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ACÓRDÃO
Assinado eletronicamente por: Abraham Lincoln da Cunha Ramos - 17/11/2020 20:12:20 Num. 8628177 - Pág. 1
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- Por se tratar a sentença ora vergastada de procedência de
ação civil pública, ainda que contra a Fazenda Pública, não
é caso de duplo grau de jurisdição, porquanto se deve
conferir maior relevância aos interesses difusos e coletivos
do que aqueles ligados diretamente à Fazenda Pública.
RELATÓRIO
Trata-se de remessa oficial e apelação cível oriunda da sentença de id 6223179 prolatada pela MM. Juíza
de Direito da 4ª Vara da Comarca de Bayeux que, nos autos da ação civil pública ajuizada pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL em face do Município de bayeux, julgou procedente o pedido,
para confirmar a tutela antecipada no ID. nº 13285738, e, por conseguinte, determinar ao demandado que
adote as providências necessárias para corrigir todas as irregularidades encontradas na Escola Municipal
de Ensino Fundamental Dom Hélder Câmara, constantes do item 1 e subitens 1.1 a 1.17 da exordial,
tais como: proceder ao conserto do piso de cerâmica, das portas, dos ventiladores(ou aquisição de
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ventiladores novos), do teto; conserto ou aquisição de carteiras para os alunos; instalação de lâmpadas nas
salas e nos banheiros, remoção dos lavatórios e outros obstáculos físicos que se encontram nos corredores
da escola; equipar os banheiros com vasos com tampas, disponibilizar material de higiene para os
usuários; instalação de caixa d`água; construção de quadra para a prática do desporto; reforma da área de
recreação, instalação de extintores; construção ou disponibilização de ambientes para refeitórios;
realização de pintura em toda escola, e, ainda, realizar as adequações técnicas descritas no Laudo de
Vistoria do Corpo de Bombeiro sob pena de aplicação da multa já fixada, bloqueio online para custear o
pagamento dos serviços, além da adoção das demais medidas legais cabíveis na espécie. Sem custas (art.
26 da Lei Estadual 5.672/92).
Nas suas razões recursais, o ente público municipal alega a necessidade de aplicação do princípio da
reserva do possível, tendo em vista que a simples imposição de decisão judicial em termos amplos,
desproporcionais financeiramente e com intuito de cumprimento imediato esbarra inevitavelmente no
princípio da reserva do possível, estando o ente municipal absolutamente desprovido de recursos
financeiros para atendimento de todas as demandas postas na decisão guerreada.
Dessa forma, requereu a reforma da sentença, julgando-se improcedente o pedido ou que aumente a
dilação dos prazos para atendimento do processo de reestruturação física apontada, além de instruir
referido cumprimento em etapas para atender às reservas de ordem legal e orçamentárias.
Instada a opinar, a douta Procuradoria de Justiça lançou parecer, opinando pelo desprovimento do apelo,
mantendo a sentença em todos os seus termos (id 7263126).
VOTO
DA REMESSA NECESSÁRIA
É consabido que no nosso ordenamento jurídico, algumas hipóteses de litígio apenas são aptas a transitar
em julgado após ser serem julgadas, obrigatoriamente, por dois graus de jurisdição. Nessas circunstâncias,
mesmo quando não houver interposição de recurso, a sentença deverá ser necessariamente examinada
pelo órgão jurisdicional superior. Não se trata, objetivamente, de um recurso, mas de condição de eficácia
da sentença, como se dessume da Súmula 423 do STF de seguinte verbete:
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"Sumula 423. Não transita em julgado a sentença por
haver omitido o recurso ex officio, que se considera
interposto ex lege."
Trata-se da remessa necessária(denominação atual), atualmente disposta no art. 496 do CPC/2015, mas
que denominam de remessa obrigatória, remessa ou recurso ex officio e de reexame necessário(ou
obrigatório), este último adotado pela doutrina na vigência do CPC/1973(Art. 475) e que ficou claro que
ela é um instituto que visa proteger o interesse público. Funcionaria, assim, como um mecanismo de
proteção ao erário público e a direitos difusos e interesses coletivos, em litígios que envolvam bens
jurídicos relevantes.
Esse mecanismo protetivo estatal, frise-se, não foi instituído pelo CPC/1973, nem pelo CPC/1939. Ele
remonta no processo civil brasileiro desde o século XIX, quando foi editada em 1831 lei que impunha ao
juiz, nas situações em que proferisse sentença contra a Fazenda Nacional, o dever de recorrer, ou seja,
pedir sua revisão, para instância superior. E ainda antes disso, desde o século XIV, o direito português já
contemplava hipóteses de “apelação obrigatória” – inspiradas no direito canônico.
Como regra geral, a remessa necessária é cabível nas hipóteses de sentenças contrárias à Fazenda Pública,
nos termos do art. 496 do CPC/2015(em linhas gerais, equivalente ao art. 475 do CPC/1973), o qual
prescreve:
Como visto, o art. 496 do CPC enumera duas hipóteses de cabimento do duplo grau de jurisdição, que
podem ser reconhecidas no juízo "ad quem"(Súmula 423, do STF). No inciso I, menciona as sentenças
contrárias à Fazenda Pública. No inciso II, alude às sentenças de procedência total ou parcial de embargos
à execução fiscal.
Todavia, há de se consignar que não é toda sentença desfavorável à Fazenda Púbica que se submete à
remessa necessária. Os §§ 3º e 4º do art. 496, do CPC/2015, bem como o seu §1º, estabelecem exceções.
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Por esse dispositivo (art. 496, § 3º), não há remessa necessária de sentenças cuja condenação ou proveito
econômico para o vitorioso tenha valor certo e líquido de até: (I) mil salários mínimos, quando contrárias
à União e respectivas autarquias e fundações; (II) quinhentos salários mínimos, quando contrárias aos
Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações ou os Municípios que constituam
capitais dos Estados; e (III) cem salários mínimos, no caso de todos os demais municípios e respectivas
autarquias e fundações.
Assim, o CPC/15, ao prever expressamente que o valor deve ser líquido, recepcionou orientação do STJ já
sumulada, no sentido de que as hipóteses de dispensa da remessa necessária por limite de valor somente
incidem quando for líquida a sentença (Súmula 490). Ei-la:
A segunda exceção diz respeito a um limite qualitativo, de consonância da sentença com orientação
jurisprudencial ou administrativa assente (art. 496, § 4.º). Nesse toar, não se submeterão ao reexame
necessário as sentenças em concordância com: (I) acórdão proferido em procedimento de resolução de
recursos repetitivos no STF ou STJ, (II) súmula de tribunal superior, (III) entendimento firmado em
incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência ou (III) entendimento que
esteja em conformidade com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
Por fim, a terceira e última exceção, por inteligência do art. 496, § 1º, do CPC/2015, não se sujeita à
reapreciação obrigatória a decisão em desfavor da qual fora apresentada apelação no prazo legal pela
Fazenda Pública.
(…)
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Com efeito, a nova codificação processual instituiu uma lógica clara de mútua exclusão dos institutos em
referência, resumida pela sistemática segundo a qual só caberá remessa obrigatória se não houver
apelação no prazo legal; em contrapartida, sobrevindo apelo fazendário, não haverá lugar para a remessa
obrigatória.
Há sentido na norma, ao passo em que há a presunção de aceitação implícita dos demais pontos que não
foram objeto de questionamento no recurso aviado.
Não obstante toda essa argumentação fático-jurídica, há um detalhe no caso "sub oculis": trata-se de uma
ação civil pública, regida pela Lei 7.347/85.
Entretanto, na Lei da Ação Civil Pública não há dispositivo que preveja a obrigatoriedade da remessa
necessária quando a ação for julgada improcedente ou extinta sem julgamento do mérito ou com
julgamento do mérito(prescrição/decadência). Concluir-se-ia que, nesse caso, se aplicaria
subsidiariamente o Código de Processo Civil, como autoriza o seu art. 19. Contudo, figurando na ação
civil pública como demandada a Fazenda Pública, o sistema das ações coletivas permite e determina que
se deve conferir maior relevância aos interesses difusos e coletivos do que aqueles ligados diretamente à
Fazenda Pública. Daí não se aplicar o art. 496 do CPC/2015, mas sim invocar-se por analogia o regime da
Lei 7.853, de 24.10.1989(art. 4.º, § 1.º), pelo qual somente há reexame necessário em caso de carência ou
de improcedência, independentemente de a pessoa jurídica de direito público migrar para o polo ativo da
demanda
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Sem embargo, o Superior Tribunal de Justiça, através de sua Segunda Turma, sob a relatoria do Min.
Castro Meira, no julgamento do REsp 1.108.542 - SC, decidiu que, na omissão da Lei da Ação Civil
Pública, nos casos de ação julgada improcedente ou extinta sem julgamento do mérito ou com julgamento
do mérito(prescrição/decadência), independentemente do valor da causa, aplica-se, por analogia, o
disposto no art. 19 da 4.717/65, que regula a Ação Popular, em face das similitudes entre os direitos e
interesses tutelados de ambas as ações, de seguinte redação:
Eis o verbete, sumário e ementa do aresto supra declinado (REsp 1.108.542 - SC):
Posteriormente, no julgamento do REsp 1.374.232 - ES, ocorrido em 26.09.17, através de sua Terceira
Turma, sob a Relatoria da Min. Nancy Andrighi, em caso análogo, o Superior Tribunal de Justiça
entendeu que não é obrigatória a remessa necessária na ação civil pública julgada improcedente ou
extinta sem julgamento ou com julgamento do mérito(prescrição/decadência), tal como prevista no art. 19
da Lei 4.717/65, se versar sobre direitos individuais homogênios, exemplo dos autos em análise.
É importante lembrar que, se na ação civil pública constar a pessoa jurídica de direito público como
autora e a ação vier a ser julgada improcedente ou houver carência, o reexame necessário dar-se-á pelo
tipo de interesse em jogo (coletivo ou difuso), e não porque se cuida de Fazenda Pública.
Ainda assim, na hipótese "sub judice", além do óbice prefalado - ação que versa sobre direito individual
homogênio - há também um obstáculo maior a admissibilidade do duplo grau de jurisdição: a ação foi
julgada procedente. Não sendo o caso, pois, de aplicação do art. 19 da lei 6.717/65.
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Frente ao exposto, não se conhece da remessa necessária.
DA APELAÇÃO CÍVEL
A postulação da presente Ação Civil Pública cinge-se em compelir o Município de Bayeux/PB a realizar
as obras de reparo necessárias para o desenvolvimento do processo ensino- aprendizagem na Escola
Municipal de Ensino Fundamental Dom Helder Câmara, no Município de Sobrado/PB.
Joeirando os autos, verifico restar evidente a precariedade da referida Escola, o que compromete a sua
finalidade de educação e expõe as crianças e adolescentes a riscos.
Como é cediço, o direito a educação, dentre outras passagens, está elencado na Constituição Federal no
rol dos Direitos Sociais, bem como se encontra no art. 205 da Carta Magna. Veja-se:
Da leitura do art. 205 da CF, poder-se-ia concluir que a referida norma programática seria uma
norma-programa, indicando um projeto que, em um dia aleatório, seria alcançado pelo Estado.
Ocorre que o Estado, “lato sensu”, deve efetivamente proporcionar condições mínimas de higiene e
segurança, de modo a garantir o perfeito funcionamento e a dignidade dos alunos e professores que ali
realizam suas atividades.
Ora, um direito tão cristalino e evidente não pode ficar, como visto, subordinado a qualquer ato
burocrático.
Em verdade, é uma lástima que o Poder Judiciário, mantedor deste Estado Democrático de Direito, seja
convocado para efetivar um direito consagrado na Carta Política, o qual deveria ser colocado à disposição
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de toda a sociedade mediante políticas econômicas e sociais, quer através da União, dos Estados ou dos
Municípios.
É certo que, se o Estado, “lato sensu”, não pode ser obrigado a fazer algo além do possível, deve, ao
menos, garantir o mínimo existencial a cada indivíduo, sobrelevando-se a dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III, da CF).
Como se sabe, para a implantação de políticas públicas, faz-se necessária a presença de dois requisitos: a
razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e a existência de
disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
A postulação da parte autora é mais que razoável. Está em jogo, como visto, um dos fundamentos da
República: o da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), que, no caso em testilha, deve ser
respeitado pelo Poder Público, na sua feição de direitos fundamentais de segunda geração, já que o direito
à educação se encontra no rol dos direitos sociais.
Ocorre que o implemento das políticas públicas depende, obviamente, de dispêndio financeiro, o que, em
regra, impede o Poder Judiciário de imiscuir no trato administrativo, sob pena de malferir o Princípio da
Separação dos Poderes.
Nesse sentido, conferir trechos da ADPF 45 (informativo 345 do STF), cuja relatoria coube ao eminente
Min. CELSO DE MELLO:
“ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DA
LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE
E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM
TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE
DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO
POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À
EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS,
ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER
RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO
DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO
DA CLÁUSULA DA "RESERVA DO POSSÍVEL".
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NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR
DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA
INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO
CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO
EXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA
ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO
DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADES POSITIVAS
(DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGUNDA
GERAÇÃO).
(...)
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desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a
limitação material referida, a imediata efetivação do
comando fundado no texto da Carta Política. Não se
mostrará lícito, no entanto, ao Poder Público, em tal
hipótese - mediante indevida manipulação de sua
atividade financeira e/ou político-administrativa - criar
obstáculo artificial que revele o ilegítimo, arbitrário e
censurável propósito de fraudar, de frustrar e de
inviabilizar o estabelecimento e a preservação, em favor
da pessoa e dos cidadãos, de condições materiais mínimas
de existência. Cumpre advertir, desse modo, que a
cláusula da "reserva do possível" - ressalvada a
ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não
pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de
exonerar-se do cumprimento de suas obrigações
constitucionais, notadamente quando, dessa conduta
governamental negativa, puder resultar nulificação ou,
até mesmo, aniquilação de direitos constitucionais
impregnados de um sentido de essencial
fundamentalidade.
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Público e, de outro, (2) a existência de disponibilidade
financeira do Estado para tornar efetivas as prestações
positivas dele reclamadas. Desnecessário acentuar-se,
considerado o encargo governamental de tornar efetiva a
aplicação dos direitos econômicos, sociais e culturais, que
os elementos componentes do mencionado binômio
(razoabilidade da pretensão + disponibilidade financeira
do Estado) devem configurar-se de modo afirmativo e em
situação de cumulativa ocorrência, pois, ausente qualquer
desses elementos, descaracterizar-se-á a possibilidade
estatal de realização prática de tais direitos. Não obstante
a formulação e a execução de políticas públicas
dependam de opções políticas a cargo daqueles que, por
delegação popular, receberam investidura em mandato
eletivo, cumpre reconhecer que não se revela absoluta,
nesse domínio, a liberdade de conformação do legislador,
nem a de atuação do Poder Executivo. É que, se tais
Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou
procederem com a clara intenção de neutralizar,
comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais,
econômicos e culturais, afetando, como decorrência
causal de uma injustificável inércia estatal ou de um
abusivo comportamento governamental, aquele núcleo
intangível consubstanciador de um conjunto irredutível
de condições mínimas necessárias a uma existência digna
e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí,
então, justificar-se-á, como precedentemente já
enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um
imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção
do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o
acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente
recusada pelo Estado.
(...)
No caso dos autos, verifica-se que a não reestruturação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom
Helder Câmara, na cidade de Bayeux/PB, poderá colocar em risco a vida das crianças e dos funcionários
da escola, uma vez que as condições em que se encontra fere todas as normas de educação e saúde,
comprometendo o aprendizado e podendo causar acidentes graves.
Ressalte-se que não cabe ao Poder Judiciário interferir na Administração Pública, em relação ao mérito
propriamente dito de suas decisões e atos, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos poderes.
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No entanto, em situações de estrita necessidade em virtude de fatos que coloquem em risco a instituição
ou pessoas que dela dependam como é o caso, pode-se impor ao Poder Executivo determinada obrigação.
E:
Assim, vê-se que a judicialização de políticas públicas é possível para assegurar o mínimo existencial que
é dever dos entes públicos, não havendo, nesse caso, ofensa ao princípio da Separação dos Poderes.
Ressalte-se que, em momento algum nos autos, o ora promovido comprovou não ter condições financeiras
para realizar as obras e melhoramentos determinados.
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Nesse contexto, é forçoso concluir que o veredicto do Primeiro Grau encontra-se absolutamente
consentâneo com o escólio pretoriano prevalente.
Diante desse delineamento jurídico e das razões fáticas do caso vertente, não há outro caminho a ser
trilhado, senão não conhecer da remessa necessária e negar provimento à apelação cível, devendo,
portanto, ser mantida instacta a decisão “a quo”.
É como voto.
Relator
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