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I.

INTRODUÇÃO

O crescimento populacional dos bairros e consequentemente as subdivisões


Administrativas do país, acarreta grandes mudanças sociais, financeiras, políticas,
para a intervenção Administrativa no sentido de garantir boa sanidade ocupacional e
ou ambiental.

Devido ao crescimento irregular da população nos bairros suburbanos de


Moçambique, surge a necessidade de com base nos conhecimentos da Engenharia em
matéria de Higiene, Segurança e Saúde no Ambiente, desenvolver um trabalho de
pesquisa, com o objectivo de analisar o impacto ambiental no crescimento
populacional do bairro de Xipamaníne na cidade de Maputo.

No presente trabalho, o termo crescimento irregular é tido como sendo evolução


numérica da população, sem observação das exigências necessárias para a garantir a
comodidade ocupacional e ambiental da sociedade em estudo.

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II. PROBLEMAS DE ESTUDO

O crescimento populacional e irregular no bairro de Xipamaníne proporciona uma


crescente produção de resíduos sólidos nos últimos tempos, pelo aumento do
consumo de produtos industrializados e pela proliferação dos descartáveis
(responsáveis pela geração de imensas quantidades de resíduos). Sendo assim, os
problemas vindos do crescimento irregular do bairro de Xipamaníne são um grande
desafio a própria sociedade incluindo os aspectos económicos, culturais e políticos.

Cientes da situação evolutiva e irregular do bairro em estudo, está evidente para


qualquer utente de Xipamaníne várias situações que passarão à descrição no decurso
desta brochura, sendo estas evidenciarem-se pela presença de mau cheiro de origem
diversa, difícil circulação de utentes, epidemias de origem diversa, poluição de tipo
diversificado, viciação infantil e adulta, assim como a presença de conflitos sociais e
culturais.

Com base em conhecimento adquiridos em matéria de Higiene, Segurança e Saúde no


Ambiente, com vista a colmatar e ou diminuir os problemas evidentes no Bairro de
Xipamaníne, passaremos a descrição e apresentação de propostas correctivas.

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III. OBJETIVO GERAL

 Elaborar medidas de prevenção de riscos ambientais devido ao crescimento


populacional no bairro do Xipamaníne, na cidade de Maputo.
IV. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
IV.1. Caracterização do Bairro de Xipamaníne;
IV.2. Identificação dos riscos ambientais;
IV.3. Identificação das fontes de geração dos riscos ambientais;
IV.4. Caracterização dos riscos ambientais;
IV.5. Procedimentos de prevenção dos riscos ambientais.

DESENVOLVIMENTO DOS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

4.1. Caracterização do Bairro de Xipamaníne

4.1.1. Localização do Bairro Xipamaníne e as suas características climatéricas

O Bairro de Xipamaníne é um bairro suburbano da cidade de Maputo, no Distrito Urbano


Kampfumo que faz fronteira com os bairros de Mikadjuine à sul, Chamanculo-B a Oeste,
Chamanculo-D e Avenida Joaquim Alberto Chissano à norte, Munhuana e Mikadjuine à
este. O mapa da Figura 1 corresponde a área delimitada a vermelho – veja os anexos.

O Clima é tropical seco , o período mais quente do ano é entre os meses de Novembro a
Abril e o mais frio entre os meses de Maio a Outubro. O período de
maior precipitação ocorre nos meses mais quentes, entre Novembro e Março.

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A humidade relativa média é de 66,6%, com pouca oscilação durante o ano. O mês com
maior humidade relativa é o mês Março com 71,0%, e o mês com menor humidade
relativa é mês Junho com 63,5%.

4.1.2. Densidade populacional e vias de acesso

Xipamaníne alberga cerca de 30093 habitantes, com cerca de 5010 agregados familiares.
No bairro de Xipamaníne temos um centro de saúde e alguns postos médicos assim como
clinicas privadas.

O Bairro tem as habitações construídas de maneira convencional e precária, é


popularmente conhecido pela existência de um Mercado formal e informal com o mesmo
nome, dimensões equivalentes a cerca de 3 campos de futebol, e uma diversidade e
oportunidade de compra e venda de bens e serviços (foco de geração de resíduos) – é uma
referência a nível nacional. Sendo o bairro construído de diversos tipos de materiais
(precário e convencional) e que não obedecem nenhum critério de ordenamento e
consequentemente a fraca existência de vias de acesso (Estradas/ ruas) adequados que dá
origem a existência de muitos “becos” sendo este um dos principais problemas que
dificulta o processo de manuseamento dos resíduos sólidos com um impacto ambiental
nefasto.

As principais vias de acesso ao bairro são asfaltadas ou pavimentadas (Rua Irmãos Bobby,
Rua Marcelino Dos Santos, Rua Amaral Matos, Rua do Zambeze e Avenida Joaquim
Chissano).

Para efeitos de estudo toma-se a zona central do bairro delimitada pelas ruas do
Xipamaníne a oeste, do Zixaxa a sul, Amaral Matos a norte, e as ruas do Zixaxa e 0012 a
este. A zona em estudo corresponde área delimitada a amarelo - veja a Figura 2 dos
anexos.

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4.2. Identificação dos Riscos ambientais

Conforme pode-se observar nas figuras 1 e 2 dos anexos, o estado ambiental do bairro do
Xipamaníne não é dos melhores, se não dos piores. Esta situação suscita, tanto para a
população activa como passiva os seguintes riscos ambientais:

Risco ambiental Causa Consequências Ação a tomar

Risco de conflito Ocupação Agrações físicas entre À curto prazo


social informal de terra residentes; superstição
(feitiçaria)

Risco de saúde Charcos, resíduos Doenças diarreicas e Imediatas


sólidos, vala de epidémicas diversas, em
drenagem; utentes e residentes
inobservância da
TPA na venda de
produtos
alimentícios.

Risco de segurança Caminhos Roubo e vandalização de A curto prazo


informais bens; Crimes de natureza
estreitos, e diversa.
escuridão noturna.

Risco de consumo de Difícil controlo Viciação de crianças e Imediatas


drogas policial; falta de adolescentes. Aumento da
controlo na venda criminalidade
de bebidas
alcoólicas.

Risco de acidentes Instalações Mortes e lesões ligeiras e Imediata


elétricos elétricas graves, por electrocução;
residências mal incêndios elétricos.
feitas; fraca

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fiscalização por
parte da EDM

Riscos de roubo de Fraca fiscalização Proliferação de charcos e Imediata


água por parte da lama nas ruas; difícil
Aguas de Maputo circulação de veículos,
perdas económicas por parte
da Aguas de Maputo

Riscos de roubo de Fraca fiscalização Acidentes elétricos; Imediata


energia eléctrica. por parte da EDM Electrocuções, Perdas
económicas por parte da
EDM;
Tabela 1 - identificação dos riscos ambientais

Refira-se que os riscos referidos são os que mereceram atenção neste estudo, com base nos
critérios anteriormente referidos, podendo haver outros riscos que não são aqui abordados.

4.3. Identificação das Fontes de geração dos riscos ambientais

i. Riscos de conflito social – estes conflitos surgem na sequência da ocupação de


terreno, normalmente entre vizinho, e são vistos como muito prováveis de acontecer,
dada a ausência de política de parcelamento da terra.

ii. Risco de saúde – o desenvolvimento de doenças diversas é favorecido pelas águas


estagnadas nas ruas, resíduos fosseis e sólidos estagnados na vala de drenagem, nas
ruas e residências, assim como a possibilidade de contaminação de poços de água de
pouca profundidade com resíduos fósseis nos casos de ocorrência de chuvas.

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iii. Risco de segurança – a falta de uma política eficiente de controlo dos moradores, a
disposição desordenada de casas, o elevado número de caminhos estreitos e picadas
entre casas, a existência de zonas escuras durante a noite (falta de iluminação), são
fatos que influenciam no difícil controlo policial deste bairro, impulsionando assim,
os actos de vandalização e roubos de bens, dentre diversos tipos de crimes.

iv. Risco de consumo de drogas – este risco é provocado pela falta de controlo na venda
de bebidas alcoólicas, nas inúmeras barracas e barres informais, existência de zonas
escuras na calada da noite que são favoráveis á consumo de drogas ilícitas, e a difícil
circulação de viaturas da polícia.

v. Risco de acidentes eléctricos – nas residências verifica-se o não cumprimento das


normas técnicas das instalações eléctricas de baixa tensão. Para além disso, ligações
clandestinas sem procedimento adequado, podem dar origem à electrocuções, curto-
circuitos, e eventualmente incêndios nas residências, perigando assim vidas humanas.

vi. Risco de roubo de água e de energia eléctrica – o controlo não rigoroso no


fornecimento e na distribuição da água e da energia pelo bairro, o mapeamento
ocupacional deficiente, favorece a existência de situações de consumo clandestino e
ilegal (furo de bens públicos).

4.4. Caracterização dos riscos ambientais

i. Risco de conflito social – Com o crescimento da população e dada a condição


maioritária das famílias residentes (de baixa renda), a demanda por terra poderá
aumentar, e eventualmente gerar conflitos e agressões que, dependendo da gravidade,
podem perigar a integridade física, dos envolvidos.

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ii. Risco de saúde – para os habitantes do bairro de Xipamaníne, há grande riso
contrair doenças diarreicas e epidémicas diversas por causa das águas estagnadas
nas ruas no tempo chuvoso, na qual podem se desenvolver micróbios e bactérias não
amigáveis à saúde humana, da vala de drenagem, na qual os resíduos fósseis circulam
deficientemente, dado que os utentes do bairro depositam resíduos sólidos nesta vala.
As crianças que brincam nas ruas em contacto com os resíduos sólidos lá presente
correm dentre vários, o risco de contrair tétano. Por outro lado o consumo de produtos
alimentícios que são comercializados no mercado local e nas residências, sem
procedimento do TPA, pode provocar o surgimento de doenças diversas.
Do ponto de vista biológico as situações descritas anteriormente podem facilitar o
aparecimento de varias doenças, dentre as quais se descrevem na tabela seguinte:

Fonte Formas de transmissão Doença


Rato e pulga Mordida, urina Leptospirose
Fezes e picada Peste bubónica
Tifo murino
Mosca Asas, patas, corpo Febre tifóide
Fezes, saliva Cólera
Amebíase
Giardíase
Ascaridíase
Mosquito Picada Malária
Febre-amarela
Dengue
Leishmaniose
Barata Asas, patas Febre tifóide
Corpo, fezes Cólera
Giardíase
Gado e porco Ingestão de carne contaminada Teníase
Cisterciose
Cão e gato Urina e fezes Toxoplasmose
Tabela 2´- Doenças de risco

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a) Doenças associadas aos resíduos sólidos

a. Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem, principalmente
durante as enchentes. A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira,
presente na urina de ratos e outros animais (bois, porcos e cães também podem
adoecer e transmitir a leptospirose ao homem) ”.
b. Peste Bubónica
A peste bubónica também chamada de peste negra é uma doença grave e muitas
vezes fatal causada pela bactéria da peste, Yersínia pestis que é transmitida por
animais roedores aos seres humanos. A maioria dos indivíduos não tratados morre
nas 48 horas que sucedem o início dos sintomas.
c. Tifo Murino

Este é o nome de doenças infecto-contagiosas causadas por insectos que possuem


parasitas em seus interiores. Existem alguns diferentes tipos de tifo e são comuns
de ocorrerem em zonas com saneamento básico precário.

d. Febre Tifóide

A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda de distribuição mundial. É causada


pela Salmonela entérica soro tipo Typhi. Está associada a baixos níveis
socioeconómicos, relacionando-se principalmente com precárias condições de
saneamento e de higiene pessoal e ambiental.

e. Cólera

É uma diarreia aguda causada por uma bactéria denominada vibrião colérico
(Vibrio cholerae), que se multiplica rapidamente na luz intestinal. Embora esta
bactéria não seja invasiva tem a propriedade de produzir uma toxina que atua
sobre o intestino provocando aumento descontrolado da secreção de cloro, sódio e
água para a luz intestinal. Isto acarretando diarreia de tal intensidade que se torna
frequentemente mortal.

f. Amebíase

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É uma infecção por parasita ou protozoário que acomete o homem podendo ficar
restrita ao intestino, tendo como principal sintoma a diarreia, ou não causando
febre e sintomas diferentes dependendo do órgão “invadido”. Mais
frequentemente o órgão preferencial a ser comprometido é o fígado. O agente
causal é a Entamoeba hystolitica. Este parasita infecta aproximadamente 1% da
população mundial, principalmente a população pobre de países em
desenvolvimento.

g. Giardíase

A Giardia lamblia, também chamada de Giardia intestinalis ou Giardia duodenale,


é um protozoário que parasita os intestinos dos seres humanos, causando diarreia
e dor abdominal. Sua transmissão se dá pelo contato com fezes de pessoas
contaminadas.

h. Ascaridíase

A ascaridíase é uma verminose causada por uma parasita chamado Ascaris


lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada no mundo. A
contaminação acontece ocorre quando há ingestão dos ovos infetados do parasita,
que podem ser encontrados no solo, água ou alimentos contaminados por fezes
humanas. O único reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio
favorável, podem contaminar durante vários anos.

i. Malária

A malária é uma doença prevalente nos países de clima tropical e subtropical.


Também conhecida como sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã, o
vetor da doença é o anofelino (Anopheles), um mosquito que pica as pessoas,
principalmente ao entardecer e à noite. Geralmente é a fêmea que ataca porque
precisa de sangue para garantir o amadurecimento e a postura dos ovos. Depois de
picar um indivíduo infetado, o parasita desenvolve parte de seu ciclo no mosquito
e, quando alcança as glândulas salivares do inseto, está pronto para ser
transmitido para outra pessoa.

j. Febre Amarela
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A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10
dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre-amarela, que ocorre na
América do Sul e na África. É transmitida pela picada dos mosquitos
transmissores infectados. A transmissão de pessoa para pessoa não existe.

k. Dengue

A dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovírus (existem quatro


tipos diferentes de vírus do dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4), que
ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo. As epidemias
geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos
chuvosos. A dengue pode ser transmitida por duas espécies de mosquitos (Aëdes
aegypti e Aëdes albopictus), que picam durante o dia e a noite, ao contrário do
mosquito comum, que pica durante a noite.

l. Leishmaniose

É uma doença transmitida por protozoários do gêneroLeishmania. No Brasil


existem atualmente seis espécies de protozoários responsáveis por causar doença
humana. Os humanos contraem a leishmaniose por meio da picada do mosquito-
palha hospedeiro do parasita L. donovani.

m. Teníase

A teníase é uma doença infecciosa causada pela presença do


verme Tênia Solium ouTênia Saginata, no intestino delgado do ser humano.
A Tênia entra no organismo quando se consome a carne de boi ou de porco ou
verduras contaminados com a larva. Em alguns casos, pode ser a causa do atraso
no desenvolvimento nas crianças e baixa produtividade nos adultos.

n. Cisticercose

É uma doença provocada pelas larvas (cisticerco) da tênia, um tipo de parasito


conhecido vulgarmente como solitária. O cisticerco recebe um nome de acordo
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com a carne que ele infecta:Cysticercus bovis (se estiver presente na carne do boi)
e Cysticerius celulosae (se estiver na carne do porco).

o. Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada por um


protozoário chamado Toxoplasma gondii, encontrado nas fezes dos gatos e outros
felinos. Homens e outros animais também podem hospedar o parasita. Pode ser
adquirida pela ingestão de alimentos contaminados — em especial carnes cruas
ou mal passadas, principalmente de porco.

iii. Risco de segurança – o bairro do Xipamaníne está repleto de caminhos estreitos e


picadas. Devido a ocupação desordenada de terra, falta de política de urbanização; Na
calada da noite há zonas não iluminadas no interior do bairro. Estas zonas escuras
constituem maior parte da extensão deste bairro. Estes factos dificultam a execução
do policiamento local e favorecem o agrupamento de ladrões e criminosos. Por
exemplo: é frequente ouvir a notícia de que cidadãos sofreram assalto enquanto se
faziam passar por lá, assim como tem se verificado inúmeros casos de roubo de água,
tubos de água a jorrarem pelas ruas, residências que consomem energia eléctrica, sem
nenhum contrato com a empresa fornecedora, agressões, etc.

iv. Risco de consumo de drogas e bebidas alcoólicas – A existência de inúmeras


barracas e bares informais que comercializam bebidas alcoólicas sem o devido
controlo, facilita o consumo destas por parte de menores, especificamente os
adolescentes, dado que esta fase da vida humana é caracterizada pela vontade de viver
novas experiências. Por outro lado, as zonas não iluminadas na calada da noite,
facilitam o aglomerado de jovens e adolescentes, para consumir drogas ilícitas
(canábis, narcóticos diversos), que são dadas como existentes no país, segundo dados
da polícia da república de Moçambique.

v. Risco de acidentes eléctricos – nas residências verificam-se varias irregularidades


nas instalações eléctricas, como por exemplo:

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 Cabos e disjuntores inadequados, e ausência de disjuntores – podem originar
aquecimento dos cabos, fusão do isolamento por causa deste aquecimento,
curto-circuito, eventualmente provocar um incêndio.
 Má disposição de tomadas e interruptores, tomas situadas em locais húmidos,
e fios não isolados – podem originar electrocuções, a medida que um ser
humano (condutor de corrente eléctrica) entra em contacto com a humidade
(pois a água é um bom condutor de corrente eléctrica), entrar em contacto com
um fio condutor não isolado.

Estas electrocuções podem levar a morte, principalmente no caso de ausência de


dispositivos de protecção (disjuntores), ou gerar graves danos matérias, dada a
possibilidade de ocorrência de incêndios.

vi. Risco de roubo de água e de energia eléctrica – o controlo deficiente do


abastecimento e consumo de água e de energia eléctrica facilita o uso ilegal destes
bens públicos; São inúmeros casos de residências que consomem água e energia
clandestinamente sem que as empresas fornecedoras destes se manifestem a respeito
do caso.
Especula-se que esta passividade por parte das Águas de Maputo e da Electricidade
de Moçambique possa ser devido aos seguintes factores:
 Falta de rigor no controlo das quantidades fornecidas e consumidas;
 Mau funcionamento do sistema de contagem de água e de energia eléctrica,
conforme o caso;
 Inexistência de um sistema de controlo do abastecimento e consumo;
 Falta de competência profissional por parte dos funcionários responsáveis
pelo controlo do consumo e ou abastecimento;
 Negligencia, Insatisfação dos trabalhadores, recorrendo a sabotagem dos
equipamentos por parte dos controladores dos sistemas de abastecimentos;
 Corrupção e suborno por parte dos funcionário responsáveis pelo consumo e
ou abastecimento.

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Este risca afecta de forma directa as empresas de abastecimento de energia eléctricas
e de água, a Electricidade de Moçambique e a Águas de Maputo respectivamente.
Porem a medida em que isso envolve ligações de condutores eléctricos sem o
procedimento adequado, e jorramento de grandes quantidades de água nas ruas, pode
provocar charcos e acidentes eléctricos perigando o bem-estar dos utentes do bairro.

4.5. Procedimentos de prevenção de riscos ambientais

Pera minimizar os riscos ambientais identificados dão-se as seguintes sugestões de medidas a serem
tomadas:

Risco ambiental Ação Medidas a tomar

Risco de conflito À curto Desenvolvimento de uma campanha de marcação e e


social prazo atualização do registo de terra, em coordenação com as
autoridades locais.

Risco de saúde Imediatas Implementação de uma politica rigorosa de recolha de


resíduos sólidos; limpeza da vala de drenagem, e
eliminação de charcos.

Risco de A curto Restruturação ocupacional do bairro, e intensificação


segurança prazo do policiamento.

Risco de consumo Imediatas Criação de uma comissão de controlo de venda e


de drogas consumo de bebidas alcoólicas; intensificação do
policiamento; Realização de campanhas de
consciencialização da população

Risco de acidentes Imediata Intensificação das atividades de fiscalização, e


elétricos penalização dos infratores das regras de instalações
elétricas.

Riscos de roubo de Imediata Intensificação das atividades de fiscalização, e


água penalização dos promotores dos roubos de água.
Realização de campanhas de consciencialização da

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população

Riscos de roubo de Imediata Intensificação das atividades de fiscalização, e


energia eléctrica. penalização dos promotores dos roubos de energia
elétrica. Realização de campanhas de
consciencialização da população
Tabela 3 - medidas para minimizaçao dos riscos ambientais

Para resolver o problema dos riscos ambientais no crescimento populacional no bairro do Xipamaníne,
propõe-se a restruturação do bairro conforme se explica de seguida.

4.5.1. Restruturação do bairro de Xipamaníne

Implica conceber e implementar um plano de urbanização através do qual os espaços


das famílias residentes deveram ser realocados. Para tal propõe-se os seguintes
procedimento:

1. Elaboração da política de urbanização e arruamento;


2. Escolha de uma área piloto para a implementação do mesmo;
3. Realização de palestras para sensibilizar e consciencializar os utentes do
bairro;
4. Notificar as empresas fornecedoras de Água e de energia eléctrica para um
controlo mais rigoroso da sua actividade;
5. Implementação de medidas punitivas para os incumpridores das medidas
estipuladas;
6. Reassentar as famílias da área pilotam;
7. Construção das ruas e reparcelamento da terra conforme o plano elaborado;
8. Limpeza e cobertura da vala de drenagem;
9. Reparação dos danos causados pelo procedimento anterior;
10. Alocação de centros de recolha de resíduos sólidos, distando não mais do que
100 metros entre si;
11. Realocação das famílias reassentadas;
12. Concessão de política de controlo do comércio de produtos alimentícios;
13. Identificar todos o vendedores de produtos e os alimentícios, bares e barracas;

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14. Estabelecimento do procedimento de TPA para os diversos produtos
comercializados;
15. Realização de palestras para consciencialização dos utentes;
16. Obrigar os comerciantes a cumprirem com os procedimentos do TPA, e
cumprir com os procedimentos de venda de bebidas alcoólicas, através da
aplicação de multas e/ou fecho do estabelecimento;
17. Criação de uma comissão ao nível do bairro, para controlar o cumprimento
dos procedimentos do TPA e de venda de bebidas alcoólicas;
18. Realização de palestras, intervaladamente em coordenação com as autoridades
locais para consciencialização dos habitantes do bairro sobre o tratamento de
resíduos sólidos.
19. Escolha sucessiva de outra parcela e realização dos procedimentos anteriores,
sucessivamente até a cobertura total do bairro;
20. Monitoramento dos procedimentos de prevenção de riscos do bairro de
Xipamaníne;
21. Estudo e revisão do estudo do impacto ambiental no crescimento populacional
do Bairro de Xipamaníne.

V. Metodologia de trabalho

A metodologia de trabalho para o estudo do impacto ambiental no crescimento


populacional do Bairro de Xipamaníne baseou-se em consultas bibliográficas ao
professor da disciplina e a observação directa do bairro de Xipamaníne.

VI. Historial dos impactos ambientais do bairro de Xipamaníne

Impactos ambientais são decorrentes de qualquer alteração das propriedades físicas,


químicas e biológicas do meio ambiente que afectam, entre outros factores, a saúde, a
segurança e o bem-estar da população.

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A limpeza urbana feita pelo conselho municipal e o manejo de resíduos sólidos
considerados na lei como serviços públicos são compostos pelas seguintes
actividades: recolha e transporte dos resíduos, refere-se também ao resíduo sólido
originário da varrição, rapinagem, poda de árvores em vias e logradouros públicos e
outros serviços de limpeza pública urbana.

A problemática ambiental gerada pelos resíduos sólidos é de difícil solução e a maior


parte dos Bairros, especialmente nos grandes bairros perto das cidades é o lixo sólido,
resultado de uma sociedade que a cada dia consome mais. 

Esse processo decorre da acumulação dos objectos que nem sempre possui um lugar e
um tratamento adequado. Isso tende a aumentar, uma vez que a população aumenta e
gera elevação no consumo que implica mais lixo. Pois muitas vezes adquirimos
coisas que não são necessárias e tudo que consumimos produz impactos.

Há aproximadamente 40 anos a quantidade de lixo gerada era muito inferior à actual,


hoje a população aumentou, a globalização se encontra em um estágio avançado,
além disso, as inovações tecnológicas no seguimento dos meios de comunicação
(rádio, televisão, internet, celular etc.) facilitaram a dispersão de mercadorias em
nível mundial. 

Antes da Primeira Revolução Industrial os resíduos sólidos produzidos nas


residências eram composto basicamente de matéria orgânica, dessa forma era fácil
eliminá-los, bastava enterrar, além disso, as cidades eram menores e o número da
população restrita. 

A população dos bairros onde o serviço de colecta de lixo não é satisfatório, é comum
observarmos hábitos de disposição final inadequados de resíduos sólidos, dispersão
de materiais sem utilidade concentração indiscriminada e desordenada, muitas vezes
em locais indevidos como lotes baldios, margens de estradas, fundos de vale e
margens de lagos e rios, dando origem a insectos e pequenos animais (moscas,
baratas, ratos), hospedeiros de doenças como malária e tuberculose.

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VII. Higiene e Segurança: Hábitos urbanos visíveis com impacto ambiental do Bairro
de Xipamaníne

Entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados a partir do lixo
urbano produzido estão os efeitos decorrentes da prática de disposição inadequada de
resíduos sólidos em fundos de vale, às margens de ruas ou cursos da água. Essas
práticas habituais podem provocar, entre outras coisas, contaminação de corpos da
água, assoreamento, enchentes, proliferação de vectores transmissores de doenças,
tais como cães, gatos, ratos, baratas, moscas, vermes, entre outros. Some-se a isso a
poluição visual, mau cheiro e contaminação do ambiente.

O lixo acumulado produz um líquido denominado de chorume, esse possui coloração


escura com cheiro desagradável, a substância gerada atinge as águas subterrâneas
(aquífero, lençol freático), além disso, existe a contaminação dos solos e das pessoas
que mantêm contacto com os detritos, deslizamentos de encostas, assoreamento de
mananciais, enchentes e estrago na paisagem. No contexto urbano, outro fragmento
do ambiente utilizado para a disposição final inadequada de lixo são os lotes baldios e
as margens de ruas e estradas.

A vivência quotidiana muitas vezes mascara circunstâncias visíveis, mas não


perceptíveis. Mesmo contemplando casos de agressões ao ambiente, os hábitos
quotidianos concorrem para que o morador urbano não reflicta sobre as
consequências de tais hábitos, mesmo quando possui informações a esse respeito.

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Casos de agressões ambientais como poluição visual e disposição inadequada de lixo
reflectem hábitos quotidianos em que o observador é compelido a conceber tais
situações como “normais”.

À medida que a cidade se expande, frequentemente, ocorrem impactos com o


aumento da produção de sedimentos pelas alterações ambientais das superfícies e
produção de resíduos sólidos; deterioração da qualidade da água pelo uso nas
actividades quotidianas, e lançamento de lixo, esgoto e águas pluviais nos corpos
receptores.
Lugares de concertação de lixo por vezes as pessoas buscam também alimentos, ou
melhor, restos para o seu consumo, muitas vezes estragados e contaminados,
demonstrando o ápice da degradação humana.

O uso da água na cidade, tipicamente, tem um ciclo característico de impacto


ambiental negativo. A água é colectada de uma fonte local (rio, lago ou lençol
freático), é tratada, utilizada e retorna para um corpo colector. Nesse retorno só
excepcionalmente ela conserva as mesmas características de quando foi captada.

Ocorrem alterações nas composições de sais, matéria orgânica, temperatura e outros


resíduos poluidores. Além destes impactos, em relação aos recursos hídricos, ainda
existem aqueles causados pela deficiente infra-estrutura urbana: obstrução de
escoamentos por construções irregulares, obstrução de rios por resíduos, projectos e
obras de drenagem inadequadas.
A literatura técnica relata que em alguns países 20% da geração antropogênica de
metano é oriunda dos resíduos humanos. O metano, que é um gás ao menos 21 vezes
maior impacto à atmosfera que o gás carbónico, é também significativamente gerado
pelos resíduos agrosilvopastoris.

VIII. Aspectos de Higiene Segurança e Saúde Ocupacional no impacto ambiental do


Bairro de Xipamaníne

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Sendo os residentes e utentes os responsáveis pela proliferação de resíduos sólidos,
eles tem estado em contacto com agentes que são nocivos à saúde, sendo este factor
com que faz o bairro de Xipamaníne seja considerado um dos bairros onde se faz
sentir em grande o impacto ambiental devido ao crescimento populacional.

Os residentes e as crianças estão expostos a seis tipos diferentes de riscos


ocupacionais, sendo eles:

 Físicos: ruído, vibração, calor, frio, humidade;


 Químicos: gases, névoa, neblina, poeira, substâncias químicas tóxicas;
 Mecânicos: atropelamentos, quedas, esmagamentos pelo compactador, fracturas;
 Biológicos: contacto com agentes biológicos patogénicos (bactérias, fungos,
parasitas, vírus), principalmente através de materiais perfuro-cortantes;
 Sociais: marginalização dos residentes e convívio em lugares inadequados..

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IX. Conclusão

Feito o estudo da análise do impacto ambiental no crescimento populacional do


Bairro de Xipamaníne é possível concluir o seguinte:

 Há uma necessidade urgente de intervenção para o reassentamento


populacional e desenvolvimento de mecanismos que possam reduzir e ou
colmatar por completo o problema acentuado do impacto ambiental criado
pelo crescimento populacional.

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X. Recomendações para reduzir e ou eliminar os impactos ambientais no Bairro de
Xipamaníne

Com base no estudo feito recomenda-se as seguintes medidas:


1. Intervenção imediata por parte de quem é de direito para o reassentamento
populacional;
2. Análise do impacto socioeconómico e cultural das medidas recomendadas,
visto que este bairro é um dos mais antigos da cidade e nele encontra-se um
mercado com grandes dimensões nacionais;
3. Desenvolver equipe multidisciplinar para a implementação da
recomendação do ponto 1;
Enquanto o Bairro continuar nas condições actuais e a registar o crescimento
populacional recomenda-se:
1. A implementação de procedimentos do NEPA (Política Nacional de
Ambiente);
2. Desenvolver mais acções de estudo do impacto ambiental direccionado ao
Bairro e as zonas adjacentes;

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XI. Bibliografia

 Karin segala izidine, opressa jaime palalane. Urbanização e desenvolvimento


municipal em moçambique. Maputo. Junho de 2008;
 PEREIRA, A. S. O., 1978. Acidente de Trabalho em Limpeza Urbana. Rio de
Janeiro;
 CMCM. Perfil estatístico do município de Maputo 2007-2008. Maputo. 2008;
 Júnior. Enio V. sistema integrado de gestão Ambiental. ISO 9.000. 2º edição
Editora Aquariana 1998;
 Luís F.J. Sistema de Gestão ambiental manual prático para implementação
de SGA e certificação. 2004;
 Pinto Abel. Sistema de Gestão Ambiental – guia para a sua implementação.
Lisboa. Editora Silabo, 2005;
 Manual Pratico para a Gestão Ambiental. Isabel Abrantes, Verlag Dashofer;
 Andrade, Rui O. B. Tachizawa, Takeshy; de Carvalho, Ana B. Gestão
Ambiental, Enfoque estratégia aplicada ao desenvolvimento sustentável. 2º
Edição, São Paulo;
 José Alexandrino Aurélio. Segurança, Higiene e Saúde. 1° Ed. 1998.

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XII. Anexos

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