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SÍNDROME DE ALPORT: O QUE É E COMO SE

APRESENTA ESSA PATOLOGIA


Marília Araújo Alves da Silva1, Aline Alves Lara Gomes2

Palavras-chave: Síndrome de Alport; colágeno; gene COL4A3/4/5; marcadores;


genética

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome de Alport (SA) é uma doença renal genética rara progressiva,


(afeta 1/50.000, principalmente sexo masculino) resultante de um defeito genético nos
genes COL4A3/4/5 do colágeno tipo IV que são responsáveis pela composição da
membrana basal glomerular produzindo interferência no arranjo correto da membrana,
afetando outras partes do corpo, como; cóclea, córnea, cristalino e retina. A SA é
decorrente dessas mutações nos genes e codificam as cadeias α3/4/5 do colágeno IV.
Pode ser transmitida de três maneiras distintas associadas ao cromossomos X (80%
dos casos; gene COL4A5), no formato autossômica recessiva (cerca de 15%
COL4A3/4) e na autossômica dominante (5% remanescentes/ COL4A3/4). Na qual
ocorre perdas nas funções auditivas, renais e oculares aproximadamente até aos 6 anos,
evoluindo para a insuficiência renal crônica terminal. (COURVILLE, et al., 2021;
WAITH, et al., 2022; YAVAS, 2022; RUBIO, 2019; RODRIGUEZ et al., 2022;
VILELA et al., 2022)

De acordo com os autores supracitados, questiona-se do porquê existe tanta


falta de informação relacionada a SA. É necessário conhecer as causas e
sintomatologias que levam pessoas a terem problemas renais. Consequência de uma
doença que precisa de informações, pelo fato da especificidade da SA. Com o
conhecimento da causa é factível encontrar possibilidades para aplacar o incômodo
causado pela enfermidade.

Mediante ao exposto, faz necessário esclarecer as pessoas sobre a gravidade da


AS. Onde poderão conhecer e até mesmo observar os sinais de seus corpos, devido ao
comprometimento do colágeno tipo IV. O entendimento para saber quando existe a
suspeita da doença, é essencial para iniciar e seguir um tratamento adequado e
individualizado. A importância do conhecimento dessa doença é fundamental, pois a
doença é genética e os pais e/ou responsáveis devem observar nas crianças qualquer
sintoma de proteinúria e/ou hematúria, problema auditivo ou ocular em seus filhos
durante a primeira infância. Desta forma, diminui a estatística de associar à outros
quadros da perda da função renal.
2 METODOLOGIA

O trabalho foi proposto e realizado em forma de revisão bibliográfica do tipo


qualitativa, onde foi utilizado como método de pesquisa as plataformas online Scielo
e Lilacs. A pesquisa foi realizada nos idiomas português, inglês, turco e espanhol.
Foram usadas como palavras-chaves para a pesquisa “Síndrome de Alport, e
Glomerulonefrite”, “Genes COL4A3/4/5, colágeno e Marcadores Genéticos”. Foram
selecionados mais de 50 trabalhos, onde destes foram reduzidos para 8 trabalhos e 1
site, utilizando os critérios de inclusão de terem sido publicados nos últimos 8 anos e
qualquer grau de doença crônica renal (DCR), e os critérios de exclusão de terem dados
conflituosos e não ter uma amostra bem clara e definida.

03 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sistema renal filtra o sangue que recebe do coração, equilibrando o volume


intravascular. Estruturalmente o sistema urinário possui dois rins, dois ureteres, uma
bexiga e uma uretra. Os rins tem capacidade de receber 20 a 25% do débito cardíaco,
ou seja todo o sangue do organismo passa pelo rins cerca de 12 vezes/h. (TEIXEIRA,
2021)

Originando-se da aorta abdominal, a Artéria Renal divide-se em inúmeros e


minúsculos vasos, originando as arteríolas aferentes localizadas no córtex que se
ramificam formando os capilares glomerulares. Os glomérulos são envolvidos
estruturalmente pela cápsula de Bowman, esta formada pela membrana escamosa e a
lâmina basal delgada. Entre os capilares e a cápsula existe um espaço que recebe o
ultrafiltrado do sangue. Os glomérulos juntamente com os túbulos renais formam o
néfron, a unidade funcional do rim (Fig 1). Cada rim é formado por cerca de 1 milhão
de néfrons os quais são envolvidos por uma rede de capilares que exercem a função de
reabsorção e secreção de substâncias. (TEIXEIRA, 2021)
Os fenômenos fisiológicos que acontecem nos néfrons resulta na formação da
urina, que pode ser definida como Excreção (Urina = Filtração – Reabsorção +
Secreção. Na figura 1 está representado o néfron e o processo de formação da urina.
Na ação 1 inicia-se o processo de filtração do sangue pelo glomérulo, após a artéria
renal entrar no rim, divide-se em ramos menores formando inúmeras arteríolas
(aferentes) que levam o sangue para os néfrons. Onde pela arteríola aferente (forma
uma rede capilar de um glomérulo), entrando o sangue que será filtrado nos rins e este
é conduzido por vários capilares com o propósito da filtração. Na ação 2, ocorre a
reabsorção, onde várias substâncias necessárias para o organismo são reabsorvidas,
pois contém substâncias como: o sódio, cálcio, potássio, glicose, entre outras
retornando a circulação sanguínea. Na ação 3 ocorre a secreção tubular aonde remove
produtos finais exógenos e indesejáveis que não são filtrados. Promovendo secreção
de íons de hidrogênio, Na, K, bicarbonatos e outros que auxiliam na regulação de
ácido-base e eletrólitos. Na ação 4 é a porção onde tem a ação do ADH para a
reabsorção de água e o ultrafiltrado com toxinas resultante do processo de filtração irá
ser lançado aos túbulos renais. (RODRIGUES, 2016; TEIXEIRA, 2021).

Fig 1:Estrutura funcional do néfron. Processo de filtração no glomérulo (1), reabsorção de


substâncias (2), secreção (3) ao longo do túbulo renal e reabsorção de água (4).
Fonte: https://www.slideshare.net/MuzaffarAnnaev/acute-and-chronic-glomerulonephritis-
250606235

As disfunções renais estão associadas a alteração da membrana basal glomerular.


Dentre elas existe a SA, patologia rara onde o diagnóstico necessita da investigação em
determinados genes, pois relaciona-se a Membrana Basal Glomerular (MBG) com os
genes COL4A3/4/5. No organismo encontra-se diversos tipos de colágeno, para a
membrana basal glomerular madura, cóclea e olhos o colágeno tipo IV é fundamental
para a membrana basal e os genes COL4A3/4/5 que são encarregados em agrupar síntese
do colágeno tipo IV. Este colágeno tipo IV é estruturado por 3 cadeias α1/2/3, o colágeno
tipo IV nessas cadeias não é membrana glomerular madura e sim, membrana glomerular
imatura, devido ao colágeno IV se subdividirem em cadeia α1/2 subendotelial e α3/4/5
subeptelial. A síntese das cadeias α1/2 ocorre por células endoteliais, mesangiais e pelos
podócitos dos glomérulos imaturos. Enquanto o colágeno α3/4/5 são sintetizados nos
podócitos e estão presentes na membrana basal dos pulmões, olhos e orelhas. A alteração
nos genes do colágeno IV é classificada por COL4A3/4/5, provocando manifestações
variadas de disposições da membrana, como na maturidade da configuração embrionária.
Desta forma, persiste na imaturação da membrana basal com relação as cadeias com
colágeno α1/2. (COURVILLE, et al., 2022; VILELA et al., 2022; SOLANO et al., 2022).
Segundo COURVILLE et al. (2021), a ampliação da síntese nas cadeias IV
defeituosas ou prematuras acarretam acúmulo exagerado de proteínas da matriz ou a uma
cadeia composta com multilaminações na membrana basal, que podem funcionar
próximo a normalidade por anos, desta forma não ocorre manifestação precoce.

Fig 2: Estrutura anatômica do glomérulo. Esquerda: Glomérulo saudável e direita:


Glomérulo doente.

Fonte:http://atlasvirtualuneb.blogspot.com/2017/05/glomerulonefrite-as-
glomerulopatias-que.htm

A manifestação da SA ocorre através de distúrbios renais, onde ocorre a


presença da proteinúria e/ou hematúria evoluindo assim para o comprometimento
renal. Outras manifestações são factíveis; como oculares e perdas auditivas, aonde
ocasionam perda neurosensorial de alta complexidade. O agravamento da patologia,
pode evoluir para doenças cardiovasculares, índice alto para infecção e
comprometimento do desenvolvimento e crescimento na infância. (VILELA et al.,
2022). Segundo o autor, quando na infância observa-se um quadro de proteinúria e
distúrbios auditivos, faz-se um mapeamento genético a partir da suspeita clínica com
o propósito de identificar a variante patológica, retardando danos renais irreversíveis
precocemente.

Fig. 3: Síndrome de ALPORT: Conheça a doença renal que também causa surdez e perda da
visão
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=wBjlGJx11go

Sabendo que, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais confortável a vida da
pessoa acometida, pois essa patologia necessita de investigação. Diante disso, faz
necessário reconhecer essa patologia intervindo rapidamente, melhorando a qualidade
de vida para os portadores da SA.

4 AGRADECIMENTOS
A professora Aline Lara que com o seu empenho e paciência me incentivou na
pesquisa e desenvolvimento desse artigo.

Referências Bibliográficas
COURVILLE, K. et. al. Síndrome de Alport: uma atualização sobre fisiopatologia,
genética, diagnóstico e tratamento. Rev. Nephrol. Dial. Transp., v.41 n.1, p. 62-71,
Cidade Autônoma de Buenos Aires, mar. 2021

RODRIGUES, M., Glomérulo, importância na vida humana. Saúde e a química da


célula humana, Bahia. 31/08/2016. Disponível em:
<http://saudecelulahumana.blogspot.com/2016/08/glomerulo-importancia-na-vida-
humana.html>. Acesso em: 12/04/2023
RODRÍGUEZ, W. R. et al. Síndrome de Alport: una genómica para tener presente. Rev
Peru Cienc Salud. v.4, n.2, 2022.
RUBIO, C. R. Análisis Clínico y genético del síndrome de Alport la nefropatá del
colágeno IV (α3/ α4). Tesis (Doctoral de Medicina) – Faculdad de Medicina,
Universidad de Salamanca. Espanha, p.225. 2019.
SOLANO, M. A. S., et al. Glomerulonefrite C3 en un paciente con síndrome de Alport:
un caso raro. Revista Colombiana de Nefrologia. v. 9, n.1, 2022
TEIXEIRA, D. A., Fisiologia Humana. Teófilo Otoni/MG: NICE, 2021
VILELA, M. L. P. et al. Síndrome de Alport. Brazilian Journal of Health Review,
Curitiba, v. 5, n.5, p.19013-19021, sep./oct., 2022
WAITH, F. A. M., Síndrome de Alport: Papel da semiologia e da genética
Rev. Academia Panamenha de Medicina e Cirurgia. v.51, n.2, 2022
YAVAS, C., Alport sendromu ile ilişkili genlere ait varyasyonlarin yeni nesil
dizileme (ynd) metodu ile incelenmesi. Tezi (Doctoral de Medicina) – Üniversitesi
Fen Bilimleri Enstitüsü Moleküler Biyoloji ve Genetik, Moleküler Biyoloji ve Genetik
Programı. Temmuz, p.110. 2022

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