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A ideia de se alegrar em tempos de crise e provação é completamente

estranha para a gente. Culturalmente, a maioria de nós foi criado para


buscar o máximo de conforto possível sempre! Quem nunca ouviu frases
do tipo “estude, menino, senão você não terá dinheiro para ter sua casa e
seu carro”? Às vezes, até desprezamos profissões importantes e dizemos
para as crianças “seja um bom aluno ou você vai virar um gari ou lixeiro”.
Eu gostaria de destacar duas questões sobre esse trecho:
1. A primeira delas é a noção de que quem está passando por alguma
dificuldade está em pecado. As pessoas são rápidas em associar as
provações com a mão de Deus punindo a impiedade. Eu não
quero dizer que isso não possa acontecer, mas isso não é uma
regra. Muitas vezes, as provações podem ser o Senhor Jesus
aperfeiçoando os seus servos. No Antigo Testamento, por
exemplo, temos a história de Jó. E nela podemos ver uma
aplicação do texto de Tiago 1.2-4. Jó não sofreu por causa de
pecados e faltas, Deus mandou provações para que Jó se tornasse
maduro, íntegro e sem deficiências. Se você não entende como Jó
foi aperfeiçoado por meio de suas provações, lembre-se da
conclusão do livro. No final, Jó afirma ao Senhor:

Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. (Jó


42.5)

2. A segunda questão que eu gostaria de destacar, é que alguns


irmãos no passado interpretaram mal o termo “perfeito”, que nós
lemos no versículo 4. É óbvio que esse termo não significa
perfeição absoluta e ausência de pecados. Quando Deus diz à
Abraão: seja perfeito (Gn 17.1); quando Moisés escreve em
Deuteronômio, sejam perfeitos (Dt 18.13); e quando Jesus nos
diz: sejam perfeitos, como o vosso Pai Celeste é perfeito (Mc
5.48), eles não estão ensinando que é possível ser perfeito como
Deus nessa vida. Esse termo não se refere à total ausência de
pecados, mas se refere à três características do cristão: a
maturidade e a constância. A constância é a qualidade de não
sermos divididos entre Deus e o mundo, entre a santidade e o
pecado, entre servir a Deus ou servir ao Diabo. O contexto em
que esse termo aparece em Tiago nos ajuda a entender o seu
significado. O versículo quatro poderia ser escrito assim:

Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam
completos, inteiros, sem falta de nada.

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