos. O urânio
encontrado na natureza, sob a forma de dióxido de urânio (UO2),
contém 99,284% do isótopo 238U (ou aproximadamente 99,3%,
como foi mostrado antes); apenas 0,711% do seu peso é
representado pelo isótopo 235U (ou aproximadamente 0,7%, como
foi mostrado antes).
Porém o 235U é o único isótopo existente físsil na natureza em
proporções significativas (este é o verdadeiro “combustível” de um
reator de fissão nuclear).

Para provocar uma reação de fissão nuclear nos reatores de água


pressurizada (caso de Angra I, II e III), é preciso dispor de um urânio
que contenha entre 3% e 5% do isótopo 235. Ambos os isótopos,
235U e 238U, têm as mesmas propriedades químicas. A única

diferença física entre eles são os três nêutrons que explicam uma
pequena diferença de massa atômica.

Ex.: 3% de 235U e 97% de 238U.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 93
3) Combustível nuclear
Combustível nuclear: este termo é comumente empregado para
designar o material que pode sofrer fissão nuclear, que pode ser
utilizado em reatores nucleares para a obtenção de energia. O
dióxido de urânio (UO2) é matéria-prima para fabricação do
combustível nuclear nos reatores nucleares. Este óxido é muito
pobre em urânio físsil ( 235
92 U ), isto é que pode sofrer fissão nuclear.
Apenas 0,7% dos átomos de urânio presentes nesse óxido são
92 U ); os 99,3% restantes são de ( 92 U ), não-físsil. Assim, é
( 235 238

necessário um novo tratamento para separar o isótopo físsil do


isótopo não-físsil. Este tratamento é conhecido como
enriquecimento do urânio (como foi visto anteriormente).

Um dos processos para realizar o enriquecimento do urânio,


consiste em transformar o dióxido de urânio (UO2) no gás
hexafluoreto de urânio (UF6) e fazer este gás difundir-se por placas
porosas. Com isso, consegue-se separar o (235UF6) do (238UF6)
(enriquecimento isotópico).

Em seguida, o gás hexafluoreto de urânio enriquecido (UF6) volta a


ser convertido em dióxido de urânio (UO2). Este óxido é o que
constituirá finalmente o combustível nuclear.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 94
[Cristóvão R M Rincoski] p. 95
4) Massa Crítica (baseado em http://pt.wikipedia.org/wiki/Massa_crítica)
Massa crítica: de um material fissionável é a quantidade necessária
para manter uma reação nuclear em cadeia autosustentada
(sustentada por si mesma, isto é, a quantidade de nêutrons
necessária para manter a reação é obtida da própria reação). A
massa crítica de um material fissionável depende das suas
propriedades nucleares, das suas propriedades físicas (a densidade,
em particular), a sua forma, e a sua pureza.

Massa supercrítica: uma configuração na qual uma reação em


cadeia é alcançada no limite é denominada de crítica, e diz-se,
nesse caso, ter-se obtido criticidade. Numa tal configuração, sem
introdução de novos nêutrons (por fissão nuclear espontânea, por
exemplo), a reação aumentará linearmente. Em uma situação para
além do ponto de criticidade (mais nêutrons que o necessário) é
denominada de supercrítica.

Massa subcrítica: se uma configuração é menos do que crítica


então um fornecimento estável de novos nêutrons livres permitirá à
reação de fissão atingir um estado estável. Isto é, novos nêutrons
são necessários para que ela atinja a criticidade. Neste caso, a
configuração recebe a denominação de subcrítica.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 96
4) Partes de um Reator de Fissão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Reator_nuclear)
Combustível: Isótopo fissionável e/ou fértil (aquele que pode ser
convertido em fissionável por ativação com nêutrons). Como 235U,
238U, 239Pu, 232Th, ou misturas destes (o combustível típico

atualmente é o MOX, mistura de óxidos de urânio e plutônio).

Moderador: Água, água pesada, hélio, grafite, sódio metálico.


Cumprem a função de reduzir a velocidade dos nêutrons produzidos
na fissão, para que possam atingir outros átomos fissionáveis
mantendo a reação.

Refrigerador: Água, água pesada, dióxido de carbono, hélio, sódio


metálico. Conduzem o calor produzido durante o processo até a
turbina geradora de eletricidade ou ao propulsor.

Blindagem: Concreto, chumbo, aço, água. Evita o escapamento de


radiação gama e nêutrons rápidos.

Refletor: Água, água pesada, grafite, urânio. Reduz o escapamento


de nêutrons aumentando a eficiência do reator.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 97
Material de controle: Cádmio ou Boro. Finalizam a reação em
cadeia, pois são ótimos absorventes de nêutrons. Geralmente são
usados na forma de barras (de aço borado, por exemplo) ou bem
dissolvido no refrigerador.

Elementos de Segurança (x): Todas as centrais nucleares de


fissão apresentam múltiplos sistemas de segurança. Os ativos que
respondem a sinais elétricos e os passivos que atuam de forma
natural como a gravidade, por exemplo. A contenção de concreto
(mistura de areia, cascalho e cimento, empregada em construções − chamado de betão
em português de Portugal) que rodeia os reatores é o principal sistema de
segurança, evitando que ocorra vazamento de radiação ao exterior.

O núcleo do reator é construído dentro de um forte recipiente de aço


que contém varetas de combustível feitas de materiais cindíveis
(fissionáveis) colocados dentro de tubos. Estas varetas produzem
calor enquanto o combustível sofre a cisão (fissão).

[Cristóvão R M Rincoski] p. 98
O 235U tem uma propriedade interessante que o torna útil tanto para
produção de energia nuclear quanto para a produção de uma bomba
nuclear. O 235U decai naturalmente, assim como o 238U, por radiação
alfa, e também sofre fissão espontânea por um pequeno percentual
do tempo.

5) Tipos de Reatores de Fissão


(baseado em http://pt.wikipedia.org/wiki/Reator_nuclear)

Atualmente existem vários tipos de reatores nucleares de fissão:


LWR - Light Water Reactors: utilizam como refrigerante e moderador
a água leve (água comum – H2O) e, como combustível, o urânio
enriquecido. Os mais utilizados são os BWR (Boiling Water Reactor
ou reator de água em ebulição ) e os PWR (Pressure Water Reactor
ou reatores de água a pressão), estes últimos considerados
atualmente como padrão. Em 2001 existiam 345 em
funcionamento.
CANDU - Canada Deuterium Uranium: utilizam como moderador
água pesada (cuja molécula é composta por dois átomos de deutério
e um átomo de oxigênio – “D2O”) e, como refrigerante, água comum
(água leve). Como combustível, usam urânio comum. Existiam 34
em operação em 2001. [Cristóvão R M Rincoski] p. 99
FBR - Fast Breeder Reactors: utilizam nêutrons rápidos no lugar de
térmicos para o processo da fissão. Como combustível utilizam
plutônio e, como refrigerante, sódio líquido. Este reator não
necessita de moderador. Em 2001 havia apenas quatro deles em
operação .

HTGR - High Temperature Gás-cooled Reactor: usa uma mistura de


tório e urânio como combustível. Como refrigerante, utiliza o hélio e,
como moderador, grafite. Existiam 34 em funcionamento em 2001.
RBMK - Reactor Bolshoy Moshchnosty Kanalny: sua principal
função é a produção de plutônio, e como subproduto gera
eletricidade. Utiliza grafite como moderador, água como refrigerante
e urânio enriquecido como combustível. Pode recarregar-se durante
o funcionamento. Em 2001, existiam 14 desses reatores em
funcionamento .

ADS - Accelerator Driven System: utiliza uma massa subcrítica de


tório. A fissão é produzida pela introdução de nêutrons no reator de
partículas através de um acelerador de partículas. Ainda se encontra
em fase de experimentação, e uma de suas funções fundamentais
será a eliminação de resíduos nucleares produzidos em outros
reatores de fissão.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 100
Reatores de Quarta geração (Gen IV) são um conjunto de projetos
de reatores nucleares teóricos que estão atualmente sendo
pesquisados. Em geral não se espera que estes projetos tenham
aplicação comercial antes de 2030. Os reatores atuais são
considerados sistemas de segunda ou terceira geração.

6) Esquema de um Reator de Fissão

Vista aérea de uma planta nuclear


[Cristóvão R M Rincoski] p. 101
Funcionamento de um reator nuclear.

A quantidade de vapor que sai


pelas torres, nos dá uma idéia da
temperatura em que a água no
circuito secundário pode chegar
(pode ser de mais de 3000 C).
Torres de resfriamento (chaminés por onde passam os
vapores do resfriamento da água − sistema de água
de refrigeração) [Cristóvão R M Rincoski] p. 102
Radiador
Reator

Reator de água pressurizada (PWR) −


Angra I, II e III

[Cristóvão R M Rincoski] p. 103


7) Acidentes Nucleares
Hinrichs, R.A.; Kleinbach, M. “Energia e Meio Ambiente”,
Pioneira Thomson Learning, SP, 2003.
A década de 1960 foi marcada por um forte otimismo, e previa-se
que a energia nuclear seria capaz de gerar eletricidade barata,
comparada à obtida de carvão e petróleo. Também se acreditava
que ela seria o substituto ideal para as fontes de petróleo e gás
natural que estavam se esgotando, e considerava-se que havia
poucos problemas ambientais a ela associados.
Porém na década de 1970, aumentou a inquietação quanto à
segurança da energia nuclear. Embora muitos dos temores fossem
infundados, numerosos protestos cercaram a construção de usinas
nucleares.

Principais acidentes nucleares:


CARDOSO, E. M., et all. “Apostila Educativa Energia Nuclear”, CNEN

Acidente Nuclear: um acidente é considerado nuclear, quando


envolve uma reação nuclear ou equipamento onde se processe uma
reação nuclear.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 104


Filosofia de Segurança: o perigo potencial na operação dos
Reatores Nucleares é representado pela alta radioatividade dos
produtos da fissão do urânio e sua liberação para o meio ambiente.
A filosofia de segurança dos Reatores Nucleares é dirigida no
sentido de que as Usinas Nucleares sejam projetadas, construídas e
operadas com os mais elevados padrões de qualidade e que tenham
condições de alta confiabilidade.

1) Em março de 1979, o primeiro grande acidente em uma usina


comercial norte americana ocorreu no reator de Tree Mile Island
(TMI), próximo de Harrisburg, Pensilvânia. Embora ninguém tenha
perdido a vida e os sistemas de segurança do reator tenham
funcionado, milhares de pessoas foram evacuadas, e mesmo os
especialistas não tiveram certeza, por vários dias após o evento
inicial, se haveria alguma liberação maciça de material radioativo.
(magnitude 5)

História do Acidente: o incidente começou às quatro horas da


manhã (como o reator operando em capacidade total), quando uma
bomba de água de alimentação parou de funcionar. De acordo com
o procedimento, uma bomba auxiliar foi ativada e o reator foi
“escondido”. Porém a temperatura no reator começou a subir porque
a remoção de calor nos geradores não tinha a taxa adequada.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 105
Para compensar a situação, uma válvula de escape no vaso do
reator foi ativada para liberar um pouco de vapor. Entretanto, esta
válvula deixou de fechar quando a pressão retornou ao normal. Além
disso, no circuito secundário não havia água de alimentação
chegando ao sistema, porque uma válvula localizada entre a bomba
auxiliar e o gerador estava acidentalmente fechada, e a luz de aviso
na sala de controle estava escondida por uma etiqueta.
O circuito de refrigeração primário do reator continuou a expelir água
e vapor radioativos através da válvula de escape para o interior do
edifício de confinamento. O Emergency Core Cooling Systems
(ECCS − Sistema de Resfriamento Emergencial do Núcleo − toda
planta nuclear possui um) foi ativado, mas foi parcialmente fechado
pelo operador.
Ele só foi totalmente aberto oito minutos mais tarde. A água
radioativa do reator continuou a ser despejada no edifício e foi
automaticamente bombeada para um edifício auxiliar. O calor do
decaimento dos elementos combustíveis continuou a evaporar a
água no vaso do reator, levando a danos significativos no núcleo −
uma fusão (derretimento) do núcleo do reator.
Depois de aproximadamente duas horas, a válvula de escape foi
totalmente fechada, mas uma fração significativa do núcleo ficou
descoberta.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 106
A alta temperatura atingida pelo núcleo, antes que o ECCS fosse
ativado, causou danos nos elementos combustíveis, que liberaram
fragmentos de fissão no interior do vaso e do edifício do reator.
Nestas elevadas temperaturas, o vapor reagiu com o revestimento
dos elementos combustíveis para formar gás hidrogênio, o que levou
à formação de uma bolha de hidrogênio no topo do vaso do reator.
A bolha permaneceu ali, por vários dias, causando uma grande
preocupação nos especialistas nucleares, que temiam que uma
explosão do hidrogênio pudesse ocorrer, rompendo o vaso. Com
certeza, houve uma fusão parcial do núcleo, mas os sistemas de
segurança aparentemente funcionaram.
Um pouco de gás radioativo foi liberado na atmosfera nos primeiros
dias; devido a isto é esperado que uma morte adicional, por câncer
na população em geral, é esperada devido ao aumento de dosagem
de radiação.

2) Em abril de 1986, um acidente muito mais grave ocorreu na usina


nuclear de Chernobyl, próximo a Kiev, no que era então a União
Soviética. Um experimento mal-concebido levou a uma grande onda
de potência, que causou uma explosão de vapor e um incêndio, que
virtualmente destruiu a usina, resultando em uma liberação de
grandes quantidades de radioatividade. (magnitude 7)
[Cristóvão R M Rincoski] p. 107
História do Acidente: a Unidade 4 de Chernobyl empregava um
projeto de reator RBMK (Reactor Bolshoy Moshchnosty Kanalny −
como já foi visto nos tipos de reatores), significativamente diferente
dos reatores em qualquer parte do mundo. O reator gerava 1.000
MW e foi completado em 1983.

Os elementos combustíveis do RBMK localizam-se em tubos de


pressão separados, colocados em um bloco moderador de grafite. A
água passa através dos tubos e segue para os geradores a vapor
(como nos PWRs). Embora o reator incorpore um série de barreiras
entre a radioatividade e o ambiente, não havia um vaso de
contenção adequado para suportar a explosão do núcleo.

Em 26 de abril, o reator da Unidade 4 estava operando em baixa


potência para permitir que os operadores realizassem testes (não-
autorizados) do gerador elétrico.

Diversos sistemas de emergência foram desligados para os testes.


Em baixo nível de potência, o reator RBMK se torna altamente
instável. Repentinamente, em segundos, a potência do reator
aumentou para 100 vezes o valor máximo. Os elementos de
controle só podiam ser inseridos lentamente, e com os sistemas de
segurança desligados, a temperatura subiu rapidamente.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 108
Os elementos combustíveis derreteram e geraram uma enorme
quantidade de vapor, que explodiu com o topo do reator.

Reator de Chernobyl após a explosão.

Blocos incandescentes de grafite e combustível radioativo foram


lançados no edifício do reator, finalmente explodindo o seu teto e
permitindo que um grande cogumelo radioativo do grafite se
elevasse a 5.000 m na atmosfera, de onde ele foi levado na direção
noroeste.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 109
A explosão liberou dez vezes mais radiação do que a bomba de
Hiroshima, aproximadamente 100 milhões de curies:
108 Ci = 3,7 × 1018 Bq.
A nuvem radioativa de Chernobyl (contendo 137Cs e 131I) produziu um
padrão errático de queda de radiação através da Europa Ocidental.
Localidades na Suécia registraram valor de radiação 100 vezes
maiores do que a radiação de fundo (ambiente), enquanto cidades
ao redor de Chernobyl receberam doses muito maiores.
Somente após 36 horas foi ordenada a evacuação da cidade de
Pripyat (5 km na direção do vento), com uma população de 45.000
habitantes. Ao todo aproximadamente 160.000 pessoas foram
evacuadas da área vizinha (em um raio de 30 km). Pode ser que
dez ou vinte anos transcorram antes que os habitantes de Pripyat
possam retornar para suas casas.
Para lidar com o acidente e estancar o fogo, helicópteros lançaram
toneladas de areia para abafar as chamas, boro para absorver as
emissões de nêutrons, e chumbo para blindagem. Hoje, o reator está
em 300.000 toneladas de concreto.
Entretanto, este sarcófago com a altura de um edifício de dez
andares é instável e está decaindo, e não está impermeabilizado
contra a água da chuva.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 110
Um novo material do tipo espuma, o Ekor, poderá ser utilizado para
encapsular este material radioativo visando minimizar o impacto nas
águas subterrâneas. O interior permanece quente devido ao calor do
decaimento radioativo. Durante meses após o acidente, produtos
contaminados e laticínios da Europa Ocidental e Oriental foram
banidos do mercado. Mesmo as vacas que eram mantidas em
ambientes fechados, longe dos pastos contaminados, inalaram
material radioativo suficiente para contaminar o seu leite.

Aproximadamente 77.500 km2 de área agrícola foram


contaminadas. Há ainda uma preocupação com a contaminação do
ar e das águas subterrâneas de milhões de pessoas, devido a
presença de pequenos sítios onde resíduos radioativos de alto teor
foram simplesmente descartados.

O acidente de Chernobyl ainda nos fornece lições a serem


aprendidas. Ele resolveu o debate sobre a possibilidade de
ocorrência do pior tipo de acidente possível − Síndrome da China.

Este acidente resultou em 31 mortes imediatas, na hospitalização de


centenas de pessoas, e na contaminação de lavouras e água na
Europa Ocidental.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 111
Embora não tenha havido mortes entre a população em geral como
conseqüência direta do acidente (as mortes resultantes da
exposição aguda à radiação e de queimaduras térmicas ocorreram
entre os funcionários da usina e bombeiros), estima-se que a nuvem
de Chernobyl irá causar por volta de 42.000 mortes adicionais por
câncer ao redor do planeta nos próximos 50 anos.
Já que não existem registros e que os cânceres causados por
radiação podem levar até dez anos para serem detectados, este
número é especulativo e baseado em estimativas sobre doses
médias de radiação e seus efeitos nos seres humanos (fora o dano
causado à natureza).
Esta estimativa de mortalidade representa um pequeno aumento na
porcentagem de câncer natural ou espontâneo na região. Além da
zona de 30 km ao redor de Chernobyl, o aumento de risco de
câncer fatal é estimado em 0,01%, o que não é detectável. O que
mais foi observado clinicamente foi um grande aumento de câncer
de tireóide em crianças.

Conclusão: mais de 45.000 pessoas foram evacuadas (perdendo


as suas casas e seu modo de vida − Pripyat, ainda hoje, é uma
cidade fantasma), e a propagação de uma nuvem radioativa sobre o
norte da Europa contaminou suprimentos de alimentos e água.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 112
Alguns acidentes nucleares, até 1998:
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/energia/nuclear/principais_acidentes_nucleares_(
ate_1998).html

Em 1957 escapa radioatividade de uma usina inglesa situada na


cidade de Liverpool. Somente em 1983 o governo britânico admitiria
que pelo menos 39 pessoas morreram de câncer, em decorrência
da radioatividade liberada no acidente.

Em setembro de 1957, um vazamento de radioatividade na usina


russa de Tcheliabinski contamina 270 mil pessoas.

Em dezembro de 1957, o superaquecimento de um tanque para


resíduos nucleares causa uma explosão que libera compostos
radioativos numa área de 23.000 km2. Mais de 30 pequenas
comunidades, numa área de 1.200 km², foram riscadas do mapa
na antiga União Soviética e 17.200 pessoas foram evacuadas. Um
relatório de 1992 informava que 8.015 pessoas já haviam morrido
até aquele ano em decorrência dos efeitos do acidente.

Em janeiro de 1961, três operadores de um reator experimental nos


Estados Unidos morrem devido à alta radiação.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 113


Em outubro de 1966, o mau funcionamento do sistema de
refrigeração de uma usina de Detroit causa o derretimento parcial do
núcleo do reator.
Em janeiro de 1969, o mau funcionamento do refrigerante utilizado
num reator experimental na Suíça, inunda de radioatividade a
caverna subterrânea em que este se encontrava. A caverna foi
lacrada.

Em março de 1975, um incêndio atinge uma usina nuclear


americana do Alabama, queimando os controles elétricos e fazendo
baixar o volume de água de resfriamento do reator a níveis
perigosos.

Em março de 1979, a usina americana de Three Mile Island, na


Pensilvânia, é palco do pior acidente nuclear registrado até então,
quando a perda de refrigerante fez parte do núcleo do reator
derreter.

Em fevereiro de 1981, oito trabalhadores americanos são


contaminados, quando cerca de 100 mil galões de refrigerante
radioativo vazam de um prédio de armazenamento do produto.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 114


Durante a Guerra das Malvinas, em maio de 1982, o destróier
britânico Sheffield afundou depois de ser atingido pela aviação
argentina. De acordo com um relatório da Agência Internacional de
Energia Atômica, o navio estava carregado com armas nucleares, o
que põe em risco as águas do Oceano Atlântico próximas à costa
argentina.

Em janeiro de 1986, um cilindro de material nuclear queima após ter


sido inadvertidamente aquecido numa usina de Oklahoma, Estados
Unidos.

Em abril de 1986 ocorre o maior acidente nuclear da história (até


agora), quando explode um dos quatro reatores da usina nuclear
soviética de Chernobyl, lançando na atmosfera uma nuvem
radioativa de cem milhões de curies (3,7 × 1018 Bq como foi visto −
nível de radiação 6 milhões de vezes maior do que o que escapara
da usina de Three Mile Island), cobrindo todo o centro-sul da
Europa. Metade das substâncias radioativas voláteis que existiam no
núcleo do reator foram lançadas na atmosfera (principalmente iodo e
césio).
[Cristóvão R M Rincoski] p. 115
Em setembro de 1987, a violação de uma cápsula de césio-137 por
sucateiros da cidade de Goiânia, no Brasil, mata quatro pessoas e
contamina 249. Três outras pessoas morreriam mais tarde de
doenças degenerativas relacionadas à radiação.

Em junho de 1996 acontece um vazamento de material radioativo


de uma central nuclear de Córdoba, Argentina, que contamina o
sistema de água potável da usina.

Em dezembro de 1996, o jornal San Francisco Examiner informa


que uma quantidade não especificada de plutônio havia vazado de
ogivas nucleares a bordo de um submarino russo, acidentado no
Oceano Atlântico em 1986. O submarino estava carregado com 32
ogivas quando afundou.
Em março de 1997, uma explosão numa usina de processamento
de combustível nuclear na cidade de Tokai, Japão, contamina 35
empregados com radioatividade.

Em maio de 1997, uma explosão num depósito da Unidade de


Processamento de Plutônio da Reserva Nuclear Hanford, nos
Estados Unidos, libera radioatividade na atmosfera (a bomba jogada
sobre a cidade de Nagasaki na Segunda Guerra mundial foi
construída com o plutônio produzido em Hanford).
[Cristóvão R M Rincoski] p. 116
Em junho de 1997, um funcionário é afetado gravemente por um
vazamento radioativo no Centro de Pesquisas de Arzamas, na
Rússia, que produz armas nucleares.

Em julho de 1997, o reator nuclear de Angra 2, no Brasil, é


desligado por defeito numa válvula. Segundo o físico Luiz Pinguelli
Rosa, foi "um problema semelhante ao ocorrido na usina de Three
Mile Island", nos Estados Unidos, em 1979.

Em outubro de 1997, o físico Luiz Pinguelli adverte que estava


ocorrendo vazamento na usina de Angra 1, em razão de falhas nas
varetas de combustível.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 117


http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica
Aula.html?aula=2065
http://www.iaea.org/OurWork/ST/NE/Pess/RDS1
_flash_charts.shtml

Consumo de energia no mundo

[Cristóvão R M Rincoski] p. 118


Consumo de energia nuclear no mundo (2004) e previsão de
implantação de novas plantas nucleares.

[Cristóvão R M Rincoski] p. 119


Investimentos governamentais nos EUA em 2006

[Cristóvão R M Rincoski] p. 120

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