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Tubulopatias hereditárias na infância
não às alterações neurológicas. Os sintomas clínicos o ácido carbônico é produzido devido à reação do
são inespecíficos ou muitas vezes subclínicos, o que CO2 com a água.10 Isto posto, o ácido carbônico é
implica frequentemente no retardo do diagnóstico. catalisado pela isoforma II da anidrase carbônica
Por isso, o conhecimento da fisiologia renal, das bases presente no intracelular e novamente teremos o H+ e
moleculares dos transportes tubulares e das suas o HCO3-. O ânion é então transferido ao interstício
possíveis alterações fisiopatológicas se faz necessário pelo transportador Na+/HCO3-, o NBC-1, que está
para o entendimento e o reconhecimento clínico destes expresso na membrana basolateral e o H+ é secretado
casos. Nas últimas décadas, o avanço da biologia para a luz tubular através do transportador NHE3
molecular e da genética tem fornecido ferramentas para (Figura 1).7-9
investigar a presença das tubulopatias hereditárias, o As células tubulares proximais também
que pode melhorar o diagnóstico, a adequação do são capazes de gerar bicarbonato “extra” pela
tratamento e o prognóstico destas crianças.2-5 desaminação da glutamina para glutamato, formando
Neste texto, faremos uma breve abordagem dos o α-cetoglutarato. Este processo metabólico produz
mecanismos fisiológicos sobre o transporte tubular bicarbonato e amônia. O bicarbonato é transportado
em cada segmento do néfron e, paralelamente, para o capilar peritubular e a amônia para a luz do
descreveremos as principais tubulopatias hereditárias ducto coletor que ao se ligar ao H+ secretado forma o
na faixa etária pediátrica de acordo com: a) as íon amônio (NH4+).8,9
alterações fisiopatológicas; b) as manifestações A reabsorção isotônica do sódio e da água ao
clínicas e c) as recentes descobertas genéticas. Nós longo do túbulo proximal aumenta a concentração
também adotaremos a nomenclatura proposta por do cloro e do cálcio no lúmen tubular, o que facilita
Kelly & Landman para a segmentação do néfron.6 a reabsorção secundária de natureza passiva destes
íons.11 Aproximadamente 60% do cálcio filtrado é
Túbulo contorcido proximal reabsorvido no túbulo proximal.12
O túbulo contorcido proximal caracteriza-se por sua Com relação ao magnésio, a reabsorção no
alta capacidade de reabsorção dos solutos filtrados túbulo proximal é em torno de 30% da carga filtrada
que, na sua maioria, estão acoplados à reabsorção do íon e também se faz preferencialmente por via
do sódio. Cerca de dois terços da carga de Na+, que paracelular.12
é filtrada, é reabsorvida neste segmento do néfron Quanto ao fosfato (Pi), cerca de 85% do que
principalmente através da via paracelular. Entretanto, é filtrado é reabsorvido predominantemente no
as células do túbulo proximal também dispõem do túbulo proximal. A reabsorção renal é mediada
transporte transcelular de Na+, o qual é ativo e é pelos transportadores dependentes de sódio e fosfato
mediado pela atividade da enzima Na+, K+-ATPase pertencentes à família dos genes SLC34, incluindo o
que está expressa na membrana basolateral. Desta SLC34A1 (NaPi-IIa), bem como o SLC34A3 (NaPi-
maneira, a energia gerada pela atividade da Na+, K+- IIc). Sabemos hoje que a regulação do transporte
ATPase é transferida aos transportadores que estão renal de Pi depende do PTH, da quantidade ingerida
presentes na membrana luminal como é o caso da de fósforo, da vitamina D e de fatores hormonais ou
glicose, dos aminoácidos, do fosfato entre outros “hormônios like”, conhecidos como “fosfatoninas”,
(Figura 1).1 como é o caso do fator de crescimento de fibroblasto
Quanto ao bicarbonato, aproximadamente 80% 23 (FGF23) que inibe a reabsorção renal de fosfato.13,14
da sua carga filtrada é reabsorvida no início do túbulo
Principais acometimentos no túbulo proximal
proximal, que é feita em várias etapas. Inicialmente, o
HCO3- filtrado combina-se com o H+ que é secretado Acidose tubular renal proximal
pelo transportador Na+-H+, o NHE3, expresso A acidose tubular renal proximal (ATR), também
na membrana apical. Esta reação produz o ácido conhecida como ATR tipo II, é causada por um
carbônico (H2CO3), que é convertido em CO2 e H2O defeito na reabsorção do bicarbonato no túbulo
através da ação da isoforma IV da anidrase carbônica proximal. Esta tubulopatia caracteriza-se por
presente na membrana luminal destas células.7-9 A acidose metabólica hiperclorêmica com ânion gap
seguir, o CO2 entra no interior da célula por difusão ou normal, déficit de crescimento, anorexia, poliúria e
por transporte através da aquaporina-1 e novamente constipação.8,9,15
Figura 1. Célula do túbulo contorcido proximal que mostra a enzima Na+,K+-ATPase na membrana basal cuja atividade gera o gradiente eletroquímico
aos transportadores de sódio expressos na membrana luminal: Na+-glicose, Na+-aminoácidos, Na+-fosfato. Além destes, há também a expressão
do trocador Na+-H+ (NHE3) que é responsável pela secreção de H+ acoplada à reabsorção do Na+ e do bicarbonato graças à ação das isoformas
da anidrase carbônica presentes na borda em escova (tipo IV) e no intracelular (tipo II) e do transportador Na+-bicarbonato (NCB1) presente na
membrana basal.
o que resulta na disfunção da proteína cistinosina por As mutações no gene CLCN5 do cromossoma
mutações no gene CTNS, no cromossomo 17p13. A Xq25 determinam a doença de Dent tipo 1, que ocorre
falta de atividade da cistinosina provoca acúmulo de em 60% dos casos e as mutações no gene OCRL1 do
cistina, o que propicia a formação intralisossomal de cromossoma Xp11.22 determina a doença de Dent do
cristais de cistina. Existem três variantes clínicas: a tipo 2.23,24
forma infantil nefropática, a forma juvenil e a forma
adulta. Na cistinose nefropática, a manifestação renal Raquitismo hipofosfatêmico
se apresenta como síndrome de Fanconi. A evolução é O raquitismo hipofosfatêmico hereditário é um grupo
para doença renal crônica terminal no final da primeira de doenças caracterizadas por hipofosfatemia devido
década de vida, a menos que a terapia com depletores à perda do fósforo na urina, inadequados níveis
da cistina seja instituída no início da vida. Estudo séricos de 1,25-dihidroxivitamina D3, retardo do
recente demonstrou melhora da insuficiência renal crescimento, raquitismo e osteomalácia.25
nas crianças com cistinose que receberam N-acetyl- A forma mais comum é o raquitismo
cisteína (NAC) por via oral. Os autores atribuíram o hipofosfatêmico com herança dominante ligada
benefício à diminuição do estresse oxidativo exercida ao cromossoma X. Ele é causado por mutações no
pelo NAC.17 gene PHEX que se localiza no cromossomo Xp22.1-
Durante a infância das crianças com cistinose, 22.2.25,26 O PHEX regula a expressão do FGF-23 como
observa-se também o hipotireoidismo e a fotofobia parte de um eixo hormonal entre osso e rim e controla
causada pelo envolvimento ocular. O diagnóstico a homeostase sistêmica do fosfato. A mutação no
é feito pela demonstração do aumento dos níveis gene PHEX resulta na redução da degradação e/ou
de cistina intraleucocitária. Os testes genéticos têm aumento da biossíntese do FGF-23.27
valor para confirmar o diagnóstico e permitir o A forma autossômica do raquitismo
aconselhamento genético.18-20 hipofosfatêmico apresenta incidência muito menor e
inclui a forma dominante, que são as mutações no
Síndrome de Lowe gene do FGF23. A forma recessiva do raquitismo
A tríade de diagnóstico na síndrome óculocerebrorrenal hipofosfatêmico apresenta as mutações no gene da
de Lowe (OCRL) inclui anomalias oculares, déficits proteína de matriz da dentina 1 (DMP1), além das
neurológicos e disfunção tubular renal do tipo mutações no gene pirofosfatase ectonucleotideo/
síndrome de Fanconi com evolução progressiva para fosfodiesterase-1.14
doença renal crônica terminal. A doença é causada por Recentemente foi identificado o correceptor
variações de DNA no gene OCRL1 no cromossomo necessário para a sinalização adequada do FGF23 e
Xq26.1, que codifica a proteína fosfatidilinositol este recebeu o nome Klotho. Observou-se que uma
polifosfato 5-fosfatase. Esta proteína é localizada translocação no gene do FGF23 causa aumento
no complexo de Golgi, nos endossomos e regula os dos níveis de Klotho e resulta em raquitismo
processos intracelulares.21,22 hipofosfatêmico com hiperparatireoidismo.14
A Tabela 1 apresenta as alterações genéticas
Doença de Dent recentemente identificadas que causam o raquitismo
A doença de Dent é causada por mutações que inativam hipofosfatêmico.13
a função do canal de cloro, o CLC-5, que está expresso
nas células do túbulo proximal. O resultado é o prejuízo Túbulo distal reto (ramo ascendente espesso
na reabsorção das proteínas do ultrafiltrado por da alça de henle)
endocitose. As manifestações clínicas são: a) proteinúria No túbulo distal reto, o sódio e o cloro são
de baixo peso molecular; b) hipercalciúria; c) litíase renal, transportados pelo cotransportador Na+-K+-2Cl, o
d) nefrocalcinose e e) insuficiência renal progressiva. A NKCC2, que está expresso no lado luminal das células
doença de Dent também pode estar associada à síndrome deste segmento do néfron e é o gene SLC12A1 que
de Fanconi e é muitas vezes complicada por raquitismo codifica este transportador. A atividade da Na+,K+-
ou osteomalácia. Estas características são geralmente ATPase que está expressa na membrana basal destas
encontradas apenas no sexo masculino, e podem estar células transporta o sódio de maneira ativa para fora
presente na primeira infância. da célula enquanto que o cloro deixa a célula através
dos canais de cloro específicos, denominados CLC-Ka luminal de K+. Assim, a luz tubular é modificada e a
e CLC-Kb. Estes canais são codificados pelos genes reabsorção paracelular de Ca++, Mg++ e K+ é inibida
CLCNKA e CLCNKB, respectivamente. Ambos os (Figura 2).12,22,31
canais de cloro dependem de uma proteína acessória,
a subunidade β, Barttin, a BSDN.28,29 O potássio Principais acometimentos no túbulo distal reto
também é transportado para o intracelular devido à (ramo ascendente espesso da alça de henle)
ação do NKCC2. Mas o potássio retorna para a luz Síndrome de Bartter
tubular através do canal iônico Kir 1.1 (ROMK) que O transporte de NaCl no túbulo distal reto requer a
é codificado pelo gene KCNJ1. Esta recirculação local presença e a função de pelo menos cinco genes para o
do potássio se faz necessária para que haja substrato funcionamento dos transportadores: a) o NKCC2 que
suficiente para o trabalho do cotransportador Na+- usa o gradiente eletroquímico gerado pela atividade
K+-2Cl (Figura 2).1,28 da Na+,K+-ATPase para a reabsorção do sódio, do
Em consequência à reabsorção do sódio e do cloro e do potássio presentes no lúmen; b) o canal
cloro e da recirculação do potássio, um potencial ROMK que permite a saída do potássio para a face
transepitelial com lúmen positivo é gerado no ramo luminal e, por isso, propicia aumento do substrato
ascendente espesso da alça de Henle. Então, esta força para o funcionamento do NKCC2; c) a Na+,K+-
motriz favorece a reabsorção passiva e paracelular do ATPase que gera toda a força motriz à movimentação
cálcio e do magnésio através das proteínas claudina iônica; d) os canais CLC-Kb e CLC-Ka que necessitam
16 e 19 que estão presentes nas junções das células do da subunidade Barttin para o transporte do cloro
túbulo distal reto (Figura 2).12,30 através da membrana basal. As mutações nos genes
Na membrana basal das células do ramo SLC12A1, ROMK1, CLCNKB, e BSDN (Barttin)
ascendente espesso da alça de Henle também se causam, respectivamente, a síndrome de Bartter
expressa o receptor sensível ao cálcio (CaSR). O autossômica recessiva dos tipos I, II, III e IV.32-35
CaSR permite a regulação da secreção do PTH nas As características clínicas da síndrome de Bartter
células da paratireoide e da reabsorção renal de incluem a hipocalemia hiperreninêmica com a
cálcio em resposta às elevações das concentrações hiperplasia do aparelho justaglomerular, a alcalose
plasmáticas deste íon. Nesta situação, o CaSR é metabólica, a pressão arterial baixa ou normal e o
ativado devido ao contato com as altas concentrações aumento da excreção urinária de Na+ e K+.32,33
de cálcio presente na vasa rectae, o que resulta na Na síndrome de Bartter tipo I, a mutação é do
deflagração das sinalizações celulares para a inibição gene SLC12A1 que codifica o transportador NKCC2.
do cotransportador Na+-K+-2Cl- e ou do canal As principais manifestações clínicas são a poliúria e
Figura 2. Célula do túbulo distal reto também conhecido como ramo ascendente espesso da alça de Henle. A enzima Na+,K+-ATPase está expressa
na membrana basal cuja atividade gera o gradiente eletroquímico ao cotransportador Na+-K+-2Cl– (NKCC2) na membrana luminal. A presença do
canal de K+ luminal (ROMK) se faz necessária para a recirculação do K+ o que favorece maior eficiência do NKCC2. Graças ao transporte passivo
de Cl- através dos canais ClC-Ka e ClC-Kb expressos na membrana basal e à recirculação do K+, a luz tubular é positiva. Assim, os cátions (Ca2+ e
Mg2+) são reabsorvidos através das claudinas que são proteínas das junções paracelulares. Na membrana basal, encontra-se também o receptor
sensível ao cálcio (CaSR) que inibe a atividade do NKCC2 luminal nas situações de hipercalcemia. Assim, o resultado é o aumento da diurese e da
excreção urinária de íons.
a desidratação que aparecem nas primeiras semanas de Bartter e a de Gitelman. Depois do período
de vida, o que exige enorme quantidade de reposição neonatal sem intercorrências, os pacientes geralmente
volêmica. O neonato pode também apresentar alcalose apresentam-se com déficit de crescimento. A perda
metabólica hipocalêmica e elevação plasmática de renal de sódio progride lentamente e não se acompanha
renina. Posteriormente, a presença da nefrocalcinose por poliúria evidente, o que adia a avaliação médica.
pode ser evidenciada na ultrassonografia renal.28,32-35 Poucos pacientes desenvolvem a nefrocalcinose
A síndrome de Bartter tipo II pode se apresentar medular. A apresentação clínica é decorrente de um
com hipercalemia nos primeiros dias de vida devido defeito no CLC-Kb, que também está expresso no
ao envolvimento do canal ROMK na excreção do túbulo contorcido distal. Na nova terminologia, a
potássio. Mais tarde, os outros tipos de canais de síndrome de Bartter tipo III é considerada como um
potássio podem compensar e os pacientes tornam-se distúrbio do túbulo contorcido distal. 28,32-35
hipocalêmicos. 28,32-35 A síndrome de Bartter tipo IV acarreta uma
A síndrome de Bartter tipo III pode ter sinais e variante clínica mais grave que, felizmente, é muito
sintomas mais leves e sobrepostos aos da síndrome menos comum. O defeito é na subunidade Barttin.
Figura 3. Células do túbulo contorcido distal que mostra o transporte de Na+ acoplado ao Cl– (NCC) na membrana luminal cuja ação é secundariamente
ativa à ação de Na+,K+-ATPase expressa na membrana basal. As células do início do túbulo contorcido distal expressam também o canal de Mg2+
(TRPM6) na face luminal. Este canal é modulado pela eficiência do NCC e pelos movimentos transcelulares dos íons K+ e Cl-. Os canais TRPM6
também são modulados pela ativação do receptor do fator de crescimento epitelial (EGFR) expresso na membrana basal. Até a presente data não é
conhecido o mecanismo da saída do Mg2+ destas células. As células do final do túbulo contorcido distal e do túbulo de conexão expressam o canal
de Ca2+ (TRPV5) na face luminal. O canal TRPV5 também é modulado pela eficiência do NCC. A saída do Ca2+se faz pela ação da Ca2+-ATPase e
pelo cotransportador Na+-Ca2+ (NCX1) que estão expressos na membrana basal. Estas células possuem também receptores a diversos hormônios
(HR) que regulam a reabsorção de Ca2+, como é o caso do estrógeno, PTH e vitamina D.
Figura 4. Representação dos três tipos de células do ducto coletor: intercalar-A, principal e intercalar-B. A célula intercalar-A apresenta a H+-ATPase
expressa na membrana luminal e o transportador Cl--HCO3- (AE1) expresso na membrana basal. Esta disposição favorece a secreção de ácidos.
Além disso, há também a expressão da enzima H+-K+-ATPase na face luminal que ajuda na conservação do K+ nas situações de depleção deste
cátion. A célula intercalar-B possui a H+-ATPase expressa na membrana basal e o transportador Cl--HCO3- que nestas células recebe o nome de
pendrina na face luminal. Assim, o organismo consegue reter o H+ e eliminar o bicarbonato nas situações de alcalemia. Quanto à célula principal,
esta possui a expressão do canal de Na+ (ENaC) na face luminal que é sensível ao amiloride. A expressão da Na+,K+-ATPase na membrana basal
gera o gradiente eletroquímico que permite a reabsorção de Na+ e a secreção de K+ pelos canais ROMK.
carbônico. Diante disso, o bicarbonato é transportado lúmen tubular combina-se com os ânions como
para o interstício através do cotransportador Cl-- o fosfato e também com a amônia (NH3), o que
HCO3- (AE1) que está expresso na membrana basal resulta na formação do amônio, o NH4+. A amônia
destas células (Figura 4). O H+ que é secretado ao é sintetizada no túbulo proximal e é transportada
para a região medular renal. Os defeitos na secreção de amônio (NH4Cl) ou b) furosemida associada à
de H+ reduzem tanto a acidificação urinária quanto fludrocortisona.46
a excreção do amônio. As células intercalares do As mutações no gene AE1 (SLC4A1) estão
tipo A também expressam a H+-K+-ATPase em sua associadas com a ATR distal autossômica dominante.
membrana luminal.1,9 Apesar dos diversos estudos a O gene localizado no cromossomo 17q21-22 é
respeito, não há consenso na literatura sobre o papel membro da família dos trocadores de ânions expressos
da H+-K+-ATPase no equilíbrio ácido-base apenas na na membrana basal das células intercalares do tipo
homeostase do potássio. A.8,47,48 As análises genômicas identificaram dois
As células intercalares do tipo B estão envolvidas na genes recessivos para a ATR distal: a) no cromossomo
secreção do bicarbonato e desempenham importante 2p13, que codifica a subunidade-B1 da H+/ATPase
papel na regulação do equilíbrio ácido-base nas (ATP6V1B1) e b) no segundo locus genético em 7q33-
situações de alcalemia. As células intercalares do tipo 34, que codifica uma subunidade renal específica da
B expressam a H+-ATPase na membrana basal e o bomba de prótons (ATP6V0A4).8
trocador Cl-bicarbonato na membrana luminal. Este
trocador recebe o nome de pendrina, que transporta o Síndrome de Liddle
Cl- para o intracelular e o HCO3- para a luz tubular.1,44 A síndrome de Liddle caracteriza-se por hipertensão
Quanto às células intercalares não-A, não-B, elas grave, alcalose metabólica, hipocalemia, mas com
expressam tanto a H+-ATPase quanto a pendrina em concentrações baixas de renina e aldosterona
sua membrana apical.44 plasmática em decorrência às mutações nas
Enquanto a função das células principais, subunidades do canal ENaC.49
intercalares do tipo A e do tipo B, estão bem O canal ENaC é composto por três subunidades:
conhecidas, a função das células intercalares do tipo α, β e γ e no rim é responsável pela entrada do Na+
não-A, não-B necessitam de maiores conhecimentos através da membrana luminal, mantendo a homeostase
a respeito. do líquido extracelular e da pressão arterial.45 As
mutações nos genes SCNN1B e SCNN1G, que
Principais acometimentos no ducto coletor afetam, respectivamente, a subunidade β e γ do canal
Acidose tubular renal distal ENaC, são as responsáveis por esta síndrome. Assim,
A acidose tubular renal distal, também conhecida como os pacientes com síndrome de Liddle apresentam
ATR tipo I, é caracterizada por acidose metabólica aumento significativo da atividade do canal ENaC,
hiperclorêmica, devido à falha na secreção dos íons o que causa a retenção do sódio que desencadeia a
hidrogênio no ducto coletor. A forma hereditária da hipertensão arterial sem correlação com a renina e a
ATR tipo 1 tem as variantes: a) autossômica dominante aldosterona. Além disso, o aumento da reabsorção de
com manifestações leves da doença e b) autossômica sódio favorece a secreção de potássio o que explica a
recessiva com acometimento grave na infância, presença da hipocalemia.49
podendo ou não apresentar também a perda auditiva.
Os sintomas aparecem precocemente e as manifestações Pseudohipoaldosteronismo tipo I (PHAI)
são de poliúria, vômito, desidratação, déficit pondero- O pseudohipoaldosteronismo tipo I caracteriza-se por
estatural, hipocalemia, pH urinário acima de 6,0, perda renal de sal e insensibilidade aos mineralocorticoides.
hipercalciúria, hipocitratúria e raquitismo.15,22 A Estão descritas duas formas de herança: a) autossômica
hipercalciúria, juntamente com o pH urinário acima dominante, que é restrita ao rim e é causada por mutação
de 6,0, favorece a deposição do cálcio no rim, o que com perda de função no gene NR3C2, o que resulta
resulta na nefrocalcinose. O diagnóstico clássico é na diminuição da atividade do receptor citoplasmático
baseado na constatação de um pH urinário elevado na do mineralocorticoide; b) autossômica recessiva, que
vigência de acidose metabólica sistêmica. Em alguns é originada por mutações no gene que codifica o canal
casos, a doença pode se apresentar com pH sanguíneo ENaC e ocasiona a perda de função no transporte de Na+
normal e o pH urinário levemente aumentado, o nos tecidos alvo da aldosterona. Esta forma caracteriza-
que dificulta o diagnóstico. Nestas situações, pode se por perda renal de sódio no período neonatal,
ser necessária a utilização das provas de acidificação desidratação, hipotensão com risco de vida, hipercalemia,
urinária por meio da administração oral de: a) cloreto acidose metabólica e déficit do crescimento.50-52
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