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Economia

Política
Milton Friedman: O
Monetarismo versus
o Keynesianismo

Carlos
Seixas
2022/23

IMP.GE.086.2
CONTEÚDO

1. Milton Friedman

2. Contexto

3. Obra – A Contra-revolução Monetarista


3.1. A Teoria Quantitativa da Moeda
3.2. Consumo: A Hipótese do Rendimento-
Permanente
3.3. Implicações de Política Económica

Apêndice

Referencia Bibliográfica:
• Buchholz (Cap. X)
IMP.GE.086.2 • Blaug, Volume 2, Cap. 15, 16
• Samuelson (19e)
1. MILTON FRIEDMAN

▪ Nasceu em Brooklyn em 1912, filho de modestos emigrantes judeus


austro-húngaros.

▪ Enquanto estudante, servia à mesa e foi empregado numa loja.

▪ Entra na Universidade de Rugters, New Jersey, em 1929, precisamente


quando se dá o crash na bolsa de valores.

▪ Na Rugters estudou matemática e contabilidade (bacharelato).

▪ Seguiu para Chicago onde fez o mestrado em economia. E depois o


doutoramento em Columbia.

▪ Na universidade de Chicago conhece a sua futura mulher, Rose


(Director) Friedman, colega de carteira, e que viria a ser coautora de
uma série para televisão e de um livro – Liberdade para Escolher –
com uma enorme popularidade nos anos de 1980.
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1. MILTON FRIEDMAN

▪ Durante a II Guerra Mundial trabalhou para o governo em Washington,


em estatística.

▪ Ensinou por breves períodos nas universidades de Wisconsin–Madison


de Minnesota.

▪ A partir de 1946 e durante 30 anos foi professor de economia na


Universidade de Chicago.

▪ Em Chicago recrutou e foi o orientador de alunos/professores que


haveriam se tornar economistas proeminentes, tais como Gary Becker e
Robert Lucas.

▪ Foi um comentador dos assuntos económicos muito ativo nos media


(Newsweek, The Wall Street Journal; televisão).

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1. MILTON FRIEDMAN

▪ Foi ainda conselheiro para a política económica do Presidente Reagan,


a partir de 1981.

▪ Quando se reformou, Milton Friedman mudou-se para San Francisco,


onde viria falecer em 2006, com 94 anos.

▪ Rose sobreviveu-lhe ainda por dois anos, não sem antes terem
publicado as suas memórias, Two Lucky People (1998).

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1. MILTON FRIEDMAN - SÍNTESE

▪ Nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, estudou e ensinou em Chicago.

▪ Fundador do monetarismo (corrente de pensamento que enfatiza o


papel da moeda na estabilização dos ciclos económicos).

▪ Foi a mais influente personagem no círculo da economia na segunda


metade do Sec. XX.

▪ Prémio Nobel em 1976.

▪ Um dos pais do neoliberalismo, com Hayek e Buchanan.

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2. CONTEXTO

▪ Destacam-se dois períodos marcantes que Friedman atravessa ao


longo da sua vida:
• A grande depressão de 1929-33, que se seguiu à
quinta-feira negra em Wall Street, a 24 de outubro de
1929, quando as ações caíram 11%.

• A estagflação, ou seja a ocorrência simultânea de


desemprego e inflação nas economias desenvolvidas.
Surgiu nos últimos anos da década de 1960,
intensificando-se após o choque petrolífero de 1973.

▪ Na segunda metade Sec. XX, as Universidades Americanas tomam a


liderança na produção do conhecimento científico.

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3. OBRA – A CONTRARREVOLUÇÃO MONETARISTA (CONTRA
KEYNES)

▪ Keynes considerava a política monetária relativamente ineficiente na


estimulação da atividade económica. E que operava através de um
mecanismo indireto, a taxa de juro.

▪ Já Friedman sustentava que a moeda seria um substituto não apenas


dos títulos [financeiros] mas também de uma variadíssima gama de
bens e serviços.

▪ Portanto, defendia que as alterações na quantidade de moeda teriam


consequências no mercado de bens de consumo e de produção,
acrescentando um efeito direto na despesa agregada ao efeito
indireto no investimento.

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3. OBRA – A CONTRARREVOLUÇÃO MONETARISTA (CONTRA
KEYNES)

▪ Assim, para Friedman o mais poderoso fator a influenciar a atividade


económica [no curto prazo] seriam as variações no stock de moeda.

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

▪ O monetarismo começa com a formulação de Friedman em 1956


daquilo que pare ele era a teoria quantitativa da moeda

▪ A moeda na medida mais utilizada, M1, é igual ao numerário detido pelo


público mais o montante dos depósitos à ordem existentes nos bancos.

▪ A oferta de moeda, numa economia é dado pelo stock de moeda


controlado pelos bancos centrais através dos instrumentos de política
monetária, tais como:

• A percentagem dos depósitos que os bancos estão


autorizados a emprestar (o rácio de reserva legal);

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

• Os empréstimos aos bancos pela “janela de desconto”;

• A injeção ou contração de liquidez na economia através da


compra e venda de títulos de dívida pública (operações de
mercado aberto).

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

▪ A “equação quantitativa” relaciona a quantidade de moeda, M, e a


velocidade à qual a moeda circula na economia, V, por um lado; e, por
outro, o produto nominal (𝑃 ×Y), em que P é o nível de preços e Y o
produto real (PIB real):

𝑀×𝑉 =𝑃×𝑌

▪ Exemplo: Suponhamos que numa economia monoproduto se produziam


60 pães por ano (Y) e que eram vendidos ao preço de 0,50€ (P) por
unidade.

▪ Então, o produto nominal é igual a 60 × €0,50 = €30 por ano.

▪ Suponhamos agora que a quantidade de moeda existente na economia


era de €10.

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

▪ Podemos então saber o número de vezes que o dinheiro roda na


economia no período de um ano, ou seja, a velocidade da moeda.

▪ Basta, resolver a “equação quantitativa” em ordem a V e substituir os


valores que foram dados:

𝑃 × 𝑌 30
𝑉= = =3
𝑀 10

▪ Portanto, o stock de moeda circula 3 vezes por ano, e essa é a


velocidade da moeda nesta economia.

▪ Se assumirmos que a velocidade da moeda é constante, então a


equação quantitativa torna-se numa teoria útil sobre os efeitos da
moeda, nomeadamente a teoria quantitativa da moeda.
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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

▪ Isto é, como uma teoria sobre a determinação do PIB nominal. Sob o


pressuposto da velocidade constante, a equação quantitativa é

𝑀 × 𝑉ത = 𝑃 × 𝑌

onde a barra sobre V significa que a velocidade da moeda é fixa.

▪ Assim, uma mudança na quantidade de moeda M causa um


mudança proporcional no PIB nominal (𝑃 × 𝑌).

▪ Ex: Se oferta de moeda aumentar para o dobro, o PIB nominal


aumenta para o dobro.

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA - A POLÍTICA
MONETÁRIA (CURTO PRAZO)

▪ Sendo constante a velocidade de moeda, então as autoridades


dispõem de um instrumento poderoso para estimular ou arrefecer a
economia: a oferta de moeda.

▪ Por ex., contraindo a liquidez, as famílias ajustam-se reduzindo o


consumo de bens e serviços, com o correspondente impacto negativo
na atividade económica, ou seja, uma contração do produto real.

▪ Essa foi, aliás, a principal explicação avançada por Friedman para a


transformação da crise financeira de 1929 na Grande Depressão,
apontando a Reserva Federal como responsável:

• Entre 1929 e 1933 a quantidade de moeda foi reduzida em


IMP.GE.086.2 1/3.
3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA - A INFLAÇÃO
(LONGO PRAZO)

▪ Mas da equação quantitativa decorre também, assumindo V constante,


que no longo prazo o efeito de um aumento no stock da moeda conduz
a um aumento proporcional no nível de preços.

▪ Notar que no longo prazo, Y é determinado pela capacidade produtiva


instalada na economia. Portanto um aumento em M é integralmente
refletido em P, ou seja converte-se em inflação.

▪ Portanto, o banco central, controlando a oferta de moeda, detém em


última instância o controlo sobre a inflação.

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3.1. A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA - A INFLAÇÃO
(LONGO PRAZO)

▪ Por isso dizia Friedman que: “A inflação é sempre e em todo o lado um


fenómeno monetário, no sentido em que é, e apenas pode ser produzida
por um aumento mais rápido da quantidade da moeda do que do
produto”.

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3.2. CONSUMO: A HIPÓTESE DO RENDIMENTO-PERMANENTE

▪ O modelo keynesiano simples assume que o consumo diminui ou


aumenta à medida que o rendimento diminua ou aumenta.

▪ Ou seja, que o consumo responde imediatamente a variações no


rendimento.

▪ Friedman aparece em 1957 com uma hipótese diferente, baseada


numa perspetiva de longo prazo: o consumo não vive ao sabor dos
rendimentos imediatos, antes sim está ancorado na expetativa dos
consumidores sobre o fluxo dos seus rendimentos futuros.

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3.2. CONSUMO: A HIPÓTESE DO RENDIMENTO-PERMANENTE

▪ Sugere assim que o rendimento corrente, Y, seja visto como a


soma de duas componentes, o rendimento permanente, 𝑌𝑃, e o
rendimento transitório, 𝑌 𝑇 :

𝒀 = 𝒀𝑷 + 𝒀𝑻

▪ Em que apenas 𝑌 𝑃 , i.e., o rendimento permanente determina o


consumo.

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3.2. CONSUMO: A HIPÓTESE DO RENDIMENTO-PERMANENTE

▪ Suponhamos que alguém vê o seu rendimento sofrer uma queda, mas


que atribui a um facto transitório. Por exemplo, tinha um prédio de
escritórios arrendado a um só inquilino, e o prédio vagou com a saída do
inquilino. Mas como não se esperam alterações no mercado, a perda de
rendas vai durar até entrar um novo inquilino. Nesta hipótese, o
proprietário continua a fazer as suas férias ou ir aos restaurantes do
costume.

▪ Suponhamos agora que a queda no rendimento de alguém é vista


como permanente. Por exemplo, o mesmo proprietário é forçado a
baixar as rendas do seu prédio porque, entretanto, a zona em que se
integra deixou de ser prime, tendo entrado em decadência. Nesta
hipótese, o proprietário irá ajustar os seus padrões de consumo a um
nível de rendimento inferior.
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3.3. IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA ECONÓMICA

▪ Se os consumidores não reagem a variações temporárias no seu


rendimento, então políticas orçamentais baseadas em reduções
temporárias de impostos, por exemplo, serão pouco eficazes quanto a
estimular a despesa total na economia.

▪ Os monetaristas criticam ainda as políticas orçamentais expansionistas


no sentido em que se Estado aumenta a despesa e a oferta de moeda
se mantiver constante, então alguém terá menos para gastar menos
(trade-off):

• Se o Parlamento aumentar os impostos, as famílias vão ter


de reduzir o consumo.

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3.3. IMPLICAÇÕES DE POLÍTICA ECONÓMICA

• Se o Estado financiar-se através da emissão de títulos


dívida pública, então menos fundos ficam disponíveis para o
investimento feito pelos privados.

• As taxas de juro aumentam e o investimento cai.

• Ou seja, o investimento público faz o crowd out (exclusão)


da despesa privada.

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APÊNDICE

▪ Questão de Atualidade Recorrente

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QUESTÃO DE ATUALIDADE RECORRENTE

▪ Milton Friedman proclamava: “A responsabilidade social dos


donos/gestores das empresas é aumentar o lucro das empresas que
administram”? Link. Teria razão, Milton Friedman?

• Sim: Link

• Não: Link

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