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 Os temas fundamentais da Biologia

A biologia é um tema de enorme alcance. Novas e empolgantes descobertas biológicas


são realizadas diariamente. Como você faria para organizar de forma acessível toda a
informação que encontrasse ao estudar um amplo espectro de tópicos incluídos na biologia?
Vai ajudar se nos concentrarmos em poucas e importantes ideias. Aqui vamos listar cinco
temas unificadores – formas de pensar sobre a vida que continuarão sendo verdadeiras
décadas adiante. Esses temas unificadores são descritos em maior detalhe nas páginas a
seguir. Esperamos que eles sejam pontos de referência ao longo do texto:

A. Organização
B. Informação
C. Energia e Matéria
D. Interações
E. Evolução

 Os níveis de organização
ORGANIZAÇÂO Os níveis de organização em biologia são a forma hierárquica das estruturas
biológicas. Essa organização estrutura-se com base em um nível mais baixo (átomo) e segue
até um mais elevado (biosfera). Cada um desses níveis é constituído pelas unidades presentes
no nível anterior, acrescido em complexidade organizacional. A seguir, apresentamos cada
nível presente na organização biológica.

Átomo: representa a menor parte constituinte da matéria, sendo considerado seu nível como
fundamental.
Molécula: é constituída por átomos agrupados de maneiras diversas. Quando moléculas
diferentes agrupam-se, formam compostos.
Organela: estrutura presente no citoplasma das células e constituída por moléculas e
compostos agrupados de diversas maneiras.
Célula: unidade estrutural e funcional dos seres vivos. No entanto, os vírus não são
constituídos por células. As células são constituídas, basicamente, por membrana plasmática,
citoplasma (no qual estão presentes as organelas), e núcleo (não delimitado em células
procarióticas).
Tecido: é constituído por um conjunto de células especializadas e que desempenham uma
função específica. Os tecidos estão presentes apenas em organismos multicelulares, como
plantas e animais. Nos seres humanos, há quatro tipos básicos de tecido, segundo suas
propriedades funcionais: tecido epitelial; tecido conjuntivo; tecido muscular; tecido nervoso.

Pesquise quais são os tecidos vegetais?

Órgão: é constituído por tecido e desempenha funções essenciais para o funcionamento do


organismo.
Sistema: é constituído por diferentes órgãos que atuam em conjunto em determinadas
funções. O organismo humano é constituído por: sistema tegumentar; sistema esquelético;
sistema articular; sistema muscular; sistema cardiovascular; sistema respiratório; sistema
digestório; sistema urinário; sistema genital; sistema nervoso; sistema endócrino; sistema
linfático.
Organismo: é formado pelo conjunto de todos os sistemas. No entanto, um organismo
também pode ser constituído por uma única célula, sendo então chamado de unicelular.
Quando o organismo é constituído por duas ou mais células, é denominado multicelular ou
pluricelular.
População: é definida como um grupo de organismos de mesma espécie que habita uma
determinada área, em um mesmo período.
Comunidade: é o conjunto de populações diferentes que habita uma determinada área, em um
mesmo período.
Ecossistema: é definido como o conjunto formado pelo meio biótico (vivo) e abiótico (não vivo)
do ambiente e pela interação entre os dois meios;
Biosfera: é o nome dado ao conjunto de todos os ecossistemas da Terra.

 Tema: os processos da vida envolvem a expressão e a transmissão de informação


genética

INFORMAÇÃO Dentro das células, as estruturas denominadas cromossomos contêm material


genético na forma de DNA (ácido desoxirribonucleico). Cada vez que uma célula se divide, o
DNA é primeiramente replicado, ou copiado, e cada uma das duas células-filhas herda um
conjunto completo de cromossomos idênticos ao originalmente presente na célula-mãe. Cada
cromossomo contém uma longa molécula de DNA com centenas ou milhares de genes, cada
um representando um setor do DNA do cromossomo. Os genes são a unidade de herança
transferida dos pais para os filhos. Eles codificam a informação necessária para formar todas
as moléculas sintetizadas dentro de uma célula e, assim, estabelecem a identidade e função
celular. Cada um de nós se originou a partir de uma única célula portando DNA herdado dos
nossos pais. A replicação desse DNA durante cada rodada da divisão celular transmitiu cópias
do DNA até o que, por fim, se tornou os trilhões de células que compõem o nosso corpo.
Juntamente com o crescimento e divisão celular, a informação genética codificada pelo DNA
direcionou o nosso desenvolvimento.
A estrutura molecular do DNA está relacionada a sua habilidade em armazenar
informação. Uma molécula de DNA é constituída por duas longas cadeias, denominadas fitas,
dispostas em uma dupla-hélice. Cada cadeia é formada por quatro tipos de componentes
químicos denominados nucleotídeos, abreviados A, T, C e G. A forma com que o DNA codifica
a informação é análoga a forma como nós organizamos as letras do alfabeto em palavras e
frases com sentidos específicos. A palavra rato, por exemplo, evoca um roedor; entretanto,
palavras com as mesmas letras, mas combinadas de forma diferente, como ator e rota,
remetem a coisas completamente distintas. Podemos considerar que os nucleotídeos são um
alfabeto de quatro letras. Sequências específicas desses quatro nucleotídeos codificam a
informação presente nos genes.
Genes podem fornecer um diagrama para a produção de proteínas, que têm um papel
fundamental na construção e na manutenção da célula e desempenho de suas funções. Por
exemplo, um dado gene bacteriano pode codificar uma proteína em particular (uma enzima)
necessária para quebrar certa molécula de açúcar, enquanto um gene humano pode estar
relacionado a uma proteína diferente (um anticorpo) que auxilia no combate a uma infecção.
Os genes controlam indiretamente a produção de proteínas ao fazerem uso de uma
molécula relacionada denominada RNA como um intermediário. A sequência de nucleotídeos
ao longo de um gene é transcrita em RNA, que é então traduzida em uma série de unidades
proteicas sequenciais denominadas aminoácidos. Esses dois estágios resultam em uma
proteína específica com formato e função singulares. O processo completo a partir do qual a
informação de um gene dirige a fabricação de um produto celular denomina-se expressão
gênica.
Ao traduzir genes em proteínas, todas as formas de vida empregam essencialmente o
mesmo código genético: uma sequência particular de nucleotídeos especifica o mesmo produto
em qualquer organismo. Distinções entre organismos refletem diferenças entre suas
sequências nucleotídicas, mas não entre seus códigos genéticos. Ao compararmos sequências
entre diversas espécies quanto a um gene que codifica uma proteína em particular pode prover
informações importantes tanto sobre a proteína quanto sobre a relação das espécies entre si,
como você verá em seguida.
Além de moléculas de RNA (denominadas RNAm) que são traduzidas em proteínas,
alguns RNA dentro da célula desempenham outras funções importantes. Por exemplo, sabe-se
há décadas que alguns tipos de RNA são na verdade componentes da maquinaria celular que
produz proteínas. Recentemente, cientistas descobriram classes completamente novas de
RNA que desempenham outras funções na célula, como a regulação do funcionamento de
genes que codificam proteínas. Todos esses RNA são especificados por genes, e a produção
desses RNA também é chamada de expressão gênica. Ao carregar as instruções para a
produção de proteínas e RNA, replicando a cada divisão celular, o DNA garante uma herança
precisa da informação genética de geração para geração.

 Tema: a vida requer a transferência e transformação de energia e matéria

ENERGIA E MATÉRIA Uma característica fundamental dos seres vivos é o seu uso de energia
para desempenhar as atividades da vida. Movimento, crescimento, reprodução e as diversas
atividades celulares representam tarefas, e essas requerem energia. A entrada de energia,
principalmente solar, e a conversão dessa energia de uma forma para outra, são o que tornam
a vida possível. As folhas de uma planta absorvem luz solar, e as moléculas dentro das folhas
convertem a energia da luz solar em energia química de alimentos, como açúcares, produzidos
durante a fotossíntese. A energia química presente nas moléculas de alimento é então passada
adiante por plantas e outros organismos fotossintetizantes (produtores) a consumidores.
Consumidores (p. ex., animais) são organismos que se alimentam de produtores e outros
consumidores.
Quando um organismo faz uso de energia química para desempenhar suas funções,
como a contração muscular ou a divisão celular, um pouco dessa energia é perdida na forma
de calor para o ambiente circundante. Dessa forma, considera-se que a energia atravessa um
ecossistema a partir de um fluxo unidirecional e contínuo, geralmente entrando na forma de luz
e saindo na forma de calor. Já compostos químicos são reciclados dentro de um ecossistema.
Compostos químicos absorvidos por plantas a partir do ar ou solo podem ser
incorporados ao corpo da planta e então passados para um animal que se alimente dela. Por
fim, esses compostos químicos retornarão ao ambiente a partir da ação de decompositores,
como bactérias e fungos, que fragmentam produtos de descarte, folhas mortas e corpos de
organismos mortos. Esses compostos químicos se tornam então disponíveis para serem
novamente absorvidos pelas plantas, assim completando o ciclo.

 Tema: de ecossistemas a moléculas, as interações são fundamentais nos


sistemas biológicos
INTERAÇÕES Em qualquer nível da hierarquia biológica, interações entre componentes
do sistema asseguram uma integração regular entre todas as partes, de forma a funcionarem
como um sistema único. A mesma analogia é válida para componentes de um ecossistema e
as moléculas de uma célula; discutiremos esses dois exemplos.

Ecossistemas: a interação de um organismo com outros organismos e o ambiente


circundante

Em nível de ecossistema, cada organismo interage com outros organismos. Por


exemplo, uma árvore de acácia interage com micro-organismos do solo associados às suas
raízes, insetos que nela vivem e animais que comem suas folhas e frutos.
Em alguns casos, interações entre organismos são mutuamente benéficas. Exemplo
disso é a associação entre uma tartaruga marinha e os chamados “peixes limpadores” que
nadam ao seu redor. Esses peixes se alimentam de parasitos que acabariam prejudicando a
tartaruga e, em troca, ganham alimento e proteção contra predadores. Algumas vezes, uma
espécie é beneficiada enquanto a outra é prejudicada, como quando um leão mata e se
alimenta de uma zebra. Já em outros casos, ambas as espécies são prejudicadas – por
exemplo, quando duas plantas competem por um recurso escasso em um mesmo solo.
Interações entre organismos ajudam a regular o funcionamento do ecossistema como um todo.
Organismos também interagem continuamente com fatores físicos em seus ambientes.
As folhas de uma árvore, por exemplo, absorvem luz solar e dióxido de carbono do ar e liberam
oxigênio para o meio. O ambiente também é afetado pelos organismos que o habitam. Por
exemplo, além de captar água e minerais do solo, as raízes de uma planta podem fragmentar
pedras ao crescerem e, assim, contribuir para a formação do solo. Em uma escala global,
plantas e outros organismos fotossintetizantes têm gerado todo o oxigênio presente na
atmosfera.

Moléculas: interações entre organismos


Em níveis mais simples de organização, as interações entre as partes que compõem os
seres vivos – órgãos, tecidos, células e moléculas – são cruciais para sua operacionalidade
regular. Considere o açúcar no seu sangue, por exemplo. Após uma refeição, o nível de glicose
no seu sangue aumenta. O aumento na glicose do sangue estimula o pâncreas a liberar
insulina na corrente sanguínea. Quando a insulina entra em contato com o fígado e células
musculares, o excesso de glicose é armazenado na forma de glicogênio (carboidrato
consideravelmente longo), reduzindo assim o nível de glicose sanguínea a uma faixa ideal para
o funcionamento do corpo. O nível mais baixo de glicose no sangue resultante passa a não
mais estimular a secreção de insulina pelas células do pâncreas. Um pouco do açúcar também
é utilizado pelas células para fins energéticos: quando você se exercita, suas células
musculares aumentam o consumo de moléculas de açúcar.
Interações entre as moléculas do corpo são responsáveis pela maioria dos passos
nesse processo. Por exemplo, da mesma forma que a maioria das atividades químicas na
célula, aquelas que decompõem ou armazenam açúcar são aceleradas em nível molecular
(catalisadas) por proteínas denominadas enzimas. Cada tipo de enzima catalisa uma reação
química específica. Em muitos casos, essas reações estão relacionadas a rotas químicas, em
que cada passo está relacionado a uma única enzima. Como a célula coordena suas mais
diversas rotas químicas? Em nosso exemplo de manejo de açúcar, como a célula ajusta o
excesso com a demanda de combustível, regulando suas rotas antagônicas de consumo e
armazenamento de açúcar? O segredo está na habilidade de muitos processos biológicos em
se autorregularem a partir de um mecanismo denominado retroalimentação.
Na regulação por retroalimentação, a saída ou o produto de um processo regula o
próprio processo. A forma mais comum de regulação de sistemas vivos é a retroalimentação
negativa, um ciclo no qual a resposta reduz o estímulo inicial. Como visto no exemplo da
sinalização por insulina, a captação de glicose pelas células (a resposta) diminui o nível de
glicose no sangue, eliminando o estímulo para secreção de insulina e, portanto, desativando a
rota. Assim, a produção regula negativamente o processo.
Embora menos comuns que processos regulados por retroalimentação negativa, existem
também muitos processos biológicos regulados por retroalimentação positiva, nos quais o
produto final acelera sua própria produção. Exemplo disso é a coagulação do sangue em
resposta a uma lesão. Quando um vaso sanguíneo é danificado, estruturas no sangue
denominadas plaquetas começam a se agregar no local. A retroalimentação positiva ocorre
quando os compostos químicos liberados pelas plaquetas vão atraindo mais plaquetas. O
acúmulo de plaquetas inicia então um processo complexo que veda a ferida com uma barreira.
A retroalimentação é um recurso regulador comum à vida em todos os níveis, desde as
moléculas até os ecossistemas e, finalmente, a biosfera. Interações entre organismos podem
afetar processos complexos como, por exemplo, o crescimento de uma população. Como
veremos, as interações entre os indivíduos afetam não só os participantes, mas também a
dinâmica de como as populações evoluem ao longo do tempo.
 Evolução, o tema central da biologia
EVOLUÇÂO Depois de abordar quatro dos temas unificadores descritos neste texto
(organização, informação, energia e matéria, além de interações), agora vamos nos concentrar
no tema central da biologia – a evolução. A evolução constitui a teoria com maior sentido lógico
em relação a tudo que sabemos sobre os seres vivos. Como veremos, em um tempo mais
apropriado, os registros fósseis documentam o fato de que a vida na Terra tem evoluído por
bilhões de anos, resultando em uma vasta diversidade de organismos, já extintos ou vivos no
presente. Entretanto, apesar da imensa diversidade, muitas características são compartilhadas.
Por exemplo, ainda que cavalos-marinhos, beija-flores e girafas tenham aparência
completamente diferente, seus esqueletos têm a mesma organização básica. A explicação
científica para essa uniformidade e diversidade – assim como para a adaptação desses
organismos a seus ambientes – baseia-se na teoria da evolução: o conceito de que os
organismos vivendo atualmente na Terra são descendentes modificados de ancestrais comuns.
Em outras palavras, podemos explicar o compartilhamento de características entre dois
organismos com a premissa de que os organismos tenham descendido de um ancestral
comum e podemos atribuir às diferenças a ideia de que alterações hereditárias tenham
ocorrido ao longo do tempo. Muitas evidências sustentam a ocorrência de evolução e a teoria
que descreve como ela se dá.

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