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MOSCOW, RUSSIA. . Actors Mikhail Porechenkov as Pozdnyshev and Natalya Shvets as Liza
appear in a scene from ‘The Kreutzer Sonata’ by Leo Tolstoy staged by Anton Yakovlev at the
Chekhov Moscow Art Theatre. - - --
Aleksêi Filippov/TASS
É justamente na gravidez e nos cuidados dos filhos que Pozdnichev (assim como
Tolstói) vê a predestinação da mulher. É por isso que ele fica indignado ao saber
que, após o nascimento do quinto filho, os médicos aconselham a mulher a não ter
mais filhos - e vê isso como uma violação da lei da natureza.
Além disso, de acordo com Tolstói, a mulher que não planeja engravidar, mas
continua a fazer sexo com seu marido e até usa anticoncepcionais, é totalmente
imoral. Essa era uma questão que o escritor levava muito a sério: sua mulher
também foi aconselhada a não ter mais filhos, mas ele se opôs a que ela tomasse
“medidas” para evitar ficar grávida.
Pozdnichev considerava que o melhor caminho a seguir era a abstinência sexual.
Seu companheiro de viagem, ouvinte acidental de sua história de vida, exclama: Mas
e a raça humana? A isso, o protagonista responde que concorda com os budistas
que a vida humana não tem propósito e que vai acabar de qualquer maneira, por
isso não haverá mal se acabar porque todos viverão seguindo a “boa moral”.
“Tolstói obviamente rejeitava um significado positivo do casamento, dando um
veredito sobre o casamento: a união de um homem e uma mulher consagrada pela
tradição cristã”, escreve o pesquisador especializado no conde Pável Bassinski.
Leitura das mulheres emancipadas
Na década de 1890, “A Sonata Kreutzer” foi fonte de contínuo debate. Bassinski
escreve que o livro "foi um dos principais pontos de discórdia da década". O final do
século 19 foi uma época em que aumento sem precedentes a emancipação das
mulheres. Portanto, não é de surpreender que as leitoras tenham visto outro
problema ético na história: por que uma moça deveria permanecer virgem antes do
casamento, enquanto seu noivo tinha o direito de gozar de experiência sexual e era
até mesmo incentivado pela sociedade a fazê-lo?
Depois de a novela de Tolstói ser lançada, a questão da moralidade sexual passou a
ser discutida na imprensa. Uma das primeiras feministas russas, Elizaveta
Diakonova, escreveu em seus diários, indignada, que qualquer homem "consideraria
uma vergonha para si mesmo" casar com uma mulher que teve relações com outros
homens antes dele, enquanto ele próprio considerava normal ter relações sexuais
antes do casamento. “E isso ocorre em todo lugar, em toda parte! Tanto na Rússia,
quanto no exterior! Oh, meu Deus, meu Deus!", escreveu Diakonova.
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