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Esta revista faz parte integrante da Edição 1323, de 19 de Novembro de 2009 do JORNAL DE LEIRIA e não pode ser vendida separadamente
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DELEGAÇÃO REGIONAL DO CENTRO


CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE LEIRIA

CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES

Temos ao seu dispor Processos de:

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (R.V.C.C.)

 Nível Básico (4º, 6º e 9º ano)


 Nível Secundário (12º ano)

Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências


Profissionais (R.V.C.C. PRO) – Este processo destina-se a profissionais
que desenvolvem a sua actividade nas seguintes áreas:

 Acção Educativa (Nível II e Nível III)


 Geriatria (Nível II)

Contactos:
 Morada: Rua de S. Francisco, 32 – 1º Dtº, 2400-236 Leiria

 Telefone: 244 849 870

 e-mail: cfp.leiria@iefp.pt

Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 14H às 22H


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OPORTUNIDADES
NOVAS OPORTUNIDADES

NOVAS
ADEQUADAS
À INDIVIDUALIDADE DE CADA UM
QUASE 50 MIL ADULTOS INSCRITOS NO DISTRITO DE LEIRIA

Os adultos portugueses estão a voltar,


não aos bancos da escola, mas a pro-
curar formas de se qualificarem em con-
dições de sustentabilidade que lhes
permita estudar e trabalhar em simultâ-
neo. Adaptam horários disponíveis e
encetam processos para certificar co-
nhecimentos e ao mesmo tempo
aprender o que lhes falta para atingir os
níveis de ensino a que se propõem.
Mantendo-se o ritmo de adesão ao pro-
grama Novas Oportunidades, os objec-
tivos do Governo de chegar a finais de
2010 com um milhão de portugueses
certificados, poderá ser atingido. Ou, os adultos a podem fazer é de tal dário. Destes, na mesma data, perto de
pelo menos, esse milhão ter-se-á ins- ordem que nas diferentes instituições 310.000 já haviam concluído os percur-
crito nos Centros Novas Oportunidades se espera abranger grande parte da po- sos de aprendizagem e certificação a
abertos em todo o País. Quatrocentos pulação que se encontra sem qualquer que se tinham proposto.
e cinquenta até há pouco. tipo de qualificação. No distrito de Leiria os inscritos são
A iniciativa Novas Oportunidades Também as vias vocacionais, nas esco- 49.419. Destes, 6.044 no nível básico
trouxe para o centro do sistema de en- las, passaram a ser uma opção em que entre 2000 e 2006. Entre 2007 e 2009
sino o conceito de dupla certificação os jovens acreditam e procuram. são19.103. E, na modalidade de con-
associado à educação-formação e tam- Grande parte dos alunos do ensino Se- clusão do Secundário, 21.176. Ainda no
bém acrescentou escala a medidas que cundário enveredou por esta vertente. distrito foram certificados até ao fim de
haviam tido apenas carácter experi- Sai da escola com capacidade para in- Setembro passado, 11.298 adultos com
mental. Tudo isso mobilizou diferentes tegrar o mercado de trabalho e deixa o nível básico e 2060 com o nível se-
parceiros (escolas, associações, empre- entreaberta a porta para o ensino su- cundário. Em termos nacionais, têm
sas) que, em conjunto, têm atingido ob- perior. aderido ao novo sistema, em média,
jectivos considerados inalcançáveis, No final do passado mês de Setembro, 20.000 adultos por mês.
chamando a si o desafio central da qua- segundo dados da Agência Nacional Disponível, nesta vertente de forma-
lificação dos adultos que deixaram a es- para a Qualificação, eram 972.218 os ção/graduação, está também a possibili-
cola na adolescência ou na juventude. adultos inscritos nos Centros Novas dade de entrada para o ensino superior
A diversidade da formação oferecida Oportunidades, em cursos de Educa- através do processo para maiores de 23
pelos Centros Novas Oportunidades e ção e Formação de Adultos ou noutras anos, o qual está, igualmente, a levar mui-
a adaptabilidade às condições em que modalidades de conclusão do secun- tos adultos à universidade. G

FICHA TÉCNICA:
Edição: Jorlis - Edições e Publicações, Lda. . Director Interino: João Nazário . Coordenação: Lurdes Trindade . Redacção: Helena Silva e Jacinta
Romão.Serviços Comerciais: Lurdes Trindade . Projecto Gráfico: Marta Silvério . Paginação: Isilda Trindade e Rita Carlos . Impressão: Multiponto
. Tiragem: 15.000 . N.º de Registo 109980 . Depósito Legal n.º 5628/84 . Distribuição: Jornal de Leiria, Edição n.º 1323 de 19 de Novembro de 2009.

NOVEMBRO 2009 . JORNAL DE LEIRIA . 3


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ENTREVISTA

A ESCOLA NÃO ACTUAVA


EM FUNÇÃO DA SUA EDUCAÇÃO
LUÍS CAPUCHA, PRESIDENTE DA AGÊNCIA NACIONAL
PARA A QUALIFICAÇÃO

O presidente da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), entidade que gere as


‘Novas Oportunidades’, não tem dúvidas de que as medidas criadas pelo programa
comprovam que “não eram os portugueses que não gostavam da escola; era a escola
que não actuava em função da sua educação”. No nosso país, mais de 20 mil pessoas
adultas aderem por mês, em média, à iniciativa.

Que balanço faz do programa Novas Opor- escolaridade obrigatória até aos 18 anos. Essa ideia é errada. Na verdade, nem as
tunidades? condições de vida das famílias permitiam
A Iniciativa Novas Oportunidades tem Que impacto tem tido este programa na que as pessoas permanecessem mais
vindo a afirmar-se na sociedade portu- qualificação dos activos em Portugal? tempo na escola, nem esta estava pre-
guesa como motor de profunda trans- O impacto traduz-se em vários planos: a parada para servir todos os seus alunos,
formação de um campo que carecia de valorização das pessoas, as competên- seleccionando muito precocemente os
uma mudança urgente. Não podíamos cias que adquiriram ou reavivaram, a eleitos para o prosseguimento de estu-
progredir, no contexto da nova econo- maior capacidade para acompanhar e dos e os destinados à entrada precoce
mia do conhecimento, com níveis tão motivar os jovens face à escola, a maior no mercado de trabalho. Não eram estes
baixos de qualificações médias dos adul- preparação para o mundo do trabalho que não gostavam da escola, era a es-
tos, com tão fraca participação em acti- em rápida mudança. Mais de 6% da po- cola que não actuava em função da sua
vidades de aprendizagem ao longo da pulação activa viu já serem aumentadas educação. Muitos adultos que queriam
vida e com níveis de abandono escolar as suas certificações escolares e/ou pro- voltar à escola e inscreviam-se no ensino
precoce tão elevados. A iniciativa veio fissionais e cerca de 20% está envolvida recorrente. Mas as condições que lhes
criar os mecanismos indispensáveis para na aprendizagem ao longo da vida (5 ofereciam eram inadequadas. Sentar os
superar, num prazo tão curto quanto vezes mais do que anteriormente), o que adultos à noite, depois de um dia de tra-
possível esses problemas. nos coloca entre os países com melhor balho e à custa da vida familiar e comu-
desempenho mundial neste domínio em nitária, nas mesmas carteiras onde de
Esta medida permite mais do que a equi- que éramos tradicionalmente deficitá- manhã se sentavam os filhos, para ouvi-
valência escolar…? rios. rem as mesmas matérias ensinadas se-
A iniciativa Novas Oportunidades trouxe gundo os mesmos manuais, como se
para o centro do sistema o conceito de A adesão dos 'formandos' tem correspon- eles não soubessem nada que a vida
dupla certificação associado à educação- dido às expectativas? lhes tivesse ensinado, não era solução.
formação, trouxe escala a medidas que A adesão das pessoas é uma das molas
não tinham mais do que carácter experi- impulsionadoras de toda a dinâmica da Os empresários reconhecem a importân-
mental e mobilizou um conjunto de par- Iniciativa Novas Oportunidades. Mais de cia deste esforço na qualificação dos acti-
ceiros que se têm apropriado da 20.000 pessoas adultas aderem por mês, vos?
iniciativa e a têm ajudado a cumprir os em média, à iniciativa, o que dá uma boa A maneira como os empresários reco-
objectivos. No caso dos jovens, revalori- imagem do que representa a vontade de nhecem a importância da qualidade dos
zaram-se as vias vocacionais. Preparam- qualificação dos portugueses. recursos humanos faz com que em Por-
se mais jovens para uma entrada tugal as empresas modernas e competi-
qualificada na vida adulta e estamos a re- Durante muitos anos havia a ideia, em Por- tivas contrastem com as empresas
duzir drasticamente o abandono escolar tugal, de que as pessoas rejeitavam a escola. atávicas e instáveis. Existem mais de 50
precoce, tornando viável a curto prazo a Este programa veio alterar essa ideia? protocolos assinados entre grandes em-

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PROGRAMA ATRACTIVOS
Até 30 de Setembro do corrente ano, ascendiam a
972.218 os adultos que se inscreveram nos Centros
Novas Oportunidades, em cursos de Educação e For-
mação de Adultos ou noutras modalidades de con-
clusão do secundário. Destes, na mesma data, perto
de 310.000 já tinham concluído os percursos de apren-
dizagem e certificação a que se tinham proposto.
No distrito de Leiria, há 49.419 inscritos no programa.
Destes, 6.044 inscreveram-se para o nível básico entre
2000 e 2006, outros 19.103 também para o mesmo
nível entre 2007 e Setembro de 2009 e, por fim, 21.176
inscreveram-se numa das modalidades de conclusão
do secundário. Foram certificados até ao fim de Se-
tembro passado, no distrito e com o nível básico,
11.298 pessoas. No nível secundário, o número as-
cendeu a 2.060 pessoas. G

presas e organizações de trabalho e a empresas dão condições aos seus tra- Dirão alguns, com tanta razão como ci-
ANQ. Por outro lado, por todo o país pe- balhadores para cumprirem com as exi- nismo, que nem sempre o esforço feito
quenas e médias empresas estabelecem gências dos processos de qualificação e pelas pessoas é reconhecido pelos em-
relações de cooperação com Centros algumas remuneram automaticamente pregadores. Mas a esses é preciso res-
Novas Oportunidades, com escolas e o sucesso. Noutros casos, as pessoas ponder que nunca no nosso país as
centros de formação, de modo a pro- que se qualificam sentem-me mais ca- empresas se aproximaram tanto do sis-
porcionarem o acesso dos seus colabo- pacitadas para aproveitar alguma opor- tema de educação e formação como
radores à Iniciativa. Quase sempre essas tunidade de promoção no trabalho. acontece agora. G

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NOVEMBRO 2009 . JORNAL DE LEIRIA . 5


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS

RELACIONAMENTO COM
AS EMPRESAS É PRIORIDADE
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO IEFP LEIRIA

Assegurar respostas de formação à me- nosco como ‘pivots’ no que respeita à for- brepostas”.
dida das necessidades, quer das empre- mação”, conta a responsável. Alterar essa Um dos grandes desafios para o centro é
sas, quer do público que as procuram, é o mentalidade tem sido um dos esforços. a construção de novas instalações, o que
grande objectivo do Centro de Formação Além desta ligação às empresas, o Centro permitirá melhorar o seu funcionamento.
Profissional de Leiria. Ana Elisa Santos, di- de Formação Profissional procura elaborar Ana Elisa Santos explica que já existe um
rectora daquele centro desde 2005, ex- planos de formação que fun- terreno, na Zona Industrial da Cova das
plica que, nos últimos anos, a instituição cionem em complementaridade com a Faias. “Esperamos que ainda este ano seja
tem conseguido um aumento do número restante resposta dada por outras institui- realizada a escritura do terreno, cedido
de formandos e volume de formação. ções. pela Câmara de Leiria ao IEFP”, revela. O
“A determinada altura percebemos que “Tentamos que haja alguma articulação novo espaço permitirá criar novas valên-
havia um desconhecimento, por parte das entre todas as instituições que asseguram cias e concentrar vários serviços que estão,
empresas, de que poderiam contar con- formação para não haver candidaturas so- actualmente, dispersos. G
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6. JORNAL DE LEIRIA .SETEMBRO 2009


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
APOSTA NA FORMAÇÃO
DE CURTA DURAÇÃO
CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DA INDÚSTRIA METALÚRGICA
E METALOMECÂNICA (CENFIM)

PUB
O Centro de Formação Profissional da In-
dústria Metalúrgica e Metalomecânica
(CENFIM), criado na Marinha Grande em
1985, foi, durante muito tempo, o grande
apoio, a nível de formação, para sectores
industriais como os moldes. Os cursos,
sempre muito frequentados, assegura- CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES
vam competências profissionais, mas não ASSOCIAÇÃO DE INDUSTRIAIS DO CONCELHO DE POMBAL
equivalência académica.
As competências que adquiriu através da sua experiência de vida podem dar-lhe uma qualificação
Desde há um ano, com a criação do ca-
tálogo nacional das qualificações (publi- VENHA CERTIFICÁ-LAS
cação que reúne o conjunto de todos os
cursos certificados) e a homologação e
certificação das entidades formadoras, a
generalidade dos cursos do centro já ga-
rante essa equivalência.
António Sá, director do Cenfim da Mari-
nha Grande, explica que, para além dos
cursos para jovens que desde sempre ali AICP A oportunidade é esta e começa agora...
Associação de Industriais do Concelho de Pombal
Parque Industrial Manuel da Mota, Lote 3 . 3100-354 Pombal
foram ministrados, a opção passa agora Tel. 236 207 752 . Tm. 935 018 200 . Fax 236 218 438 Recorde o que aprendeu
E-mail: cno.aicp@gmail.com
também por Unidades de Formação de cno.aicp@mail.telepac.pt
Vença este desafio
Curta Duração (UFCD) que permitem aos
Horário e Local de Atendimento: Cultive o conhecimento
adultos obter equivalência de disciplinas, De segunda-feira a sexta-feira das 9h às 22h na AICP
Cresça connosco
em falta, para completar níveis académi-
cos como, por exemplo o 12º ano.

RESOLVER AS CARÊNCIAS
“Praticamente todo o plano de formação
para adultos vai assumir a forma de
UFCD”, explica o responsável, citando, a
título de exemplo, os cursos que já hoje
ali são ministrados: existem já 30 UFCD,
três cursos de formação para adultos,
nove acções de formação contínua e 15
outras acções.
Em número de formandos, das 923 pes-
soas que o centro teve em formação este
ano, mais de 300 estavam integrados nas
UFCD.
Também para definir as áreas das acções
de curta duração é feito um levanta-
mento, a nível nacional, junto das indús-
trias de metalurgia e metalomecânica. G

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
MANUELA
CNO BARAFUNDA, BENEDITA DEMÉTRIO
Manuela Demétrio, natural
CERTIFICAR É TAMBÉM e residente em Alcobaça, é
casada e tem dois filhos.

PROMOVER Concluiu a certificação para


o 9º ano e já se encontra a
trabalhar para obter o 12º.
AS PESSOAS Um processo que foi para si
“a concretização de um sonho de há muitos
Desde Setembro de 2006, o Centro fino, recordado alguns dos bons anos”.Tomou conhecimento das possibilidades
Novas Oportunidades da associa- exemplos que já passaram pelos que se abriam a quem queria concluir estudos e,
ção Barafunda, na Benedita, Alco- processos de certificação de compe- “por brincadeira”, inscreveu-se na UNIVA, na ins-
baça, já certificou mais de 800 tências. Isto, num trabalho aberto à tituição onde trabalha, no CEERIA - Centro de
adultos. Cerca de 80 por cento com comunidade, “ não se trata só de Educação Especial, Reabilitação e Integração de
o nível de ensino Básico e os res- certificar”. Afirma que “passa muito Alcobaça. Foi “comparecendo às sessões, fazendo
tantes com o Secundário. por promover as pessoas”. A grande actividades previamente marcadas, outras para
A instituição tem mais de 20 anos de procura tem passado muito pela fazer em casa”. Percebeu que os receios sentidos
integração na comunidade, articu- transmissão, boca a boca, dos bons no começo “não tinham razão de ser”, mas re-
lando diversas secções, mas abraçou resultados alcançados pelos adultos corda as dificuldades em alguns trabalhos, que a
a vertente das novas oportunidades que têm apostado em retomar a sua obrigaram a relembrar a infância e experiências de
na formação e certificação de conhe- formação. vida. Hoje sente “um enorme orgulho” por con-
cimentos de adultos. Manuela Demétrio é uma das adultas seguir “provar a si mesma que todos temos capa-
“A nossa preocupação é que esta da experiência RVCC, Barafunda, cidades; só precisamos de lhes dar oportunidade
gente que não estudou possa quali- sentindo-se, “mais rica, pessoal, pro- de se manifestarem”. G
ficar-se”, diz a directora, Isabel Ru- fissional e socialmente” G

CNO D. INÊS DE CASTRO, ALCOBAÇA

UNIR ESFORÇOS PARA MELHORAR


RESPOSTA NA REGIÃO
Nascido em 2008, o CNO D. Inês de Escola Secundária D. Inês de Castro de um estágio superior: o RVCC Profissio-
Castro de Alcobaça deu os seus primei- Alcobaça. nal.
ros passos com dois elementos apenas: Uma das principais tarefas deste CNO O CNO tem protocolos firmados com
o director, Gaspar da Silva Vaz e a coor- é assegurar os processos de Reconhe- diversas entidades da região. Anabela
denadora, Anabela dos Santos Luís. cimento, Validação e Certificação de Luís conta que um dos objectivos é “vir
Numa fase inicial, segundo a coordena- Competências conducentes à certifica- a integrar um Agrupamento de Centros
dora, a prioridade foi divulgar o papel ção Escolar de Nível Básico e de Nível Novas Oportunidades que permita
do centro junto da comunidade envol- Secundário, remetendo-se para um gerir com qualidade a procura e a
vente. Completou-se a equipa em Ou- próximo Plano Estratégico de Interven- oferta da Qualificação e da Formação
tubro, funcionado nas instalações da ção a possibilidade de se candidatar a para uma dada região”. G

JOSÉ MÁRIO tunidades’ e decidiu arriscar. Começou no final do ano


SILVA SANTOS passado e terminou em Julho último. Sentiu-se de tal
A vida de José Mário Santos, 41 forma motivado que decidiu continuar, pelo que se pre-
anos, nunca lhe permitiu, até para para trabalhar e obter a equivalência ao 12º ano.
agora, concluir os estudos, apesar O regresso à escola fez nascer em si uma grande” sede
desse ser, desde sempre, o seu de- de conhecimento”. Por isso, se o ano correr bem, como
sejo. Começou a trabalhar com espera, pondera mesmo a hipótese de vir a prosseguir
apenas 13 anos, tinha então o sexto para o ensino superior.
ano. Já casado, ainda tentou voltar “O meu sonho, desde menino, era ser professor de His-
à sala de aulas, mas desistiu e adiou, uma vez mais, o tória ou Geografia. São as áreas de que gosto”, explica
projecto. José Mário Santos, que hoje trabalha como fiel de ar-
Tomou então conhecimento do programa ’Novas Opor- mazém numa empresa de cerâmica. G

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CNO DO CENCAL, ALCOBAÇA E CALDAS

AFIRMAÇÃO
NA PRIORIDADE
O CENCAL dispõe de dois CNO, um em da Cerâmica. O primeiro perfil que será
Caldas da Rainha, a funcionar na sede do implementado será o de Operador Ce-
Cento de Formação para a Indústria Ce- râmico, a partir de 2010.
râmica, e outro em Alcobaça. Em Alcobaça, o CNO beneficiou desde
Pedro Paramos, director dos dois CNO, o início do “apoio e da colaboração do
explica que em Caldas da Rainha, a in- Centro de Emprego, permitindo superar
serção do Centro Novas Oportunidades algumas questões logísticas, em relação
no Centro de Formação permitiu criar a instalações e recursos humanos”.
vantagens qualitativas em termos de Por outro lado, “houve desde o início um
processo de RVCC. E explica que a posicionamento de afirmação do traba-
maioria dos adultos tem fortes lacunas lho desenvolvido pela qualidade e pela
em Tecnologias de Informação e Comu- complementaridade de um serviço diri-
nicação ou línguas estrangeiras, que são gido à população do concelho de Alco-
colmatadas com as acções de compe- baça”, sublinha.
tências básicas em TIC e de inglês. Tendo surgido no terreno mais tarde
Neste momento, o CNO está a trabalhar que outros congéneres, houve a preo-
com a Associação Nacional para a Qua- cupação de desenvolver uma atitude
lificação, no sentido de serem concebi- de cooperação com outros CNO da
dos e estruturados os instrumentos zona, no sentido de partilhar e aferir
necessários para o desenvolvimento dos boas práticas e estabelecer algumas si-
processos de RVCC Profissional na área nergias”, conta ainda. G

JOSÉ ESPERANÇA VIRGÍLIO, ALCOBAÇA


José Esperança, 58 anos, nunca pensou que voltaria à escola
para conseguir uma certificação equivalente ao 9º ano, ape-
sar de ser um desejo antigo. Tal como vários colegas da em-
presa onde trabalha, na área de telhas de cerâmica, aderiu
ao programa e concluiu o processo este ano.
O nível de formação que conseguiu não trará alterações a
nível profissional, mas trouxe-lhe um sentimento de realiza-
ção pessoal que nunca pensou sentir. O que mais apreciou
em todo este processo foi o contacto com a informática que lhe “abriu novos hori-
zontes”. Durante algum tempo ponderou avançar para a equivalência ao 12º ano,
mas diz que o grau de exigência “é muito para quem só tinha a quarta classe”. G

AMILCAR CAETANO, CALDAS DA RAINHA


Faltavam apenas cinco disciplinas para Amilcar Caetano, 53
anos, concluir o 12º ano. O electricista da Câmara das Caldas
da Rainha nunca perdeu o desejo de acabar esse nível de es-
colaridade, mas a vida foi-lhe colocando outras prioridades,
como a família e a profissão. Só este ano, em Março, decidiu
arriscar no programa Novas Oportunidades. Em Outubro
concluiu a formação e obteve o certificado. “É uma sensação
muito boa”, confessa. Em termos profissionais não sentiu
Escola EB 2/3 e Sec. de Maceira cno@eb23s-maceira.edu.pt
grande necessidade de aumentar a sua qualificação, mas a nível pessoal é muito Rua das Tílias http://cnoeb23s-maceira.edu.pt
compensador, pelo que coloca agora a possibilidade de seguir para a universidade. 2405-025 Maceira-Leiria Tel. 244 770 120
“Penso nisso há muito tempo”, admite, explicando que a decisão de avançar está Fax 244 772 347
dependente, por um lado, da sua própria situação económica e, por outro, dos cur-
sos que venham a ser disponibilizados na sua área de residência. “Nunca é tarde
para aprender”, defende. G

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE ANSIÃO

ALARGAR ACÇÃO A UMA ZONA


DE FORTE CARÊNCIA FORMATIVA
O Centro Novas Oportunidades do Cristina Machado, coordenadora do faixa etária entre os 30 e os 40 anos, evi-
Agrupamento de Escolas de Ansião foi CNO, conta que a sua abertura se denciava baixa escolaridade (4º ou 6º
homologado em Maio de 2006 tendo deveu ao facto de Ansião ser um con- anos de escolaridade), mas onde se
iniciado o seu funcionamento em Se- celho muito rural onde “parte da popu- sentia a necessidade de aumentar a sua
tembro do mesmo ano. lação, incluindo essencialmente uma qualificação, com vista a possível mu-
dança de emprego ou a progressão na
carreira”.
MARIA CÉLIA FRANCISCO A grande taxa de desemprego e a falta
Já com o 9º ano, Maria Célia Francisco, 47 anos, alimentou, desde de oferta formativa no concelho foram
sempre uma grande vontade de prosseguir os estudos, o que foi outras razões para a criação do centro.
possível de concretizar quando ouviu falar no programa ‘Novas O CNO tem como ofertas formativas o
Oportunidades’. Pensou que seria uma forma de demonstrar as RVCC Básico (9ºAno) e Secundário
suas capacidades e, ao mesmo tempo, contactar com outras pes- (12ºAno). Os adultos podem ser enca-
soas. minhados para os processos RVCC mas
A família deu-lhe todo o apoio e, em Dezembro de 2007, decidiu também para outras ofertas formativas
arriscar. Onze meses depois levava para casa um certificado de existentes no agrupamento ou fora
equivalência ao 12º ano e um grande sorriso de felicidade. deste, como os cursos EFA ou vias al-
“Foi muito interessante e muito enriquecedor. Aprendi muito”, recorda, não poupando ternativas de conclusão do secundário.
elogios à equipa de formadores que, diz, “foram excepcionais”. Desde o início, o CNO foi responsável
Funcionária no lar da terceira idade da Santa Casa da Misericórdia, Maria Célia Francisco pela certificação de 236 adultos, dos
mostrou-se particularmente satisfeita com o que aprendeu sobre o envelhecimento e os quais 217 no Básico e 19 no Secundá-
cuidados com a terceira idade. “Tive que fazer pesquisas sobre isso e descobri muitas coi- rio. Actualmente, estão em processo
sas”, justifica. G cerca de 70 adultos. G

CNO DA ESCOLA TECNOLÓGICA E PROFISSIONAL DE SICÓ

APOSTA NA FORMAÇÃO QUE RESPONDA


ÀS NECESSIDADES DO CONCELHO
“Fazer face às lacunas ao nível da qualifi- Edite Ferreira, responsável pelo centro, em conciliar as metas com o trabalho do
cação dos habitantes do concelho de An- “são fruto de parcerias com empresas, as- centro, a equipa não descura a qualidade
sião e dos concelhos limítrofes, sociações locais e Juntas de Freguesia”. em prol da quantidade”, sustenta.
designadamente de Alvaiázere e Penela” Edite Ferreira assegura que a actividade O CNO pretende, agora, estender a sua
foram os objectivos que estiveram na do CNO sempre se pautou pelo rigor e acção, no âmbito do RVCC PRO, à área
base da criação do CNO de Sicó, que, pela qualidade. “Apesar da tarefa árdua da Electricidade e Energia. G
em Setembro de 2006, abriu com o pro-
cesso de Reconhecimento e Validação de
Competências para o nível Básico. MARIA FÁTIMA NUNES
Durante cerca de dois anos, o CNO fun- Foi a convicção de que não aproveitou as oportunidades
cionou na sede da Escola Tecnológica e de formação, enquanto jovem, que levou Maria de Fátima
Profissional de Sicó, em Avelar, mas após Nunes, 54 anos, de volta à escola. Esta funcionária do mu-
o alargamento das actividades para o nicípio de Ansião, com o 9º ano completo, em pouco mais
RVCC de nível secundário e para o RVCC de nove meses conseguiu a certificação que lhe deu equi-
Profissional, as instalações tornaram-se in- valência ao 12º ano. “Além de todos os conhecimentos
suficientes. Em Outubro de 2008, o CNO que adquiri, levantei a auto-estima e senti-me realizada no
mudou para o Centro de Negócios. final da formação”, explica. Consciente de que esta certi-
Desde 2006, o centro certificou 1.165 ficação não terá grande impacto na sua carreira, Maria de Fátima considera, no
adultos e, desde o início deste ano, en- entanto, que o mais importante é o sentimento de “enriquecimento pessoal”
contram-se em processo outros 1.188 que já não esperava sentir. O regresso à escola fez nascer em si uma necessi-
adultos. Números que, no entender de dade de saber cada vez mais e por isso tem participado em vários cursos de curta
duração. Assegura que o processo a fez mudar: “faço mais pesquisas e leio muito
mais”, conta. G
10. JORNAL DE LEIRIA . NOVEMBRO 2009
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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO, BATALHA

ITINERÂNCIA CATIVA ADULTOS


PARA A APRENDIZAGEM
O Centro Novas Oportunidades fun- meço da adolescência, permitindo cer- a comunidade em que se insere e a
ciona como porta de entrada para adul- tificar os conhecimentos adquiridos ao aproximem das reais necessidades de
tos com vontade de retomar a longo da vida, com recurso a percursos educação, formação e qualificação da
formação escolar que deixaram em jo- alternativos. Permite assim obter certi- população da área envolvente.
vens, em muitos casos ainda no co- ficado escolar e profissional em simul- O CNO tem sede na Secundária da Ba-
tâneo. talha e trabalha em regime de itinerân-
O da Batalha foi criado em 2006. Para cia, no concelho de Porto de Mós e,
Jorge Pereira, coordenador, o centro através de protocolos, a sua actividade
surgiu da aposta que a Escola Secun- abrange também algumas empresas
dária da Batalha vem fazendo em pro- dos concelhos de Leiria, Batalha e
jectos que constituam mais-valias para Porto de Mós. G

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JAIME MOREIRA
A certificação apanhou-o numa
fase pouco promissora da sua já
longa carreira de torneiro mecâ-
nico e serralheiro. Ao fim de 46
anos de trabalho, Jaime Moreira
foi desafiado a regressar aos estu-
dos que abandonara no começo
da adolescência. “Pela ordem na-
tural das coisas, vamos decaindo
em qualquer profissão”, confessa.
Após a obtenção do 9º ano, não
descura a possibilidade de tirar
um curso de formador na sua área
profissional, mas o 12º ano não
está nos seus horizontes. O re-
gresso aos estudos levou-o a
tomar contacto com a informática,
passando a ter uma relação
“muito diferente” com o compu-
tador, “embora esteja longe de
ser a desejada. A máquina conti-
nua a ser um pouco assustadora”.
Todavia reconhece que lhe “abriu
a vontade” de continuar, conside-
rando que ainda não está aca-
bado”. A profissão esvaziou-se e
deixou de ter o relevo de há 15/20
anos, o que fez com que se dei-
xasse dominar por “uma certa le-
targia”. Que afinal não lhe tolheu
as capacidades e o levaram a
abraçar o desafio da qualificação.
Depois disso, o horizonte está fo-
cado na ajuda a prestar aos ou-
tros, pelo que encara a possi-
bilidade de enveredar pelo volun-
tariado. G

NOVEMBRO 2009 . JORNAL DE LEIRIA . 11


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS FERNÃO DO PÓ, BOMBARRAL

EXCESSO DE PROCURA INICIAL


DIFICULTOU RESPOSTAS
O Centro Novas Oportunidades do Bom- um grande volume de procura, de tal a responsável.
barral foi criado, em Fevereiro de 2006, no forma que a resposta, numa fase inicial, Actualmente, o centro tem 346 pessoas
agrupamento de escolas Fernão do Pó, não correspondia as expectativas. “Foi em processo de RVCC. Maria João Maria
iniciando funções em Outubro desse ano. necessário um grande esforço, por parte explica que, de forma a conseguir abran-
A sua abertura, segundo a coordena- da equipa, mas em final de 2008, o pro- ger um número maior de pessoas - até
dora, Maria João Maria, coincidiu com blema estava de todo superado”, conta porque a zona onde está inserido se ca-
racteriza por índices muito baixos de es-
colaridade - o CNO tem apostado,
FRANCISCA LEITE desde Outubro de 2008, nas itinerâncias,
Há muito que Francisca Leite, 60 anos, sentia a neces- com todas as Juntas de Freguesia e co-
sidade de regressar à escola para completar o 9º ano. A lectividades do concelho. Mais recente-
vida permitiu-lhe fazer, apenas a quarta classe, mas, mente, avançou também para uma
consciente das suas carências, foi frequentando acções parceria com a escola do 3º ciclo e se-
de formação, sobretudo na área da informática. cundária do Montejunto, Cadaval, onde
Em Setembro do ano passado decidiu integrar o pro- desenvolverá uma estratégia de desen-
grama Novas Oportunidades e, passados três meses, volvimento idêntica à que seguiu no
tinha concluído o processo. Bombarral.
Considera que o curso “foi muito intensivo, mas muito bom”, deixando-a com Maria João Maria salienta que os projec-
um grande orgulho no bom trabalho que executou. tos para o futuro passam por “melhorar,
“Este programa é muito importante para nós, adultos, que não tivemos opor- cada vez mais, o papel e a etapa de diag-
tunidade de estudar. Éramos obrigados a trabalhar cedo e sem grandes al- nóstico” que o centro desenvolve, de
ternativas”, diz, lembrando que, actualmente, “os jovens não valorizam as forma “a encaminhar as pessoas para ou-
oportunidades (de formação) que lhes são dadas”. G tras soluções de formação e qualifica-
ções”. G

CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES, FIGUEIRÓ DOS VINHOS

PARCERIAS PARA CHEGAR AOS ADULTOS


O Centro Novas Oportunidades do Agrupamento de Escolas a adultos activos e em situação de desemprego.
de Figueiró dos Vinhos está em actividade desde 2007, funcio- Esta preocupação com a qualificação profissional é alargada aos
nando na Escola Secundária. jovens, para quem existem os Cursos de Educação Formação
A sua missão, segundo o seu coordenador, José Afonso, é “con- (CEF) e Cursos Profissionais. G
tribuir para a qualificação escolar e profissional dos recursos hu-
manos da região, através de ofertas formativas que respondam
às necessidades da população e do tecido sócio-económico en- ANTÓNIO SANTOS
volvente”. LEITÃO
A actividade do CNO assenta em quatro pilares fundamentais: António Leitão, 65 anos, não es-
informação e divulgação do CNO e da oferta formativa; acolhi- conde a felicidade por ter conse-
mento e diagnóstico dos adultos inscritos; encaminhamento guido, através do CNO de Figueiró,
para o percurso de qualificação pretendido e de acordo com o certificar os seus conhecimentos e
perfil do adulto; e desenvolvimento de processos de reconhe- ter, agora, uma equivalência escolar
cimento, validação e certificação de competências (RVCC). ao 9º ano. Voltar à escola deu-lhe
Levar as acções o mais próximo possível da residência dos adul- grande prazer, mas o maior desafio
tos é o grande objectivo do CNO que tem criadas parcerias com foi ter aprendido a trabalhar com um computador. “Pouco
as instituições locais, como a câmara e as juntas de freguesia. sabia de informática, mas agora sei o suficiente para en-
José Afonso adianta que o Agrupamento tem trabalhado tam- viar os meus emails e fazer as minhas pesquisas”, conta.
bém no sentido de possibilitar a oferta de Cursos de Educação Foi em 1998 que António Leitão iniciou o processo, que
e Formação de Adultos (EFA), de dupla certificação (escolar e concluiu em Março último. “Foi devagarinho porque a
profissional), em várias áreas, e de Formação Modular, princi- minha vida profissional não me permitiu andar mais de-
palmente nas áreas das Tecnologias de Informação e Comuni- pressa”, explica. Era técnico de pneus numa recauchuta-
cação (TIC) e de Língua Estrangeira. Estas acções são destinadas gem. Hoje, está reformado. G

12. JORNAL DE LEIRIA . NOVEMBRO 2009


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO ADAE, LEIRIA

QUALIFICAÇÃO DOS RECURSOS


HUMANOS É FUNDAMENTAL
A ADAE (Associação para o Desenvolvi- moção da identidade do mundo rural, sua estratégia visa, essencialmente, a
mento da Alta Estremadura) desenvolve assente no desenvolvimento sustentável qualificação dos recursos humanos, o re-
um vasto leque de iniciativas para a pro- e na qualidade do ensino para todos. A forço da identidade local, a preservação
dos recursos locais e ainda a dinamiza-
ção da economia local, valorizando e
ISABEL CONÇALVES consolidando as parcerias locais.
Isabel Gonçalves começou pelo 9º ano, mas concluir o 12º era A necessidade de um Centro Novas
uma aposta que não queria perder. Por isso prosseguiu o tra- Oportunidades surgiu de forma natural,
balho que encetara para o nível básico. Levou seis meses. Ter- dando seguimento ao trabalho que a
minou em 2009, aos 46 anos. Trabalha por turnos numa fábrica ADAE desenvolve, conforme sublinha a
de plásticos há cerca de um ano. Durante 20 anos, foi funcio- coordenadora, Alcina Costa. A institui-
nária administrativa no ramo da metalurgia. ção pretende colmatar as lacunas senti-
Isabel “fez a escola toda”, como convidava o anúncio institu- das na sua área de intervenção ao nível
cional que encheu os ecrãs das televisões durante anos. “Quis da qualificação, reconhecimento e vali-
tapar um furo que já vinha sentindo há muito tempo”, confessa Isabel, justificando dação de competências, desde Maio de
que com este modelo de ensino “podia ajustar os horários”. Entende que só assim 2005.
será possível aos adultos continuar a estudar, considerando que “se deve propor- Os números atingidos são significativos.
cionar a quem precisou de ir trabalhar mais novo a oportunidade de prosseguir es- A responsável assegura que até ao mo-
tudos”. Isabel pensa ficar pelo 12º ano, mas deixa ainda a porta entreaberta a novos mento “o CNO da ADAE inscreveu
desafios. Desde sempre ligada ao desporto, integra os corpos sociais do Industrial cerca de 3500 adultos, colocou em pro-
Desportivo Vieirense há 10 anos e nos últimos cinco preside à direcção. G cesso mais 2500 e certificou cerca de
2000 neste período”. G

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CENTRO NOVAS OPORTUNIDADES


AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MIRA DE AIRE E ALVADOS

Obtenha
um certificado de equivalência ao

4º ano
6º ano
9º ano
12º ano
Valorizando o que já sabe
Vendo reconhecida a sua
experiência de vida

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO DO IEFP, LEIRIA HUMBERTO HENRIQUES
Humberto

PROJECTOS INOVADORES Henriques, 45


anos, foi um
dos dois invi-
PARA PORTADORES suais a partici-
par no pro-

DE DEFICIÊNCIA grama ‘Novas


Oportunida-
O Centro Novas Oportunidades do Ins- de formação, sobretudo dos activos que, des’. Foi já em
tituto de Emprego e Formação Profis- são, de resto, quem mais adere ao pro- adulto que fez o 9º ano, tendo dei-
sional (IEFP) de Leiria foi o primeiro do grama. xado para mais tarde o 12º ano. O
concelho a ser criado, em 2003. Certifi- O CNO tem desenvolvido projectos ino- ano passado, ouviu falar do pro-
cava, apenas, o nível básico. vadores, como a certificação de um con- grama e não hesitou quando surgiu
O projecto tinha como missão assegurar junto de alunos da prisão-escola, em a oportunidade. Começou a certifi-
um maior número de activos qualifica- 2006, e de adultos invisuais. Neste úl- cação em Fevereiro terminou em
dos, explica Cristina Ramalhal, coorde- timo, contou com o apoio do Centro de Dezembro.
nadora do CNO desde Julho de 2007. Recursos para a Inclusão Digital, a fun- A exercer funções de telefonista e
Com esse intuito, o centro foi estabele- cionar na ESEL, que dispõe de tecnolo- recepcionista, considera que esta
cendo vários protocolos com empresas gia que permite aos adultos portadores certificação o pode ajudar a nível
da região. de deficiência realizar trabalhos informa- profissional, embora seja a nível
A responsável conta ainda que o centro ticamente. pessoal que se sente mais recom-
tem tido uma procura crescente. Só este Neste momento, o CNO prepara um pensado, ponderando até o prosse-
ano já foram ali certificados, com o nível outro projecto, relativo a processos de guimento de estudos no Instituto
básico, 295 adultos e 172 com o nível se- RVCC com pessoas portadoras de defi- Politécnico de Leiria. “Este pro-
cundário. Actualmente, estão em pro- ciência mental. Cristina Ramalhal ex- grama fez-me ter mais certeza em
cesso de RVCC 542 adultos para o nível plica que, “apesar de ter já saído o relação às minhas capacidades”,
básico e 519 para o nível secundário. respectivo referencial, não está prevista afirma, considerando que se não ti-
Uma das apostas do centro prende-se qualquer intervenção com estes públi- vesse esta oportunidade não com-
com a tentativa de “ir ao encontro das cos, uma vez que ainda não surgiram pletaria os estudos tão cedo. 
pessoas”, de forma a aumentar o nível inscrições”. 

CNO, MACEIRA

MELHORES PRÁTICAS INCLUEM


CERTIFICAÇÃO DE SURDOS
O Centro de Novas Oportunidades (CNO) e interesse do conselho pedagógico da es- adultos surdos”. Simultaneamente, estão a
da Maceira está focado nas melhores prá- cola, como revelou coordenador pedagó- promover a frequência de uma UFCD TIC,
ticas apontadas pela Carta de Qualidade gico, Jaime Mendes. Nível 2 destinada exclusivamente a este
da Agência Nacional para a Qualificação “Damos resposta a todos os públicos adul- público, uma vez que o formador é, tam-
(ANQ), realçando o cuidado que as equi- tos que nos procuram e, por isso, estamos bém, um reconhecido intérprete de LGP
pas de profissionais envolvidas colocam na a desenvolver processo RVCC (Reconheci- (Língua Gestual Portuguesa). Esta é uma
construção do PDP de um adulto que siga mento, Validação e Certificação de Com- das vertentes que estabelece a diferença
o processo RVCC. Sempre sob a vigilância petências - B3 com um grupo de cinco entre este e outros CNO. 

JOSÉ FILIPE REINOITE conhecimentos é que constitui novidade para este “autodidacta”
O resultado do trabalho de investigação reformado da profissão de fresador de moldes. Aos 71 anos, quer
sobre a Genealogia da Maceira está regis- aproveitar as Novas Oportunidades para concluir o 12º.
tado em disco, mas o autor, José Filipe Rei- Quando foi contactado para falar do seu novo projecto acedeu com
noite, duvida que alguma vez a venha a algumas reticências. Não gosta de se expor e, sobretudo, estabe-
publicar em livro. “Sou capaz de satisfazer a leceu como código de conduta “não pôr o carro à frente dos bois”.
curiosidade de alguns amigos e imprimir Isto é, não fala do que quer fazer porque pode “não ser capaz”.
para eles lerem”. Mais do que isso “não O que mais o preocupa na certificação é ter que estudar uma lín-
acredito porque é muito caro”. gua estrangeira. Será Francês, a língua que estudou no primeiro
Investigar, passar horas no Arquivo Distrital de Leiria, é uma prática ciclo, mas lê Espanhol e o Alemão também não o assusta, porque
que mantém há anos. Voltar a estudar para obter certificação de trabalhou um ano na Alemanha e “dá um jeito”. 

14. JORNAL DE LEIRIA . NOVEMBRO 2009


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO ESCOLA PROFISSIONAL DE LEIRIA

RENOVAR ESPERANÇAS DE QUEM


DEIXOU A ESCOLA ANTES DE TEMPO
Entrando em funcionamento em Maio de
2008, o Centro Novas Oportunidades JOÃO GONÇALVES
(CNO) da Escola Profissional de Leiria já João Gonçalves, com 46 anos, aproveitou as Novas Opor-
certificou 134 adultos, 96 ao nível do en- tunidades para concluir o ensino secundário e, assim, sa-
sino Básico e 38 no Secundário, e mais tisfazer a vontade de continuar estudos que não
112 que foram encaminhados para cursos conseguira realizar enquanto jovem.
de Educação e Formação de Adultos Sem necessidade de ficar sujeito a frequentar aulas às
(EFA) e Formações Modulares Certifica- quais não teria a possibilidade de assistir, este novo mo-
das. Gente que entrou com esperança de delo levou-o a abraçar o processo de “alma e coração”.
cumprir uma vontade guardada há muito. Foi muito enriquecedor, a avaliar pela forma como fala do
Alguns obtendo depois uma qualificação seu percurso. Passou muitos fins-de-semana fechado em casa a trabalhar no
profissional. “A nossa área por excelência projecto, pois esse era o tempo que a sua profissão de gestor comercial lhe dei-
é a formação de base”, explica António xava livre. A vontade de concluir o 12º ano vinha desde a juventude, quando
Meco, coordenador. Depois, existem as teve que abandonar a escola porque a secundária ficava muito longe da aldeia
áreas de formação modelar que os adul- onde morava e as dificuldades financeiras impediam que fosse estudar fora.
tos frequentam conforme a especifici- Terminada a certificação, aconselha quem deixou a escola a avançar para este
dade do processo de cada um. novo processo de certificação. “Que o façam sabendo que vão encontrar difi-
António Meco individualiza o CNO que culdades; é preciso ter grande vontade de vencer”.
coordena focando: “o domínio em que Como pensa num curso superior de Gestão e Marketing, vai frequentar forma-
nos distinguimos de outros CNO é que ção modelar em informática e em legislação laboral e tudo o que considere im-
podemos certificar os adultos de outras portante na sua área profissional”. 
instituições”. 

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO IPL, LEIRIA

REFORÇAR INTERVENÇÃO JUNTO


DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
No próximo biénio 2010/2011, o CNO do
Instituto Politécnico de Leiria (IPL) pre- LEONEL ROQUE
tende aumentar o número de certifica- “Vamos lá deixar de ser um rapaz que tem o 9º ano e não vai
ções e encontrar as respostas formativas passar da cepa torta”. A ideia ganhou força na sua mente ao
mais adequadas às perspectivas de cada abraçar a oportunidade de concluir o 12º ano e, a partir daí,
adulto. E ainda, reforçar a sua vertente vo- continuar a estudar: formar-se em áreas que permitam obter
cacional junto de adultos portadores de qualificação profissional.
deficiência, aumentando o número de Foi “muito gratificante” o processo de certificação que con-
adultos encaminhados para ofertas for- cluiu em Fevereiro. Para os resultados que alcançou sublinha
mativas disponíveis (Cursos de Educação o “empenho” do conselheiro de orientação profissional, Luís
Tecnológica e “Maiores de 23 anos) na Ventura. Aos 30 anos, metade da vida foi passada a trabalhar, “a operar máquinas
perspectiva do prosseguimento de estu- caríssimas”. É soldador profissional, mas trabalhou também como electromecânico
dos. Por último, pretende criar um RVCC na montagem de centros de inspecção de automóveis. Nesse desempenho é pre-
Profissional, dentro de uma área de inte- ciso saber de hidráulica, pneumática e informática… Competências que lhe valeram
resse para a região que ainda se encontre a certificação de uma série de conhecimentos. As máquinas trazem manuais em lín-
por responder. guas estrangeiras, o que facilitou a certificação na área de estudo das línguas.
Encontram-se a frequentar o processo de À vida de trabalho, Leonel adicionou a música. Na companhia de três membros
RVCC 405 adultos, tendo sido os restan- fixos, mais três convidados, compõe a banda pop/rock, Find. Escreve as canções e
tes encaminhados para outras propostas as músicas. Os formadores não deixaram esses conhecimentos de fora: usaram a sua
formativas tais como cursos EFA (Educa- página online (www.find.com.pt) como base para a validação de Português e do do-
ção e Formação de Adultos) e de Forma- mínio das novas tecnologias. 
ções Modulares Certificadas). 

CNO NERLEI, LEIRIA

PROCESSO RVCC PASSOU PELA


ITINERÂNCIA EM TODO O DISTRITO
A rede de centros de novas oportunida- Leiria iniciou a sua actividade em Agosto “dezenas de itinerâncias, levando o pro-
des era ainda incipiente quando a Nerlei de 2004. Foi dos primeiros no distrito. Por cesso de RVCC a todo o distrito e a mui-
- Associação Empresarial da Região de isso, os técnicos e professores realizavam tas empresas”. Iam onde era preciso
chegar para dar resposta às entidades
que procuravam qualificar os seus traba-
ISABEL GASPAR lhadores.
A satisfação pessoal que sentiu ao concluir o 12º ano é o O CNO funciona na NERLEI e nas instala-
sentimento que Isabel Gaspar mais preza em todo o pro- ções das empresas e instituições que com
cesso de certificação que terminou em 2008. Isto aliado às ele estabeleçam protocolos. Assim de-
“relações humanas fantásticas” que encontrou na equipa senvolveu e continua a trabalhar, con-
que a acompanhou na Nerlei. forme informação disponibilizada pela
A nível profissional pouco significado tem a formação que coordenadora, Élia Sismeiro, para quem
concluiu, pois, como revela esta assistente técnica do Esta- os centros novas oportunidades funcio-
belecimento Prisional de Leiria, de 54 anos, já ultrapassou nam como uma “ porta de entrada” para
os 20 anos de serviço. No entanto, no que toca à formação académica, o pro- todos os adultos maiores de 18 anos que
cesso que encetou para completar o ensino secundário despertou-lhe o interesse pretendam aumentar a sua qualificação.
para ir mais além. Desde que iniciou a sua actividade, o
Como trabalha com cidadãos detidos, quer tirar o curso de Serviço Social, na Es- CNO da Nerlei certificou competências a
cola Superior de Educação e Ciências Socais de Leiria. “Estou a reunir a parte teó- mais de 1500 adultos. Neste momento o
rica, porque a prática tem sido feita ao longo do percurso profissional”, afirma CNO regista 581 adultos inscritos, 752 em
Isabel Gaspar, para quem a profissão que desempenha significa, para si, “traba- diagnóstico, 682 encaminhados e 955 em
lhar com cidadãos que devem ser respeitados”, compreendendo as condições Processo de Reconhecimento e Validação
especiais em que se encontram.  de Competências. 

16. JORNAL DE LEIRIA . NOVEMBRO 2009


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO DO CRISFORM, NA MARINHA GRANDE

CNO APROVEITA EXPERIÊNCIA DO


CENTRO DE FORMAÇÃO DA CRISTALARIA
O Centro Novas Oportunidades do Cen-
tro de Formação Profissional para o Sec- FRANCISCO SOARES
tor da Cristalaria (Crisform) surgiu em Apesar de ter começado a trabalhar aos 11 anos, Fran-
2006. Centrando a sua acção no Reco- cisco Soares, 53 anos, nunca deixou de estudar. “Ia fa-
nhecimento, Validação e Certificação de zendo o que conseguia”, conta, admitindo a dificuldade
Competências de adultos ao nível do 4º, que sentia em conseguir conjugar a profissão de serra-
6º, 9º e 12º ano de escolaridade, abrange lheiro civil com a apreensão de matérias na sala de aula,
várias áreas de formação, desde a infor- à noite.
mática, às línguas, vidro, contabilidade, Não chegou a concluir o 11º, mas ainda fez algumas dis-
formação de base, entre outras. ciplinas. Foi adiando a continuação dos estudos, mas
De entre as várias valências, o Crisform mantendo sempre vivo o desejo de chegar mais longe. Sendo o Crisform o
disponibiliza a todos os formandos (in- centro mais próximo da sua área de residência, foi lá que começou, em 2007,
cluindo os do CNO) um Centro de Re- o processo que veio a atribuir-lhe o certificado do 12º ano. “Empenhei-me e,
cursos em Conhecimento. “Trata-se de em pouco tempo, estava feito”, relata. O que então sentiu, em termos de or-
uma estrutura de apoio ao sector da cris- gulho pessoal, foi de tal forma intenso que decidiu arriscar e ingressar no en-
talaria, no domínio da informação técnica sino superior. Foi mais uma aposta ganha e hoje frequenta o 2º ano do Curso
e tecnológica, vocacionado para receber de Gestão de Recursos Humanos do Isdom, na Marinha Grande.
formandos, formadores, professores, pro- Francisco Soares não tem dúvidas de que chegou até aqui, em grande parte,
fissionais do vidro, designers, artistas plás- graças ao programa ‘Novas Oportunidades’, que incutiu nele “a ideia de que
ticos e todo o público interessado”, conta tudo é possível e que o importante é não parar”. G
Carla Franco, directora do CNO. G

CNO CALAZANS DUARTE, NA MARINHA GRANDE

ESCOLA QUER SER REFERÊNCIA NOS


NOVOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO
Fundado em 2006, o CNO Calazans mação e qualificação da população se a melhor solução para a obtenção de
Duarte, na Marinha Grande, “surgiu adulta, para ajudar a combater o desem- níveis de qualificação superiores aos de
como alternativa à educação e formação prego e a exclusão social, possibilitando partida e adequá-la à sua disponibili-
de adultos, após verificação da desade- a melhoria de condições de empregabi- dade. Fomenta-se, junto dos adultos, a
quação da oferta”, explica o director Ce- lidade, e a valorização dos processos de dupla certificação, a formação em con-
sário Silva. O CNO tem por missão qualificação e certificação”, refere. texto de trabalho e a formação ao longo
“contribuir para elevar os níveis de for- Em conjunto com cada adulto, procura- da vida. “Pretende-se ainda posicionar a
Escola Secundária Engenheiro Acácio
Calazans Duarte como instituição de re-
MANUEL MORGADO ferência, ao nível local, na procura de
Manuel Morgado, 44 anos, alimentou, desde sempre, o sonho de fazer um curso novos processos de aprendizagem de
superior. A vida não lhe permitiu ir além do sexto ano, porque começou a tra- formação e de certificação e na resposta
balhar muito cedo. às necessidades de formação e qualifica-
Resolveu integrar o programa ‘Novas Oportunidades’ e conseguiu fazer o 9º ano, ção das várias entidades promotoras de
estando neste momento a concluir o 12º ano. Fica assim mais próxima a realiza- emprego.
ção do seu antigo sonho: o ingresso na universidade. O Centro pretende alargar a oferta for-
Supervisor da rede de gás e chefe de uma equipa onde todos já têm o 12º ano, mativa, aumentando os cursos EFA de
Manuel Morgado mostra-se consciente de que, a nível profissional, “ninguém dupla certificação, assim como a oferta
pode dizer que tem o futuro garantido”, defendendo, por isso, a formação e a de RVCC-PRO, de Unidades de Forma-
valorização. ção de Curta Duração (UFCD) para os
Além da sua própria realização pessoal, a formação de Manuel Morgado tem níveis básico e secundário e a oferta de
como objectivo o servir de exemplo ao filho. “Ir mais além só depende da nossa RVCC adaptado a adultos com defi-
vontade, pois não há idade limite”, defende. G ciência. G

NOVEMBRO 2009 . JORNAL DE LEIRIA . 17


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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO DA CERCINA, NAZARÉ
ENTREVISTA
Reais

VOCAÇÃO PARA A FORMAÇÃO


Casos

DE JOVENS E ADULTOS
Os objectivos do Centro de Novas Opor- tabelecidas. É uma forma de aproximar o a formação profissional para jovens. E
tunidades (CNO) não contemplam a for- centro do seu público-alvo e de propiciar ainda a Formação Modular Certificada.
mação como ela é comummente as condições logísticas necessárias ao seu Já os Cursos de Educação e Formação de
entendida, ainda que exista como res- funcionamento. Adultos têm actualmente a funcionar um
posta ao perfil de um adulto ou ao longo A Cercina é a entidade promotora do Curso de Operário de Manutenção em
do processo de Reconhecimento, Valida- CNO. Está igualmente vocacionada para Campos de Golfe “Golf Keeper”. G
ção e Certificação de Competências em
áreas chave, que variam consoante os ní-
veis de formação. ANTÓNIO PINTO
No CNO da Cercina, na Nazaré, de “Eu trabalho por objectivos. E estabeleci terminar o curso
acordo com o responsável, Joaquim Pe- de RVCC, 12º ano no Natal. Era a prenda que queria ofe-
quicho, as áreas de formação integram: recer a mim próprio e assim fiz”. Foi esta determinação
Linguagem e Comunicação, Matemática que António Pinto colocou no processo que havia ence-
para a Vida, Cidadania e Empregabili- tado, adicionando a obrigação de obter o maior número
dade e Tecnologias da Informação e da de pontos possível. Em Fevereiro deste ano obtinha a cer-
Comunicação; Sociedade, Tecnologia e tificação do seu projecto.
Ciência, Cultura, Língua e Comunicação É vigilante de profissão, segurança na empresa Securitas.
e Cidadania e Empregabilidade. Diz que adquiriu novas competências, sobretudo para uso das novas tecnolo-
Desde Novembro de 2006, quando en- gias. Para si, ter adquirido hábitos de leitura foi o que mais lhe agradou. “Inves-
trou em funcionamento, o CNO encon- tiu” em Saramago. Está a ler o Memorial do Convento e já comprou Caim. Por
tra-se no Bairro Salvador, no Sítio da outro lado, o estudo permitiu-lhe “revisitar a língua francesa que anda esque-
Nazaré, desenvolvendo actividade nou- cida e acordar o gosto pelas línguas estrangeiras. G
tras instalações consoante as parcerias es-

CNO DA CERCIPENICHE, PENICHE

EQUIPA COESA APOSTA NA


QUALIFICAÇÃO DE VÁRIOS PÚBLICOS
O Centro Novas Oportunidades da Cer- ficação de Competências (CRVCC). A chegando actualmente a todas as fre-
cipeniche iniciou as suas actividades em funcionar em instalações construídas de guesias rurais do concelho e a outras lo-
Fevereiro de 2004, ainda como Centro raiz, foi desenvolvendo parcerias, per- calidades de concelhos vizinhos.
de Reconhecimento, Validação e Certi- mitindo-lhe alargar a sua área de acção, Andreia Capataz, coordenadora do
CNO, conta que no início surgiram al-
gumas resistências, traduzidas “na des-
confiança das escolas, empresas e
RUI JORGE MOTA organizações sobre as metodologias
O desejo de ingressar na universidade levou Rui Mota, 45 anos, a aderir ao programa Novas
aplicadas”. Uma questão que foi, no en-
Oportunidades para obter o certificado do 12º ano. Classifica o processo como “fácil”, re-
tanto, ultrapassada. Hoje o centro já faz
ferindo-se à valorização da experiência de vida e profissional. “Como tenho conhecimen-
parte da comunidade.
tos em várias áreas, que fui aperfeiçoando ao longo da vida, o processo de certificação
A estratégia na composição da equipa
não custou nada a fazer”, admite o adulto que obteve a melhor nota do curso.
formadora foi a de ter profissionais a
Findo o processo de certificação, Rui Mota prepara-se para avançar para o ensino superior,
tempo inteiro. “O facto de não estar-
onde pretende seguir Marketing e Turismo.
mos sujeitos aos concursos de coloca-
Proprietário de um bar e sócio-gerente de uma empresa, Rui Mota considera que a for-
ção de professores possibilita a
mação é muito importante. “Por vezes, a vida não nos permite, enquanto novos, estudar
construção de uma equipa ‘à nossa me-
e valorizar-nos e temos que agarrar estas oportunidades enquanto adultos”, defende.
dida’ e em total dedicação”, explica a
Reconhece que o programa Novas Oportunidades deu um contributo na concretização
responsável, adiantando que o desafio
desse desejo, defendendo que, para determinadas pessoas - como ele próprio - o grau de
passa, agora, pela Certificação da Qua-
dificuldade do processo de certificação deveria ser “um pouco mais elevado”. G
lidade. G

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
JORGE RIBEIRO CNO DA ESCOLA SECUNDÁRIA, PENICHE
Concluir o 12º ano era uma necessidade
que Jorge Ribeiro, 43 anos, agente da Po-
lícia Marítima, sentia há bastante tempo.
REDUZIR A ZERO
“Ouvia dizer que o processo RVCC era
bastante fácil porque se tratava, apenas,
do reconhecimento dos nossos saberes
ANALFABETISMO
adquiridos ao longo da vida”, conta. Mas
não foi assim, como constatou. “É preciso
NO CONCELHO
trabalhar e muito para conseguir a certifi- A ideia de criar, na secundária de Peni- José Monteiro conta ainda que o nú-
cação”, garante. che, um Centro de Reconhecimento, mero de inscrições já ultrapassa o milhar
E foi o que fez. Começou no início de 2008 Validação e Certificação de Competên- de adultos. No que respeita a certifica-
e terminou em Maio último. cias remonta a 2002, embora só em ções, o número anda próximo dos 400
A nível profissional, a equivalência vai per- 2006, com a generalização da iniciativa adultos, no nível básico, enquanto no
mitir-lhe alguns progressos. Desde logo a Novas Oportunidades, a escola tenha nível secundário, a quantidade de certi-
possibilidade de se candidatar a um curso formalizado a candidatura para criação ficações ainda é baixa, uma vez que o
para progressão na carreira, o que seria de um CNO. processo foi iniciado posteriormente. O
impossível sem o 12º ano. Ultrapassadas as dificuldades iniciais, CNO está, actualmente, a alargar as par-
Para mais tarde fica a concretização de um que se prenderam com a falta de espa- cerias, estabelecendo protocolos com
desejo que nasceu no final deste processo, ços para o atendimento aos adultos, o empresas e instituições, articulando uma
o ingresso na Universidade, para um curso CNO depara-se actualmente com outro oferta formativa o mais vasta possível.
na área da protecção Civil. G problema, decorrente das alterações José Monteiro esclarece que estes pro-
que a escola teve de introduzir, no que tocolos de colaboração se revelam de
respeita à organização dos horários dos “significativa importância, potenciando
professores afectos ao CNO e à sua a divulgação do CNO e a sinalização de
contratação”, revela José Monteiro, eventuais candidatos”. O objectivo é re-
coordenador do Centro Novas Oportu- duzir “a zero a taxa de analfabetismo no
nidades. concelho”. G

CNO AICP, POMBAL

QUALIFICAR OS RECURSOS
HUMANOS DAS EMPRESAS
A qualificação e formação dos recursos sinergias, maior eficácia para o tecido em- permite a interligação com outros projec-
humanos das empresas tem sido uma presarial, um efectivo trabalho em rede e tos no seio das empresas, tais como a
vertente de actuação prioritária da AICP - a possibilidade de intervir de forma inte- Formação-Acção, Formações Modulares
Associação de Industriais do Concelho de grada e em processos de RVCC. Certificadas e Cursos EFA e de Aprendi-
Pombal, por ser um factor decisivo para A vocação empresarial do CNO AICP zagem. G
o crescimento económico e para o de-
senvolvimento social do concelho. A cria-
ção do CNO advém, assim, desta ANABELA MARQUES
estratégia de intervenção que visa au- Aos 36 anos, Anabela Marques diz que lhe deu “muito prazer” vol-
mentar o nível de qualificação e promo- tar à “escola”, onde encontrou uma equipa de orientadores “fan-
ver as competências dos activos das tástica” que a levou a concluir o ensino secundário, “com muito
empresas. trabalho” e, ao mesmo tempo, uma “enorme satisfação”.
O Centro Novas Oportunidades da AICP É directora de um lar de idosos e pensa, por isso, entrar para a uni-
integra a rede de CNO de vocação em- versidade e licenciar-se em Psicologia. “Como trabalho com idosos,
presarial da região centro, CNOCENTRO, será uma mais-valia para os que estão à minha volta”.
que abrange todos os Centros Novas A certificação do 12º ano foi, para Anabela, “uma realização pes-
Oportunidades promovidos pelas asso- soal”, já que lhe permitiu retomar os estudos que não fizera en-
ciações empresariais associadas do quanto mais jovem. Então, era preciso ajudar os pais. Agora, com “grande esforço
CEC/CCIC (Conselho Empresarial do pessoal”, mas “satisfeitíssima”, diz que fazia grande parte dos trabalhos pela madrugada,
Centro/Câmara de Comércio e Indústria porque só depois das 22 horas conseguia tempo livre. Levava o computador para onde
do Centro). O seu modelo de funciona- quer que fosse, escrevia, mesmo enquanto esperava para ser atendida em qualquer ser-
mento pressupõe um aproveitamento de viço. G

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
MILHARES DE ADULTOS PROCURAM FORMAÇÃO AO ABRIGO

CNO DA ETAP JÁ RECEBEU 3500


ADULTOS DESDE 2006

A procura é vasta, diversificada e mostra Validação e Certificação de Competên- Pedro, directora da ETAP.
a importância das novas oportunidades cias. O CNO da ETAP têm vindo a alargar o
de formação e escolarização para a po- Sedeado nas instalações da ETAP – Es- campo de actuação para oferecer aos
pulação adulta que entrou no mercado cola Tecnológica, Artística e Profissional adultos o maior número possível de per-
de trabalho antes de completar a esco- de Pombal, foi o primeiro a instalar-se no cursos para a obtenção de uma certifi-
laridade obrigatória. Pelo Centro Novas concelho de Pombal. Dirige as suas cação. Depois do adulto se inscrever
Oportunidades da PombalProf, Lda, preocupações e atenções para dar res- para obtenção de Certificação Escolar e
criado em Maio de 2006, já passaram posta aos adultos que acolhe e encara Certificação Profissional, procede-se ao
cerca de 3500 adultos. Neste momento, cada um deles “na sua individualidade”, seu encaminhamento, após o acolhi-
950 adultos encontram-se a desenvolver ao mesmo tempo que “age investido de mento e a fase de diagnóstico, incluindo
trabalho, na fase de Reconhecimento, espírito de integração”, revela Ana uma análise curricular para um percurso
coerente com o seu perfil. G
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JOSÉ COSTA
Concluir o 12º ano serviu para se va-
lorizar pessoalmente, mas, ao
mesmo tempo, para “o regresso à
escola” com pessoas da “sua
idade”. José Costa, comandante
dos bombeiros de Pombal, um dos
primeiros adultos certificados em
processo de RVCC no CNO da
ETAP, revela que ali encontrou, por
parte do corpo docente, “um am-
biente familiar muito interessante”.
“Foi uma experiência de vida muito
boa”, diz este bombeiro, militar de
profissão, revelando que gostava de
continuar, mas a vida militar e a ocu-
pação como bombeiro o impedem
de prosseguir para o ensino superior.
Não esquece, todavia, que “muitos”
dos bombeiros da sua corporação
lhe seguiram o exemplo, concreti-
zando os seus processos de certifi-
cação. “Cheguei a comover-me por
ver os meus bombeiros a estudar e
foi bonito o encerramento do seu
curso”. G

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OPORTUNIDADES
CENTRO NOVAS
CNO, DE MIRA DE AIRE

FORMAR O ADULTO COM BASE


NAS SUAS NECESSIDADES
O Centro Novas Oportunidades de ção; Matemática para a Vida; Cidadania
Mira de Aire, que surgiu por iniciativa e Empregabilidade; Tecnologias de In- ANTÓNIO FERNANDO
do Agrupamento de Escolas de Mira de formação e Comunicação, para a con- LOURO DOS SANTOS
Aire e Alvados, funciona na Escola Se- clusão do 4º, 6º e 9º anos, e Cultura, António Santos é empresário e foi no
cundária local. Odete Capaz, coorde- Língua e Comunicação; Sociedade, Tec- momento em que sentiu necessidade
nadora do CNO, diz que se viveram nologia e Ciência; Cidadania e Profis- de certificar os seus colaboradores, de
algumas dificuldades iniciais relaciona- sionalidade para a conclusão do 12º forma a obterem o Certificado de Ap-
das com “a organização e implementa- ano, através de processos RVCC. tidão Pedagógica (CAP), que decidiu
ção do processo RVCC, em termos da O CNO desenvolve também Forma- voltar à escola. “O saber não ocupa
criação de instrumentos de trabalho e ções Modulares Certificadas nas áreas lugar foi sempre a minha máxima, mas
de inserção dos dados no SIGO, plata- da Informática, Contabilidade, das Lín- a vida nem sempre nos permite fazer
forma informática onde todo o pro- guas Estrangeiras e da Hotelaria e Res- o que queremos”, relata.
cesso é gerido”. tauração, em parceria com entidades Já com o certificado do 9º ano, pre-
A situação foi alterada, graças à “expe- formadoras, podendo o adulto concluir para-se para ingressar em vários cur-
riência e à partilha de boas práticas o 12º ano, até seis disciplinas em falta, sos específicos, juntamente com
entre CNO e com o apoio da Agência através destas formações. alguns dos seus colaboradores.
Nacional para a Qualificação”, diz. Através do encaminhamento efectuado António Santos pondera ainda a pos-
Neste momento, as áreas de formação pelo CNO, os adultos podem ainda se- sibilidade de prosseguir os estudos,
são diversas, “dependendo do perfil do guir outros percursos formativos, no- para a equivalência ao 12º ano.
adulto e das suas necessidades e inte- meadamente cursos EFA - Educação e “Penso fazê-lo, mas para já há outras
resses”, explica, ainda, contando que Formação de Adultos, de nível escolar prioridades relacionadas com a vida
variam entre a Linguagem e Comunica- ou de dupla certificação. G profissional”, explica. G

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OPINIÃO

JOÃO MATIAS, DIRECTOR REGIONAL DA ANJE

DO CNO ATÉ ONDE


A AMBIÇÃO NOS LEVAR…
O desafio da qualificação da população adulta centra-se na ne- que temos de tornar o
cessidade de aumentar a produtividade do país, possibilitando país mais rico, mais
a produção de bens e serviços que tenham maior valor acres- capaz, para que nós e
centado. os nossos filhos tenha-
É uma dado que os países com maior grau de produtividade mos uma vida melhor
são os que dispõem de população mais qualificada, a criação de quer na juventude,
produtos mais elaborados e de serviços que melhor satisfaçam quer na vida adulta e
as necessidades da população exigem um elevado grau de co- na terceira idade.
nhecimento por parte de quem os cria, de quem os coloca no Assim, a luta pela quali-
mercado e de quem os desenvolve, isto é, da população activa ficação não é mais do
em geral. que a luta pelo bem-estar e por uma vida melhor para nós e
O reconhecimento da validade deste principio faz com que os para os nossos.
diversos países da UE, no Conselho Europeu de Lisboa de 2000, Mas este desafio, sendo feito individualmente por cada um de
tenham definido como meta a concretizar até ao ano de 2010, nós, só resulta se todos nós de forma colectiva, fizermos o nosso
“tornar-se (a Europa) a economia baseada no conhecimento papel, ou seja, trabalharmos todos os dias para individualmente
mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um sermos melhores e para que colectivamente o país produza
crescimento económico sustentável com mais e melhores em- bens e serviços de maior valor e mais procurados quer interna-
pregos, e com maior coesão social e respeito pelo ambiente”. mente quer no estrangeiro.
Fica assim traçado o principal desígnio da Europa e por inerên- Esta é a nossa luta, este é o desafio que se coloca às socieda-
cia para Portugal, desenvolver nos próximos anos, a aposta no des modernas. Devemos fugir das profissões não qualificadas,
conhecimento. de baixos rendimentos e trabalhar para ter profissões e funções
Fazendo uma comparação do Produto Nacional Bruto dos di- especializadas que originem maiores rendimentos.
versos países, verificamos que Portugal ocupa a 37ª posição Algo que, até aqui, era muito difícil acontecer, pois temos cerca
atrás da grande maioria dos países do Centro e Norte da Eu- de 3.500.000 pessoas activas que têm menos que o ensino se-
ropa, dos tigres asiáticos e da América desenvolvida. O dado cundário, o que coloca em causa qualquer estratégia de de-
curioso é quando cruzamos estes dados (riqueza per capita) senvolvimento do país, por falta de recursos humanos capazes
com um outro dado não menos relevante que é o grau de es- de por esta estratégia em marcha.
colaridade. A solução é óbvia! Visto que uma parte muito importante da
Obtemos uma forte proporcionalidade entre a riqueza e a es- nossa população que não tem as qualificações adequadas é
colaridade da população. adulta, temos de apostar na qualificação destes, trazê-los no-
Assim, o desafio da qualificação não é mais que a necessidade vamente aos bancos das escolas, reconhecendo, no entanto,
que têm uma experiência de vida que já lhes deu conhecimen-
PUB tos que têm de ser certificados.
Contudo, o objectivo não pode ficar por aqui, o processo tem
Centro Novas Oportunidades - “Barafunda” – Associação Juvenil de Cultura e Solidariedade Social

de ser mais ambicioso, o país necessita que mais pessoas te-


nham conhecimentos de nível superior, para que sejamos mais
competitivos a nível internacional.
A construção de produtos e serviços com maior valor acrescen-
Centro Novas Oportunidades
Benedita – Alcobaça
BARAFUNDA – Associação Juvenil de Cultura e Solidariedade Social tado, para chegar a mercados mais exigentes e rentáveis, exige
Construímos desenvolvimento a partir da Benedita
pessoas com capacidade de abstracção para os desenvolver. A
G

QUALIFICAMOS PESSOAS população jovem Portuguesa que chega ao ensino superior não
PROMOVEMOS TERRITÓRIOS
G

Promovemos o desenvolvimento cultural, social e económico do território


é em número suficiente para que o país desenvolva bens e ser-
e das pessoas através do envolvimento individual e colectivo
G
viços de qualidade e como não temos capacidade de atracção
Aspiramos a excelência e a cultura na certificação de pessoas e a inovação de técnicas e meios de qualificação
num compromisso sincero na promoção de territórios e comunidades locais.
G
de Recursos Humanos qualificados do exterior, só nos resta
MISSÃO
Conhecer, Reconhecer, verificar, encaminhar, certificar competências a pessoas apostar em aumentar a qualificação da nossa população adulta.
Formar com a vida no recurso ao conhecimento disponível

VALORES
G
As Novas Oportunidades não são apenas uma nova oportuni-
Igualdade, equidade, oportunidade, inovação, conhecimento
Qualidade de vida dade para quem decide apostar na sua qualificação, mas sim
SEDE: Rua Heróis do Ultramar nº34, 2475-150 Benedita
ESCRITÓRIOS: Rua do Mercado, Ed. Casa da Vila Porta 4, 2475-126 Benedita
para o próprio país que necessita desesperadamente de evoluir
Tel./Fax: 262 186 000 . Tm: 962 826 287/912 520 604
Email: geral@barafunda.net . www.barafunda.net e conquistar novos mercados. G

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OPINIÃO
JOÃO LIMA, DOCENTE E INVESTIGADOR

O DESAFIO DE MUDAR AS NOVAS


OPORTUNIDADES
Após vários anos de implementação no terreno, a Iniciativa
Novas Oportunidades, vertente adultos, requer uma reflexão.
Foi, sem dúvida, das iniciativas públicas aquela que foi mais ana-
lisada, observada e avaliada.
Fui durante vários anos Avaliador Externo que acompanhou vá-
rios Centros Novas Oportunidades. Muitas pessoas terminaram
os seus processos de qualificação numa sessão de júri em que
estive presente. E no final desses anos e dessas experiências
que balanço consigo fazer? Primeiro que podemos dividir esta
iniciativa em três gerações.
Não falo no conceito de geração por idades dos adultos mas
por maturidade do projecto em si e fases de desenvolvimento
do mesmo. São essas três fases: o arranque ou nascimento; o
alargamento e por fim, a que vivemos presentemente que é
uma fase de democratização.
Mas temos que somar a estas fases uma análise de contexto
sem a qual tudo o resto não faz sentido. E o contexto é uma
análise ao campo onde esta iniciativa se instalou. A população
activa, na meta de um milhão, que possuía baixas qualificações. No entanto, muitos outros seguiram o percurso sem esse
A verdade é que nenhuma iniciativa como esta teve o mérito de mesmo reconhecimento e justo mérito. Ou por ausência de al-
trazer à realidade quem eram as pessoas por detrás dos núme- ternativa ou por pressão de metas que se impunham sobre os
ros (ainda) assustadores da falta de qualificação em Portugal. Centro Novas Oportunidades. Assim, e a juntar a isto nesta fase
Trouxeram essa realidade aos Centros Novas Oportunidades o ajuste das equipas e de normativos a esta realidade, o lento
que os transformam novamente em estatísticas, durante e após arranque dos Cursos de Educação e Formação de Adultos, a
o processo e voltam a pertencer ao imenso desconhecido dos verdade é que hoje, na fase em que os Centros Novas Oportu-
números citados. nidades se encontram, o grau de democratização presente
Mas centremo-nos na ideia em questão. Primeiro temos dois levou a que o processo de Reconhecimento e Validação de
tipos de público inicial: quem teve uma aprendizagem ao longo Competências adquiridas seja alvo de uma leitura muito mais
da vida, geralmente por via de empresas competitivas e onde lata e abrangente do que poderia ou deveria ser.
“cresceram” com e na empresa e quem manteve a sua apren- Agora que os centros, escolas e entidades têm uma resposta
dizagem nos poucos princípios de conhecimento recebidos na mais ou menos (ainda com falhas) para todos aqueles a quem o
escola e que não teve essa aprendizagem construída mas sim, percurso de RVCC não se adequa, a verdade é que este é visto,
um processo de aprendizagem funcional, repetitiva e não evo- principalmente, pelos adultos como a via, o caminho e a forma
lutiva. de se qualificarem. Mas também é verdade que hoje, passados
Curioso que podemos ainda desenhar um mapa das reformas anos de experiência no terreno, não temos já um grupo restrito
educativas por anos dentro destes dois grandes grupos. Do Es- de pessoas que conhecem a realidade da Educação de Adultos.
tado Novo ao 25 de Abril e as reformas pós 25 de Abril e traçar Pela prática também eles/as aprenderam e hoje os Centros
um quase “modelo de saberes adquiridos na escola” para cada Novas Oportunidades são locais onde se concentram profissio-
um deles. Mas volto agora às “gerações” ou fases da Iniciativa nais de qualidade, dedicados e conhecedores daquela reali-
Novas Oportunidades. dade que os número de que falei esconderam durante tanto
No arranque, a expressão comum era encontrar entre os adul- tempo em que a “escola” teve as suas portas fechadas.
tos inscritos um nível de interesse e de abertura de caminhos Por último, a minha palavra vai para todos os adultos que com
muito positiva e de facto o reconhecimento de anos e anos de mérito, esforço e dedicação, ao longo destes anos apostaram
aprendizagem e desenvolvimento de competências que o saber em terminar o seu percurso de qualificação. A palavra é de pa-
prático e a experiência tinha permitido ao longo de uma vida. rabéns. Mas como sempre disse a cada um deles, de nada va-
Depois, com o alargamento da certificação ao nível do Ensino leeste processo se não se associar a ideia e a prática de nunca
Secundário a verdade é que a lógica da exigência permitiu, jus- mais deixarem de aprender, na escola ou fora dela, com forma-
tamente, que alguns dos que tinham concluído a equivalência ção, com reflexão e acima de tudo, no desejo de saber mais e
ao Ensino Básico pudessem terminar o justo caminho. fazer melhor. G

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