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O dia do Circo

- Porque dia 27 e quem foi Piolin?

As Artes Circenses chegaram ao Brasil junto das caravelas. Os portugueses


gostavam muito de comédias, especialmente de arremedilhos e momos,
espetáculos que mesclavam canto, dança e pantomima e que tinham no humor o
centro de sua estrutura dramática. Desde então o circo tem sido, disseminado,
transformado e praticado por todo o Brasil em seus diversos diálogos com as
culturas populares de todas as regiões, etnias e classes. No entanto, o circo só vai
começar a ter cara desse circo como conhecemos hoje por volta do Século XIX aqui
no Brasil.

O Dia do Circo é celebrado em 27 de março, uma data comemorativa que


homenageia a arte circense, uma das formas de arte mais tradicionais e diversas de
nosso país.

O dia 27 de março foi escolhido como Dia do Circo em homenagem ao palhaço


brasileiro Abelardo Pinto, conhecido popularmente como Piolin, que nasceu nessa
data em 1897. Considerado até hoje um dos maiores nomes da palhaçaria no Brasil
e no mundo, ficou muito famoso na década de 1920 por sua fantástica habilidade
cômica além de equilibrista e ginasta. Seu nome, Piolin, teve origem de um
companheiro de trabalho de origem espanhola que notando que as pernas de
Abelardo eram muito finas, chamava-o de piolin, que em castelhano significa
barbante fino.

Trabalhou em diversos circos, mas a melhor fase da carreira de Piolin foi o Circo
Alcebíades, no Largo Paissandu, onde atuou durante cinco anos. Foi lá que
conheceu o presidente Washington Luiz e principalmente quando se tornou alvo do
interesse dos modernistas de São Paulo, os artistas intelectuais da Semana de Arte
Moderna.

A Semana de Arte Moderna

- Porque ela é importante e o que ela buscava?

A Semana de Arte Moderna foi um evento artístico e cultural que ocorreu no Teatro
Municipal de São Paulo, entre os dias 13 a 18 de fevereiro de 1922, no ano do
centenário da independência brasileira. A proposta era apresentar uma nova
estética artística para todos os campos das artes. Assim, inauguraram a corrente do
Modernismo. Muito embora todos os artistas envolvidos tivessem formações
burguesas e européias, buscavam romper com essa lógica de importar uma arte de
fora e criar uma arte que fosse autenticamente brasileira; popularizando-a mais e
rompendo com a rigidez da estética da arte acadêmica.

Dentre os diversos intelectuais que fizeram parte daquela Semana, Mário de


Andrade e Oswald de Andrade, foram os que iniciaram o movimento de identificar o
circo, com as suas pantomimas e seus palhaços, a uma “tradição popular” a ser
valorizada e reelaborada pela nova estética que estavam propondo criar.

O movimento antropofágico

- O que é isso e o que ele tem a ver com o circo e o Piolin?

Em 1928, Tarsila do Amaral pintou o “Abaporu” como presente de aniversário ao


escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por
ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: “Vamos fazer
um movimento em torno desse quadro?”. O nome dado a tela: Abaporu significa
(aba = homem; poru = que come). Daí nasce o Movimento Antropofágico. O nome
do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o
inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades.

O Manifesto Antropofágico propunha basicamente o que vinha sendo construído ao


longo de toda a década pelos Modernistas da Semana de 22: ‘devorar’ a cultura e
as técnicas importadas e provocar sua reelaboração com autonomia, transformando
o produto importado em exportável. Criando assim uma verdadeira identidade
artística brasileira. Foi publicado no primeiro número da Revista Antropofagia,
datado de 1º de maio de 1928.

Quase um ano depois, em 27 de março de 1929, dia de aniversário de Piolin,


aqueles intelectuais organizaram um almoço em homenagem ao mesmo e o
chamaram de “Vamos Comer Piolin”. Se tratava de um banquete em que o palhaço
fora simbolicamente devorado, na intenção de simular o que faziam os indígenas
antropófagos que buscavam absorver as qualidades daqueles combatentes que
eles admiravam. O almoço então reuniu essa figura ímpar da arte circense: Piolin
com o mais selecionado grupo de artistas intelectuais de São Paulo, 32 convidados
que consideraram o circo a expressão mais perfeita da arte mímica, merecedor de
um papel de destaque no cenário cultural. Quanto a Piolin, destacaram a sua
interação com o público e associaram seus personagens à realidade brasileira
enriquecida por técnicas importadas e promover uma renovação estética na arte
brasileira.
Fontes:

VIVEIROS DE CASTRO, A. O Elogio da Bobagem - Palhaços no Brasil e no Mundo.


Editora Família Bastos, RJ: 2005.

https://www.historiadasartes.com/nobrasil/arte-no-seculo-20/modernismo/manifesto-
antropofagico/

https://www.circonteudo.com/autor-do-artigo/erminia-silva/

http://galpaodocirco.com.br/noticias/palhaco-piolin-e-suas-historias/

https://www.brasilparalelo.com.br/entrevistas/semana-de-arte-moderna?gclid=CjwK
CAjwxOCRBhA8EiwA0X8hiwHu6EZzTBGRHB_cwVqPqyvy_jePsG_OVmjCFseCLQ
ZPTn6nkAXA4hoC3mUQAvD_BwE

https://www.spescoladeteatro.org.br/noticia/100-da-semana-de-22-o-que-foi-o-movi
mento-antropofagico#:~:text=Nesse%20contexto%2C%20o%20conceito%20de,cont
raponto%20aos%20conceitos%20de%20que

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